O
escritor Euclydes da Cunha é o autor homenageado da FLIP 2019. Autor de
"Os Sertões", um dos livros mais importantes sobre a formação do
Brasil, a respeito da revolta de Canudos, "Os Sertões" obra publicada
em 1902, e é fruto da cobertura jornalística que Euclydes da Cunha realizou
para o jornal O Estado de São Paulo da guerra de Canudos, no sertão da Bahia,
alguns anos antes da virada para o século 20.
O
conflito, instaurado em uma monarquia recém-tornada república, opôs um grupo de
sertanejos pobres liderados pelo peregrino Antônio Conselheiro ao exército
enviado pelo governo para defender interesses de grandes fazendeiros da região,
apoiados pela Igreja.
O
livro "Os Sertões" explora a influencia do meio sobre o homem na procura
de uma identidade nacional. "O livro é uma obra jornalística que traz
assuntos que estamos debatendo hoje, mas de outro lugar na história. Por
exemplo, conflitos sociais, regimes políticos, a própria formação do país.
Também abre a possibilidade de falarmos de jornalismo e de notícia, muito
importantes nesse momento", completa a curadora Fernanda Diamant.
Editora
da revista literária Quatro Cinco Um ao lado do jornalista Paulo Werneck,
Diamant conta que seu interesse pelo autor começou quando ela viu as encenações
que o Teatro Oficina realizou a partir de "Os Sertões", em meados dos
anos 2000. O grupo de Zé Celso transformou as três partes do livro -"A
Terra", "O Homem" e a "A Luta"- em cinco espetáculos,
totalizando 26 horas.
Este
não deve ser o único texto do escritor em debate. Segundo a curadora, escritos
sobre a Amazônia e outras reportagens para jornal farão parte das mesas de
programação.
Fernanda
Diamant, 38, assume a curadoria da programação principal Festa Literária
Internacional de Paraty no lugar da jornalista baiana Joselia Aguiar, que
ocupou o posto nas últimas duas edições. Desta vez, os debates se voltarão aos
vários gêneros de não ficção, como obras memorialísticas, históricas e
científicas, além de biografias e autobiografias.
Em
entrevista para a Folha de São Paulo quando foi anunciada como curadora,
afirmou: "A não ficção fica mais tempo na boca depois que você assiste a
um debate. Ela muitas vezes tem uma coisa mais para fora do que o exercício da
ficção".
UM
POUCO SOBRE EUCLYDES DA CUNHA
Euclides
da Cunha (1866-1909) foi um escritor, jornalista, professor e poeta brasileiro,
autor da obra "Os Sertões". Foi enviado como correspondente ao Sertão
da Bahia, pelo jornal O Estado de São Paulo, para cobrir a guerra no município
de Canudos. Seu livro "Os Sertões", narra e analisa os acontecimentos
da guerra. Foi eleito em 21 de setembro de 1903 para a cadeira nº 7 da Academia
Brasileira de Letras.
Euclides
da Cunha (1866-1909) nasceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de janeiro de 1866.
Filho de Manuel Rodrigues da Cunha Pimenta e Eudósia Alves Moreira da Cunha.
Ficou órfão de mãe aos três anos de idade, foi educado pelos tios e avós. Com
19 anos, ingressou na Escola Politécnica onde cursou um ano de Engenharia
Civil. Matricula-se na Escola Militar da Praia Vermelha. Escrevia para a
revista da escola, "A Família Acadêmica". Expulso da Academia, por
afrontar o Ministro da Guerra do Império, vai para São Paulo e em 1889 publica
no jornal O Estado de São Paulo, uma série de artigos onde defendia ideais
republicanos.
