A palavra intelectual carrega em si uma responsabilidade que vai além da erudição. Não se trata apenas de acumular saberes ou de publicar livros; ser intelectual é assumir o papel de intérprete da sociedade, de guardião da memória e de mediador entre o passado e o futuro. O verdadeiro intelectual não se limita a observar: ele participa, intervém, transforma.
Na contemporaneidade, em tempos de velocidade e superficialidade, o intelectual é aquele que resiste à pressa e se dedica à profundidade. É aquele que, diante da fragmentação das ideias, insiste em construir pontes. É aquele que, diante da desinformação, reafirma o valor da palavra como instrumento de clareza e justiça.
Célio Erthal Rocha encarna esse conceito com rara plenitude. Sua trajetória não é apenas a de um jurista ou de um jornalista; é a de um homem que fez da cultura sua morada e da ética sua bússola. Aos 94 anos, continua ativo, lúcido e presente, mostrando que o intelectual não envelhece: ele se renova, porque sua missão é permanente.
Erthal é o intelectual que não se fecha em bibliotecas, mas que abre as portas da Academia para o diálogo com a cidade. É o intelectual que não se contenta em escrever, mas que vive suas palavras. É o intelectual que, ao receber o título de Intelectual do Ano, não apenas se consagra, mas consagra também a própria ideia de que a cultura é um bem coletivo, indispensável à vida democrática.
A solenidade de 13 de dezembro não foi
apenas uma homenagem a um homem. Foi a reafirmação de que, em tempos de incerteza,
precisamos de intelectuais como Célio Erthal Rocha: homens e mulheres que, com
coragem e sensibilidade, nos lembram de que pensar é um ato de resistência, e
que a palavra, quando usada com verdade, é capaz de iluminar caminhos.
© Alberto Araújo
Focus Portal Cultural

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