Considerado o maior poeta português do século XVIII, participou ativamente da vida boêmia de Lisboa, o que se traduziu por um conjunto de composições satíricas e libertinas que o levaram à prisão (1797). A sua capacidade de improvisação tornou-se lendária. Começou por pertencer à Nova Arcádia, dentro do paradigma neoclássico, para logo abandoná-la, tornando-se um dos grandes precursores do romantismo.
MANUEL MARIA BARBOSA L'HEDOIS DU BOCAGE nasceu em Setúbal, no dia 15 de setembro de 1765 e faleceu em Lisboa, Mercês, 21 de dezembro de 1805. Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX. Era primo em segundo grau do zoólogo José Vicente Barbosa du Bocage.
Era filho do bacharel José Luís Soares
de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina
Caetana Xavier L'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era o Almirante francês Gil
Hedois du Bocage, que chegou a Lisboa em 1704, para reorganizar a Marinha de
Guerra Portuguesa. Foi seu padrinho de batismo Heytor Botelho de Moraes Sarmento,
4º Guarda-Mor do Sal de Setúbal, Senhor da Quinta das Machadas, Fidalgo da Casa
Real. E sua madrinha foi Luísa Matilde de São Boaventura, freira dominicana do
Convento de São João Batista, em Setúbal.
Teve um irmão e quatro irmãs. O pai do poeta, José Luís Soares de Barbosa, nasceu em Santa Maria da Graça, Setúbal, em 29 de Setembro de 1728, e era filho de Luís Barbosa Soares e de Eugenia Maria Inácia Bispo. Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, foi juiz de fora em Castanheira e Povos, cargo que exercia durante o Sismo de Lisboa de 1755, que arrasou aquelas povoações.
Em 1765, foi nomeado ouvidor em Beja, e para lá se mudou com a família. Só voltaria para Setúbal cinco anos depois. Acusado de ter desviado a décima enquanto ouvidor, possivelmente uma armadilha para o prejudicar, visto ser próximo de pessoas que foram vítimas de Pombal, o pai de Bocage foi preso para o Limoeiro em 1771, nunca chegando a fazer defesa das suas acusações. Com a morte do rei D. José I, em 1777, dá-se a "viradeira", que valeu a liberdade ao pai do poeta, que voltou para Setúbal, onde foi advogado.
A sua mãe era natural da Encarnação, Lisboa e era segunda sobrinha da célebre poetisa francesa, madame Anne-Marie Le Page du Bocage, tradutora do "Paraíso" de Milton, imitadora da "Morte de Abel", de Gessner, e autora da tragédia "As Amazonas" e do poema épico em dez cantos "A Columbiada", que lhe mereceu a coroa de louros de Voltaire e o primeiro prêmio da academia de Rouen.
Apesar das numerosas biografias
publicadas após a sua morte, boa parte da sua vida permanece um mistério. Não
se sabe que estudos ele fez, embora se deduza da sua obra que estudou os
clássicos e as mitologias grega e latina, que estudou francês e também latim.
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