Elis Regina Carvalho Costa nasceu em Porto Alegre, no dia 17 de março de 1945 e faleceu em São Paulo, em 19 de janeiro de 1982. Aclamada internacionalmente, com os Sucessos de Falso Brilhante (1975-1977) e Transversal do Tempo (1978). Comparada às cantoras como: Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Billie Holiday. Elis Regina inovou os espetáculos musicais no país.
Elis Regina nasceu no Hospital da Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Filha de Romeu de Oliveira Costa e de Ercy Carvalho. Seu pai tinha ascendência indígena e sua mãe era filha de imigrantes portugueses.
Em Porto Alegre, sua família morava em um apartamento na chamada Vila do IAPI, no bairro Passo d'Areia, na zona norte da cidade. Seu apelido dentro de casa era "Lilica" e, quando ela contava com sete anos de idade, nasceu seu irmão mais novo, Rogério. Durante sua infância e adolescência, Elis estudava o curso normal, no Instituto de Educação General Flores da Cunha. Estudou também no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, por breve período, e terminou seus estudos no Instituto Estadual Dom Diogo de Sousa.
Garota muito precoce na música, segundo registros, consta que aos três anos de idade já falava cantando. Nos anos seguintes, começou a aprender os sambas-canção que tocavam no rádio da época, cantados por Emilinha Borba, Cauby Peixoto, Marlene, Francisco Alves e sua paixão, Angela Maria.
Aos sete anos, sua mãe a levou à Rádio Farroupilha para participar de um programa de rádio chamado Clube do Guri, apresentado pelo radialista Ari Rego. Antes mesmo do ensaio, a menina entrou em pânico e pediu para voltar para casa. Ela só iria voltar ao programa em 1957, aos doze anos de idade, quando finalmente controlou seu nervosismo e conseguiu cantar. A impressão causada foi tão boa que Elis foi convidada para voltar ao programa nos dias seguintes e passou a fazer parte das crianças que se apresentavam regularmente, de modo amador, sem cachê. A única recompensa era uma caixa de chocolates do patrocinador do programa que recebiam de vez em quando.
Em
1º de dezembro de 1958, com 13 anos, iniciou a sua carreira profissional,
contratada por Maurício Sirotsky Sobrinho para a Rádio Gaúcha, passando a ser
chamada de "A estrelinha da Rádio Gaúcha". Nesse mesmo ano, foi
eleita a "Melhor Cantora do Rádio Gaúcho" de 1958, em concurso
realizado pela Revista de TV, Cinema, Teatro, Televisão e Artes, com apoio da
sucursal gaúcha da Revista do Rádio, com sede no Rio de Janeiro. Além da sua
atuação profissional em rádio - e na TV Gaúcha a partir de 1962 - Elis Regina também
cantava em boates atuando como "crooner" nos chamados "conjuntos
melódicos" de Porto Alegre, como o de Norberto Baldauf e o Flamboyant.
Em 1961, Wilson Rodrigues Poso, um simples gerente comercial do selo Continental - pertencente à gravadora GEL, estava de passagem por Porto Alegre quando foi avisado por um de seus amigos radialistas, Glênio Reis, que a rádio em que ele trabalhava contava com um novo talento que deixaria Wilson abismado. O gerente comercial não tinha autonomia para contratar artistas - isto era trabalho do diretor artístico, mas ficou com medo de perder a cantora para a concorrência e, então, ofereceu um contrato padrão para dois discos aos pais de Elis: sem cachê, mas com divisão dos resultados das vendas - o que barateava a operação da gravadora. Ao voltar ao Rio de Janeiro, precisou convencer Nazareno de Brito, o diretor artístico do selo Continental. O executivo foi convencido ao ouvir a menina cantar, mas vaticinou: ela precisava trocar de repertório. Aqueles sambas-canção de cantora de vozeirão eram datados. A moda era cantar rocks, como Celly Campello. Logo, Carlos Imperial - então radialista de programas de rock - foi chamado para produzir o álbum de estreia da cantora.
Foi a primeira grande artista a surgir dos festivais de música e descolava-se da estética da Bossa Nova pelo uso de sua extensão vocal e de sua dramaticidade. Elis foi a maior revelação do festival da TV Excelsior em 1965, quando cantou "Arrastão" de Vinícius de Moraes e Edu Lobo. A partir desse importante momento recebeu o convite para atuar na televisão e, pouco tempo depois, o título de primeira estrela da canção popular brasileira, quando passou a comandar, ao lado de Jair Rodrigues, um dois mais importantes programas de música popular brasileira: “O Fino da Bossa.”
