O livro intitulado “VIVÊNCIAS 2021-2023 – IHGN” é escrito pela acadêmica e historiadora Dra. Matilde Carone Slaibi Conti o documental descreve o relatório da presidência, isto é, todas as atividades culturais – as datas e nomes dos membros titulares empossados durante a sua gestão, mostra também detalhadas as datas que ocorreram os Cursos: “A História de Niterói: Novas Abordagens, Temas e Desafios” e o Curso: “História de Niterói – 450 anos de muitas Histórias”. Ambos os cursos foram coordenados pela professora e historiadora Dra. Denise G. Porto – Membro do IHGN e idealizados pela Secretaria Municipal de Educação de Niterói, Fundação Municipal de Educação de Niterói, via Subsecretaria de Políticas Educacionais Transversais, por meio do Centro de Memória da História e da Literatura Fluminense. Notifica em si as prestações de contas administrativas e financeiras de sua gestão como presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói - ocorrida durante o biênio 2021-2023.
FRISAMOS a celebração aos 50 anos do IHGN que em termo foi uma comemoração histórica e no segmento relembrando a data de 31 de julho de 2023 reimprimimos: o discurso do acadêmico desembargador Dr. Nagib Slaibi Filho proferido durante a solenidade de aniversário de 50 anos do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, 31 de julho de 2023. Olhos apostos para esse dia tão significativo para todos os membros da conspícua instituição, eis o texto:
50 anos. Meio século!
As instituições são os homens que as fazem Henri-Frédéric Amiel (Genebra, 27 de setembro de 1821 – idem, 11 de maio de 1881).
No século XIX geralmente sequer a mulher era sujeito de direitos. Por isso, Amiel só se refere aos homens.
Mas neste século XXI podemos já
atualizar a expressão: As instituições são os homens e as mulheres que as
fazem.
E o Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, entre tantos outros, deve a sua criação a muitos companheiros liderados pela Professora Thalita de Oliveira Casadei.
Thalita de Oliveira Casadei idealizou e fundou o Instituto Histórico e Geográfico de Niterói em 31 de agosto de 1973, sendo a sua primeira presidente (1973-1975). Em 15 de dezembro de 1976, empossada pelo historiador Pedro Calmon, torna-se membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), onde posteriormente ascendeu à categoria de emérita. Além do Instituto Histórico de Petrópolis e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Casadei também integrou os Institutos Históricos de: Niterói, Parati, Campos dos Goytacazes e Campanha. Fez parte também da Academia Fluminense de Letras e da Academia de Letras Sul-Mineira.
O IHGN foi feito pelos seus membros. A
rigor, deveria o orador simplesmente citar respeitosamente o nome de cada um
deles nestes 50 anos.
A admirável Presidente Professora Doutora Matilde Carone Slaibi Conti sempre foi extremamente maternal com o orador, aliás, seu único irmão. Quando eu disse que pretendia anunciar o nome de todos os membros, ela foi gentil: Claro! Fale o que quiser! Desde que não ultrapasse cinco minutos!
Desisti da empreitada por
impossibilidade absoluta de meios...
Ela presidiu e preside muitas instituições locais e regionais, onde adquiriu larga experiência e autoridade como dirigente. Em nossa instituição, é lutadora exemplar pela constante renovação dos seus quadros, com eleição para as vagas, de forma a evitar que a entidade se finde por ausência de membros, como desgraçadamente acontece com algumas.
É também Governadora do ELOS Clube, com atuação em todo País. Como alta dirigente do Elos Clube, tem a função de difundir e defender a Língua Portuguesa e promover a integração das nações que falam o idioma de Camões. É evidente que a língua portuguesa tem variações no modo de falar lusitano, angolano, brasileiro e tantos outros. Aliás, no Brasil, diverso o falar carioca, do paulista, do gaúcho, do maranhense.
