domingo, 31 de dezembro de 2017

A IMPORTÂNCIA DA OITAVA DE NATAL. CELEBRAÇÃO DO NASCIMENTO DE JESUS CRISTO.




  Como viver este
“tempo especial de graças”
da nossa Igreja?


 
 

Infelizmente, a maioria dos católicos não sabe da importância da “Oitava de Natal”, bem como da Oitava da Páscoa.
 
Como essas duas Solenidades litúrgicas são as mais importantes do Ano litúrgico; pois marcam o Nascimento e a Ressurreição de Jesus, a Igreja prolonga as suas celebrações por oito dias. Com que intenção?
 
Com a intenção de que “o tempo especial de graças” que significam a Páscoa e o Natal, se estenda por oito dias, e o povo de Deus possa beber mais copiosamente, e por mais tempo, as graças de Deus neste tempo favorável, onde o céu beija a terra e derrama sobre elas suas Bênçãos copiosas.
 
Mas, só pode se beneficiar dessas graças abundantes e especiais, aqueles que têm sede, que conhecem, que acreditam, e que pedem. É uma lei de Deus, quem não pede não recebe. E só recebe quem pede com fé, esperança, confiança e humildade.
 
 
 
 
 
 
 
 
As mesmas graças e bênçãos do Natal se estendem até o final da Oitava. E neste período a Igreja acrescenta a celebração de alguns santos. No dia 26 de dezembro a memória do grande Santo Estevão, o primeiro mártir do cristianismo; para que, com sua intercessão, as graças do Natal sejam ainda mais copiosas sobre nós.

 
Depois temos a memória dos Santos inocentes que Herodes mandou matar. Eles intercedem por nós com seu sangue inocente. De São João evangelista, o “discípulo que Jesus amava”, e outros santos.
 
No meio da Oitava, no domingo após o Natal, a Igreja nos leva a olhar e meditar na Sagrada Família de Nazaré. É hora de dizer como a música: “Jesus, Maria e José, nossa família vossa é!”. É o momento de fazer um longo silêncio diante do Presépio e aprender as grandes lições dessa Família através da qual o Salvador quis entrar em nossa história.








 
Não deixe passar esse tempo de graças em vão! Viva oito dias de Natal e colha todas as suas bênçãos. Não tenha pressa! Reclamamos tanto de nossas misérias, mas desprezamos tanto os salutares remédios que Deus coloca à nossa disposição tão frequentemente.
 
Muitas vezes somos miseráveis sentados em cima de grandes tesouros, pois perdemos a chave que poderia abri-lo. É a chave da fé, que tão maternamente a Igreja coloca todos os anos em nossas mãos. Mas quem acredita? Quem vive isso? Quem pede? Quem reza?
 
Pare diante do seu Presépio, durante esses dias e reze com devoção, como coração, e sua vida se transformará.
 
Prof. Felipe Aquino

 
 
 
 
 
 


 
 
OITAVA DE NATAL
 
1ª Leitura - 1Jo 2,12-17
 
 


 
Aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
Leitura da Primeira Carta de São João 2,12-17 12 Eu vos escrevo, filhinhos:
os vossos pecados foram perdoados
por meio do seu nome.
13 Eu vos escrevo, pais:
vós conheceis aquele que é desde o princípio.
Eu vos escrevo, jovens:
vós vencestes o Maligno.
14 Já vos escrevi, filhinhos:
vós conheceis o Pai.
Já vos escrevi, jovens:
vós sois fortes,
a Palavra de Deus permanece em vós,
e vencestes o Maligno.
15 Não ameis o mundo, nem o que há no mundo.
Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai.
16 Porque tudo o que há no mundo
- as paixões da natureza,
a concupiscência dos olhos
e a ostentação da riqueza -
não vem do Pai, mas do mundo.
17 Ora, o mundo passa,
e também a sua concupiscência;
mas aquele que faz a vontade de Deus
permanece para sempre.
Palavra do Senhor.
Salmo - Sl 95 (96), 7-8a. 8b-9. 10 (R. 11a)
R. O céu se rejubile e exulte a terra!
7 Ó família das nações, dai ao Senhor,+
ó nações, dai ao Senhor poder e glória,*
8a dai-lhe a glória que é devida ao seu nome! R.
8b Oferecei um sacrifício nos seus átrios,+
9 adorai-o no esplendor da santidade,*
terra inteira, estremecei diante dele! R.
10 Publicai entre as nações: 'Reina o Senhor!' +
Ele firmou o universo inabalável, *
e os povos ele julga com justiça. R.
Evangelho - Lc 2,36-40
Pôs-se a falar do menino a todos
que esperavam a libertação de Jerusalém. + Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 2,36-40 Naquele tempo:
36 Havia também uma profetisa, chamada Ana,
filha de Fanuel, da tribo de Aser.
Era de idade muito avançada;
quando jovem, tinha sido casada
e vivera sete anos com o marido.
37 Depois ficara viúva,
e agora já estava com oitenta e quatro anos.
Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus
com jejuns e orações.
38 Ana chegou nesse momento
e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino
a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
39 Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor,
voltaram à Galiléia, para Nazaré, sua cidade.
40 O menino crescia e tornava-se forte,
cheio de sabedoria;
e a graça de Deus estava com ele.
Palavra da Salvação.