Cantou muitos gêneros: da MPB, passou pela bossa nova, samba, rock e jazz. Interpretando canções como "Madalena", "Águas de Março", "Atrás da Porta", "Como Nossos Pais", "O Bêbado e a Equilibrista" e "Querellas do Brasil", registrou momentos de felicidade, amor, e tristeza.
Ao longo de toda sua carreira, destacou-se por cantar também músicas de artistas, na época, não muitos conhecidos: Milton Nascimento, Ivan Lins, Belchior, Renato Teixeira, Aldir Blanc, João Bosco, ajudando a lançá-los e a divulgar suas obras, impulsionando-os no cenário musical brasileiro.
Entre outras parcerias, são célebres os duetos que teve com Jair Rodrigues, Tom Jobim e Rita Lee. Com seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano, consagrou um longo trabalho de grande criatividade e consistência musical e, em termos técnicos, foi considerada a melhor cantora brasileira.
Sua presença artística memorável está registrada nos álbuns: Em Pleno Verão (1970), Elis (1972), Elis (1973), Elis & Tom (1974), Elis (1974), Falso Brilhante (1976), Transversal do Tempo (1978), Essa Mulher (1979), Saudade do Brasil (1980) e Elis (1980).
A artista foi a primeira pessoa a inscrever a própria voz como se fosse um instrumento, na Ordem dos Músicos do Brasil. Em 2013, foi eleita a melhor voz feminina da música brasileira pela Revista Rolling Stone. Citada também na lista dos maiores artistas da música brasileira, ficando na 14ª posição, sendo a mulher mais bem colocada. Em novembro do mesmo ano estreou um musical em sua homenagem Elis, o musical.
Foi casada com Ronaldo Bôscoli, então diretor d'O Fino da Bossa, com quem teve João Marcello Bôscoli (1970); em 1973, casou-se com o pianista César Camargo Mariano, com quem teve mais dois filhos: Pedro Mariano (1975) e Maria Rita (1977).
Elis Regina morreu, precocemente, no dia 19 de janeiro de 1982, aos 36 anos, no auge da carreira, causando forte comoção no país e deixando uma vasta obra na música popular brasileira.
A 18 de agosto de 1997, foi agraciada, a título póstumo, com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, de Portugal.
Em 22 de setembro de 2005, inaugurou-se na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, um espaço memorial para abrigar o Acervo Elis Regina. Trata-se de uma coleção de fotografias, artigos, objetos, discos e outros tipos de materiais relacionados com a vida e a obra da cantora, tendo sido doado por fãs, jornalistas e amigos pessoais de Elis.
Em 2013, foi estreado a peça de teatro Elis, A Musical, pela produtora Aventura. Em 2015, Elis Regina foi a grande homenageada da Escola de Samba Vai-Vai, com o enredo "Simplesmente Elis - A Fábula de Uma Voz na Transversal do Tempo", tendo a escola paulistana ganhado seu décimo quinto título com o enredo. Em 2016, foi lançado o filme Elis, tendo Andreia Horta como intérprete da cantora. Em 2019, foi lançada a minissérie Elis - Viver é melhor que sonhar, transmitida pela TV Globo.
Como parte das comemorações dos 237 anos de Porto Alegre, em 26 de março de 2009 foi inaugurada ao lado do Centro Cultural Usina do Gasômetro uma estátua de bronze da cantora. A obra, produzida pelo artista plástico José Pereira Passos, é apoiada sobre uma base em granito que lembra um LP, adornado com estrelas de metal.
