Logo cedo ao deslizar distraidamente pela página Maravilhas do Rio, fui surpreendido por uma imagem que me fez suspender o tempo. Lá estava ele: o Palácio Monroe, fotografado em 1959, com sua imponência de cúpula erguida, colunas altivas e uma aura de grandiosidade que parecia querer dialogar com as montanhas e com o mar da Guanabara.
Não era apenas um prédio. Era um gesto. Uma ousadia em pedra e cimento, um símbolo de modernidade que o Rio um dia abraçou e, depois, deixou escapar pelos dedos.
Olho a foto e imagino a vida ao redor: os carros discretos circulando, o frescor das árvores que ainda guardavam sombra generosa, os passantes que talvez não se detivessem diante dele, como quem não percebe a beleza que tem todos os dias diante dos olhos. O Palácio Monroe era assim: uma joia de presença tão forte que parecia eterna. E, no entanto, não resistiu ao descaso.
Hoje, só existe em memórias, fotografias e no coração de quem acredita que a cidade também é feita de suas cicatrizes. O lugar onde se erguia o palácio agora abriga apenas o vazio e a pressa, como se o Rio tivesse decidido esquecer uma parte de si.
E é nesse instante que entendo: algumas ausências são mais barulhentas que qualquer monumento. O Palácio Monroe, ainda que demolido, permanece vivo, não na Cinelândia, não no asfalto, mas na lembrança daqueles que sabem olhar para trás sem medo da saudade.
O Rio perdeu o palácio, mas não perdeu a poesia de quem se comove com sua lembrança.
© Alberto Araújo
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