quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

O “MITO DA CAVERNA”, DE PLATÃO. A HISTÓRIA INTEGRA O LIVRO VII DE “A REPÚBLICA”, OBRA EM QUE O AUTOR ANALISA A VIDA POLÍTICA ATENIENSE, ESCRITO, APROXIMADAMENTE, NO SÉCULO IV A.C.



O Mito da Caverna é uma metáfora apresentada por Sócrates em um trecho da obra “A República”, de Platão. A metáfora narra à libertação de um homem das correntes da Ilusão. O escrito também é conhecido como “Alegoria da Caverna” ou “Caverna de Platão”. O texto é uma série de diálogos registrados por Platão sobre a informação, a linguagem e a educação para a construção de um Estado ideal. 

A partir de um conto cheio de simbologias, Platão nos apresenta conceitos e situações que versam sobre a busca pelo conhecimento, em contraste com a ignorância e a manipulação. O Mito da Caverna é um dos textos filosóficos mais debatidos e conhecidos pela humanidade. Nele, estão as bases do pensamento platônico, o conceito de senso comum em oposição ao senso crítico e à busca pelo conhecimento verdadeiro.

O Mito da Caverna é considerado uma introdução à filosofia de Platão que apresenta este mundo como ilusório e sombrio, sendo apenas um reflexo do mundo perfeito das ideias. O Mito da Caverna é também uma crítica de Platão à sociedade ateniense, que condenou Sócrates por não compreender sua mensagem. A história é uma tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos, aprisionados pelos sentidos e os preconceitos que impedem o conhecimento da verdade. 

A vida dentro da caverna representa o mundo sensível, aquele experimentado a partir dos sentidos, onde reside a falsa percepção da realidade. Enquanto a saída da caverna representa a busca pela verdade, o chamado mundo compreensível, obtido apenas pelo uso da razão. 

No texto, Platão cria um diálogo entre Sócrates e o jovem Glauco. Sócrates pede para que Glauco imagine um grupo de pessoas que viviam numa grande caverna, com seus braços, pernas e pescoços presos por correntes e voltados para a parede que ficava no fundo da caverna.

Atrás dessas pessoas, existia uma fogueira e outros indivíduos transportavam objetos, que tinham as suas sombras projetadas na parede da caverna, onde os encarcerados ficavam observando. Como estavam presos, os encarcerados podiam enxergar apenas as sombras das imagens, julgando serem aquelas projeções a própria realidade. 

Certa vez, uma das pessoas presas nesta caverna consegue se libertar das correntes e sai para o mundo exterior. A princípio, a luz do sol e a diversidade de cores e formas assustam o ex-encarcerado, fazendo-o querer voltar para a caverna. 

No entanto, com o tempo, ele acabou por se admirar com as inúmeras novidades e descobertas que fez. Assim, tomado por compaixão, decide voltar para a caverna e compartilhar com os outros cativos todas as informações sobre o mundo exterior. 

As pessoas que estavam na caverna, porém, não acreditaram naquilo que o

ex-encarcerado contava e chamaram-no de louco. Para evitar que suas ideias atraíssem outras pessoas para os “perigos da insanidade”, os encarcerados mataram o fugitivo.

Para Platão, a caverna simbolizava o mundo onde todos os seres humanos vivem. As sombras projetadas em seu interior representam a falsidade dos sentidos, enquanto as correntes significam os preconceitos e a opinião que aprisionam os seres humanos à ignorância e ao senso comum.



Platão descreve a importância do senso crítico e da razão para que os indivíduos possam se “libertar das correntes” e buscar o conhecimento verdadeiro, representado pelo mundo exterior à caverna.

O prisioneiro que se liberta das correntes e volta para ajudar seus iguais significa o papel do filósofo, aquele que tem como objetivo de libertar o máximo de pessoas da ignorância. 

Já o desfecho trágico do ex-encarcerado é uma referência ao que ocorreu com seu mestre, Sócrates. Acusado de corromper a juventude com seu pensamento questionador, o filósofo julgado e condenado à morte pelos atenienses. 

O Mito da Caverna chama atenção por manter-se hodierno. A alegoria de Platão pode ser interpretada como uma crítica aos que, por preguiça ou falta de interesse, não questionam a realidade e aceitam as ideias impostas por uma governança influente.




PLATÃO nasceu em Atenas, 428/427 e faleceu em Atenas, 348/347 a.C., foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Ele é amplamente considerado a figura central na história do grego antigo e da filosofia ocidental, juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles. Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental, e também tem sido frequentemente citado como um dos fundadores da religião ocidental, da ciência e da espiritualidade. O assim chamado neoplatonismo de filósofos como Plotino e Porfírio influenciou Santo Agostinho e, portanto, o cristianismo, bem como a filosofia árabe e judaica. 

Platão era um racionalista, realista, idealista e dualista e a ele tem sido associadas muitas das ideias que inspiraram essas filosofias mais tarde.

Foi o inovador do diálogo escrito e das formas dialéticas da filosofia. Platão também parece ter sido o fundador da filosofia política ocidental. Sua mais famosa contribuição leva seu nome, platonismo (também ambiguamente chamado de realismo platônico ou idealismo platônico), a doutrina das Formas conhecidas pela razão pura para fornecer uma solução realista para o problema dos universais. Ele também é o epônimo do amor platônico e dos sólidos platônicos. Alguns já alegaram que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles.

Acredita-se que suas influências filosóficas mais decisivas tenham sido da mesma linha de Sócrates, do pré-socrático Pitágoras, Heráclito e Parmênides, embora poucas das obras de seus antecessores permaneçam íntegras e muito do que sabemos sobre essas figuras hoje deriva do próprio Platão. O filósofo lituano Algis Uždavinys chega a propor e evidenciar de forma acadêmica que sua filosofia deriva de uma continuidade de um pensamento filosófico que pode ser visto desde as inscrições do Egito Antigo, relatada por diversas fontes gregas antigas. Pesquisadores da chamada Escola Tübingen e de Milão alegam que seu corpo textual contém fragmentos de doutrinas não escritas que eram lecionadas oralmente na sua Academia. Ao contrário do trabalho de quase todos os seus contemporâneos, acredita-se que o corpo inteiro de trabalho de Platão tenha sobrevivido intacto por mais de 2 400 anos. Embora sua popularidade tenha oscilado ao longo dos anos, os trabalhos de Platão nunca ficaram sem leitores desde a época em que foram escritos.



FONTES:

https://www.significados.com.br/mito-da-caverna/#:~:text=Para%20Platão%2C%20a%20caverna%20simbolizava,ignorância%20e%20ao%20senso%20comum.  

https://www.netmundi.org/home/2020/o-mito-da-caverna-de-platao/  

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