DISCOGRAFIA
ÁLBUNS DE ESTÚDIO
ANO
- ÁLBUM
1961 Viva a Brotolândia
1962 Poema de Amor
1963 Ellis Regina
1963 O Bem do Amor
1965 Samba - Eu Canto Assim
1966 Elis
1969 Elis - Como e Porque
1970 Em Pleno Verão
1971 Ela
1972 Elis
Brasil:
100.000 cópias vendidas
1973 Elis
1974 Elis & Tom (com Antônio Carlos Jobim)
Brasil:
46.000 (CD+DVD)
1974 Elis
1976 Falso Brilhante
Brasil:
182.000
1977 Elis
1979 Essa Mulher
1980 Saudade do Brasil
1980 Elis
Brasil:
69.000
AO
VIVO - EM VIDA
Ano Álbum
1965 Dois na Bossa (com Jair Rodrigues)
Brasil:
1.000.000 cópias vendidas
1965 O Fino do Fino (com Zimbo Trio)
1966 Dois na Bossa nº 2 (com Jair Rodrigues)
1967 Dois na Bossa nº 3 (com Jair Rodrigues)
1970 Elis no Teatro da Praia
1978 Transversal do Tempo
PÓSTUMOS
Ano Álbum
1982 Montreux Jazz Festival
1982 Trem Azul
1984 Luz das Estrelas
Brasil:
200.000
1995 Elis ao Vivo
Brasil:
100.000
1998 Elis Vive
2012 Um Dia
COMPACTOS
SIMPLES
1961
- Dá Sorte / Sonhando
1961
- Dor de Cotovelo / Samba Feito pra Mim
1962
- Poporó Popó / Nos teus Lábios
1962
- A Virgem de Macarena / 1, 2, 3 Balançou
1965
- Menino das Laranjas / Sou sem Paz
1965
- Arrastão / Aleluia
1965
- Zambi / Esse Mundo É Meu / Resolução
1966
- Canto de Ossanha / Rosa Morena
1966
- Ensaio Geral / Jogo de Roda
1966
- Upa, Neguinho / Tristeza que se Foi
1966
- Saveiros / Canto Triste
1967
- Travessia / Manifesto
1968
- Yê-melê / Upa, Neguinho
1968
- Samba da Benção / Canção do Sal
1968
- Lapinha / Cruz de Cinza, Cruz de Sal
1969
- Casa Forte / Memórias de Marta Saré
1969
- Tabelinha Elis x Pelé (Perdão Não Tem / Vexamão) Elis cantando duas músicas
de Pelé
1972
- Águas de Março / Entrudo
1972
- Águas de Março / Cais
1979
- O Bêbado e a Equilibrista / As Aparências Enganam
1980
- Moda de Sangue / O Primeiro Jornal
1980
- Alô, Alô Marciano / No Céu da Vibração
1980
- Se Eu Quiser Falar com Deus / O Trem Azul
DUPLOS
1966
- Menino das Laranjas / Último Canto / Preciso Aprender a Ser Só / João
Valentão
1966
- Pout-Porri de Samba / Sem Deus, com a Família / Ué
1966
- Saveiros / Jogo de Roda / Ensaio Geral / Canto Triste
1968
- Deixa / A Noite do meu Bem / Noite dos Mascarados / Tristeza
1969
- Andança / Samba da Pergunta / O Sonho / Giro
1970
- Madalena / Fechado pra Balanço / Falei e Disse / Vou Deitar e Rolar
1971
- Nada Será como Antes / A Fia de Chico Brito / Osanah / Casa no Campo
1972
- Águas de Março / Atrás da Porta / Bala com Bala / Vida de Bailarina
1975
- Dois pra lá, Dois pra Cá / O Mestre-sala dos Mares / Amor até o Fim / Na
Batucada da Vida
1976
- Como Nossos Pais / Um Por Todos / Fascinação / Velha Roupa Colorida
OUTROS
LANÇAMENTOS, CONTENDO REGISTROS INÉDITOS EM LP'S
1968
- Elis Especial
1969
- Elis Regina & Toots Thielemans (com Toots Thielemans) — gravado na Suécia
e lançado originariamente na Europa. Lançado no Brasil apenas em 1978. Também
lançado com o título Aquarela do Brasil.
1969
- Elis Regina in London — gravado e lançado originariamente na Europa. Lançado
no Brasil apenas em 1982.
1975
- Música Popular do Sul 1 - pela gravadora Discos Marcus Pereira com compositores
e intérpretes gaúchos. Elis canta 4 canções: Boi Barroso, Alto da Bronze, Porto
dos Casais e Os Homens de Preto.
1975
- O Grito - Som Livre. Trilha sonora da telenovela O Grito, que inclui Um Por
Todos com letra e instrumental diferentes das apresentadas no álbum Falso
Brilhante.
1979
- Elis Especial — disco lançado à revelia de Elis, reunindo faixas que não
entraram em seus LPs anteriores.
1981
- Brilhante - Som Livre. Trilha sonora da telenovela Brilhante contendo a
última gravação em estúdio de Elis, a música Me Deixas Louca.
