sábado, 13 de setembro de 2025

QUANDO SHIRLEY BASSEY ME LEVOU DE VOLTA - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

O entardecer tem esse dom curioso de abrir janelas invisíveis no tempo. Há algo na luz dourada que escorre pelas paredes, no silêncio que se instala entre os ruídos do dia, que nos convida a revisitar o que fomos. Entrei no YouTube como quem folheia um velho álbum de fotografias, sem saber o que vai encontrar. E ali estava ela: Shirley Bassey, com sua voz que não canta — invade. A música era Something, dos Beatles, mas em sua boca soava diferente. Parecia minha juventude voltando para me visitar. 

A primeira nota me deteve. A segunda me levou. E, quando percebi, já não estava mais em 2025. Estava em algum ponto entre os anos 70 e 80, talvez numa sala de luz baixa, talvez num carro com os vidros embaçados. Something in the way she moves… e eu me movia também, por dentro. 

Shirley não interpreta Something: ela a revive. E, ao fazê-lo, trouxe de volta um pedaço de mim. A juventude, com seus amores e promessas sussurradas ao pé do ouvido, veio sentar-se ao meu lado. A música não era apenas melodia — era memória. Era o cheiro de um domingo, o toque de uma mão, o olhar que dizia tudo sem dizer nada. 

Fiquei ali, imóvel, como quem visita um lugar sagrado. Na tela, números: 364 mil visualizações, 3,1 mil likes, 22 mil inscritos, canal de Debra Skinner. Mas o que importava não estava ali. Estava no arrepio que me percorreu, no nó que se formou na garganta, na lágrima que não caiu, mas quis. Estava na lembrança de um tempo em que tudo parecia possível, quando cada canção era trilha sonora para sonhos ainda em construção. 

Há músicas que não envelhecem. Apenas aguardam o momento certo para nos lembrar de quem fomos — e de quem ainda somos, por dentro. Shirley Bassey, com sua voz feita de veludo e tempestade, abriu passagem para esse lugar esquecido. E eu fui. Fui inteiro. Fui com a alma. 

Quando a última nota se desfez no ar, permaneci em silêncio. Não por falta de palavras, mas por respeito ao que foi vivido. Algumas canções são portais. E hoje, ao entardecer, entre um clique e outro, fui transportado. Não para longe, mas para dentro. 

Talvez seja isso que a arte faz de melhor: devolve-nos a nós mesmos — com mais profundidade, com mais verdade. Shirley cantou Something, mas o que ecoou em mim foi tudo. Tudo o que fui, tudo o que senti, tudo o que ainda pulsa no coração. 

© Alberto Araújo

 

(CLICAR NA IMAGEM PARA ASSISTIR AO VÍDEO)



Gilda Uzeda disse:

“Alberto

A Música tem poderes que nem imaginamos. É mágica! É como o oceano de um mundo paralelo por onde navegamos com o intérprete, a conduzir, a escolher o rumo e a velocidade... Então, tudo vira magia!

E lá vamos nós!

Mas, há sempre alguém que traduz em palavras tais momentos. Foi o que aqui aconteceu. Porque a maneira como você usa as palavras e frases neste texto sobre "Something" interpretado por Shirley Bassey, revelam uma travessia no tempo, na própria experiência de vida, talvez, num sonho. Não importa. É uma travessia que flutua nas vagas ondulantes da memória do coração.

Parabéns, Alberto, o seu texto é muito bom.

Abraço, Gilda🌸

 

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Maravilha, como não dizer que você é uma incentivadora e apoiadora em ideias e inspirações dos companheiros.  Amiga Gilda sua perspicácia é algo sublime e junto com a sua sapiência torna-se divina. Você tem o dom de sentir, amar e enxergar a Beleza em tudo. Somente pessoas raras que carregam essa essência.  Gratidão pela constante manifestação, gratidão por tudo.  Abraços do Alberto Araújo ❤ 



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Zeneida Seixas disse: Alberto, que bom ouvir alguém  descreve seus sentimentos que é capaz de encher  a alma e ser  transportada para outra época.  Isso significa que são  pessoas de alma felizes. Parabéns!

