O CENTRO CULTURAL MARIA SABINA VIVE EM NÓS | HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL - ALBERTO ARAÚJO EDITOR

 

No dia 24 de junho, o Centro Cultural Maria Sabina completaria 64 anos de luz, arte e palavras. Um marco que não se apaga com o tempo, pois a chama que Neide Barros Rêgo acendeu continua viva nos corações de todos os que por lá passaram. 

Situado à Rua Santos Moreira, 52, casa 15 – Santa Rosa, Niterói/RJ, e destinado à realização de eventos literomusicais, o CCMS foi inicialmente batizado por Marly Prates como “Salão Maria Sabina”. Posteriormente, por sugestão da acadêmica Franci Machado Darigo, passou a se chamar “Salão de Cultura e Arte Maria Sabina”. Por fim, o acadêmico Edmo Rodrigues Lutterbach propôs a atual denominação: Centro Cultural Maria Sabina. 

Com palco e auditório com capacidade para 60 pessoas, o CCMS foi, por décadas, espaço de recitais de poesia e música, palestras, cursos, comemorações e homenagens, um verdadeiro lar para a palavra viva.

O Curso Maria Sabina, fundado por Neide Barros Rêgo em 24 de junho de 1961, com o objetivo de ensinar a Arte de Dizer, passou a funcionar no Centro Cultural em janeiro de 1963, após o casamento de sua fundadora. 

O nome é uma homenagem à poetisa, professora e jornalista Maria Sabina de Albuquerque, nascida em 6 de dezembro de 1898, em Barbacena, MG. O logotipo do Curso Maria Sabina foi criado pelo poeta e acadêmico Alberto Valle, e o do Centro Cultural, pelo designer Raphael Pereira Rêgo. 

Nos anos 1950, recém-chegadas de São Tomás de Aquino/MG, Neide e sua irmã gêmea, Nilde, foram trazidas a Niterói por seu irmão mais velho, Nildo, e iniciaram os estudos de declamação no Curso Castro Alves, dirigido por Marly Prates. Após um período de interrupção, em 1960, Neide retomou os estudos no Curso Olavo Bilac, fundado por Maria Sabina em 1921, no Rio de Janeiro. Após prova pública, realizada no Theatro Municipal de Niterói, em 5 de janeiro de 1964, Neide recebeu, das mãos de sua mestra, o Diploma de Arte de Dizer, com registro oficial nº 4524, Estado da Guanabara, em 28/01/1966.

O Focus Portal Cultural presta sua mais carinhosa e emocionada homenagem a este templo da cultura e, sobretudo, à sua incansável fundadora — uma mulher que não apenas viveu a arte, mas a espalhou como semente ao vento.

GRACINHA REGO DISSE NA CELEBRAÇÃO DOS 61 ANOS DO CENTRO CULTURAL MARIA SABINA

“Minha querida cunhadinha, mestra e amiga: Que orgulho me dá fazer parte da história do nosso CENTRO CULTURA MARIA SABINA!!!! Quantas atividades foram desenvolvidas no palco do plural CCMS, há 61 anos ativo, todos com muito sucesso!!! Talvez seja difícil encontrar um centro de cultura que exista há tanto tempo, e com tanta riqueza nas apresentações! Você, Neide querida, é uma locomotiva nas atividades culturais em nossa Cidade e fora dela!!! TUDO o que você faz é com esmero, porque esta é a sua essência: fazer TUDO com entusiasmo e carinho, daí TUDO sair bonito! TUDO ser tão elogiado!!! Avante, minha amada, mais muitos anos de vida para o nosso CCMS... e com você brilhando à frente dele!!! Minha eterna reverência como aluna, concunhada, amiga e admiradora!!! Gracinha Rego. Em 24-06-2022 

RESPOSTA DE NEIDE BARROS RÊGO: 

Gracinha, você me emocionou com suas lindas e carinhosas palavras. Sim. Você faz parte da história do Centro Cultural Maria Sabina: participando de recitais e me ajudando na organização de eventos, fazendo programas, pesquisando poesias, ensaiando os intérpretes e trilha sonora. Muitíssimo obrigada, pela sua colaboração. Neide Barros Rêgo

Por 61 anos ininterruptos, o Centro Cultural Maria Sabina foi abrigo e palco de sonhos. Um espaço aconchegante, vivo, onde a cultura não era apenas ensaiada, mas celebrada. Era mais que um centro: era casa, era abraço, era escola de alma. 