2002
- 20 Anos de Saudade - Universal. Coletânea de gravações de diversos compactos
e participações em outros discos coletivos das décadas de 60 e 70.
2006
- Pérolas Raras - Universal. Coletânea de gravações de diversos compactos e
participações em outros discos coletivos das décadas de 60 a 80.
PARTICIPAÇÕES
1980
- Raul Ellwanger - Bandeirantes Discos/WEA. Participação especial na faixa O
Pequeno Exilado.
1980
- A Arca de Noé - Ariola/Universal. Projeto especial em que vários artistas
gravaram canções de Vinicius de Moraes feitas para o universo infantil. Elis
gravou a faixa A Corujinha (Vinicius de Moraes / Toquinho).
CAIXAS
1994
- Elis Regina no Fino da Bossa - gravadora Velas. Caixa comemorativa com três
CDs de gravações ao vivo daquele programa de televisão, entre os anos de 1965 e
1967.
CANÇÕES
EM TELENOVELAS E MINISSÉRIES
Irene
- tema de Véu de Noiva (telenovela), de 1970
Madalena
- tema de A Próxima Atração (telenovela), de 1970
Verão
Vermelho - tema de Verão Vermelho (telenovela), de 1970
Casa
Forte / Andança - temas de A Revolta dos Anjos (Tupi) (telenovela), de 1972
Vida
de Bailarina - tema de Tempo de Viver (Tupi) (telenovela), de 1972
Um
por Todos - tema de O Grito (telenovela), de 1975, em versão alternativa
Fascinação
- tema de O Casarão (telenovela), de 1976
Altos
e Baixos - tema de Água Viva (telenovela), de 1980
Moda
de Sangue - tema de Coração Alado (telenovela), de 1980
Me
Deixas Louca - tema de Brilhante (telenovela), de 1981
Folhas
Secas - tema de O Homem Proibido (telenovela), de 1982
Folhas
Secas - tema de Louco Amor (telenovela), de 1983
As
Aparências Enganam - tema de Eu Prometo (telenovela), de 1983
Tiro
ao Álvaro - tema de Sassaricando (telenovela), de 1987
Aquarela
do Brasil - tema de Kananga do Japão (Manchete) (telenovela), de 1989
Velho
Arvoredo - tema de Felicidade (telenovela), de 1991
Atrás
da Porta - tema de De Corpo e Alma (telenovela), de 1992
Pra
Dizer Adeus - tema de Éramos Seis (SBT) (telenovela), de 1994
Alô,
Alô Marciano - tema de História de Amor (telenovela), de 1995
Redescobrir
- tema de Razão de Viver (SBT) (telenovela), de 1996
Carinhoso
- tema de Fascinação (SBT) (telenovela), de 1998
Moda
de Sangue - tema de Torre de Babel (telenovela), de 1998
Só
Tinha de Ser com Você - tema de Um Anjo Caiu do Céu (telenovela), de 2001
Como
Nossos Pais - tema de Estrela Guia (telenovela), de 2001
O
Que Foi Feito Deverá - tema de Esperança (telenovela), de 2002
Atrás
da Porta - tema de O Quinto dos Infernos (minissérie), de 2002
Atrás
da Porta - tema de Canavial de Paixões (SBT) (telenovela), de 2003
Qualquer
Dia - tema de Olhos d'Água (Bandeirantes) (telenovela), de 2004
As
Aparências Enganam - tema de Belíssima (telenovela), de 2005
Alô,
Alô, Marciano - tema de abertura de Cobras & Lagartos (telenovela), de 2006
Fascinação
- tema de O Profeta (telenovela), de 2006
Corsário
- tema de Pé na Jaca (telenovela), de 2006
É
Com Esse Que Eu Vou - tema de Paraíso Tropical (telenovela), de 2007
Boa
Noite, Amor - tema de Eterna Magia (telenovela), de 2007
O
Bêbado e o Equilibrista / O Que Foi Feito Deverá / Aos Nossos Filhos / Alô,
Alô, Marciano / As Aparências Enganam / Redescobrir / Sabiá / Tatuagem / Mundo
Novo, Vida Nova / Conversando no Bar / Gracias a La Vida - temas de diversos
personagens de Queridos Amigos (minissérie), em 2008.
Redescobrir
- tema de abertura de Ciranda de Pedra (telenovela), em 2008.
Dois
Para Lá, Dois Para Cá - tema de Caminho das Índias (telenovela), em 2009.
