Desde muito jovem, Dom Pedro I revelou grandes aptidões musicais, ao tomar as primeiras lições quando a família real ainda estava em Portugal. Ao se mudar para o Brasil, quando tinha apenas nove anos, passou a ter aulas com o Mestre de Capela da Sé do Rio de Janeiro, o padre José Maurício Nunes Garcia, que era descendente de escravos e, a despeito de sua origem modesta, foi o mais importante compositor brasileiro de sua época.
Posteriormente, a família real trouxe da Europa dois renomados professores para continuar a formação musical do futuro imperador do Brasil.
Foram eles o maestro Marcos Portugal e o compositor austríaco Sigismund von Neukomm, que havia sido aluno de ninguém menos que um dos pilares da música mundial em sua época, o austríaco Joseph Haydn.
Com Neukomm, o então infante Pedro aprendeu harmonia, contraponto e aprimorou seus conhecimentos de composição. Isso mesmo, o príncipe desde pequeno sabia escrever partituras. Era um músico muito talentoso. Também era exímio poeta, além de compositor. Era familiarizado com muitos instrumentos musicais, como flauta, fagote, clarinete, trombone, cravo, rabeca e violoncelo. Mas preferia cantar modinhas com ele mesmo acompanhando ao piano ou à guitarra acústica, como se conhecia na época no nosso popular violão.
Sua produção musical documentada inclui várias peças eruditas de caráter religioso, além de marchas e hinos comemorativos.
Mas ele não ficava só nisso. Tinha outra face musical voltada para o popular, acompanhando ao violão canções e danças em voga no Rio de Janeiro da época, como o fado luso-cigano, a modinha luso-brasileira e até mesmo o lundu angolano.
Mais do que cantor de modinhas, há indícios de que também compôs canções bem populares, dedicadas à Marquesa de Santos. Mas o que ele escreveu para ela nunca foi encontrado.
Já coroado como imperador do Brasil, em 1822, Dom Pedro I fundou na Real Fazenda de Santa Cruz uma escola de música para negros, única de seu tipo no Brasil.
Era uma continuação de um projeto iniciado pelos padres jesuítas para educar escravos e escravos libertos através da música. Que assim chegaram à maturidade musical executando óperas completas.
Como destaque entre suas obras
musicais de cunho religioso, o Te Deum Laudamus (A Ti Deus
Louvamos) foi composto no final de 1820 e oferecido pelo príncipe ao seu pai D.
João VI.
É uma peça para coro e orquestra que faz parte da missa solene. Como costume colonial, as orações cantadas tiveram grande importância artística e cultural no Brasil.
Outra obra religiosa de grande beleza composta por D. Pedro I, para coro e orquestra, é o Credo in unum Deum (Creio em um só Deus), tipo de obra apresentada em missas solenes e também em salas de concerto.
Outro capítulo importante das composições, são os hinos patrióticos. O Hino Constitucional, que também ficou conhecido como Hino da Carta, por associação direta à Carta Constitucional portuguesa de 1826, foi composto no Brasil, em 1821.
Esse hino está entre os hinos luso-brasileiros mais bem sucedidos, foi instituído oficialmente como hino nacional português desde 1834 até a Proclamação da República portuguesa em 1910.
E a obra musical de D. Pedro I culmina com o Hino da Independência do Brasil, uma das obras mais conhecidas e executadas até hoje, mas não é dele a letra que exalta de forma bastante patriótica a nossa separação de Portugal.
A história desse hino começa com o poeta e jornalista brasileiro Evaristo Ferreira da Veiga e Barros, alinhado com o pensamento dos separatistas, que escreveu o poema em meados de 1822 e colocou como título “Hino Constitucional Brasiliense”.
Cerca de trinta dias antes da data da Independência do Brasil esse poema foi publicado em um jornal do Rio de Janeiro e não tardou os versos acendessem ainda mais as chamas do espírito separatista.
E quem compôs a primeira versão da melodia, vejam só, foi o maestro Marcos Portugal, aquele que tinha sido mestre de D. Pedro.
Somente dois anos depois do episódio que marcou a Independência do Brasil foi que o imperador fez uma nova melodia para o Hino da Independência.
O documento com as partituras musicais da composição feita por D. Pedro I encontra-se no acervo da biblioteca nacional do Rio de Janeiro, na seção de manuscritos.
Seus curtos quase 36 anos de vida foram intensos e o tempo dedicado à música foi limitado. O maestro Fábio Mechetti, regente e diretor artístico da Filarmônica de Minas Gerais, em recente declaração, explica:
“Embora ele tenha entrado para a
história como o Rei Soldado, a formação da aristocracia daquela época incluía
estudos musicais e filosóficos. D. Pedro I tocava vários instrumentos e teve
bons professores. Sua obra não é de um grande gênio musical, mas ela é
competente e mostra que ele tinha conhecimentos bastante interessantes”.
TE DEUM LAUDAMUS CORO, ORQUESTRA – D.
PEDRO I
Data inicial da obra: 20/12/1820
Local: Rio De Janeiro
Idioma: Latim
Dedicatória: Oferecido ao Rei D. João,
VI por seu filho o Príncipe Real D. Pedro de Alcântara Duque de Bragança
Período: Classicismo e Música na Corte
Gênero: Clássico (Religioso)
Instituição: Cabido Metropolitano do
Rio De Janeiro
Fontes: Manuscrito Pertencente Ao ACMRJ
(Arquivo Do Cabido Metropolitano Do Rio De Janeiro) - Cri-Sm55 (Http://Acmerj.Com.Br/Cmrj_Cri_Sm55.Htm)
Editoração: Antonio Campos
Direitos: Cc By-Sa
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