A noite em Icaraí não desce, ela
dança.
Desce lenta como um véu de seda sobre
os ombros do mar,
e se acende em silêncios profundos, como prece sussurrada aos astros.
O Cristo Redentor, ao longe, estende os braços, não apenas sobre a cidade, mas sobre os corações que aqui repousam sob o manto sereno das constelações.
As estrelas cintilam como olhos
apaixonados.
Cada uma carrega uma bênção, um verso,
um segredo que só o vento entende.
E o vento, esse poeta sem forma,
brinca com os cabelos dos coqueiros,
desperta o sorriso cúmplice das
amendoeiras
e escreve cartas de amor nas ondas que beijam a areia.
O mar murmura antigas canções,
e a areia, cúmplice e serena, escuta
tudo com devoção.
A lua, pendurada no céu como um
cristal suspenso,
ilumina os caminhos dos que amam
e dos que sonham em silêncio.
Ela é espelho dos corações sensíveis,
é lâmpada de saudade acesa no firmamento.
Quem caminha à beira-mar sente:
há um perfume de eternidade no ar.
Um perfume feito de brisa, de
lembrança e de esperança.
A noite em Icaraí é mais que noite,
é um instante em que o tempo se curva para ouvir o coração da Terra.
Aqui, tudo se torna poesia:
o passo, o olhar, a pausa, o abraço.
É impossível não amar o mundo sob esse
céu
onde o amor parece mais possível
e a alma se despe das pressas.
A noite em Icaraí é, enfim,
um altar de cristal sob as bênçãos do
Cristo,
onde estrelas se deitam com o mar
e os sonhos, feitos de luz e vento,
sorriem nas entrelinhas do horizonte.
Eu e minha musa ficamos
com olhares apaixonados
apreciando tudo da nossa janela.
© Alberto Araújo
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