Tiro
ao Álvaro - tema de Uma Rosa com Amor (SBT) (telenovela), de 2009
20
Anos Blue - tema de Insensato Coração (telenovela), de 2011
Preciso
Aprender a Ser Só - tema de Amor e Revolução (SBT) telenovela, de 2011
Aprendendo
a Jogar - tema de Vidas em Jogo (Record) (telenovela), de 2011
Comigo
é Assim - tema de Guerra dos Sexos (telenovela), de 2012
Dois
pra lá, dois pra cá - tema de Pecado Mortal (Record) (telenovela), de 2013
Aprendendo
a Jogar - tema de Joia Rara (telenovela), de 2013
Atrás
da Porta - tema de O Rebu (telenovela), de 2014
O
que tinha de Ser - tema de Alto Astral (telenovela), de 2014
Dois
pra cá, dois pra lá - tema de Êta Mundo Bom! (telenovela), de 2016
Deus
lhe pague - tema de Os Dias Eram Assim (supersérie), de 2017
O
bêbado e a equilibrista - tema de Os Dias Eram Assim (supersérie), de 2017
20
anos blue - tema de Os Dias Eram Assim (supersérie), de 2017
Velha
Roupa Colorida - tema de Carinha de Anjo (SBT) (telenovela), de 2017
Altos
e Baixos - tema de A Força do Querer (telenovela), de 2017
Morro
Velho - tema de O Outro Lado do Paraíso (telenovela), de 2017
O
Caçador de Esmeraldas - tema de O Outro Lado do Paraíso (telenovela), de 2017
Sabiá
- tema de Nos Tempos do Imperador (telenovela), de 2021.
ELIS REGINA CARVALHO COSTA – TEXTO DE ANA MARIA TOURINHO – MEMORIAL CULTURAL DO FOCUS PORTAL CULTURAL NOS 42 ANOS DE ENCANTAMENTO DA CANTORA ELIS REGINA.
Gaúcha, nasceu na tarde de um domingo, 17 de
março de 1945, primeira filha do casal Ercy e Romeu Carvalho Costa. O nome
escolhido, Elis. O pai pensando que o nome identificaria os dois sexos, o que
poderia trazer a Elis problemas mais tarde, acrescentou Regina. Elis Regina
nasceu de um sonho, fez-se sonho e eternizou-se como realidade em
interpretações inigualáveis.
Aos 11 anos, apresentou-se no programa Clube do
Guri, de Ari Rego na Rádio Farroupilha, onde cantou até os 13. Saiu para dar
lugar aos mais jovens. Ari Rego, uma das maiores estrelas do Rádio nos anos 50
e 60, fala sobre Elis: “era muito temperamental, mas no bom sentido, tinha
obsessão pelo perfeccionismo e uma garra impressionante… Escolhia os maiores
sucessos e ensaiava, ensaiava e ensaiava. … Seria brilhante em qualquer
profissão, mas queria cantar, era uma líder nata, a mais competente, a mais
seria, a mais confiável já aos doze anos”. Elis, 23 anos depois do Clube diz:
“a perfeição é uma meta, eu tava à procura dela. Continuo à cata. Eu não sei se
eu vou chegar lá algum dia, mas…”.
Em dezembro de 1958, foi contratada pela Rádio
Gaúcha. Neste ano, Elis com 13 anos era escolhida a melhor cantora na eleição “Os Melhores do Rádio” da Revista do Globo,
aos 14 repetiria o feito, na eleição da Revista
TV. Antes dos 18, lançou os LPs: Viva
a Brotolândia, O bem do amor,
(aqui ganha um l a mais no nome), e Ellis
Regina.
Ao ouvir a gravação
da música “Dor de Cotovelo” de João Roberto Kelly, Walter Silva diz a Elis:
“Menina você vai ser a maior cantora desse país”.
No programa televisivo Brasil 62 da TV Excelsior, apresentado por Bibi Ferreira, em edição
em Porto Alegre, Elis apresenta-se acompanhada pelo violonista Neneco. Bibi
adoece e é substituída por Walter Silva. Era a segunda vez que a via, ficou
encantado. Elis saiu-se tão bem que semanas depois estava em São Paulo para
nova participação.
Em 1962, mais um prêmio o de Cantora do Ano, no
Rio Grande do Sul e em 1963 arrebata, com votos de quase cem mil ouvintes o
troféu “J. Bronquinhas” de Melhor Cantora do Rádio Gaúcho.