Neide Barros Rêgo exibe a Antologia "Agua Escondida - Poesias"

Neide Barros Rêgo, diretora-presidente, foi uma daquelas raras presenças que iluminam ao chegar. Brilhava nos palcos com a mesma intensidade com que brilhava na vida. Carregava no olhar a ternura dos mestres e, na voz, a firmeza de quem sabe o valor da palavra. Professora do inesquecível Curso de Arte de Dizer, formou gerações com o talento de quem ensina mais que técnica,  ensinava encanto, ensinava verdade. 

Desde 11 de dezembro de 2022, Neide passou a habitar a eternidade. Sua ausência não é silêncio, é canção suave, é memória vívida. A saudade que permanece é daquelas boas: saudade que sorri ao lembrar. Não é dor, é ternura que aquece. A saudade dos aplausos, dos recitais, das conversas nos bastidores, da voz que incentivava e da mulher que dizia: "Divulguem os poetas! Deixem que a palavra corra mundo!" 

Se estivesse entre nós, este aniversário seria comemorado com pompas e honras, como ela bem merecia. E mesmo que os aplausos agora ecoem no silêncio, há, em cada um dos seus alunos, amigos e admiradores, um pedaço de sua luz, porque Neide vive em cada poema dito com emoção, em cada palco que se acende, em cada jovem que ousa falar de arte como quem fala de amor.

O Centro Cultural Maria Sabina encerrou suas atividades, mas sua essência não se apagou. Vive em nós, floresce nos gestos de quem continua a missão de Neide: celebrar a arte, promover a palavra, honrar o que somos por dentro. 

NEIDE BARROS RÊGO – A VOZ ETERNA DA PALAVRA VIVA

Neide Barros Rêgo, Aparecida Barreto, Marly Prates e Gracinha Rego, felizes após apresentação de um recital no Centro Cultural Maria Sabina.

GRUPO NUANCE – A IRMANDADE DA PALAVRA VIVA

O Grupo Nuance foi mais que um grupo: foi um elo de irmandade poética. Surgido a partir de um recital beneficente às vítimas do terremoto no México, em 1985, o grupo foi oficialmente fundado em 1986, unindo vozes que já se reconheciam pelo amor à arte e à palavra. Neide Barros Rêgo, nossa mestra, estava lá desde o início, ao lado de Aparecida Barreto, Gracinha Rego, Marli Prates e Patrícia Faria Santos. 

Na época da fundação, Gracinha Rego ainda não era diplomada, mas sua alma já era de artista. Sua diplomação viria logo depois, em 1987, pelas mãos da mestra maior Maria Sabina — mesma formadora das demais integrantes. O grupo passou a atuar intensamente, apresentando-se em recitais que homenageavam grandes poetas brasileiros, portugueses e da língua espanhola, em eventos realizados desde Niterói, Rio de Janeiro, outros municípios do Estado do Rio, até Minas Gerais. 

Durante décadas, o Nuance emocionou plateias com sua combinação de delicadeza, força interpretativa e amor verdadeiro à poesia. Cada apresentação era ensaio de eternidade. Quando a amada e talentosa Marli Prates partiu, em 19 de setembro de 2020, o grupo se despediu dos palcos com a dignidade e a beleza que sempre o definiram. 

Comemoração do Jubileu de Prata do Grupo Nuance, em 28 de outubro de 2010 na Casa de Festas Julieta de Serpa, no Rio de Janeiro.

Em 06 de maio de 1999, o Grupo Nuance apresentou-se no Teatro do SESC, em Juiz de Fora, Minas Gerais, com o Recital BRASIL - 500 ANOS. Um dos poemas interpretados foi o ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA, de Cecília Meireles.

FAMÍLIA: O POEMA MAIS BONITO 

No coração de Neide, pulsava também o amor pela família. Casada com Walmir Ventura Rêgo, seu companheiro fiel e parceiro nas jornadas culturais, encontrou apoio e ternura para realizar seus projetos com solidez. Ao lado de Gracinha Rego, cunhada e colaboradora incansável do Centro Cultural, construiu não apenas um espaço artístico, mas um verdadeiro lar para a cultura. Teve dois filhos queridos: Marisa Rêgo, sua filha, é mãe de João Marcelo, neto de Neide, que carrega o brilho do nome e da continuidade. 

Marcelo Rêgo, seu filho, é pai de Gabriela, Rafael, Felipe e Lucas — netos que são ramificações vivas da árvore que ela plantou com tanto amor. 

E ainda dividia a vida e os palcos com sua irmã gêmea, Nilde Barros Diuana, também artista e companheira inseparável de jornadas poéticas. As duas, juntas, brilhavam como se fossem um só verso em duas vozes. 

