Hoje,
419 anos depois de seu nascimento, o Focus Portal Cultural rende homenagem a
esse mestre absoluto da arte europeia, cuja obra permanece viva e universal,
porque fala diretamente ao que temos de mais humano: a luz que nos habita,
mesmo na presença inevitável das sombras.
No dia 15 de julho de 1606, nascia em Leida, na Holanda, um dos maiores gênios que a história da arte conheceu: Rembrandt Harmenszoon van Rijn. Pintor e gravurista extraordinário, Rembrandt transformou o olhar do mundo ao revelar não apenas formas, mas, sobretudo a alma humana, mergulhada em luz e sombra.
Figura
central do chamado Século de Ouro dos Países Baixos, Rembrandt não se limitou a
seguir convenções: reinventou a própria maneira de narrar, de retratar e de
sentir através da pintura. Seus retratos, especialmente os autorretratos, são
testemunhos profundos de sinceridade, onde o artista se expõe com humildade e
coragem, sem vaidade, quase como se confessasse suas dores, dúvidas e
esperanças diante do espelho da eternidade.
Com
suas gravuras, telas e composições bíblicas, Rembrandt uniu saber clássico,
observação minuciosa da realidade e uma empatia rara que lhe valeu ser lembrado
como “um dos grandes profetas da civilização”. Mesmo atravessando tragédias
pessoais e dificuldades financeiras, seu talento não se dobrou. Ao contrário:
amadureceu, iluminou gerações e seguiu inspirando corações séculos afora.
Rembrandt
vive. Vive em cada traço, em cada olhar, em cada silêncio que sua arte continua
a traduzir.
©
Alberto Araújo
UM POUCO SOBRE RAMBRANT
Rembrandt
Harmenszoon van Rijn nasceu em 15 de julho de 1606, na cidade de Leida, na
então República Unida dos Países Baixos — em pleno fervor cultural que ficaria
conhecido como o Século de Ouro Holandês. Era o nono filho de Harmen Gerritszoon
van Rijn, um próspero moleiro, e de Neeltgen Willemsdochter van Zuytbrouck.
Desde
cedo, Rembrandt demonstrou mais inclinação pelas cores do que pelas letras,
embora tenha frequentado aulas de latim e ingressado na Universidade de Leida.
Seu destino, no entanto, estava na pintura. Aos 14 anos, tornou-se aprendiz de
Jacob van Swanenburgh, onde permaneceu por três anos. Depois, um breve e
intenso aprendizado com o pintor Pieter Lastman em Amsterdã foi suficiente para
despertar o gênio que carregava.
Por
volta de 1624, Rembrandt abriu seu próprio estúdio em Leida, dividindo-o com o
amigo Jan Lievens. Já em 1627, começou a aceitar alunos, entre eles Gerrit Dou.
Em 1629, sua vida mudou ao ser descoberto pelo influente estadista Constantijn
Huygens, que lhe abriu as portas da corte de Haia e garantiu encomendas do
príncipe Frederik Hendrik.
No
final de 1631, estabeleceu-se em Amsterdã, a grande capital comercial e
cultural da época. Rapidamente tornou-se o retratista mais procurado da cidade,
combinando técnica impecável com uma sensibilidade rara. Casou-se em 1634 com
Saskia van Uylenburg, sobrinha de seu marchand, e viveu anos de prosperidade e
amor, embora marcados pela dor: dos quatro filhos que tiveram, apenas Titus
sobreviveu. Saskia faleceu pouco após o parto de Titus, em 1642, deixando o
pintor viúvo e profundamente abalado.
Mesmo
assim, Rembrandt seguiu trabalhando, entregando ao mundo obras-primas como “A
Ronda Noturna” e “A Lição de Anatomia do Dr. Tulp”. Sua pintura transitou de
uma fase inicial carregada de dramatismo e contraste, herdada de Caravaggio,
para uma maturidade onde a luz não apenas iluminava a cena, mas parecia vir de
dentro dos personagens, revelando suas almas. Foi nessa fase que criou alguns
dos retratos e cenas bíblicas mais profundos já pintados.