No início de sua carreira seu estilo era
influenciado por sua maior heroína vocal a Ângela Maria e por Ella Fitzgerald.
Cantava muitas músicas de Chet Baker e Nat King Cole, ligou-se ao João
Gilberto, não procurava cantar como os bossa-novistas, mas observava muito a
técnica de emissão, sustentação de notas, enfim…
Elis veio para o Rio em 28 março de 1964, por
conta própria, chateada por ter rompido o noivado, afinal namorava há quatro
anos e estava prestes a casar. De grande estrela regional, transformou-se em
mais uma aspirante ao sucesso. Sua figura não ajudava, nada ajudava: cantava
exuberante, alheia aos maneirismos da bossa-nova e para o padrão do Rio de
Janeiro, era considerada, mal vestida, mal penteada e mal maquiada. Tom Jobim,
para vetá-la no disco com as canções do musical Pobre Menina Rica escrito por Vinicius de Moraes e Carlos Lyra,
havia dito: “Esta gaúcha é muito caipira. Ainda está cheirando a churrasco.”
Elis aconteceu para todo o Brasil, aos 20 anos
em 1965 através do I Festival da Música
Popular Brasileira - MPB da TV Excelsior, realizado em São Paulo,
transmitido pela televisão, onde cantou “Arrastão“, de Edu Lobo e Vinicius de
Moraes, tendo sido laureada como Melhor Intérprete.
Eclética, interpretava vários estilos, passeava
com maestria em todos: MPB, jazz, rock, bossa nova e samba. Levou à fama
importantes nomes como: Milton Nascimento que certa vez declarou que depois de
seus pais, Elis era a pessoa que mais amava; João Bosco e Ivan Lins. Fez
parcerias em duetos inesquecíveis com Tom Jobim, Jair Rodrigues e outros.
Vinicius de Moraes apelidou-a de Pimentinha por
conta de sua baixa estatura 1,53m, por suas frases ardidas e personalidade
explosiva. Em fração de segundos mudava o comportamento, brigava aos gritos e
em seguida conversava tranquilamente como se nada houvesse acontecido.
Os anos passaram, Elis com seu jeito único de
cantar fica famosa, conhecida internacionalmente e comparada a cantoras como
Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Billie Holiday. Fez sucesso no Olympia de
Paris. Muito ovacionada voltou ao palco seis vezes após o final de seu show.
Em 18 anos de carreira, o furacão da MPB, como
também era chamada, gravou 28 álbuns, sete ao vivo e 21 em studio, além de 33
compactos, vendeu quatro milhões de discos; apresentou na TV Record, ao lado de
Jair Rodrigues e Zimbo Trio, o programa O
fino da bossa. Deste programa resultaram os discos Dois na Bossa I, que
vendeu um milhão de cópias, o II e o III.
Foi pioneira, a primeira mulher a cantar em
Festivais de Musica na década de 60. Introduziu a coreografia dos braços,
modificando as apresentações no palco.
Mulher difícil e apaixonante, obstinada e
insegura. Em sua vida, tudo aconteceu depressa demais, verdadeiro turbilhão, da
infância à morte trágica, prematura, quando Elis tinha apenas 36 anos.
Seu produtor e diretor musical Fernando Faro
assim se expressou: “morreu na inocência. Rompeu com a prudência e se atirou
ágil e rapidamente em seus desejos. Superou acusações, rótulos, cobranças.
Confundiu, anarquizou, gritou e esperneou. Não levou desaforo pra casa. Foi uma
mutante especialíssima, uma mulher valente, uma artista excepcionalmente
talentosa.”
A história do ícone, do mito, revela uma vida
curta, mas vivida intensamente. Sua marcante presença no palco, sua
musicalidade e competência musical, nos leva a dizer: sem Elis na Música
Popular Brasileira, nada será como antes. Fascinava com inigualáveis
interpretações. Apropriou-se de alguns sucessos que são só seus, sem desmerecer
os compositores, claro, como aconteceu com: Como
nossos pais de Belchior; O Bêbado e o
Equilibrista de Aldir Blanc e João Bosco; Andança de Paulinho Tapajós, Edmundo Souto e Danilo Caymmi; Romaria de Renato Teixeira; Se eu quiser falar com Deus de Gilberto
Gil; Aprendendo a jogar de Guilherme
Arantes, apenas para citar algumas das inúmeras pérolas de seu cuidadoso
repertório.
