O PAPEL E O MAR
UM FILME DE LUIZ ANTÔNIO PILAR
UM DIÁLOGO ENTRE A ESCRITORA
CAROLINA MARIA DE JESUS
E O LIDER DA REVOLTA DA CHIBATA
O POLÍTICO JOÃO CÂNDIDO.
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O filme narra o encontro imaginário entre João Cândido, líder da Revolta da Chibata, e a catadora de papel e escritora Carolina Maria de Jesus, autora do livro Quarto de Despejo, em pleno centro do Rio de Janeiro. É uma dupla homenagem ao trabalho de Zózimo Bulbul e da escritora Carolina Maria de Jesus. Com Zózimo Bulbul e Dirce Thomas. Direção: Luiz Antônio Pilar.
Sequência de imagens extraídas do vídeo.
Carolina Maria de Jesus - escritora
Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento (MG),
Carolina mudou-se para a capital paulista em 1947, momento em que surgiam as
primeiras favelas na cidade. Apesar do pouco estudo, tendo cursado apenas as
séries iniciais do primário, ela reunia em casa mais de 20 cadernos com
testemunhos sobre o cotidiano da favela, um dos quais deu origem ao livro
Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960. Após o
lançamento, seguiram-se três edições, com um total de 100 mil exemplares
vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países.
É um documento sobre o que um
sociólogo poderia fazer estudos profundos, interpretar, mas não teria condição
de ir ao cerne do problema e ela teve, porque vivia a questão, avalia Audálio
Dantas, jornalista que descobriu a escritora em 1958. O encontro ocorreu quando
o jornalista estava na comunidade para fazer uma reportagem sobre a favela do
Canindé. “Pode-se dizer que essa foi a primeira favela que se aproximou do
centro da cidade e isso constituía o fato novo”, relembrou. Ele conta que
Carolina vivia procurando alguém para mostrar o seu trabalho.
Carolina de Jesus publicou ainda
o romance Pedaços de Fome e o livro Provérbios, ambos em 1963. De acordo com
Audálio, todos esses títulos foram custeados por ela e não tiveram vendas
significativas.
Após a morte da escritora, em 1977, foram publicados o Diário
de Bitita, com recordações da infância e da juventude; Um Brasil para
Brasileiros (1982); Meu Estranho Diário; e Antologia Pessoal (1996).
João Cândido - político.
João Cândido Felisberto nasceu no
Rio Grande do Sul, no dia 24 de Junho de 1880. Seus pais eram escravos, ele
desde pequeno ele costumava acompanhar seu pai quando este viajava conduzindo o
gado.
João Cândido começou sua
participação política cedo, aos 13 anos apenas, quando lutou a serviço do
governo na Revolução Federalista do Rio Grande do Sul, no ano de 1893. Com 14
anos se alistou no Arsenal de Guerra do Exército e com 15 entrou para a Escola
de Aprendizes Marinheiros de Porto Alegre. Cinco anos depois foi promovido a
marinheiro de primeira classe e com 21 anos, em 1903, foi promovido a
cabo-de-esquadra, tendo sido depois novamente rebaixado a marinheiro de
primeira classe por ter introduzido no navio um jogo de baralho. Serviu na
Marinha do Brasil por 15 anos, tempo durante o qual viajou por este e outros
países.
Participou e comandou a Revolta
dos Marinheiros do Rio de Janeiro (Revolta da Chibata) no ano de 1910,
movimento que trouxe benefícios aos marinheiros, com o fim dos castigos
corporais na Marinha, mas que trouxe prejuízos a João Cândido, que foi expulso
e renegado, vindo a trabalhar como timoneiro e carregador em algumas
embarcações particulares, sendo depois demitido definitivamente de todos os
serviços da Marinha por intervenção de alguns oficiais.
No ano de 1917, ano em que sua
primeira esposa faleceu, começou a trabalhar como pescador para sustentar a
família, vivendo na miséria até os seus últimos dias de vida. Casou-se
novamente, mas sua segunda esposa cometeu suicídio no ano de 1928. Dez anos
depois a tragédia voltaria a acontecer, mas desta vez com uma de suas filhas.
Ao todo foram três casamentos, tendo o último durado até o fim de sua vida, dia
06 de Dezembro de 1969.
Atuou na política durante toda a
sua vida. Durante o governo de Vargas teve contato com o líder da Ação
Integralista Brasileira (AIB) e com o Partido Comunista, chegou a ser preso por
suspeita de relacionamento com os integrantes da Aliança Liberal e até o fim da
sua vida continuou sendo “vigiado” pelas autoridades, sendo acusado de
subversivo.
O “Almirante Negro”, como João
Cândido ficou conhecido, morreu aos 89 anos e teve ao todo 11 filhos ao longo
dos três casamentos. Faleceu na cidade de São João do Meriti, no Rio de
Janeiro.
Carolina Maria de Jesus - escritora, poetisa e sambista brasileira.
(Foto: Eudálio Dantas).
EXPOSIÇÃO “CAROLINA EM NÓS”
HOMENAGEIA ESCRITORA
NO MUSEU AFRO BRASIL.
NO MUSEU AFRO BRASIL.
Com patrocínio da CAIXA e Governo Federal e
idealizada pelo grupo Ilú Obá de Min, mostra exalta vida e obra de Carolina
Maria de Jesus.