A
vida pessoal do mestre, porém, tornou-se turbulenta. Relacionou-se com Geertje
Dircx, que acabou internada após conflitos judiciais, e depois com Hendrickje
Stoffels, sua fiel companheira até a morte dela, em 1663. Com Hendrickje teve
uma filha, Cornelia. Apesar de ser o pintor mais célebre de sua geração,
Rembrandt gastava muito: colecionava arte, antiguidades e curiosidades que
inspiravam suas composições, mas também pesavam em suas finanças. Em 1656, foi
obrigado a declarar falência; vendeu sua imensa coleção, perdeu a casa da
Jodenbreestraat e mudou-se para um endereço mais modesto.
Mesmo
nessas condições, continuou criando com intensidade e acolhendo alunos. As
autoridades e os credores mostraram-se compreensivos, mas a guilda de pintores
de Amsterdã impôs restrições que quase lhe tiraram o ofício. Para contornar,
Hendrickje e Titus montaram um negócio para vender suas obras, oficialmente
tendo Rembrandt apenas como “funcionário”.
Ao
longo da carreira, pintou mais de cem autorretratos, uma viagem sincera pela
própria existência, sem medo de mostrar as marcas do tempo e das provações.
Produziu também gravuras refinadas, usando técnicas como a água-forte para
representar cenas bíblicas, paisagens, nus e retratos, sempre com traços
ousados e sensíveis.
Sobreviveu
tanto a Hendrickje quanto a Titus. Morreu em 1669, solitário, e foi sepultado
sem pompa numa cova simples na Westerkerk, em Amsterdã. Sua partida foi
silenciosa, mas seu legado ecoou alto: Rembrandt não apenas pintou rostos,
pintou a condição humana com toda sua luz, dor e beleza.
Hoje,
suas obras repousam em museus de todo o mundo, e sua antiga residência abriga o
Museu Rembrandt, onde ainda é possível sentir o eco do homem que acreditava que
a luz revelava não apenas formas, mas a alma.
Rembrandt
foi mais do que um mestre das tintas e gravuras: foi, como disse a história,
“um dos grandes profetas da civilização”.
©
Alberto Araújo
REMBRANDT:
O SENHOR DA LUZ E DAS SOMBRAS
Poema
épico em honra aos 419 anos de seu nascimento
No
alvor de um século dourado,
Ergueu-se
um nome de fogo e silêncio:
Rembrandt,
filho de moinhos e névoas,
Forjado
na bruma de Leida,
Onde
as águas do Reno sussurravam ao vento
Segredos
da luz que só ele ouviria.
Das
mãos do menino, o pincel tornou-se espada,
E
as cores, estandartes de uma guerra sem gritos,
Travada
no campo infinito da alma humana.
Na
oficina estreita, sob o olhar severo de mestres,
Rembrandt
aprendeu não apenas a pintar,
Mas
a decifrar as sombras que dormem nos olhos.
Amsterdã,
cidade de canais e mercadores,
Rendeu-se
ao gênio de seu retrato sincero:
Homens
em armaduras, burgueses em linho,
Velhos
sábios e crianças pálidas,
Todos
emergiam da tela como vivos,
Banhados
na claridade densa do mestre.
Veio
o amor, doce Saskia,
Aurora
breve que lhe deu Titus, o herdeiro,
E
levou consigo, no outono, parte da luz
Que
acendia o olhar do pintor.
Ficaram
as telas, tão cheias de ternura,
E
os desenhos dela, pálida, no leito da despedida.
No
espelho das décadas,
Rembrandt
se viu cem vezes e mais,
Com
rugas, com fúria, com medo, com fé,
Como
quem conversa consigo sem mentir.
Cada
autorretrato, um cântico à nudez da verdade,
Despojado
de coroa, fortuna ou glória.
Veio
a ruína, a casa leiloada,
Os
bustos de imperadores, os tecidos orientais,
Tudo
vendido a preço vil.
Mas
não venderam-lhe o sopro divino,
Nem
a chama que fazia das sombras
Catedrais
secretas onde a luz dançava.
Nas
placas de cobre, na água-forte,
Gravou
também sua eternidade:
Cristos,
mendigos, amantes e velhas,
Gente
comum erguida à altura do sagrado.