Não poderíamos deixar de falar do
espetáculo que idealizou. Entre a ideia e a estreia transcorreram sete meses de
trabalho intenso, com ensaios que, as vezes duravam 20 horas. Com o título
tirado da canção de Aldir Blanc e João Bosco (“No dedo um...”), Falso brilhante. Um espetáculo que
estreou em 17 de dezembro de 1975, no Teatro Bandeirantes em São Paulo, um
grande teatro, com mais de mil lugares, lotado todas as noites que teve 275
apresentações, 280 mil espectadores, um grande sucesso que contava a trajetória
de Elis, desde o Clube do Guri ate aqueles dias e compunha-se de um pot-pourri com boleros, tangos,
clássicos norte americanos, franceses, italianos e, é claro, da musica
brasileira, da qual contava parte da historia e dos bastidores do showbiz.
Este espetáculo ficou em cartaz de
dezembro de 1975 a fevereiro de 1977, no mesmo teatro que lotava a cada noite.
O Falso brilhante, foi escolhido o
show do ano de 1976 pela Associação Paulista de Críticos de Arte, e neste ano
foi lançado o LP Falso brilhante que
misturou doses de esperança e cinismo, com uma
agressividade que, 47 anos depois segue incólume, e que, ate hoje, traz
lágrimas aos olhos, ao escutá-lo.
Aos 36 anos, no auge de sua carreira em 19 de janeiro de 1982, foi encontrada
desacordada, após uma noite em que misturou álcool e drogas. Levada para o
hospital sua morte foi constatada. Laudos médicos atestaram vestígios de
consumo de cocaína e bebida alcoólica. Perdemos Elis!
Elis Regina, sua importância para a MPB e seu
rico repertório a fez a maior cantora brasileira de todos os tempos. Até hoje
escutar suas interpretações levam-me, e acredito a muitos a pensar, sonhar, ver
e entender a beleza do amor.
Sua morte deixou o Brasil órfão e estupefato.
Faço minhas as palavras de sua mãe: “Eu não a perdoo” e penso como seu filho
João Marcelo: “Elis Regina não morre”.
Íntegra do texto da escritora, acadêmica Ana Maria Tourinho publicado na
Coletânea: Originárias da AJEB-MG organizada por Irislene Morato. Páginas 34 e
35.
SOBRE A ÚLTIMA NOITE E O ADEUS A ELIS REGINA
TEXTO COMPARTILHADO PELA LABOURÉ LIMA
Na noite de 18 de janeiro de 1982, Elis Regina recebeu amigos para jantar na sua casa na Rua Melo Alves, em São Paulo, incluindo o namorado da época, o advogado Samuel McDowell. Ao longo do serão todos foram saindo, até McDowell, porque a cantora queria concentrar-se nas músicas do disco que se preparava para gravar. Horas depois, já manhã de sol, McDowell ligou para Elis. Assustou-se porque no final do telefonema ela mais balbuciava do que falava. Correu para o apartamento, arrombou duas portas e encontrou-a inanimada no quarto. Chamou uma ambulância, que a conduziu ao Hospital das Clínicas, onde chegou morta, aos 36 anos, vítima de overdose de cocaína e álcool.
Elis Regina Carvalho Costa Foi ela a primeira pessoa a inscrever a sua voz como se fosse um instrumento na Ordem dos Músicos do Brasil. A maior intérprete de samba, jazz, rock, bossa nova, de música popular brasileira de todos os tempos. Uma mulher que ia além da música. Numa época de machismo exacerbado, escolheu ter controlo pleno da sua carreira. Em plena ditadura militar - 1964-1985 - fez ferozes críticas ao regime e participou em movimentos de renovação política e cultural. Casou duas vezes, com o músico Ronaldo Bôscoli, pai do seu primeiro filho, o produtor João Marcelo Bôscoli, e com o pianista César Camargo Mariano, pai dos cantores Maria Rita e Pedro Mariano, além de ter mantido outras relações tempestuosas porque na sua vida tudo era algo tempestuoso.
Ganhou de Vinícius de Moraes a alcunha de Pimentinha por ferver em pouca água - os amigos referem-se a ela como "geniosa", "revoltada", "contraditória", "agitada", "exigente". "Se ser geniosa e exigente e não gostar de ser passada para trás é ser mau caráter, então eu sou", disse a própria numa entrevista. E noutra: "Viver como um kamikaze é o que me faz ficar de pé." Ficou de pé até aquela manhã de sol de 19 de janeiro de 1982. A voz de Elis, porém, resiste. Como disse o produtor Walter Carvalho muitos anos após a sua morte, "a Elis Regina está cantando cada vez melhor".