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Muito bom receber o seu comentário amiga Zeneida. Você é uma Lady e tem o coração bondoso e feliz. A prova está que é muito solicitada em presidir instituições filantrópicas. Obrigado. Abraços do Alberto Araújo









 

04 – ECOS DO PARNASO – VOZES QUE NÃO SE APAGAM - MANOEL DA PAIXÃO COUTINHO DA FONSECA — O ETERNO “FONSEQUINHA”

Na imagem, Fonsequinha assinando o contrato de venda de seu acervo, observado por Jacy Pacheco, Ismênia de Lima Martins (então presidente da FAC) e Eliana Pessanha.

Há nomes que não se apagam com o tempo. Pelo contrário: ecoam, atravessam décadas e se instalam na memória coletiva como se fossem parte da própria paisagem. Hoje, no Quadro Ecos do Parnaso do Focus Portal Cultural, a voz que resgatamos é a de um homem que fez da fotografia não apenas um ofício, mas um ato de amor à cidade e à sua gente. 

Manoel da Paixão Coutinho da Fonseca, o inesquecível Fonsequinha, não foi apenas um repórter fotográfico; foi um cronista silencioso, que escreveu a história de Niterói com luz e sombra. Sua presença era tão constante que parecia onipresente — nas ruas, nas festas, nos eventos oficiais e nos momentos íntimos das famílias. 

Mesmo quem não o conheceu pessoalmente, como este editor, sente-se próximo dele. É que falar de Niterói sem falar de Fonsequinha é como tentar contar uma história sem suas imagens. E, de tanto ouvir seu nome, de tanto cruzar com suas fotografias espalhadas por lares, arquivos e exposições, nasce a certeza de que ele permanece vivo — não apenas nas lembranças, mas no olhar de cada um que reconhece, em suas fotos, um pedaço de si e da cidade. 

Hoje, nossa homenagem é também um agradecimento: por ter nos deixado um acervo que é mais do que registro histórico — é um espelho da alma niteroiense. 

MANOEL DA PAIXÃO COUTINHO DA FONSECA — O ETERNO “FONSEQUINHA” 

Manoel da Paixão Coutinho da Fonseca (1899–1979), carinhosamente conhecido como Fonsequinha, foi um dos mais importantes fotógrafos de Niterói e figura incontornável da memória visual da cidade. Nascido em Campos, chegou à então capital fluminense em 1916, ainda adolescente, e logo se integrou ao cotidiano urbano, que passaria a registrar com olhar atento e presença constante.

Durante mais de meio século, Fonsequinha dedicou-se à fotografia com uma energia incansável. Atuou como repórter fotográfico para jornais e revistas, cobrindo desde acontecimentos políticos e sociais até eventos culturais e esportivos. Mas seu trabalho não se limitava à imprensa: também realizava serviços particulares, eternizando casamentos, festas, inaugurações e momentos familiares. Sua câmera estava sempre pronta, fosse para captar a vibração das ruas ou a intimidade de um retrato.

O jornalista Carlos Wehrs descreveu-o como alguém “conhecido nos quatro cantos da cidade, que parecia ter o dom da ubiquidade. Tanto de dia como à noite, lá estava o Fonseca, com sua máquina fotográfica, colhendo material para publicação ou em missão particular”. Essa presença constante fez dele uma figura popular, reconhecida e querida por todos. Para Niterói, Fonsequinha representou o que Augusto Malta foi para o Rio de Janeiro: um cronista visual, capaz de transformar imagens em documentos históricos. 