 
Reflexão - Lc 2, 36-40


 
Toda pessoa que faz da sua vida um serviço a Deus vive a alegria do encontro com ele. Com Ana não foi diferente. Depois de oitenta e quatro anos vividos na busca da realização da vontade de Deus, ela tem a alegria do encontro pessoal com ele. Mas Ana não fica com essa alegria só para ela; sai anunciando a todos que aquele menino é a resposta do próprio Deus a todos os que esperam a verdadeira libertação. E este anúncio é acompanhado do reconhecimento do amor de Deus, que é fiel às suas promessas, através do louvor a ele.
 
 
 

Sobre Prof. Felipe Aquino







 
 


O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.





 
 
FONTE:
 
 
 
 
 

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

UMA VELHA, UM MENINO NA SUBIDA DO CALVÁRIO TEXTO DE NORBERTO SERÓDIO BOECHAT. EMOCIONANTE!!


ESTA COMOVENTE MENSAGEM FOI ENVIADA COMO UMA SAUDAÇÃO NATALINA AO FOCUS CULTURAL PELO DOUTOR NORBERTO SERÓDIO BOECHAT, ILUSTRE MÉDICO GERIATRA DE NITERÓI, ALÉM DE ESCRITOR, COM VÁRIOS LIVROS PUBLICADOS. POR SER UM TEXTO, QUE ME DISSE MUITO AO CORAÇÃO, PARTILHO COM  VOCÊS :
 
 
 
Die Erwartete (The Expected; 1860
pintura de Ferdinand Georg Waldmüller

 

 

 
 
UMA VELHA, UM MENINO NA SUBIDA DO CALVÁRIO
 
 
 
 
 
Norberto Seródio Boechat
 
 
 
 
 
 
Época de Natal. Em frente ao edifício do Cine Monte Líbano em Bom Jesus. Um cartaz exibia em tamanho natural a imagem do caminho do calvário. Cruz. Coroa de espinhos. Sangue escorrendo pela testa. A mídia de então aproveitava a visão dramática para veicular o filme.
Esperávamos pelo jipe com meus pais. Fôramos à cidade escolher os presentes que Papai Noel nos daria. Casa Mansur, na esquina da Beira Rio.
De repente, no burburinho de pessoas e sacolas, uma velha e um garotinho caminhavam, distraidamente, em nossa direção. Pararam diante do Cristo. Maltrapilhos e descalços. Pobreza extrema. Incompatíveis com o momento no qual se expressava, graças aos embrulhos coloridos, o poder do consumo.
 Ela, um embornal na mão. Ele, um porretinho tal qual guerreiro guardião. Estancaram diante da via crucis. Firmaram o olhar no homem arrastando o madeiro. Começaram a chorar. Ela mais que ele. Choraram como se nada houvesse ao redor. Ignoraram em sua dor o resto da (des)humanidade.
 
 
 

 
 
 
Marcaram-me definitivamente.
Transbordava naquele instante o sentimento puro, o que flui da simplicidade. O mundo ao redor não existia. As lágrimas  foram as mais sentidas que presenciei. Sofridas e impregnadas de ingenuidade. Mistura de sofrimento pelo nazareno e, talvez, por si mesmos na tragédia da vida desafiadora. Imaginei que poderiam ter entrado na cena e se misturado à multidão. Uns em contido silêncio, outros vergastando.
 Teriam, assim, feito parte da história do homem que mudaria o mundo. Súbito, o menino percebeu que Cristo parou. Viu Seu olhar cruzando com o de uma mulher. A troca foi tão intensa que ele sentiu, ali a quintessência do amor e da dor, semelhantes aos que o unia à mãe. Levavam, também, uma cruz, não tão pesada, mas uma cruz. Seguiram. Caminhos e caminhos.








