CAROLINA
MARIA DE JESUS nasceu em 14 de março de 1914, em Sacramento, Minas Gerais, a
escritora teve pouco acesso à educação formal, mas ao colocar sua experiência
de vida no papel mostrou que dominava diversos gêneros literários e ganhou
reconhecimento dentro e fora do Brasil. Faleceu em São Paulo, no dia 13 de
fevereiro de 1977.
Ficou
famosa por seu primeiro livro “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”,
publicado em 1960 com auxílio do jornalista Audálio Dantas. O livro fez um
sucesso estrondoso, tendo vendido 10 mil exemplares em apenas uma semana, e
sido traduzido para treze idiomas e distribuído em mais de quarenta países. A
publicação e a tiragem recorde, cerca de 100 mil em três edições sucessivas,
revelam o interesse do público e da mídia da época pelo ineditismo da narrativa
da favelada catadora de papéis e de outros lixos recicláveis.
Uma
das primeiras escritoras negras do Brasil, Carolina Maria de Jesus é
considerada uma das mais importantes escritoras do país. A autora viveu boa
parte de sua vida na favela do Canindé, na Zona Norte de São Paulo, sustentando
a si mesma e seus três filhos como catadora de papéis. Sua obra e vida
permanecem objetos de diversos estudos, tanto no Brasil quanto no exterior.
RECONHECIMENTO
INTERNACIONAL
Publicado
em 1960, a tiragem inicial de Quarto de Despejo foi de dez mil exemplares e
esgotou-se em uma semana. Desde sua publicação, a obra vendeu mais de um milhão
de exemplares e foi traduzida para catorze línguas, tornando-se um dos livros
brasileiros mais conhecidos no exterior.
Em
março de 1961, uma reportagem afirmou que a publicação de Quarto de Despejo
havia rendido a Carolina seis milhões de cruzeiros em direitos autorais,
contudo a quantia exata variava, de acordo com a reportagem. É certo que
Carolina tinha direito a dez por cento do preço de venda das traduções, com
trinta por cento de sua parte reservada a Audálio Dantas; ela recebia pequenos
pagamentos em dólares das editoras estadunidenses, mas, por força do contrato
original, não podia autorizar traduções de sua obra: este direito fora cedido à
editora Paulo de Azevedo, uma filial da editora Francisco Alves.
HOMENAGENS
Em
1971, a televisão alemã West Germans gravou o documentário Favela: a vida na
pobreza, Favela - Das Leben in Armut (título original), realizado pela alemã
Christa Gottmann, a partir do livro Quarto de despejo, tendo Carolina como
protagonista. A produção só foi exibida no Brasil em 2014, depois que o IMS –
que detém em seu acervo dois cadernos manuscritos da escritora desde 2006 –
localizou o curta-metragem (16 minutos) na Alemanha.
Em
2013, o Projeto Vida por Escrito - Organização, classificação e preparação do
inventário do arquivo de Carolina Maria de Jesus foi contemplado pelo Edital
Prêmio Funarte de Arte Negra, categoria Memória.
Em
2014, como resultado do Projeto Vida por Escrito foi lançado o Portal
Biobibliográfico de Carolina Maria de Jesus.
Em
2014, a Letraria e a Edições Me Parió Revolução republicaram a obra Onde estaes
Felicidade?, incluindo textos originais de Carolina, sete textos de outros
autores sobre sua escrita, um ensaio fotográfico denominado "Favela"
(realizado em São Savério e no Parque Bristol) e fotos dos manuscritos
originais da autora. Essa obra contou com a ajuda de Vera Eunice Lima de Jesus,
a quarta filha de Carolina. O livro organizado por Maria Nilda de Carvalho
Motta (Dinha) (USP) e Raffaella Fernandez (UNICAMP) é gratuito e está disponível
em formato e-book.
Em
2015, como resultado do Projeto Vida por Escrito, foi lançado o livro Vida por
Escrito – Guia do Acervo de Carolina Maria de Jesus, organizado por Sérgio da
Silva Barcellos. O guia, publicado pela editora Bertolucci, conterrânea da
autora mineira, é resultado das pesquisas e trabalhos do Projeto Vida por
Escrito, que organizou, classificou e descreveu o acervo da escritora Carolina
Maria de Jesus e traz também resumo de seus romances e peças de teatro inéditos
e ensaios sobre a obra da escritora.
Em
2016, foi publicada a biografia em quadrinhos Carolina, de João Pinheiro e
Sirlene Barbosa, livro que narra sua infância pobre em Minas Gerais, sua vida
sofrida em São Paulo, a fama, as ilusões, as decepções e o esquecimento.
Em
2019, o doodle do Google homenageou a escritora Carolina Maria de Jesus no dia
em que ela completaria 105 anos, dia 14 de março.
Na
década de 2000, foi inaugurado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, o Museu
Afro-Brasil, cuja biblioteca leva o nome de Carolina Maria de Jesus. A
biblioteca possui cerca de 6.800 publicações com especial destaque para uma
coleção de obras raras sobre o tema do Tráfico Atlântico e Abolição da
Escravatura no Brasil, América Latina, Caribe e Estados Unidos.
Em 2021, a Universidade Federal do Rio de
Janeiro concedeu o título de Doutora Honoris Causa à escritora Carolina Maria
de Jesus, pelo Conselho Universitário (CONSUNI) na quinta-feira, dia 25 de
fevereiro de 2021. Embora seja uma homenagem póstuma, a UFRJ reconheceu, com a
concessão do título, a luta e coragem de Carolina Maria de Jesus. A aprovação
da outorga da distinção foi unânime e por aclamação e foi transmitida pela
webTV UFRJ.
Em
2021, é publicada, pela editora Companhia das Letras, a edição integral dos
diários que compõe Casa de Alvenaria: diário de uma ex-favelada (1961), em dois
volumes, iniciando em 30 de agosto de 1960 até dezembro de 1963. O primeiro
volume abarca os meses em que Carolina Maria de Jesus morou em Osasco (SP), em
1960, após deixar a favela do Canindé. O segundo volume de Casa de alvenaria
inclui diários que se estendem até dezembro de 1963, com conteúdo inédito ou
fora de circulação há décadas.
Em
2021, o Instituto Moreira Salles lançou a exposição Carolina Maria de Jesus: Um
Brasil para os brasileiros, dedicada à trajetória e à produção literária da
autora mineira que se tornou internacionalmente conhecida, que apresentava sua
produção autoral, além de destacar suas incursões como compositora, cantora,
artista circense. Uma multiartista.
Em
2022, para comemorar o aniversário de 108 anos da escritora Carolina Maria de
Jesus, no dia 14 de março, o Instituto Moreira Salles lançou um tour virtual
pela exposição Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros, a mostra
mais visitada do IMS em 2021.
Em
2023 o MinC lançou o Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por
Mulheres. Foram destinados R$ 2 milhões para selecionar 40 livros inéditos
escritos por mulheres ficcionistas nas categorias romance, contos, crônicas,
roteiro de teatro e quadrinhos. Cada autora receberá R$ 50 mil. A intenção é
promover, valorizar e difundir a literatura brasileira feita por mulheres,
incentivar novas escritoras e estimular a formação de leitores de literatura
feita por mulheres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário