Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul em 17 de junho de 2023 completa 101 anos. Partindo do Rio Tejo, em Lisboa, a aeronave batizada por Lusitânia, um hidroavião monomotor especialmente concebido para a ocasião, realizou o primeiro voo ligando Portugal ao Brasil em 1922. Tão importante quanto o ato foi o fato de terem sido testados aparelhos de navegação que marcaram a história da aviação.
A travessia começou em 30 de março em Lisboa e terminou a 17 de junho de 1922, quando o hidroavião “Fairey3” chegou ao Rio de Janeiro no Brasil. Ao longo do percurso foram perdidos dois aparelhos por razões técnicas e climatéricas.
Aos comandos do aparelho seguiam dois aviadores da marinha portuguesa, Sacadura Cabral e Gago Coutinho, que percorreram mais de 4.500 milhas marítimas.
Tão ou mais importante que a viagem, foi o fato de Gago Coutinho ter provado que era possível realizar voos de grande distância com precisão, utilizando um novo tipo de sextante por ele idealizado. Este aparelho de navegação viria a ser utilizado nas décadas seguintes na indústria aeronáutica.
Ao todo, a missão aérea durou 62 horas e 26 minutos, percorrendo cerca de 8.300 quilômetros, fazendo escalas em Las Palmas, Gando, São Vicente, São Tiago, Penedos de São Pedro e São Paulo, Fernando de Noronha, Recife, Salvador, Porto Seguro, Vitória e, por fim, Rio de Janeiro, que na época era a capital brasileira.
A viagem representou uma inestimável contribuição para a aviação, já que até então viagens de longas distâncias dificultava a manutenção do rumo. Para vencer o obstáculo, a dupla encontrou, com genialidade, uma solução inédita. Após intensos estudos e seus conhecimentos em geografia e cartografia, o Almirante Gago Coutinho aperfeiçoou o sextante náutico, adaptando-o à aviação. Em parceria com Sacadura Cabral, desenvolveu um equipamento denominado “Corretor de Rumos”, que permitia plotar a deriva do avião e calcular o rumo verdadeiro, com excelente precisão.
O início do projeto da Travessia Aérea do Atlântico Sul teve lugar em 1919, por ocasião da visita do Presidente do Brasil a Portugal, quando Sacadura Cabral lançou a ideia de comemorar o primeiro centenário da independência do Brasil.
No ano seguinte, em 1920, Sacadura
Cabral encontrava-se na Inglaterra, adquirindo material para a Aviação Naval
portuguesa e relacionando os tipos de aeronaves consideradas ideais para a
realização da travessia do Atlântico.
Desta maneira, sua escolha apontou o fabricante inglês Fairey, construtor do avião FIII-D.
A empresa Fairey, inclusive, já dispunha do projeto de um hidroavião com características semelhantes a que Sacadura Cabral procurava, ou seja, o F III-D, modificado, adaptado a uma viagem transoceânica, com a envergadura das asas aumentada e depósitos suplementares de combustível nos flutuadores principais. Sacadura Cabral acompanhou a construção e modificação do avião, que, após difíceis experiências e reajustamentos, ficou pronto quase no final do ano de 1921.
Fotos: Arquivo / Força Aérea
Portuguesa
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