Apesar de serem de Pirapetinga, não lhes conhecia bem. Julgava serem uma viúva e seu filho. Sempre os dois, de mãos dadas. Essas representavam a força que os unia, a certeza de que juntos se identificavam numa família. De mãos dadas, nada os demoveria. Integravam suas armas, suas defesas. Elas estabeleciam definitiva corrente.
Nem precisavam falar, os dedos entrelaçados conversavam entre si, dividiam as ocasiões de angústia, de penúria na silente solidão. Chamava-me a atenção o olhar do menino para mim. Um misto, quem sabe, de admiração, de encantamento diante da visão que eu representava, da vida que ele não tinha. Peregrinos de histórias. Dois mundos.



 
Nunca me aproximei deles, não tive o impulso. Eram diferentes, estranhos, pareciam irreais. No entanto, era real a absoluta pobreza. Onde morariam? Quem seriam seus patrões? Jamais soube. Apareciam e ficavam em frente ao coreto, colocando-se na paisagem igual a espantalhos da existência.
Não sei qual foi seus destinos, se ele cresceu, casou e se ela pôde segurar netos no colo. Não sei... Quando penso neles, invade-me a sensação de que algo não foi feito, de que algo ficou para trás, certa impotência por não ter mudado o estabelecido ou, até mesmo, um resquício de arrependimento pelo comodismo, pela falta do simples gesto de repartir, de ter dado algo.
 Não, nada dei. Deixei que a vida fosse indo, infalível e dramática, com cada qual segurando as rédeas possíveis. Mas, jamais os esquecerei. Sobretudo no Natal.
 
 


terça-feira, 19 de dezembro de 2017

MANOEL DE BARROS POETA E CANTOR DA NATUREZA - UMA HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL, EM 19 DE DEZEMBRO DE 2017.

 
 
 
 
Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em Cuiabá, 19 de dezembro de 1916  foi um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente, à Geração de 45, mas formalmente ao pós-Modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas europeias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade.

Com 13 anos, ele se mudou para Campo Grande (MS), onde viveu pelo resto da sua vida. Recebeu vários prêmios literários, entre eles, dois Prêmios Jabutis e foi membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.

É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários.

Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros. Sua obra mais conhecida é o Livro sobre Nada de 1996.



 
 


Vida pessoal

 
 
Um ano depois do nascimento do poeta, sua família foi viver em uma propriedade rural em Corumbá. Mudou-se sozinho quando ele era ainda criança para Campo Grande, onde estudou em colégio interno e, mais tarde, para o Rio de Janeiro, a fim de completar os estudos, onde formou-se bacharel em direito em 1941. Tendo estado 10 anos em um internato, rebelou-se contra a escrita do Padre Antônio Vieira, por lhe parecer que para aquele a frase era mais importante que a verdade.
 
Através da leitura da poesia em prosa de Arthur Rimbaud, Manoel de Barros descobre que "pode misturar todos os sentidos".

 
Seu primeiro livro não era de poesia, e teria se perdido em razão de uma confusão com a polícia. Quando vivia no Rio de Janeiro, aos 18 anos, tendo entrado para a Juventude Comunista, grafitou as palavras "Viva o Comunismo" em uma estátua. Quando a polícia foi buscá-lo na pensão onde morava, a dona do estabelecimento pediu para "não prender o menino, tão bom que até teria escrito um livro, chamado "Nossa Senhora de Minha Escuridão". Tendo o policial que comandava a operação se sensibilizado, o poeta não foi preso, mas a polícia levou o seu livro.
 
 
Embora a poesia tenha estado presente em sua vida desde os 13 anos de idade, teria escrito o primeiro poema somente aos 19 anos. Seu primeiro livro publicado foi "Poemas concebidos sem pecado" (1937), feito artesanalmente por amigos numa tiragem de 20 exemplares mais um, que ficou com ele.
 
 
 

Apesar de ter escrito muitos livros durante toda a sua vida e de ter ganho vários prêmios literários desde 1960, durante muito tempo sua obra ficou desconhecida do grande público. Possivelmente porque o poeta não frequentava os meios literários e editoriais e, deduzindo-se das palavras do poeta (ele diz "por orgulho"), por não bajular ninguém.
 
