05 de setembro. Hoje, ao entardecer, enquanto o céu se tingia de tons dourados e lilases, uma publicação discreta apareceu na página do maestro Marcelo Moraes Caetano. Sem alarde, sem palavras em caixa alta, apenas ele e o piano. E o que ouvi foi Beethoven, a terceira parte da Sonata Opus 13, a célebre Pathétique, no movimento Rondo. Uma execução delicada, firme, quase confidencial. Como se cada nota fosse uma informação sussurrada ao ouvido de quem sabe escutar.
Vivemos cercados por dados, manchetes, notificações e algoritmos. As informações nos atravessam como flechas invisíveis, muitas vezes sem direção. Mas ali, naquele vídeo, tudo parecia fazer sentido. Marcelo Caetano não apenas tocava Beethoven, ele organizava o caos. Cada frase musical era uma ideia que se desdobrava, cada pausa uma vírgula necessária. O piano se tornava um editor silencioso da realidade, e o maestro, um curador daquilo que realmente importa.
A música, afinal, é a mais pura forma de informação: transmite sem explicar, emociona sem justificar. E naquele entardecer, Beethoven não era apenas um compositor do século XVIII. Era um mensageiro atemporal, traduzido pelas mãos de Marcelo, que nos lembrava de que nem toda informação precisa ser dita, algumas precisam apenas ser sentidas.
A crônica de hoje não está nos jornais, nem nos portais de notícias. Está no gesto de um artista que, ao compartilhar sua arte, nos devolve o silêncio necessário para pensar. Marcelo Caetano tocou Beethoven, mas também tocou em algo mais profundo: a nossa capacidade de filtrar, de escolher, de ouvir o que realmente importa. E talvez, no meio de tantas vozes digitais, seja a música, e não os dados, que nos reconecte com o essencial.
© Alberto Araújo
Gilda Uzeda disse: Os grandes intérpretes, são reconhecidos pelo conhecimento, esforço, técnica e Sentimento! O Músico e Pianista Marcelo Caetano é um exemplo disso. Boa postagem, Alberto
🎵👏👏👏👏👏👏🎵
Gilda, que palavras belas e verdadeiras! O músico e pianista Marcelo Caetano é, de fato, a síntese de talento, dedicação e sensibilidade artística. Fico muito feliz com seu reconhecimento e carinho à postagem. Abraços do Alberto Araújo
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Gilda Uzeda também disse:
“Sim, Alberto No meu texto faltaram as palavras "talento" e "dedicação". Mas, você completou.__ Conhecimento, Esforço, Técnica, Sentimento, Talento, Dedicação, Perseverança __ são como o "do re mi fa sol la si" das notas que fundamentam a beleza da música.” Gilda
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Olá, Gilda, na sua brilhante manifestação não faltou absolutamente nada, pois, leio tudo nas entrelinhas e capto todas as suas mensagens, afinal todas vêm plenas de aprendizados e sabedorias, as quais me encantam. Seus comentários são um verdadeiro presente, pois revelam a profundidade de sua sensibilidade e a clareza de sua visão. E adorei a sua bela metáfora: Conhecimento, Esforço, Técnica, Sentimento, Talento, Dedicação e Perseverança como o “do re mi fa sol la si” que sustenta a beleza da música. Uma harmonia perfeita, como você tão bem soube expressar. Obrigado, pelo feedback maravilhoso. Felicidades sempre. Alberto Araújo.
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