Dia 19 de janeiro de 1982, Morria a maior cantora do Brasil de todos os tempos.
(Trechos extraídos do Diário de Notícias online)
FASCINAÇÃO - INTÉRPRETE ELIS REGINA
Os sonhos mais lindos sonhei!
De quimeras mil, um castelo ergui!
E no teu olhar, tonto de emoção,
Com sofreguidão, mil venturas previ!
O teu corpo é luz, sedução!
Poema divino cheio de esplendor!
Teu sorriso prende, inebria,
entontece!
És fascinação, amor!
Teu sorriso prende, inebria,
entontece!
És fascinação, Amor!
A MÚSICA “FASCINAÇÃO'” ETERNIZADA NA VOZ DE ELIS REGINA, É UM POEMA AO AMOR E À AFABILIDADE.
"FASCINAÇÃO" a música
original chama-se “Fascination” popular canção francesa escrita em 1905, por
Maurice de Féraudy e Dante Marchetti
(1859-1932). Em 1943 o radialista brasileiro Armando Louzada fez uma versão em português, que foi gravada por Carlos Galhardo, no dia 4 de fevereiro daquele ano. Em 1976 Elis Regina incluiu Fascinação no repertório do show “Falso Brilhante”.
A cantora Elis Regina, eternizou-a por
sua interpretação emocionante e impecável técnica vocal de “Fascinação” com uma
excelente “performance” que transmite a profundidade e a sinceridade dos sentimentos
descritos na letra. A música se tornou um clássico da MPB, elucubra a
competência da artista tornando a canção atemporal, isto é, ressonante aos
ouvintes das próximas gerações.
A letra da canção fala sobre sonhos e desejos intensos, construídos a partir da admiração e da paixão por alguém. A canção descreve o ser amado como uma figura quase divina, cuja aparência é brilhante e o sorriso tem o poder de embriagar e estontear. Essa descrição eleva o amor a um patamar de adoração, onde o outro é visto como fonte de luz e inspiração poética. A repetição da linha 'Teu sorriso quente inebria e entontece' enfatiza a intensidade do sentimento que domina o eu lírico, sugerindo uma entrega total à experiência do amor.
Onde diz: “Os sonhos mais lindos...” e a construção de um “castelo” simbolizam a criação de um mundo perfeito e imaginário no qual o amor é o embasamento central. A quimera, um ente mitológico que representa algo inalcançável ou produto da imaginação, robustece a ideia de que o amor vivido é quase uma fantasia.
ALBERTO ARAÚJO EXIBE O CD “PERFIL” DE ELIS REGINA
Para muitos considerada a grande Diva da Música Popular Brasileira, Elis Regina mereceu este trabalho lindo, intitulado: PERFIL, onde estão inseridos todos os seus grandes êxitos, como: Águas de Março, Madalena, Fascinação e Romaria. Com isso vale relembrar que estamos na presença de umas das grandes vozes da música brasileira, nesse disco onde a qualidade e o critério na seleção dos temas foram elementos essenciais. Sem dúvidas, é uma excelente compilação da cantora gaúcha Elis Regina. O álbum foi lançado pela Universal Music e Som Livre, no ano de 2003, com versões originais de canções como: Fascinação, Aprendendo a jogar e o Bêbado e a Equilibrista.
FAIXAS DO CD
01. Me Deixas Louca (Me Vuelves Loco)
02. Madalena
03. Casa no Campo
04. Dois Pra Lá, Dois Pra Cá
05. Águas de Março - Elis & Tom
06. Atrás da Porta
07. Fascinação (Fascination)
08. O Mestre Sala dos Mares
09. Romaria
10. Como Nosso Pais
11. Nada Será Como Antes
12. Vou Deitar e Rolar (Qua Qua Ra Qua Qua)
13. Cartomante
14. Querelas do Brasil
15. Aprendendo A Jogar
16. O Bêbado e a Equilibrista
Foto e Álbum Perfil de Elis Regina
Arquivo particular do Focus Portal Cultural
ELIS REGINA, ETERNAMENTE - HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL. CLICAR NO LINK:
https://www.youtube.com/watch?v=u536kClq-Pc
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