 
Seu trabalho começou a ser valorizado nacionalmente, a partir da descoberta deste por parte de Millôr Fernandes, já na década de 1980. A partir daí, ganhou reconhecimento através de vários dos maiores prêmios literários do Brasil, como o Jabuti, em 1987, com "O guardador de águas".

 
Foi considerado o maior ou um dos maiores poetas do Brasil, sendo um dos mais aclamado nos círculos literários do seu país. Seu trabalho tem sido publicado em Portugal, onde é um dos poetas contemporâneos brasileiros mais conhecidos, na Espanha e na França.

 

Poesias musicadas

 
 
O cantor Márcio de Camillo, antes da morte do poeta, veio com a proposta de musicar as suas poesias, o que resultou no CD Crianceiras com ilustrações feitas por Martha Barros. O espetáculo roda o Brasil inteiro.





 

A poesia

Somente após as suas duas primeiras publicações em livro, as quais expressavam um lirismo mais impessoal e atado às convenções poéticas, a poesia de Manoel de Barros assume as características personalíssimas que marcam a sua obra.

 
Na sua obra de estreia, "Poemas concebidos sem pecado" (1937), apesar do tom autobiográfico de poemas como "Cabeludinho", nota-se claramente a inserção do poeta no Modernismo brasileiro de 1922, através da discussão da tradição literária brasileira (Iracema), do Parnasianismo, e da influência de Macunaíma de Mário de Andrade, admitida e criticada pelo próprio Barros. Algumas construções próximas do primeiro vanguardismo europeu e da oralidade brasileira também são perceptíveis.

 
Após a publicação de "A face imóvel" (1942), sua poesia passa a ter como "plano de fundo" o pantanal, indo sua temática, porém, para muito além do paisagismo inócuo. Nesse universo adâmico em que os poemas se plasmam, por meio de sua natureza e de seu cotidiano, a linguagem poética procura transformar em tátil, olfativo, visual, gustativo e auditivo aquilo que é paradoxalmente abstrato. Não por acaso, o filólogo Antonio Houaiss o compara a São Francisco de Assis, "na sua humildade diante das coisas".

 
Transfigurando poeticamente, o universo em suas aparentes e visíveis minudências, Manoel de Barros sublinha, em realidade, a estreita dimensão dos seres humanos diante da natureza, diante da linguagem, diante do cosmos. Esse aspecto do pensamento manoelino observa-se nos títulos dos seus livros, tais como "Compêndio para uso dos pássaros" (1960), "Gramática expositiva do chão" (1966), "Tratado geral das grandezas do ínfimo" (2001). Segundo Leandro Valentin (2013), essa poesia dedica-se, também, à desautomatização do olhar dos desatentos passantes frente ao universo, como no poema "O poeta", publicado em "Ensaios Fotográficos" (2000). Ainda segundo Antonio Houaiss, a poesia de Manoel de Barros, sob aparência surrealista, é de uma enorme racionalidade: "suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais..."

 
Outras características marcantes da poesia de Manoel de Barros são o uso de vocabulário coloquial-rural e de uma sintaxe que homenageia a oralidade e a oralitura, ampliando as possibilidades expressivas e comunicativas do léxico por meio da formação de palavras novas (neologismos). Assim, pelo uso que Manoel de Barros faz da língua escrita, retomando e desenvolvendo o legado da oralidade em todos os seus planos expressivos, seu trabalho tem sido muitas vezes comparado ao de Guimarães Rosa, muitos referindo-se ao poeta como "Guimarães Rosa da poesia", mas talvez coubesse dizer que Rosa é o "Manoel de Barros da prosa". "Desde Guimarães Rosa a nossa língua não se submete a tamanha instabilidade semântica", teria dito o poeta Geraldo Carneiro a seu respeito. Para além de sua complexidade e densidade, a poesia de Manoel de Barros pode induzir os jovens leitores e aprendizes a práticas autônomas de leitura e de decodificação das experiências cotidianas

 
Pode-se dizer que Manoel de Barros, na poesia, tal como Guimarães Rosa na prosa, teria levado à situações-limite aquilo que Oswald de Andrade expressava, programaticamente, em seu Manifesto Antropófago. Sua forma de conceber as relações entre mundo empírico e literatura muito contribui para renovar as literaturas em línguas neolatinas, uma vez que a obra de Barros supera as dicotomias que operam a cisão entre seres humanos e natureza, que apresentam a natureza como um ente a ser enfrentado e dominado pelos humanos, tal como se observa, de maneira geral, nas obras literárias do ocidente, segundo analisa Marcelo Marinho.