A escritora, poetisa e sambista brasileira Carolina
Maria de Jesus (1914 – 1977) está sendo homenageada desde o dia 3 de outubro
em exposição no Museu Afro Brasil,
instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo dirigida por
Emanoel Araújo. Ela já dá nome à biblioteca do museu e agora é tema do projeto
“Carolina em Nós”, patrocinado pela CAIXA e Governo Federal e idealizado pelo
grupo Ilú Obá de Min, que há dez anos ocupa as ruas de São Paulo com atividades
para promover a cultura afro-brasileira. Com curadoria de Roberto Okinaka, a
exposição é gratuita, vai até o dia 31 de janeiro de 2016 e conta com extensa
programação.
“Nossa
intenção é reconhecer e dar a devida importância à figura de Carolina como
escritora, não apenas por ela ser negra e catadora de material reciclável, mas
por sua preciosa contribuição para a literatura brasileira”, destaca a
produtora Tâmara David que coordena a exposição lado de Ester Dias. O projeto
foi selecionado por meio do Programa CAIXA de Apoio ao Patrimônio Cultural
Brasileiro 2015/2016.
Carolina Maria de Jesus é conhecida principalmente
pela obra Quarto de Despejo, que teve
a primeira edição publicada em 1960 e já foi traduzido para 13 idiomas. O que
poucos sabem, porém, é que apesar de todas as dificuldades, ela escreveu ainda
outros livros, alguns que sequer foram publicados, além de centenas de textos,
entre poesias, peças de teatro e marchas carnavalescas.
Com realização do grupo Ilú Obá de Min e Museu Afro
Brasil, a exposição “Carolina em Nós”, vai contextualizar a vida e obra da
escritora em painéis, fotos e cenários montados na lateral do prédio. Não é
preciso entrar no museu para conferir a mostra, por isso o acesso é totalmente
gratuito. “Essa exposição é uma extensão do trabalho que começamos no Carnaval
desse ano, quando o grupo Ilú Obá de Min teve Carolina Maria de Jesus como tema
do bloco que todos os anos desfila pelas ruas de São Paulo com cerca de 250
ritmistas, todas participantes das oficinas de percussão afro brasileiras”,
revela a produtora Ester Dias.
Ao homenagear mulheres negras desde sua criação, o
grupo Ilú Obá de Min pretende estimular o empoderamento feminino, o
enfrentamento ao sexismo, racismo e à intolerância religiosa por meio das
oficinas do toque dos orixás, tradicionalmente mantidos pelas casas de candomblé, e percussão
afro-brasileira. Nesta exposição, a reciclagem também vai ser ressaltada, já
que Carolina Maria de Jesus era catadora de papel. O programa da mostra vai
contar com um informativo sobre o tempo de decomposição dos produtos e, entre
as oficinas que vão ser oferecidas, está a de confecção de cadernos a partir de
material de reuso.
SERVIÇO
EXPOSIÇÃO
"Carolina em Nós”
Abertura aconteceu em:
03/10/15
e o encerramento: 31/01/16.
As demais atividades
acontecem
no decorrer do período de
realização da Exposição.
Patrocínio: Caixa Econômica
Federal
Realização Ilú Obá de Min |
Museu Afro Brasil
Museu Afro Brasil
Av. Pedro Álvares Cabral,
s/n
Parque Ibirapuera - Portão
10
São Paulo / SP - 04094 050
Fone: (11) 3320-8900
APOIO CULTURAL
FONTE:
COMENTÁRIOS
Olá, Alberto,
Gostei muito do filme e também da homenagem do Ronald de Gregório a Horácio Pacheco. Obrigada!
Que o próximo ano que se avizinha, traga para você e Shirley muita paz, saúde e amor.
Dulce Rocha de Mattos
declamadora e membro do Rotary Club de Niterói.
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Grato, Alberto. Um passeio enriquecedor pela história; uma comovente mensagem sobre valores humanos.
Hilário.
Hilário.
Hilário Francisconi
jornalista e escritor.
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Caríssimo Alberto, Paz e Bem!
Gostei imensamente do filme O Papel e o Mar. Aportei no Rio de Janeiro em Janeiro de 1958. Conheci todo o cenário do filme. O Filme me trouxe profundas recordações e hoje oportunidade para refletir um pouco sobre a nossa historia. Vejo com enorme carinho a Historia desses dois personagens Carolina Maria de Jesus, negra, favelada, pobre, escritora {...} e de um marinheiro "almirante negro" João Cândido, grande homem, visionário e com profundos sentimentos humanitários.
Na verdade a cultura atual é a de "tentar esquecer o passado" com o desprezo pelas pessoas antigas e suas historias que somadas constituem a Historia de um homem, um povoado, um povo ou uma nação. O pecado da indiferença e do desprezo pelas pessoas enriquecem o pais com pobreza e a morte de sua cultura. O ideal seria que tudo isso não se perdesse e como o João cândido disse ou insinuou dizer no filme as palavras "morrem". É mais seguro escrevê-las.
Lembremos da frase comentada por estes dias na mídia e que fez parte de uma famosa carta: Verba volant, scripta manent - as palavras voam, mas o escrito fica.
Lobo José
Lobo José é acólito
na Paróquia São Judas Tadeu-Icaraí-Niterói
e jornalista, escreve no Jornal Unidade.
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