MARIA OTÍLIA: A SENHORA DO TEMPO E O RETRATO DA LUZ
Crônica poética de Alberto Araújo
Para Maria Otília Marques Camillo
Há pessoas que, mesmo com o passar das estações, permanecem como primavera dentro da alma da gente. Maria Otília é uma dessas presenças raras — uma dama do tempo, uma Lady, isso mesmo, com "L" maiúsculo — que, aos 92 anos, continua a florir os dias com sua elegância, inteligência e atenção afetuosa.
Ela é presença constante onde a cultura respira. Com seu celular de tecnologia de ponta nas mãos e o coração sempre atento, registra mais que imagens: eterniza instantes. Em um evento, por exemplo, durante uma celebração na Academia Fluminense de Letras, foi ela quem captou uma fotografia minha. Estou sorrindo na imagem — e não apenas pela ocasião. Sorrio porque o olhar dela encontrou, com a delicadeza de sempre, a minha luz naquele momento. A foto que ela compartilhou não foi apenas um retrato: foi um presente.
Como se não bastasse a doçura do gesto, veio também a mensagem. Uma joia em forma de palavras: “Olá! Parabéns, pela sua, caprichosa, íntegra, dedicação à Literatura, em poemas, contos, crônicas e outras que, tanto, à alma, inflama de Amor e Alegria! … Iluminado carinhoso abraço! Maria Otília.”
Não há como não se emocionar diante de tamanha generosidade. Vinda dela — que há décadas é espelho de alegria, força e dignidade — cada palavra tem o peso da sabedoria e a leveza de um afeto verdadeiro. Maria Otília não apenas acompanha os amigos: ela os enxerga, os exalta, os ilumina.
Nos encontros culturais, lá está ela: elegante, discreta, mas sempre presente. É como se a vida lhe houvesse confiado a missão de documentar o que há de belo nas pessoas, nos gestos, nas ideias — e ela o faz com devoção.
Há um brilho sereno em seus olhos, e talvez venha do fato de saber, há muito, que a verdadeira alegria está em celebrar o outro. Em oferecer sem pedir, em abraçar com palavras, em presentear com memórias. Sou testemunha de inúmeros porta-retratos que ela oferece aos amigos, sempre acompanhados de lindas trovas. Eu mesmo, por exemplo, já fui agraciado várias vezes com essas delicadezas — e, como se não bastasse, fui presenteado, junto à minha Shirley, com duas pinturas em porcelana. Em uma delas, ela fez questão de pintar dois pássaros, dizendo que éramos nós, representados em forma de amor e liberdade. Somos inteiramente apaixonados por suas gentilezas, por sua elegância de alma — sua finesse.
Admirável companheira Maria Otília, que alegria ser visto por seu olhar de lince! Sua mensagem é daquelas que guardarei no peito como se fosse poema, oração ou fotografia da alma. Obrigado por ser essa ponte entre o tempo e a ternura. E por, mesmo no alto de seus 92 anos, continuar ensinando a todos nós o que significa viver com propósito, amor e luz.
© Alberto Araújo
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