PERFIS E HOMENAGENS – O CULTO À MEMÓRIA LITERÁRIA 

Neide idealizou e apresentou, com brilho e elegância, os recitais "Perfis e Homenagens", nos quais exaltava a vida e a obra de grandes nomes da literatura brasileira. Mais do que apresentações, eram encontros com a alma da poesia nacional. Com rigor e doçura, ela fazia de cada evento um monumento sensível à memória literária. 

A ETERNIDADE MORA AQUI 

Neide partiu em 11 de dezembro de 2022, mas não partiu de nós. Seu nome é permanente. Sua obra é viva. Sua energia pulsa em cada aluno formado, em cada voz que aprendeu a dizer com alma, em cada lágrima de emoção que brotou ao som de sua declamação.

E AQUI, DEIXO MEU TESTEMUNHO PESSOAL, COM A ALMA CHEIA DE GRATIDÃO: 

"Sou Alberto Araújo, do Focus Portal Cultural. Conheci Neide Barros Rêgo nos palcos da vida, em momentos lindos e felizes. Aprendi com ela mais do que arte: aprendi humanidade, entrega, poesia. Guardo sua presença em mim como quem guarda uma canção. Obrigado, Neide, por tudo. Você é uma estrela permanente no céu da cultura brasileira. Neide Barros Rêgo não foi apenas uma artista. Foi uma força vital, uma presença que transcendia os palcos e entrava na alma das pessoas com a leveza de um verso bem dito e a potência de quem nasceu para iluminar o mundo com a arte. Sua genialidade era serena dos que sabem onde está a beleza e fazem dela ponte para o outro. No palco, possuía uma presença rara: não apenas dizia o poema, ela era o próprio poema encarnado. Sua voz modulada com perfeição, sua interpretação emocional e seu domínio cênico faziam de cada recital uma experiência transformadora. Neide não se apresentava: ela acontecia diante da plateia." 

Alberto Araújo.

 

O Publisher e acadêmico Luiz Augusto Erthal; Escritor, poeta, jornalista Alberto Araújo e o livreiro Carlos Mônaco, ocasião em que foram homenageados como "AMIGOS DO CENTRO CULTURAL MARIA SABINA" e a coordenadora do CCMS, poetisa, declamadora e acadêmica Neide Barros Rêgo.

Neide Barros Rêgo não foi apenas uma artista. Foi um coração pulsante a serviço da cultura, da beleza e da palavra. Uma declamadora de alma e profissão, poetisa do amor, cantora lírica, professora, acadêmica, coordenadora de sonhos, uma presença luminosa nos palcos da vida. 

Nascida em 18 de outubro de 1938, em São Tomás de Aquino (MG), encontrou em Niterói o seu destino artístico e espiritual. Com sensibilidade rara e inteligência vibrante, fundou e conduziu por 61 anos o Centro Cultural Maria Sabina, um espaço que se tornou sagrado para gerações de artistas, poetas e amantes da arte. 

Neide encantava plateias com sua voz doce, firme e profundamente expressiva. Cada apresentação era uma lição de beleza e entrega. Sua formação como declamadora profissional começou em 1960, e a partir daí ela nunca parou. Domínio técnico, emoção verdadeira e paixão pela literatura fizeram dela um ícone no Brasil e além-mar. 

Nos recitais, ela não apenas recitava, ela vivia os poemas. Era uma atriz das emoções e uma mestra das palavras. Sua atuação em esperanto e outros idiomas a levou a congressos na Europa e América Latina, com o mesmo brilho com que se apresentava nos palcos de Niterói.

MARIA SABINA RECEBE O TÍTULO DE CIDADÃ DO ESTADO DO RIO, CONCEDIDO PELA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA, EM 8 DE MAIO DE 1986. Resolução 408. Data: 15/10/1985. Autoria: Francisco Horta. Ementa: CONCEDE O TÍTULO DE CIDADÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO À POESIA MARIA SABINA DE ALBUQUERQUE

Maria Sabina: Uma Vida Dedicada à Poesia, Educação e Feminismo

Maria Sabina de Albuquerque (1898-1991) foi uma figura multifacetada e influente no Brasil, destacando-se como poeta, educadora e líder feminista. Nascida em Barbacena, Minas Gerais, mudou-se jovem para Niterói e depois para o Rio de Janeiro, onde desenvolveu seus talentos e construiu uma carreira notável.