Seu acervo, composto por milhares de fotografias, é um retrato vivo de uma Niterói que já não existe, mas que permanece preservada graças ao seu trabalho. Ele registrou a cidade em um período em que era conhecida como a “Cidade Sorriso”, captando não apenas suas paisagens e construções, mas também o espírito alegre e acolhedor de seus habitantes. Cada clique era mais do que um registro técnico: era um gesto de afeto pela cidade e por sua gente.

Ao final de sua trajetória, Fonsequinha tomou uma decisão que garantiria a perpetuação de sua obra. Em um ato de generosidade e consciência histórica, vendeu e destinou todo o seu acervo à Fundação de Atividades Culturais de Niterói — hoje Fundação de Arte de Niterói. Na imagem que marca esse momento, ele aparece assinando o contrato, observado por Jacy Pacheco, Ismênia de Lima Martins (então presidente da FAC) e Eliana Pessanha. Esse gesto selou para sempre a ligação entre sua vida e a memória cultural da cidade.

Fonsequinha faleceu em 1979, mas deixou um legado que transcende o tempo. Suas fotografias continuam a inspirar pesquisadores, artistas e cidadãos comuns, servindo como fonte de estudo, nostalgia e identidade. Ao folhear seu acervo, é possível revisitar ruas, praças, festas e rostos que moldaram a história de Niterói. Mais do que um fotógrafo, ele foi um guardião da memória coletiva, alguém que compreendeu, antes de muitos, que preservar imagens é também preservar a alma de uma cidade. 

Hoje, ao lembrar de Manoel da Paixão Coutinho da Fonseca, não se recorda apenas de um profissional talentoso, mas de um homem que viveu para registrar e compartilhar a beleza e a vida de Niterói. Sua obra permanece como um convite para que olhemos para o passado com gratidão e para o futuro com a certeza de que a memória, quando bem cuidada, é um dos maiores patrimônios que uma comunidade pode ter. 

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© Alberto Araújo 

 
(VÍDEO COM FOTOS DO FONSEQUINHA)

Sequencial de Fotos do Fonsequinha
Bairro Icaraí - Niterói
Implosão do Trampolim - 1964




Icaraí- 1953






CERIMÔNIA ECUMÊNICA CELEBRA OS 60 ANOS DA ADMINISTRAÇÃO NO BRASIL

Na manhã do dia 12 de setembro de 2025, a imponente Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro foi palco de uma celebração inesquecível: a Cerimônia Ecumênica em homenagem aos 60 anos da Administração, marco histórico para uma profissão que constrói pontes, molda caminhos e fortalece o futuro do país. 

A solenidade reuniu personalidades marcantes, entre elas o presidente do CRA-RJ, Adm. Wagner Siqueira, conselheiros, profissionais da área e convidados ilustres. O encontro também contou com a presença de representantes de diferentes entidades religiosas, simbolizando a união e o respeito entre as diversas expressões de fé. 

Um dos momentos mais emocionantes foi a leitura do Salmo Responsorial, feita pela Administradora e Conselheira do CRA-RJ Valmira Cristofori, que encheu a Catedral com palavras de louvor e esperança: 

REFRÃO:

Louvarei o vosso nome, ó Senhor, porque sois um Deus fiel e compassivo.

1 - Ó Senhor, de coração eu vos dou graças,

porque ouvistes as palavras dos meus lábios!

Perante os vossos anjos vou cantar-vos

e ante o vosso templo vou prostrar-me.

 

2 - Eu agradeço vosso amor, vossa verdade,

porque fizestes muito mais que prometestes;

naquele dia em que gritei, vós me escutastes

e aumentastes o vigor da minha alma.

 

3 - Os reis de toda a terra hão de louvar-vos,

quando ouvirem, ó Senhor, vossa promessa.

Hão de cantar vossos caminhos e dirão:

“Como a glória do Senhor é grandiosa!”

 

As palavras ressoaram como um tributo à fidelidade, à perseverança e ao propósito da Administração ao longo de seis décadas.