O IHGN é mais que a réplica local do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro nasceu, em 1838, da aspiração de uma entidade que refletisse o Brasil que, não muito antes, conquistara a sua Independência política.
Em quase 200 anos de profícua existência, tem-se caracterizado por atividades múltiplas, nos terrenos cultural e cívico, pela reunião de volumoso e significativo acervo bibliográfico, hemerográfico, arquivístico, iconográfico, cartográfico e museológico, à disposição do público, durante todo o ano, e pela realização de conferências, exposições, cursos, congressos e afins.
Contou com o patronato do imperador d.
Pedro II, a quem foi dado o título de Protetor, o qual incentivou e financiou
pesquisas, fez doações valiosas, cedeu sala no Paço Imperial para sede do
Instituto, em seus passos iniciais, e presidiu mais de 500 sessões. Presidiu
500 sessões em 49 anos de reinado!
O IHG é a instituição defensora da nacionalidade. Seu objeto de amor é a nação brasileira que se formava há 200 anos e que ainda continua em crescente sedimentação.
Não tínhamos então o sentimento nacional, por isso foi ele criado e contou com a atenção presente e carinhosa do D. Pedro II, cujo título constitucional era: D. Pedro II, por graça de Deus e unânime aclamação dos povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do Brasil! Seu título era Imperador, e não Rei, porque o Brasil tínha diversos povos!
Somente na Guerra do Paraguai começamos a usar a expressão brasileiro. Antes éramos paulistas, mineiros, fluminenses, baianos, pernambucanos.
6 de dezembro de 1868. Em pleno território inimigo, as tropas brasileiras precisam de atravessar uma pequena ponte de apenas três metros, fortemente defendida pelos bravos soldados paraguaios. É a ponte de Itororó.
Nossos guerreiros lutam corpo a corpo, a pé e a cavalo. Avançam, recuam, tornam a avançar e tornam a recuar. Contra eles, com doze canhões, a artilharia inimiga, favorecida pela configuração topográfica do terreno, dispara sem cessar.
Eis que, de repente, espalham-se entre os brasileiros notícias de que o Coronel Fernando Machado consegue atravessar a ponte, mas é morto; de que Gurjão também consegue cruzar a ponte, mas é gravemente ferido; e de que o General Argolo, da mesma forma, é atingido. Os soldados se desnorteiam! Vacilam. A debandada parece iminente. Com toda a sua experiência, o velho Marechal, então com 65 anos de idade, percebe que a situação é gravíssima. É necessário agir rapidamente. Em seu cavalo, Caxias toma a frente de seu Exército, desembainha a espada e, em voz firme, brada: "Sigam-me os que forem brasileiros!"
Até então, tínhamos somente o
Imperador como brasileiro. Todos os demais estavam vinculados a uma província.
Éramos diversos povos.
O Instituto Geográfico e Histórico
defende e mantém a nossa nacionalidade. Reconhece a diversidade a qual
considera como grande triunfo da nacionalidade brasileira!
A nação é muito mais do que o ideal, que existe somente na cabeça de uns e outros. A nação é a realidade, a vida, cada um e todos de nós, com as características que indicam a sua identidade.
Nosso pai não nasceu no Brasil. Foi brasileiro naturalizados. Optou pelo Brasil. Foi, talvez, o brasileiro mais nacionalista que Deus me permitiu conhecer. No Líbano, seu país de origem, viu a convivência de diversos povos, cada um mantendo a sua identidade e, até mesmo, com as regras jurídicas pessoais dependendo da religião: católicos maronitas, muçulmanos xiitas, sunitas, drusos, judeus, católicos ortodoxos, protestantes. A identidade do país decorre do amálgama das identidades.
Assim é o Instituto Histórico e Geográfico. Unidade na divergência. Amor ao Brasil e a diversidade de nossa gente!
Nagib Slaibi Filho
FOCUS PORTAL CULTURAL
ALBERTO ARAÚJO -EDITOR
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