Com formação acadêmica sólida, incluindo bacharelado no Colégio Pedro II e doutorado em Letras Inglesas por Cambridge com especialização em Shakespeare, Maria Sabina também foi discípula de Angela Vargas na "Arte de Dizer".

Ela dedicou-se intensamente ao ensino e à divulgação da poesia, fundando e dirigindo o Curso Olavo Bilac de Arte de Dizer (1921) e atuando como professora de Arte Poética. Como recitalista profissional, apresentou-se por todo o Brasil por mais de duas décadas.

No jornalismo, foi diretora do jornal "Mulher", um veículo para a difusão do feminismo. Foi cofundadora da extinta Academia de Letras Pedro II e membro de diversas entidades culturais e literárias, recebendo a Medalha da Ordem do Mérito de Rio Branco em 1980 por sua contribuição.

Sua atuação mais marcante foi, talvez, no movimento feminista. Ingressou na Federação Brasileira pelo Progresso Feminino em 1928, onde exerceu a vice-presidência e quatro vezes a presidência. Através dessa entidade, fundada por Bertha Lutz, Maria Sabina participou ativamente da luta pelos direitos civis e políticos das mulheres, contribuindo para as conquistas femininas nas Constituições brasileiras. Ela representou o Brasil em congressos internacionais sobre direitos da mulher e educação, sendo uma voz proeminente na defesa da igualdade.

Maria Sabina de Albuquerque é lembrada como uma pioneira que deixou um legado significativo na cultura, educação e na luta pelos direitos das mulheres no Brasil.

CENTRO CULTURAL MARIA SABINA EXIBE GRUPO NUANCE 30 ANOS DEPOIS. COORDENAÇÃO: NEIDE BARRO RÊGO. COMPOSIÇÃO ATUAL DO GRUPO NUANCE: Aparecida Barreto, Gracinha Rego, Marly Prates, Neide Barros Rêgo - 19-11-2015.

MENSAGENS

GRACINHA REGO disse: GRACINHA REGO disse:  "Meu amigo, eu estou emocionada com o que você escreveu, homenagem que você fez ao Centro Cultural, a Neide e ao grupo Nuance, olha que coisa mais linda, mais perfeita, mais carinhosa, com mais de emoção de tudo o que foi o Centro Cultural, de tudo que foi a nossa querida Neide Barros Rêgo, de tudo o que foi o nosso grupo nuance. Eu nem sei como agradecer a você por tanta coisa linda, tanta beleza que você pôs nos seus textos e ainda por cima colocou o vídeo da nossa apresentação... eu adoro aquele vídeo, que é o único, que a gente tem num grande recital. Olha, não tenho palavras! Não sei como Você, que é  maravilhoso,  conseguiu descrever com tanta autenticidade tudo que se passou aqui no Centro Cultural durante todos esses anos!!! Obrigada querido, muito obrigada mesmo, como praticamente sou a única representante do Centro Cultural quero dizer a você que a minha emoção, não cabe dentro do meu peito. Muito obrigada. Um beijo muito carinhoso."

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Alberto Araújo disse: Querida amiga Gracinha, receber sua mensagem tão cheia de emoção e verdade tocou profundamente meu coração. Suas palavras me abraçaram com a mesma ternura que sempre senti no Centro Cultural Maria Sabina, esse espaço sagrado que nasceu da sensibilidade e da paixão de Neide Barros Rêgo e floresceu com almas como a sua, sempre presentes e pulsantes. O que escrevi foi apenas um reflexo da luz que vocês irradiaram durante todos esses anos. A história do Centro, da Neide, do Grupo Nuance... é feita de arte, entrega e poesia viva. E minha missão, como amigo e admirador, foi apenas traduzir em palavras aquilo que vocês gravaram no tempo com tanto amor. Gracinha, você representa com dignidade e brilho essa memória que jamais se apagará. Seu carinho me emociona e me inspira. Que bom saber que o vídeo tocou seu coração, ele é uma joia rara, um retrato da beleza que vocês nos deixaram. Eu é que agradeço, do fundo da alma, por me permitir fazer parte dessa travessia afetiva e cultural. A homenagem é também minha forma de dizer: vocês são eternos. Um beijo com todo meu respeito, admiração e amizade.

Com carinho, abraços do Alberto Araújo. 

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Nina Fernandes disse na postagem da Homenagem ao Centro Cultural Maria Sabina: Excelente homenagem! Parabéns ao Focus Portal Cultural, sempre nos lembrando das datas importantes! 👏 Nina

Homenagem do Focus Portal Cultural

© Alberto Araújo

24 de junho 2025