A cerimônia foi mais do que um ato religioso: foi um encontro de espiritualidade, memória e compromisso. Celebrou-se não apenas a história, mas também o futuro de uma profissão que, com fé, ética e responsabilidade, continuará a ser pilar essencial para o desenvolvimento do Brasil.

 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural



sexta-feira, 12 de setembro de 2025

METODOLOGIA DE PROJETO EM ARQUITETURA COM O PROFESSOR DR. CLÁUDIO PORTUGAL



METODOLOGIA DE PROJETO EM ARQUITETURA 
COM O PROFESSOR DR. CLÁUDIO PORTUGAL. 




O LEÃO QUE MORA EM MIM - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

Não costumo acreditar nesses joguinhos da internet. Sempre me soaram como passatempo rápido, dessas distrações que a gente faz sem dar muita importância. Mas hoje, por acaso, resolvi tentar. 

O aplicativo piscou na tela, girou as engrenagens invisíveis do acaso e me devolveu uma resposta: “Você é um Leão”. 

Sorri. A princípio, achei graça da coincidência. Afinal, sou leonino, nascido em julho. Mas, ao reler as palavras, percebi que havia algo a mais ali. Aquelas frases falavam de lealdade, de confiança, de firmeza diante das tempestades da vida. E, de repente, não era mais um jogo qualquer: era quase um espelho. 

Pensei em quantas vezes precisei rugir em silêncio, quantas batalhas enfrentei sem plateia, quantas vezes permaneci de pé quando tudo ao redor parecia ruir. Talvez seja isso o espírito animal: um reflexo secreto daquilo que carregamos dentro e nem sempre mostramos. 

Descobri, então, que o leão não é só símbolo do meu signo. É um companheiro invisível, que caminha comigo todos os dias, lembrando-me que mesmo nas horas frágeis, a força não me abandona. 

E, no fim das contas, talvez esses jogos da internet tenham lá sua sabedoria escondida: às vezes, precisamos de um clique para reencontrar a nossa própria natureza. 

© Alberto Araújo


 

O FANTASMA DE PEDRA DO PALÁCIO MONROE - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

Logo cedo ao deslizar distraidamente pela página Maravilhas do Rio, fui surpreendido por uma imagem que me fez suspender o tempo. Lá estava ele: o Palácio Monroe, fotografado em 1959, com sua imponência de cúpula erguida, colunas altivas e uma aura de grandiosidade que parecia querer dialogar com as montanhas e com o mar da Guanabara. 

Não era apenas um prédio. Era um gesto. Uma ousadia em pedra e cimento, um símbolo de modernidade que o Rio um dia abraçou e, depois, deixou escapar pelos dedos.

Olho a foto e imagino a vida ao redor: os carros discretos circulando, o frescor das árvores que ainda guardavam sombra generosa, os passantes que talvez não se detivessem diante dele, como quem não percebe a beleza que tem todos os dias diante dos olhos. O Palácio Monroe era assim: uma joia de presença tão forte que parecia eterna. E, no entanto, não resistiu ao descaso. 

Hoje, só existe em memórias, fotografias e no coração de quem acredita que a cidade também é feita de suas cicatrizes. O lugar onde se erguia o palácio agora abriga apenas o vazio e a pressa, como se o Rio tivesse decidido esquecer uma parte de si. 

E é nesse instante que entendo: algumas ausências são mais barulhentas que qualquer monumento. O Palácio Monroe, ainda que demolido, permanece vivo, não na Cinelândia, não no asfalto, mas na lembrança daqueles que sabem olhar para trás sem medo da saudade. 

O Rio perdeu o palácio, mas não perdeu a poesia de quem se comove com sua lembrança. 

