UM POUCO SOBRE O POETA
RUI DE MOURA RIBEIRO BELO foi um poeta e ensaísta português que nasceu em São João da Ribeira, Rio Maior, em 27 de fevereiro de 1933 e faleceu em Queluz, Sintra, em 8 de agosto de 1978 aos 45 anos.
Frequentou o Liceu de Santarém. Em 1951 entrou para a Universidade de Coimbra como estudante de Direito, aderindo pouco depois à Opus Dei. Terminado o curso de Direito, já na Faculdade de Direito de Lisboa. No ano de 1956, partiu para Roma, onde estudou na Universidade S. Tomás de Aquino (Angelicum). Em 1958 com uma tese intitulada "Ficção Literária e Censura Eclesiástica", o seu doutoramento em Direito Canônico.
Regressado a Portugal, foi diretor literário da Editorial Aster. A seguir foi chefe de redação da revista Rumo. Em 1961 entrou como investigador na Faculdade de Letras de Lisboa, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1966 aos 33 anos se casou com Maria Teresa Carriço Marques, nascendo deste casamento três filhos Diogo (1967), Duarte (1968) e Catarina (1974).
Apesar do curto período de atividade literária, Ruy Belo tornou-se um dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes. Os seus primeiros livros de poesia foram Aquele Grande Rio Eufrates de 1961 e O Problema da Habitação de 1962. Às coletâneas de ensaios Poesia Nova de 1961 e Na Senda da Poesia de 1969, seguiram-se obras cuja temática se prende ao religioso e ao metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. É o caso de Boca Bilingue de 1966, Homem de Palavra(s) de 1969, País Possível de 1973, antologia), Transporte no Tempo de 1973, A Margem da Alegria de 1974, Toda a Terra de 1976, Despeço-me da Terra da Alegria de 1977 e Homem de Palavra(s), 2ª edição de 1978. O versilibrismo dos seus poemas conjuga-se com um domínio das técnicas poéticas tradicionais.
Destacou-se ainda pela tradução de autores como Antoine de Saint-Exupéry, Blaise Cendrars, Raymond Aron, Montesquieu, Jorge Luís Borges e Federico García Lorca. De Antoine de Saint-Exupéry traduz Piloto de Guerra e Cidadela e Cidadela; de Blaise Cendrars traduz Moravagine; de Jorge Luís Borges traduz Os Poemas Escolhidos e de Dona Rosinha a Solteira ou a Linguagem das Flores.
A sua obra, organizada em três volumes sob o título Obra Poética de Ruy Belo, em 1981, foi, entretanto, alvo de revisitação crítica, sendo considerada uma das obras cimeiras, apesar da brevidade da vida do poeta, da poesia portuguesa contemporânea.
Morreu repentinamente aos 45 anos, em Queluz. Reconhecimento. Em 1991 foi condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'iago da Espada. O seu nome foi dado ao agrupamento de escolas de Monte Abrão.
José Mário Branco musicou o poema de
Ruy Belo "Uma vez que já tudo se perdeu". A canção fez parte do
alinhamento do primeiro álbum de Camané, Uma noite de fados, em 1995. Em 1997,
a canção fez também parte do álbum José Mário Branco ao vivo em 1997.
OBRAS SELECIONADAS
Obras poéticas
Aquele Grande Rio Eufrates (1961)
O Problema da Habitação (1962)
Boca Bilíngue (1966)
Homem de Palavras (1969)
Na senda da poesia (1969)
Transporte no Tempo (1973)
País Possível (1973)
A Margem da Alegria (1974)
Toda a Terra (1976)
Despeço-me da Terra da Alegria (1977).
Os estivadores (1974).
Todos os Poemas (2001)
E
TUDO ERA POSSÍVEL | POEMA DE RUY BELO COM NARRAÇÃO DE MUNDO DOS POEMAS
E TUDO ERA POSSÍVEL – RUY BELO
Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha
lido
Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse
acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma
saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei
dizer
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
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