Uma caravana formada por loucos, índios, soldados e prostitutas, capitaneada
por um jovem psiquiatra com a missão de fundar o primeiro manicômio da
América Latina. Esse é o argumento de As Nuvens, livro-tema do Clube de
Leitura Icaraí do dia 7 de dezembro. Escrito por Juan José Saer, o romance
constrói, com 36 personagens, um microcosmo retirante, que enfrenta, ao longo
da jornada, o clima difícil do pampa argentino e seus perigos. Os encontros
do Clube de Leitura acontecem mensalmente, sempre na primeira sexta-feira do
mês, das 19h às 21hs, na Livraria Icaraí (Rua Miguel de Frias 9, em
Icaraí, Niterói). A entrada é franca.
Reunindo alguns dos personagens que o leitor já conhece de outros livros de Juan
José Saer, O grande é uma peça-chave na composição que o escritor
argentino construiu livro a livro sobre um mesmo tema de fundo: o tempo que
passa.
Há pouco mais de trinta anos, sem anunciar sua partida a ninguém, Willi Gutiérrez simplesmente se evaporou do cenário de sua juventude. Os amigos souberam que ele fora viver na Itália, onde se tornara roteirista de cinema. Da mesma forma inesperada, um dia ele se materializa em Rincón, cidadezinha próxima de Santa Fe: compra uma casa, localiza os antigos amigos e convida a todos para um churrasco no domingo seguinte.
O grande é composto por sete capítulos, correspondentes aos dias da semana. Começa numa terça-feira e acaba na segunda-feira posterior à grande reunião de domingo. O último capítulo, interrompido pela morte do autor, só tem uma frase, mas sabe-se que Saer planejara que ele fosse muito curto - um arremate para as indagações de longo fôlego que culminaram no churrasco de domingo.
As nuvens, de 1977, é o penúltimo romance (o último concluído) do
grande escritor argentino Juan José Saer, falecido em 2005. O argumento é muito
simples: o doutor Real é um jovem psiquiatra que, associado a um pioneiro médico
holandês, vem fundar na Argentina, em 1804, o primeiro manicômio da América do
Sul. Seu mestre confia-lhe a missão de conduzir cinco loucos de Santa Fe até
Buenos Aires, onde eles irão tornar-se os primeiros pacientes da casa de saúde
As Três Acácias. Organiza-se uma caravana de que fazem parte 36 personagens: os
loucos e uma escolta de índios, gauchos, soldados e prostitutas - uma
delas francesa. "Extremamente lenta e extremamente longa", a caravana atravessa
o pampa e suas ameaças, que incluem a tribo do cacique sublevado Josesito. Ao
cacique, que sempre é visto com seu violino a tiracolo, um dos loucos prega a
unidade da raça americana. Essas figuras descosidas, imersas numa "paisagem
estranha", e num clima exasperante em que calor, frio e tempestades súbitas se
sucedem sempre em tons extremados, tecem uma rede em torno do doutor Real: como
se suspendesse as categorias do cotidiano conhecido, a viagem é uma antiepopéia
em que o real é visto através de uma lente alucinada. Ao mesmo tempo, contudo, o
romance é a aventura de um psiquiatra, idéia que parece impugnar a dicotomia
entre "romance psicológico" e "romance de aventura" que Saer sempre
questionou.
Juan José Saer - escritor
Juan José Saer, escritor argentino, nasceu em Serodino, na província de
Santa Fé, em 28 de Junho de 1937. Morreu em Paris no dia 11 de Junho de
2005, vítima de cancro nos pulmões.
Praticou diferentes géneros literários, mas foi sobretudo no campo da narração e do romance que o seu talento foi mais reconhecido. Quase todas as suas narrativas têm por cenário a cidade de Santa Fé e os seus arredores, onde viveu até se exilar voluntariamente em França. Os personagens também se repetem, contribuindo para a unidade da sua obra. É considerado um dos escritores argentinos mais importantes e influentes do século XX.
Ensinou História do Cinema e Crítica e Estética Cinematográfica na Universidade do Litoral em Santa Fé.
Ignorado durante grande parte da sua vida criadora, a obra de Saer só obteve o reconhecimento da crítica especializada a partir dos anos 1980, tanto na Argentina como na Europa. Publicou também um livro de poesia e vários ensaios.
Instalou-se em Paris desde 1968 e foi professor na Universidade de Rennes. Ganhou o Prémio Nadal em 1987, com o romance “La ocasión”. O seu livro “El concepto de ficción”, publicado em 1997, reuniu diversos textos escritos no decorrer de mais de trinta anos de carreira literária (1965 a 1996).
FONTE:
Muito boa cobertura desse excelente acontecimento cultural que ocorre mensalmente na praia de Icaraí.
ResponderExcluirPablo