© Alberto Araújo

 


 

SOB O ARCO, A CIDADE RESPIRA - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

Foi hoje, ao entrar no Facebook, que me deparei com uma imagem que parecia conter um pedaço inteiro do mundo. Na página de Anabella Martinho Cardoso, o Arco da Rua Augusta, em Lisboa, surgia iluminado pela noite: azuis profundos, brancos que lembravam mármore recém-polido, e laranjas quentes que pareciam vir do coração das lâmpadas antigas. A fotografia não era apenas bela, era um convite. 

O arco, erguido no final do século XIX para celebrar a reconstrução da cidade após o devastador terremoto de 1755, é mais que um monumento: é um símbolo de renascimento. As inscrições em latim, gravadas no alto, ecoam como um manifesto: VIRTVTIBVS MAIORVM — “Às virtudes dos maiores” — e VT SIT OMNIBVS DOCVMENTO.P.P.D. — “Para que sirva de ensinamento a todos. Dedicado a expensas públicas”. Palavras que, mesmo atravessando séculos, ainda soam como um lembrete de que a grandeza não é apenas herança, mas responsabilidade. 

E ali, na pedra trabalhada, a história se materializa em figuras. No coroamento, obra de Célestin Anatole Calmels, a Glória ergue-se coroando o Gênio e o Valor, alegorias que traduzem a criatividade e a coragem que moldaram Portugal. Mais abaixo, esculpidos por Vítor Bastos, estão personagens que não são apenas nomes de livros escolares, mas pilares da identidade nacional:

Marquês de Pombal, o estadista que reconstruiu Lisboa com visão e firmeza.

Vasco da Gama, o navegador que abriu a rota marítima para a Índia, expandindo horizontes e mapas.

Viriato, o líder lusitano que resistiu à ocupação romana, símbolo de bravura e resistência.

Nuno Álvares Pereira, o condestável que garantiu a independência portuguesa na Batalha de Aljubarrota. 

Aos pés dessas figuras, repousam ainda as representações dos rios Tejo e Douro, como se a própria geografia do país estivesse ali para lembrar que a história portuguesa é inseparável da água,  seja a que banha suas margens, seja a que levou suas caravelas ao desconhecido. 

Enquanto observava a foto, percebi que o arco não é apenas uma passagem física entre a Praça do Comércio e a Rua Augusta. É também uma passagem simbólica entre tempos: o passado glorioso dos Descobrimentos, o trauma e a reconstrução após a catástrofe, e o presente vivo, pulsante, onde turistas e lisboetas se misturam sob a mesma luz. 

Imaginei-me caminhando por aquela rua, ouvindo o som de um músico de rua dedilhando uma guitarra portuguesa, sentindo o aroma de café e pastel de nata vindo de uma esquina. O chão de pedra, gasto por séculos de passos, guardaria histórias que não cabem em livros. E, ao atravessar o arco, talvez eu sentisse o mesmo que sentiram tantos antes de mim: a certeza de que Lisboa é uma cidade que se reinventa sem nunca perder a alma. 

Fechei a imagem, mas ela não me deixou. Ficou como uma lembrança inventada, dessas que a gente cria quando a imaginação se mistura com a história. O Arco da Rua Augusta não é apenas um monumento, é um lembrete de que, assim como as pedras que o sustentam, nós também somos feitos de camadas: de memórias, de lutas, de vitórias e de sonhos. E talvez seja por isso que, mesmo a milhares de quilômetros, senti que já tinha passado por ali. 

© Alberto Araújo 


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COMENTÁRIOS


CE Maria Helena disse: Ilustríssimo Amigo Alberto, Hoje, me levaste as lágrimas. Ao ver o Arco da Rua Augusta, por onde um dia passei para chegar ao porto e embarcar no Navio Vera Cruz e chegar ao porto do Rio de Janeiro, chorei muito naquele momento.  Em outubro 2019, após 59 anos e 5 meses, ao chegar ao Aeroporto da Portela, não chorei. Mas ao chegar 2 dias depois a Rua Augusta e passar pelo Arco para chegar na Praça do Comércio, não consegui segurar as abundantes lágrimas de felicidade, por estar mesmo por pouco tempo em casa. Não achei o antigo porto no lugar, mas sim mais perto da Foz do Tejo no Atlântico.  Continuando, sou do Distrito de Viseu, terra de Viriato, onde todos têm de ser corajosos e dispostos para defender sempre sua Terra. Obrigada querido amigo, por me ter feito chorar ao ver MEU Arco,  tão longe, de mim distante, mas sempre será MEU.