E
a tinta grossa, como sangue e barro,
Teceu
a Ronda Noturna, onde a noite respira.
Ó
Rembrandt! Senhor das sombras vivas,
Que
viu na treva o parto da luz,
E
pintou não reis ou deuses imortais,
Mas
homens falhos, belos na imperfeição.
Teu
pincel não mentiu, teu traço não temeu,
E
a humanidade inteira te contempla, espelho em punho.
Hoje,
do silêncio onde repousas sem túmulo marcado,
Ecoa
ainda tua voz sem palavras:
A
arte não é triunfo, mas confissão;
Não
é brilho, mas chama que arde por dentro.
E
na penumbra das salas de museu,
Ainda
brilha a alma daquele
Que
pintou o invisível.
Rembrandt!
Teu
nome arde como brasão na história,
Profeta
da luz, arauto das sombras,
Eterno
pintor da condição humana.
©
Alberto Araújo
A Ronda Noturna é uma pintura a óleo
sobre tela do pintor neerlandês Rembrandt, pintada entre 1639 e 1642. A pintura
mede 363 cm de altura e 437 cm de largura e mostra a Guarda Cívica de Amsterdã sob
comando do capitão Frans Banning Cocq. Geralmente considerada como a magnum
opus de Rembrandt, A Ronda Noturna é uma das pinturas mais conhecidas do
Barroco. A peça é de propriedade do município de Amsterdã e faz parte da
exposição permanente do Rijksmuseum, principal museu especializado em pintura
neerlandesa.
Tempestade no mar da Galileia é uma pintura a óleo sobre tela de 1633, do artista da era de ouro dos Países Baixos, Rembrandt Harmenszoon van Rijn. A pintura foi roubada em 1990 do Museu Isabella Stewart Gardner e, desde então, permanece desaparecida.
Palas Atena é um óleo-à-tela de
Rembrandt, o mestre da pintura holandesa da Idade de Ouro do século XVII,
finalizada por volta de 1657. Acha-se exposta na coleção permanente do Museu Calouste
Gulbenkian, em Lisboa.
O assunto de representação é a deusa Atena da mitologia grega. Porém, como toda grande e afamada obra de arte, já lhe foram atribuídas as mais diversas teorias: da deusa romana Minerva ao imperador do mundo Alexandre, o Grande.
O Cavaleiro Polonês é uma pintura
do século XVII, geralmente datada de 1650, de um jovem viajando a cavalo
através de uma paisagem sombria, agora na The Frick Collection, em Nova York .
Quando a pintura foi vendida por pl para Henry Frick em 1910, houve consenso de
que o trabalho foi do pintor holandês Rembrandt . Desde então, essa atribuição
foi contestada, embora essa seja uma visão minoritária.
Tem havido também debates sobre se a pintura foi concebida como um retrato de uma pessoa em particular, viva ou histórica, e de quem, ou se não, o que se pretendia representar. Tanto a qualidade da pintura quanto seu ligeiro ar de mistério são comumente reconhecidos, embora partes do fundo sejam mal pintadas ou inacabadas.
Aristóteles com um busto de Homero, também conhecido como Aristóteles contemplando um busto de Homero, é uma pintura a óleo sobre tela de Rembrandt que retrata Aristóteles usando uma corrente de ouro e contemplando um busto esculpido de Homero. Foi criado como uma encomenda para a coleção de Don Antonio Ruffo.
Rembrandt retrata a Sagrada Família como uma família típica de Amsterdã de sua época. Em primeiro plano, Jesus dorme no mesmo estilo de presépio de vime que pode ser visto em pinturas de época de mães com bebês de Pieter de Hooch . Maria levanta os olhos do livro para dar uma olhada na criança adormecida sob a cortina do berço (em holandês: klamboe ). Ao fundo, José trabalha na confecção de um jugo . O jugo se refere tanto à vinda do Senhor, segundo Isaías ("Pois o jugo do seu fardo, e a vara sobre os seus ombros, a vara do seu opressor, tu quebraste como no dia de Midiã"), quanto às palavras de Jesus, segundo o apóstolo Mateus ("Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas, porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve").
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