Sob o olhar silente do busto de Luiz Vaz de Camões, o tempo pareceu suspender-se em reverência. Era 10 de outubro, e o Clube Português de Niterói, com seus salões de mármore e memórias lusitanas, abrigava mais do que um jantar de gala, acolhia um instante de eternidade. A XXXV Convenção Internacional do Elos Internacional, presidida com elegância por Matilde Slaibi Conti, desenhava em sua programação um quadro de afetos, cultura e comunhão.
Ali, entre taças que tilintavam como sinos de cristal e vozes que se entrelaçavam em idiomas de irmandade, um grupo de elistas se aproximou do busto do poeta maior. Matilde Slaibi Conti com a sua singela discrição de anfitriã; Reliane de Carvalho, com seu sorriso que parecia guardar segredos de mares antigos; Márcia Pessanha, cuja presença evocava a firmeza das raízes e a leveza das flores; Sara de Lourdes, envolta em aura de contemplação, como quem escuta os versos que o tempo murmura; Domingos, sereno como um fado que caminha pelas pedras da Alfama; Zeneida, cuja energia parecia dançar com as estrelas; e Regina Coeli, nome que já é oração, presença que já é luz.
Posaram juntos, não apenas para a fotografia, mas para a memória. Ao lado de Camões, símbolo da língua que os une e da alma que os inspira, eternizaram o momento. Não era apenas um registro visual, era uma oferenda à posteridade. A imagem capturada trazia mais do que rostos: trazia histórias, trajetórias, sonhos entrelaçados por um ideal comum. O Elos, mais que uma organização, ali se revelava como um sopro de humanidade, um abraço entre continentes, uma ponte entre tempos. O busto de Camões, esculpido em nobreza e saudade, parecia sorrir discretamente. Talvez reconhecesse ali, naqueles rostos, o eco de seus próprios versos. Talvez visse, na gala que se desenrolava, o renascimento daquilo que sempre cantou: o valor, a amizade, a travessia. E o Clube Português, testemunha de tantas histórias, tornava-se palco de mais uma, não menos grandiosa, não menos poética.
As luzes do salão refletiam nos olhos dos presentes como estrelas em noite de verão. A música, suave, parecia costurar os instantes com fios de ouro. E cada palavra dita, cada gesto trocado, cada sorriso compartilhado, compunha uma sinfonia de pertencimento. Era como se o tempo, generoso, decidisse ali repousar um pouco, para ouvir, para sentir, para celebrar.
E assim, entre o passado que Camões representa e o presente que os elistas constroem, ergueu-se um monumento invisível, feito de afeto, de cultura, de compromisso. Um monumento que não se vê, mas se sente. Que não se toca, mas se guarda no íntimo. Um monumento que vive nas lembranças, nas palavras que ainda serão ditas, nas ações que ainda serão tomadas.
Porque há momentos que não se explicam, apenas se vivem. E há encontros que não se encerram, apenas se transformam em eternidade.
@ Alberto Araújo
Focus Portal Cultural
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