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Companheira Elista e muito querida Maria Helena, acredita que as suas palavras trouxeram uma emoção imensa aqui em casa. Minha esposa Shirley, que carrega em sua alma a essência portuguesa, não conteve as lágrimas ao ler o seu relato. O Arco da Rua Augusta, que para você é lembrança de despedida e reencontro, tornou-se também para nós um símbolo vivo de saudade, coragem e regresso. O coração vibra ao imaginar seus passos, tanto naquele adeus ao Vera Cruz quanto no retorno, tantos anos depois, pela mesma passagem de luz e memória. Viseu, terra de Viriato, parece pulsar em cada linha sua, revelando a fibra e a coragem que guardam raízes profundas. Obrigado por partilhar conosco essa beleza tão íntima e verdadeira. O seu Arco, Maria Helena, agora também nos pertence, porque ele passa a ser ponte de sentimentos entre nós. Com carinho e amizade, Alberto Araújo.

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Rosa Castro da Rede Sem Fronteiras disse: Crônica perfeitamente bela, histórica e poética! Parabéns, nobre escritor Alberto Araújo  👏👏

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Olá, adorável amiga Rosa Castro, suas palavras são como um afago para a alma desse humilde escritor. Receber de você esse reconhecimento é motivo de alegria e gratidão.
Muito obrigado pelo carinho e pela leitura atenta, seguimos juntos, celebrando a história e a poesia da vida. Feliz final de semana. Alberto Araújo

 



A PRESIDENTE MATILDE SLAIBI CONTI PARTICIPA DA 6ª REUNIÃO FESTIVA DO ROTARY CLUB DE NITERÓI

 


ELOS INTERNACIONAL – CULTURA, LIDERANÇA E UNIÃO EM DESTAQUE

A Diretoria de Cultura do Elos Internacional tem a honra de compartilhar com todos os elistas um momento de grande relevância para nossa instituição: a expressiva participação de nossa presidente, Matilde Carone Slaibi Conti, na 6ª Reunião Festiva do Rotary Club de Niterói, evento que celebrou os 97 anos de fundação dessa tradicional e respeitada entidade de serviço.

A noite, repleta de simbolismo e emoção, foi marcada por homenagens e celebrações que reforçam o valor da amizade, da cultura e do voluntariado. Um dos pontos altos foi a homenagem à Casa da Amizade, que completou 77 anos de dedicação e serviços à comunidade, consolidando-se como um pilar de apoio e solidariedade. Também houve espaço para celebrar os aniversariantes do mês e dar as boas-vindas a novos associados representativos, em uma cerimônia conduzida com a calorosa saudação da rotariana Maria Panait.

Representando a presidente do Rotary Club de Niterói, Ana Paula de Aguiar, ausente por motivo de viagem, Matilde desempenhou com maestria o papel de anfitriã e porta-voz da instituição. 

Composição da mesa presidencial: Matilde Slaibi Conti – Vice-presidente do RC de Niterói; Ricardo Fonseca de Pinho - Governador do RC - 2023-2024; Maria do Perpetuo Socorro – Presidente do RC Niterói-Norte; Zeneida Apolônio Seixas – Presidente da Casa da Amizade.

Em um gesto que une cultura e reconhecimento, presenteou os participantes com dois livros de sua autoria: 

História do Rotary – obra que resgata e preserva a memória e os valores dessa organização centenária, inspirando novas gerações de líderes comunitários.