Depois
de Proclamada a República, Euclides da Cunha volta para o Rio de Janeiro e
retorna ao Exército. Cursa de 1890 a 1892, a Escola Superior de Guerra,
formando-se em Engenharia Militar e bacharelando-se em Matemática e Ciências
Físicas e Naturais. Casa-se com Ana Sólon Ribero. Em 1893, vai para São Paulo
trabalhar na Estrada de Ferro Central do Brasil. Foi chamado para servir à
Diretoria de Obras Militares, na época da Revolta da Armada, que pretendia
derrubar o governo de Floriano Peixoto.
Euclides
da Cunha afasta-se do Exército, em 1896. Passa a trabalhar em São Paulo como
superintendente de obras. Volta a colaborar para o jornal o Estado de São
Paulo. Em agosto de 1897, foi convidado pelo jornalista Júlio de Mesquita para
testemunhar as operações do Exército na Guerra de Canudos, no sertão baiano.
Suas mensagens eram transmitidas por telégrafo, para o jornal paulista.
Permaneceu no local até outubro do mesmo ano.
Ao
regressar de Canudos, vai para São José do Rio Pardo, em São Paulo, para
administrar a construção uma ponte. Escreve o livro que o consagraria no
panorama cultural brasileiro, "Os Sertões". A obra foi publicada em
1902, cinco anos depois do término da Guerra. Euclides relata não só o que
presenciou na guerra, mas explica o fenômeno cientificamente. Em 1903 é
aclamado membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e é eleito
membro da Academia Brasileira de Letras.
Volta
a exercer a função de engenheiro civil em São Paulo, Santos e São José do Rio
Preto, seguindo depois para o Amazonas, como chefe da Comissão Brasileira do
Alto Purus, para o reconhecimento de fronteiras. Vai para o Rio de Janeiro e
presta concurso para a cadeira de Lógica do Colégio Pedro II, em 1909. No dia
15 de agosto, por questões de honra, numa troca de tiros, com o amante de Ana
Emília Ribeiro, o militar Dilermando de Assis, Euclydes é assassinado.
Euclydes
Rodrigues Pimenta da Cunha morreu no Rio de Janeiro, no dia 15 de agosto de
1909.
OBRAS
DE EUCLIDES DA CUNHA
"Contrastes
e Confrontos, 1906"
"Peru
Versus Bolívia, 1907"
"Castro
Alves e o Seu Tempo, 1908"
"A
Margem da História, 1909"
A
Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) é um festival literário lançado
no ano de 2003 e realizado pela Associação Casa Azul. Acontece anualmente, na
cidade fluminense de Paraty.
A
FLIP é considerada um dos principais festivais literários do Brasil e da
América do Sul. O financiamento é assegurado por um sistema hierarquizado de
patrocinadores e é conduzido pela organização sem fins lucrativos Associação
Casa Azul. Além de palestras, também são realizadas discussões, oficinas
literárias e eventos paralelos para crianças (Flipinha) e jovens (Flipzona). O
sucesso mundial desde seu ano de fundação se deve, principalmente, ao
envolvimento e participação ativa de autores de vários países reconhecidos
internacionalmente.
O
festival foi idealizado pela editora inglesa Liz Calder, da Bloomsbury, que
morou no Brasil e agenciou diversos autores brasileiros, tomando como modelo o
festival literário de Hay-on-Wye, no Reino Unido[2]. O festival é associado com
outros semelhantes, tais como o Festival Internacional de Autores, em Toronto,
Canadá, e o Festivaletteratura Mantova na Itália, para mostrar a
interculturalidade na literatura.
LISTA
DE AUTORES HOMENAGEADOS PELA FLIP
2018:
Hilda Hilst
2017:
Lima Barreto
2016:
Ana Cristina Cesar
2015:
Mário de Andrade
2014:
Millôr Fernandes
2013:
Graciliano Ramos
2012:
Carlos Drummond de Andrade
2011:
Oswald de Andrade
2010:
Gilberto Freyre
2009:
Manuel Bandeira
2008:
Machado de Assis
2007:
Nelson Rodrigues
2006:
Jorge Amado
2005:
Clarice Lispector
2004:
Guimarães Rosa
2003:
Vinicius de Moraes
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