Era chamado de 'paizinho' pelos indígenas; agora é chamado de "Apóstolo do Brasil". Foi beatificado por João Paulo II em 1980 e canonizado pelo Papa Francisco em 03 de abril de 2014.
José de Anchieta nasceu em San Cristóbal de La Laguna, 19 de março de 1534 e faleceu em Reritiba, no dia 09 de junho de 1597.
Foi o primeiro dramaturgo, o primeiro gramático e o primeiro poeta nascido nas Ilhas Canárias. Foi o autor da primeira gramática da língua tupi e um dos primeiros autores da literatura brasileira, para a qual compôs inúmeras peças teatrais e poemas de teor religioso e uma epopeia.
Considerado santo pela Igreja Católica, foi beatificado em 1980, pelo papa João Paulo II e canonizado em 2014, pelo papa Francisco. É conhecido como o Apóstolo do Brasil, por ter sido um dos pioneiros na introdução do cristianismo no país. Em abril de 2015 foi declarado copadroeiro do Brasil na 53.ª Assembleia Geral da CNBB.
É o patrono da cadeira de número um da Academia Brasileira de Música. Em 2010 seu nome foi inscrito no Livro de Aço dos heróis nacionais do Brasil depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves. Em 2014 José de Anchieta é declarado padroeiro dos catequistas.
Era filho de João López de Anchieta, natural de Urrestilla, bairro da localidade de Azpeitia, em Guipúscoa, País Basco) e de Mência Diaz de Clavijo y Llarena, descendente da nobreza canária. Foi batizado em 7 abril de 1534 na Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios (atual Catedral de San Cristóbal de La Laguna), onde ainda existe a pia de calcário vermelho onde, segundo a tradição, o santo teria sido batizado. Sua certidão de batismo, inscrita no Livro I da Igreja dos Remédios, está preservada no Arquivo Histórico Diocesano de Tenerife, onde se lê: José, filho de Juan de Anchieta e sua esposa, foi batizado no dia 7 de abril por Juan Gutiérrez, vigário e seus padrinhos foram Domenigo Riso e Don Alonso.
Seu pai foi um revolucionário basco que tomou parte na revolta dos Comuneros (1520-1522) contra o Imperador Carlos V na Espanha e um grande devoto da Virgem Maria. Era aparentado dos Loyola, daí o parentesco de Anchieta com o fundador da Companhia de Jesus, Inácio de Loyola. Seu pai também era prefeito da cidade de San Cristóbal de La Laguna. Sua mãe era natural das Ilhas Canárias, filha de judeus cristãos-novos. O avô materno, Sebastião de Llarena, era um judeu convertido do Reino de Castela. Dos doze irmãos, além dele abraçou o sacerdócio Pedro Nuñez.
Anchieta
segue para o litoral paulista. Ao tomar contato com a injustiça sofrida pelos
nativos, Anchieta se posiciona firmemente a favor dos humilhados e ofendidos
indígenas. Em 25 de janeiro de 1554, junto com Manuel de Nóbrega, Anchieta
funda outra escola jesuíta, o Colégio Piratininga, núcleo do que mais tarde
veio a ser cidade de São Paulo.
Em 1556, Anchieta recebe sua ordenação sacerdotal em Salvador, Bahia. Logo depois ele passa um período de tempo em Reritiba, entre os índios puris e tupiniquins. Foi autor da primeira gramática na língua tupi. Em 15 de agosto de 1579 a imagem de Nossa Senhora da Assunção, trazida de Portugal é entronizada no Santuário de Reritiba.
No dia 9 de julho de 1597, o sacerdote morre vítima de um acidente fatal, ao tentar descer a escada da cela para socorrer um índio doente. O frágil e desengonçado adolescente da Espanha tinha se tomado um gigante em terras brasileiras. Era chamado de 'paizinho' pelos indígenas; agora é chamado de "Apóstolo do Brasil". Foi beatificado por João Paulo II em 1980 e canonizado pelo Papa Francisco em 03 de abril de 2014.
REFLEXÃO
A valorização das culturas locais, o respeito pelas tradições indígenas e seu esforço para entendê-las, a luta contra as injustiças cometidas pelos colonizadores e o amor ao projeto de Jesus foram as balizas da vida do beato Padre José de Anchieta. Peçamos hoje as bênçãos do “Apóstolo do Brasil” para todos os projetos de evangelização do nosso país.
ORAÇÃO
São
José de Anchieta que deixaste vossa pátria, família, amigos, para servir a Deus
sobre todas as coisas, vós que sofreste a solidão e as dificuldades de um
Brasil recém descoberto, e cercastes os índios de cuidados espirituais,
peço-vos exatamente por todos os índios, para que se sintam amados e
protegidos, continuando assim vossa santa missão no mundo. Amém!
“Evangelho nas Selvas”, por Benedito Calixto (1893). Pinacoteca do Estado de São Paulo. José de Anchieta pregando o evangelho próximo a uma jaguatirica.
Casa nativa de José de Anchieta em San Cristóbal de La Laguna (Tenerife).
Fundação de São Paulo (1909), óleo sobre tela de Oscar Pereira da Silva. O jesuíta Manuel da Nóbrega (ao centro) celebra uma missa, enquanto Manuel de Paiva e José de Anchieta estão ao fundo benzendo alguns indígenas. Acervo do Museu do Ipiranga.
“Anchieta e Nóbrega na cabana de Pindobuçu”, por Benedito Calixto (1927). Acervo do Museu do Ipiranga. A pregação de jesuítas como Anchieta e Nóbrega no Brasil foi uma inculturação recíproca entre a influência do cristianismo para as crenças e costumes dos nativos, utilizando elementos da cultura indígena como uma melhor forma de ensinar a doutrina cristã para eles.
Poema à Virgem Maria, por Benedito Calixto (1901). Enquanto refém dos tamoios, Anchieta escreve versos dedicados à Virgem Maria na Praia de Iperoig. Ele recorda no poema que registrou posteriormente: "Eis, ó mãe toda santa, o que outrora eu em verso/Te prometi com voto, entre o gentio adverso./Enquanto ao cru Tamoio abrandei com a presença,/E tratei, qual refém, a obra da paz suspensa,/Teu favor me acolheu com afeto tão caro/Que alma e corpo guardou, sem culpa, teu amparo."
José de Anchieta em gravura de 1807
Retrato de Anchieta - Oscar Pereira da Silva, Acervo do Museu Paulista da USP.
Colaboração:
Padre Evaldo César de Souza, CSsR
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