Coletânea Mulheres Extraordinárias – um tributo à força, à resiliência e às contribuições de mulheres que marcaram a história, reforçando a importância da representatividade feminina. 

A trajetória de Matilde é, por si só, um exemplo de liderança multifacetada. Além de presidir o Elos Internacional, ela é presidente do Cenáculo Fluminense de História e Letras, da Academia Brasileira Rotária de Letras do Estado do Rio, e atua como Procuradora e Vice-presidente da OAB-Niterói. Sua atuação transita com naturalidade entre a cultura, o direito e o voluntariado, reafirmando o papel transformador da mulher na sociedade contemporânea. 

Este encontro não foi apenas uma celebração de datas e conquistas, mas também um momento de reafirmação de valores que unem o Rotary e o Elos Internacional: amizade, serviço, cultura e fraternidade. A presença de Matilde, com sua energia e compromisso, reforça a ponte entre instituições que compartilham a missão de promover o bem comum e fortalecer laços humanos. 

E enquanto celebramos este momento, já nos preparamos para outro marco em nossa história: a XXXV Convenção do Elos Internacional, que acontecerá de 09 a 11 de outubro de 2025, em Niterói. Este será um encontro de fraternidade, cultura e união elista, reunindo membros de diversas regiões para compartilhar experiências, fortalecer vínculos e projetar o futuro de nossa organização. 

Mais do que um evento, será uma oportunidade de reafirmar que o Elos Internacional é, e continuará sendo, um espaço de diálogo, integração e valorização da cultura, onde cada membro é parte essencial de uma rede que ultrapassa fronteiras e conecta corações. 

O exemplo de Matilde Carone Slaibi Conti nos inspira a seguir adiante, com a certeza de que liderança se constrói com conhecimento, empatia e ação. Que possamos levar adiante essa chama, iluminando caminhos e fortalecendo os elos que nos unem. 

Editorial

Alberto Araújo

Diretor de Cultura do Elos Internacional 












(Clicar na imagem para assistir ao vídeo)





quinta-feira, 11 de setembro de 2025

A SALA ONDE O TEMPO LÊ - CAPÍTULO 1 - PROSA POÉTICA DE ALBERTO ARAÚJO

 

Há um lugar onde o tempo se dobra sobre si mesmo, e as palavras, como pássaros migratórios, pousam apenas para partir de novo. É uma sala imaginária, feita de silêncio e papel, onde escritores de todas as eras se encontram. Não há relógios, apenas o compasso das ideias. Ali, cada um carrega sua pena como quem empunha uma espada ou uma chave, ora para lutar, ora para abrir portas que ninguém mais ousou tocar. 

Na penumbra dourada dessa sala, Clarice Lispector observa o vazio como quem acaricia um animal selvagem. Fernando Pessoa, multiplicado em seus heterônimos, conversa consigo mesmo em diferentes cantos, e cada voz é um rio que corre para um mar distinto. Virginia Woolf caminha devagar, tocando as lombadas dos livros como se fossem rostos de amigos antigos. Kafka, sentado à beira de uma mesa, escreve cartas que nunca serão enviadas, enquanto Borges, com um leve sorriso, tenta mapear o infinito em um pedaço de papel amarelado.

As palavras não se chocam, dançam. Uma frase de Machado de Assis atravessa o ar e pousa no ouvido de García Márquez, que a transforma em chuva de borboletas. 

Dostoiévski, com olhar febril, fala de almas e abismos, e é ouvido com atenção por todos, até pelos fantasmas que se escondem entre as estantes. O ar é denso de histórias não contadas, e cada respiração parece carregar o peso e a leveza de séculos de literatura. 

Ali, não há vaidade. Apenas a consciência de que escrever é tocar o intocável, é tentar nomear o indizível. E, nesse pacto silencioso, todos compreendem que a eternidade não está no tempo, mas na frase que sobrevive a ele. 