 
Talvez, por todas essa características, o próprio Manoel de Barros recorre a um oxímoro para definir sua arte como "vanguarda primitiva", tendo consciência da sua relação com as vanguardas e o modernismo brasileiro, principalmente o de Oswald de Andrade, no que se refere à expressividade da linguagem em suas relações ambíguas com a natureza. Manoel de Barros nunca se afasta do "vanguardismo primitivista" (ver primitivismo), como se pode notar pelo título "Poesia Rupestre" (2004), ganhador de vários prêmios literários de repercussão em todo o Brasil.




 

Morte e homenagem

O escritor morreu aos 97 anos. Ele foi internado no dia 24 de outubro de 2014 no Proncor, em Campo Grande (MS), para uma cirurgia de desobstrução do intestino. De acordo com o boletim médico assinado pela doutora Carmelita Vilela, o falecimento ocorreu no dia 13 de novembro, às 8h05min, por falência múltipla dos órgãos. Ele foi sepultado por volta das 18h no cemitério Parque das Primaveras.
 
O escritor completaria 98 anos em 19 de dezembro de 2014.
Foi homenageado em 2016 e 2017 respectivamente pelas escolas de samba Sossego e Império Serrano e em ambas as escolas contando sua vida, sagraram-se campeãs.





Obras
  • 1937 - Poemas concebidos sem Pecado
  • 1942Face imóvel
  • 1956Poesias
  • 1960Compêndio para uso dos pássaros
  • 1966Gramática expositiva do chão
  • 1974Matéria de poesia
  • 1980Arranjos para assobio
  • 1985Livro de pré-coisas
  • 1989O guardador das águas
  • 1990Gramática expositiva do chão: Poesia quase toda
  • 1993Concerto a céu aberto para solos de aves
  • 1993 — O livro das ignorãças
  • 1996Livro sobre nada
  • 1996 — Das Buch der Unwissenheiten - Edição da revista alemã Akzente
  • 1998Retrato do artista quando coisa
  • 2000Ensaios fotográficos
  • 2000 — Exercícios de ser criança
  • 2000 — Encantador de palavras - Edição portuguesa
  • 2001O fazedor de amanhecer
  • 2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo
  • 2001 — Águas
  • 2003Para encontrar o azul eu uso pássaros
  • 2003 — Cantigas para um passarinho à toa
  • 2003 — Les paroles sans limite - Edição francesa
  • 2003 — Todo lo que no invento es falso - Antologia na Espanha
  • 2004Poemas Rupestres
  • 2005Riba del dessemblat. Antologia poètica — Edição catalã (2005, Lleonard Muntaner, Editor)
  • 2005Memórias inventadas I
  • 2006Memórias inventadas II
  • 2007Memórias inventadas III
  • 2010Menino do Mato
  • 2010Poesia Completa
  • 2011Escritos em verbal de ave
  • 2013Portas de Pedro Viana











Prêmios

  • 1960 — Prêmio Orlando Dantas - Diário de Notícias, com o livro Compêndio para uso dos pássaros;
  • 1966 — Prêmio Nacional de poesias, com o livro Gramática expositiva do chão;
  • 1969 — Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, com o livro Gramática expositiva do chão.
  • 1989Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria Poesia, como o livro O guardador de águas;
  • 1990 — Prêmio Jacaré de Prata da Secretaria de Cultura de Mato Grosso do Sul como melhor escritor do ano;
  • 1996 — Prêmio Alfonso Guimarães da Biblioteca Nacional, com o livro Livro das ignorãnças;
  • 1997 — Prêmio Nestlé de Poesia, com o livro Livro sobre nada;
  • 1998 — Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo conjunto da obra;
  • 2000 — Prêmio Odilo Costa Filho - Fundação do Livro Infanto Juvenil, com o livro Exercício de ser criança;
  • 2000 — Prêmio Academia Brasileira de Letras, com o livro Exercício de ser criança;
  • 2002Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria livro de ficção, com O fazedor de amanhecer;
  • 2005 — Prêmio APCA 2004 de melhor poesia, com o livro Poemas rupestres;
  • 2006Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira, com o livro Poemas rupestres;
 
 
 
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FONTE

https://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_de_Barros