quinta-feira, 26 de junho de 2025

NOITE DE CRISTAL EM ICARAÍ - PROSA POÉTICA DE ALBERTO ARAÚJO



A noite em Icaraí não desce, ela dança.

Desce lenta como um véu de seda sobre os ombros do mar,

e se acende em silêncios profundos, como prece sussurrada aos astros.

O Cristo Redentor, ao longe, estende os braços, não apenas sobre a cidade, mas sobre os corações que aqui repousam sob o manto sereno das constelações.


As estrelas cintilam como olhos apaixonados.

Cada uma carrega uma bênção, um verso,

um segredo que só o vento entende.

E o vento, esse poeta sem forma,

brinca com os cabelos dos coqueiros,

desperta o sorriso cúmplice das amendoeiras

e escreve cartas de amor nas ondas que beijam a areia. 

O mar murmura antigas canções,

e a areia, cúmplice e serena, escuta tudo com devoção.

A lua, pendurada no céu como um cristal suspenso,

ilumina os caminhos dos que amam

e dos que sonham em silêncio.

Ela é espelho dos corações sensíveis,

é lâmpada de saudade acesa no firmamento. 

Quem caminha à beira-mar sente:

há um perfume de eternidade no ar.

Um perfume feito de brisa, de lembrança e de esperança.

A noite em Icaraí é mais que noite,

é um instante em que o tempo se curva para ouvir o coração da Terra.

Aqui, tudo se torna poesia:

o passo, o olhar, a pausa, o abraço.

É impossível não amar o mundo sob esse céu

onde o amor parece mais possível

e a alma se despe das pressas.


A noite em Icaraí é, enfim,

um altar de cristal sob as bênçãos do Cristo,

onde estrelas se deitam com o mar

e os sonhos, feitos de luz e vento,

sorriem nas entrelinhas do horizonte.

Eu e minha musa ficamos

com olhares apaixonados

apreciando tudo da nossa janela.

 

© Alberto Araújo


 

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