Quando a porta dessa sala se fecha, o mundo lá fora continua igual, mas quem esteve dentro carrega para sempre o perfume das páginas e o eco das vozes. Porque, no fim, escritores não morrem: apenas mudam de endereço, passando a habitar o território invisível onde a palavra é casa e o leitor, sempre, o hóspede esperado. 

© Alberto Araújo

 












A TORRE QUE RASGA O CÉU - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

Desde que aprendeu a sonhar, o homem tenta encostar o dedo nas estrelas. Uns fecham os olhos e rezam, outros escrevem versos, alguns erguem colossos. No coração de Dubai, uma agulha de aço e vidro fura o azul: o Burj Khalifa. Não é apenas um prédio, é um grito vertical contra a gravidade, um manifesto de que o chão já não basta.

Lá do topo, o deserto se dissolve em ouro líquido, e a cidade, outrora poeira e silêncio, cintila como miragem permanente. É impossível não se lembrar de Babel: homens que, embriagados pelo próprio engenho, quiseram alcançar o divino. Hoje, porém, a torre não se ergue para falar com Deus, mas para que o mundo inteiro fale dela. 

O nascimento do Burj Khalifa também é história de fragilidade. Dubai, sufocada por dívidas, estendeu a mão ao vizinho Abu Dhabi. Da ajuda veio o novo nome, homenagem ao xeque Khalifa, que evitou o colapso. Assim, até a mais alta das construções repousa sobre alicerces de dependência e memória. 

E, no entanto, há beleza no exagero. Porque contemplar o Burj Khalifa é ver o homem em sua contradição mais pura: minúsculo diante do infinito, mas ousado o bastante para redesenhar o horizonte. Não é só concreto, aço e vidro, é sede que não se apaga: de poder, de beleza, de eternidade. 

Talvez, um dia, alguém olhe para suas ruínas e diga: “Aqui viveu uma civilização que transformou areia em céu.” E talvez sorria, não pelo tamanho da torre, mas pela coragem, ou pela loucura de quem ousou costurar o horizonte com as próprias mãos.

© Alberto Araújo 







 

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

NITERÓI É PURA POESIA - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

Há cidades que se descrevem com números, mapas e estatísticas. Niterói, não. Niterói se descreve com versos. Quem a vê de longe, já sente o convite para um poema; quem a vive de perto, sabe que cada esquina é um capítulo e cada pôr do sol, uma estrofe. Foi assim que, navegando pelo Facebook, me deparei com o vídeo de Paulo Lima, um voo de drone que não apenas mostrou a cidade, mas a declamou em imagens. Ele prometeu provar que Niterói é pura poesia… e provou.

Do alto, a lente captou o abraço do mar nas areias douradas, o reflexo do céu tingindo as águas, as palmeiras que dançam ao vento como se marcassem o compasso de uma música invisível. Mostrou a orla, onde o sol se despede beijando a praia, e as ondas, cúmplices, retribuem beijando o sol. Ao fundo, o Cristo Redentor, lá do outro lado da Baía, estende seus braços não apenas sobre o Rio, mas sobre todos nós, fluminenses, como quem abençoa este pedaço de mundo. 

Niterói é feita de contrastes que se harmonizam: o concreto moderno do MAC refletindo sobre a história viva das fortalezas; o silêncio das manhãs na praia de Itacoatiara e o burburinho alegre da orla de Icaraí; o horizonte aberto que convida a sonhar e as ruas estreitas que guardam memórias. É uma cidade que não se contenta em existir, ela quer ser sentida. 

Ao final do vídeo, percebi que Paulo Lima não precisava de palavras para provar sua tese. Bastava olhar. Niterói é poesia porque é feita de luz, mar e gente que a ama. É poesia porque, a cada dia, escreve um novo verso no coração de quem a vive. E eu, que tenho o privilégio de chamar esta terra de lar, sei que não há rima mais perfeita do que o encontro entre o sol, o mar e o abraço desta cidade maravilhosa.

© Alberto Araújo