UMA ODISSEIA PELA AMÉRICA DO SUL ANCESTRAL
Em "Crônicas de Ruamu", Giuliano Andreoli compõe um universo épico com raízes latinas para dialogar sobre violência, racismo, dogmatismo religioso e outras mazelas das civilizações.
Quais
histórias guardam as antigas civilizações que habitaram as terras sul-americanas
há dezenas de milênios? Em Crônicas de Ruamu – O destino de Eneim, o escritor e
professor universitário Giuliano Andreoli estimula a imaginação do leitor ao
combinar ficção batalhas épicas e mistérios ancestrais, com geografia, cultura
e espiritualidade típicos da América Meridional. Temáticas como violência e
outros problemas sociais complementam o enredo para aproximar um passado
aparentemente distante da contemporaneidade.
A trama se desenrola com a destemida vidente Lagnicté, uma mulher destinada a governar, que tem a vida entrelaçada à de Narsciti, um corajoso capitão da Guarda Prateada de Eneim. Juntos, eles enfrentam a ameaça de invasão ao continente de Ruamu, e precisam contar com a ajuda de aliados improváveis para impedir que seu povo seja escravizado pelo opressor e segregador império de Schwertha. À medida que desvendam segredos milenares sobre a história da humanidade, os protagonistas terão crenças, ideologias e valores abalados.
Alguns relatos diziam que a nação de Schwertha era governada por entidades sobre-humanas ou que seu povo era governado por uma poderosa bruxaria. Outros diziam que ela o era apenas por reis cruéis, sádicos e decadentes. Mas todos, sem exceção, diziam que, há cerca de trinta anos ou mais, os huiracochas, um dos povos que habitam o continente de Mu, passaram a adorar uma nova religião. E que esse novo culto radical pregava uma forma extremada de racismo. Assim, a busca por um tipo de “purificação”, tanto dentro quanto fora do seu continente, os levara a adotar uma política. (Crônicas de Ruamu – O destino de Eneim, p. 72)
Dividido em quatro partes, 63 capítulos e um epílogo compõem esta trama de alta fantasia que transcende e desconstrói as referências de literatura eurocêntricas. Os castelos e dragões dão vez a pirâmides, construções de pedra, fortes guerreiros, deuses poderosos. Mapas com a disposição de países e do continente de Ruamu, logo nas primeiras páginas, conectam o leitor com a ambientação antiga, muito antes dos povos pré-colombianos.
Com influências que vão desde a cosmovisão da Teosofia até mitos das cidades perdidas da Amazônia, Giuliano Andreoli espalha alegorias nas entrelinhas. A exemplo dos invasores de Ruamu que pregam a superioridade de raça – em referência ao nazismo –, e do nome desta nação opressora, “Schwertha”: uma alusão à obra “Crônicas de Akakor”, parte do imaginário colonial que divulgou a ideia de povos de raça branca construindo civilizações avançadas no passado remoto da América do Sul.
Desta
forma, o autor vai além do entretenimento para lançar luz sobre questões como a
luta contra o dogmatismo religioso, combate à violência feminina e ao racismo,
o resgate da sabedoria ancestral e a importância de conhecer a própria história
e não repetir erros do passado. “O livro é, sobretudo, uma representação dos
problemas que trazemos no interior da nossa civilização e com os quais nós
temos de lidar”, explica o autor.
FICHA
TÉCNICA
Título:
Crônicas de Ruamu
Subtítulo:
O Destino de Eneim
Autor:
Giuliano Andreoli
Editora:
Viseu
Formato:
16 x 23 cm
Páginas:
705
Sobre o autor: Giuliano Andreoli é professor universitário, mestre em Educação e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Pedagogias do Corpo, tem uma formação multiartística nas áreas da dança, teatro, circo e artes marciais. É também pesquisador dessas artes em intersecção com a Educação, e possui diversas publicações de artigos em periódicos científicos na área dos estudos socioculturais.
Na literatura assina o livro “Dança, gênero e sexualidade: Narrativas e Performances” (2019), pela editora Apris. Na área de ficção, publicou os contos “Os Espíritos do Deserto”, na Antologia “Guardião das Areias” (2023), e “Wendigo”, na Antologia “Sangue e Prata” (2024), ambos pela editora Medusa. Publicou ainda “Horror Noturno”, na Antologia “Chamado das Sombras” (2024), pela editora Dark Books.
Instagram
do autor: @giuliano.andreoli.9
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