CAMINHOS DO SOL NASCENTE NO BRASIL - 18 DE JUNHO, DIA DA IMIGRAÇÃO JAPONESA HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL

Há datas que não marcam apenas o tempo, mas escrevem capítulos inteiros na alma de um país. O dia 18 de junho é uma dessas páginas luminosas, celebrando a chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao Brasil. Foi nesse dia, no ano de 1908, que o navio Kasato Maru aportou no porto de Santos, trazendo não apenas 165 famílias, mas também sonhos, esperanças e uma cultura milenar disposta a enraizar-se em solo brasileiro. 

Kasato Maru: O primeiro navio a aportar no Brasil com imigrantes japoneses, de acordo com os registros oficiais. O primeiro navio a aportar no Brasil com imigrantes japoneses, de acordo com os registros oficiais, foi o Kasato Maru. A viagem durou 52 dias, tendo início no porto de Kobe e terminou no Porto de Santos – SP, em 18 de junho de 1908. Ao todo, vieram 781 imigrantes. Esses imigrantes foram trabalhar nos cafezais do oeste paulista. Devido a esse acontecimento, no dia 18 de junho é comemorado o dia da imigração japonesa. Essa data foi instituída em 2005 pelo senado, no projeto de lei da Câmara (PLC 73/04).

O Japão atravessava uma fase difícil, pobreza rural, superpopulação e poucas perspectivas para os mais humildes. O Brasil, por sua vez, carecia de braços fortes para os vastos cafezais. Da necessidade mútua nasceu um pacto silencioso de coragem e trabalho. E foi assim que os isseis (primeira geração) chegaram. Depois viriam os nisseis, sanseis, yoseis, filhos, netos e bisnetos que hoje são parte viva do nosso cotidiano.

Eles vieram com o silêncio da disciplina, a doçura do respeito e o rigor da honra. Encontraram dificuldades imensas: idioma, preconceito, adaptação à terra, às chuvas, à cultura tão diferente. Mas permaneceram. Cultivaram a terra, a paciência e os valores. Nos cafezais de São Paulo, nas plantações de pimenta do Pará, nos seringais da Amazônia, fincaram raízes onde poucos se atreveriam. Transformaram o trabalho em caminho, e o caminho em legado.

Hoje, estima-se que cerca de dois milhões de japoneses e descendentes vivam no Brasil. Mais de 1,3 milhão estão em São Paulo, onde bairros como Liberdade tornaram-se pontes vivas entre o Oriente e o Ocidente. Atibaia, Suzano, Lins, Maringá, Londrina, cada cidade guarda vestígios dessa travessia. 

Mas o que mais impressiona é a forma como o espírito nipônico se mesclou ao brasileiro: sem apagar-se, sem impor-se, mas fundindo-se com delicadeza e firmeza. A culinária, a tecnologia, a arte do bonsai e do haicai, o respeito pelos idosos, a persistência silenciosa: tudo isso hoje faz parte do Brasil, como se sempre estivesse aqui. 

Diferentemente de outras diásporas, muitos japoneses no Brasil casaram-se com brasileiros, adotaram outras religiões, mas mantiveram a essência da sua ancestralidade. Uma fusão rara, uma ponte cultural sólida e frutífera. 

Celebrar o Dia Nacional da Imigração Japonesa não é apenas lembrar um marco histórico. É agradecer, com reverência e alegria, a este povo que trouxe ao Brasil o que ele mais precisava: raiz e flor. Rigor e ternura. Tradição e futuro. 

Arigatou, Japão. O Brasil floresceu também com a tua chegada. Alberto Araújo

 

© Alberto Araújo

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