sexta-feira, 11 de julho de 2025

CATÁLOGO INTERNACIONAL VITRINE LITERÁRIA LUSÓFONA DA REDE SEM FRONTEIRAS – 2025 - UM MOSAICO DE VOZES QUE ATRAVESSA OCEANOS - RESENHA DE ALBERTO ARAÚJO

 

Há projetos que nascem do papel e há aqueles que nascem do coração e florescem como pontes vivas entre culturas. Criado para a 95ª Feira do Livro de Lisboa, o Catálogo Internacional Vitrine Literária Lusófona da Rede Sem Fronteiras é um desses projetos raros que transformam a literatura de língua portuguesa em território afetivo, onde histórias de diferentes latitudes se encontram, dialogam e brilham.

Fruto de uma curadoria atenta e apaixonada, o catálogo não se limita a ser uma vitrine editorial: é um mosaico literário plural que ecoa vozes vindas de diferentes terras: Brasil, Portugal e comunidades da diáspora lusófona, unidas pela força desse idioma comum. Com o claro propósito de ampliar a visibilidade da produção literária em língua portuguesa, a obra busca criar oportunidades reais de circulação, reconhecimento e diálogo intercultural, abrindo caminhos para autores alcançarem novos leitores e mercados.

O projeto, impulsionado pela Rede Sem Fronteiras, ultrapassa barreiras geográficas e linguísticas, promovendo uma literatura sem fronteiras, inclusiva e acessível. A estratégia vai além do impresso: em formato digital (e-book) e audiobook, o catálogo reafirma seu compromisso com a democratização cultural, permitindo que mais pessoas, em diferentes partes do mundo, tenham acesso às obras.

Em um tempo em que as palavras precisam tanto de pontes quanto de asas, o Catálogo Internacional Vitrine Literária Lusófona é um ato de coragem, afeto e resistência. Ele transforma a literatura de língua portuguesa num abraço que percorre oceanos, lembrando-nos que, apesar das distâncias, estamos ligados por histórias que nos tornam humanos. Porque, como bem resume a obra: juntos, somos sempre mais fortes.

Com 56 páginas que reúnem não apenas textos, mas também fotos vibrantes dos eventos e encontros promovidos pela Rede Sem Fronteiras durante a Feira, o catálogo vai além do registro: ele documenta momentos de troca, celebração e memória. Cada autor listado em seu sumário representa uma voz única desse grande coral lusófono, compondo um mosaico plural de estilos, trajetórias e temas que refletem a riqueza da nossa língua comum.  Essa missão é reforçada pela sua distribuição gratuita ao mercado editorial e a instituições culturais de diversos países, bem como pela versão em e-book e audiobook, garantindo acessibilidade e alcance global.

Mais que uma vitrine, esta obra é um abraço transatlântico: ela conecta escritores, editores e leitores, ultrapassando fronteiras físicas e simbólicas. Ao final, resta a certeza de que somos, de fato, mais fortes quando celebramos juntos o que nos une: a palavra viva em língua portuguesa, que faz ecoar histórias, memórias e afetos pelo mundo.

© Alberto Araújo


(SLIDE COM IMAGENS DO CATÁLOGO - AGUARDAR A ROLAGEM)






MATILDE CARONE SLAIBI CONTI — ENTRE AS LETRAS, A JUSTIÇA E A ARTE - TEXTO DE ©ALBERTO ARAÚJO

Poucos nomes conseguem unir, com tamanha naturalidade, a sensibilidade das artes plásticas, a força da liderança cultural e a seriedade de uma trajetória jurídica brilhante. Matilde Slaibi Conti é um desses raros exemplos. Atual presidente do Elos Internacional, do centenário Cenáculo Fluminense de História e Letras e da Academia Brasileira Rotária de Letras do Estado do Rio de Janeiro, ela também exerce o cargo de Procuradora e Vice-presidente da OAB-Niterói.

Mas Matilde vai além dos títulos: ela pinta a própria história com traços de delicadeza e profundidade. Em recente visita a Corumbá, na casa do filho Dr. Carlos Eduardo e Lenise Conti, posou ao lado de quadros que despertaram a curiosidade de todos que a acompanham. Questionada sobre as obras, revelou com a serenidade de quem transforma o olhar em cor: “São todas minhas.” 

Atendendo ao pedido desta revista cultural, Matilde compartilhou, uma a uma, as imagens de suas pinturas a óleo. Entre elas, destaca-se uma criação rara: um par de quadros pintados sobre folha de ouro, que retrata o interior do Mosteiro de São Bento, um símbolo da espiritualidade e da memória histórica que ela tanto preserva. 

A sensibilidade artística de Matilde também se revela em uma peça singular: um oratório entalhado totalmente à mão, em madeira tipo cedro, com pátina suave que resgata o toque do sagrado. Este oratório teve três cópias, cuidadosamente feitas por ela mesma, e foram entregues como verdadeiros relicários de afeto aos filhos Carlos Eduardo Slaibi Conti e Rodrigo Otavio Slaibi Conti, ficando o terceiro consigo, como testemunho do elo eterno entre mãe e filhos. 

Com esse gesto, Matilde mostra que a arte, assim como o saber e a fé, não é apenas um legado: é presença viva, partilhada e transmitida. Sua história é, ao mesmo tempo, tela e palavra; madeira e poema; presença e permanência. E nesta galeria que agora apresentamos ao leitor, cada obra fala por si, mas também ecoa a alma de quem as pintou, uma mulher que transforma tudo o que toca em cultura, beleza e exemplo. 

Nas telas, nas palavras e nos gestos, Matilde Slaibi Conti revela a harmonia rara de quem faz da vida uma obra aberta ao tempo. Seu talento para as artes plásticas não é apenas uma expressão estética, mas uma ponte que liga passado, presente e futuro com elegância e emoção. 

Que ela continue a nos inspirar, não apenas com suas pinceladas sobre a tela ou seus entalhes na madeira, mas, sobretudo com a grandeza de uma trajetória que transforma cultura em legado e arte em luz para todos nós. 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural

 

O SEQUENCIAL SÃO FOTOS DE PINTURAS

DE MATILDE SLAIBI CONTI













Oratório entalhado em madeira tipo cedro.

Pintura feita em cima da folha de ouro.

Matilde, Carlos Eduardo 
e o saudoso José França Conti







EFEMÉRIDE | FOCUS PORTAL CULTURAL | 189 ANOS DO NASCIMENTO DE ANTÔNIO CARLOS GOMES

No compasso do tempo, o dia 11 de julho ressoa como um acorde imortal na memória cultural do Brasil. Foi nessa data, em 1836, que nasceu Antônio Carlos Gomes, o gênio que ultrapassou fronteiras, fazendo do nosso canto um hino universal. 

O Focus Portal Cultural, sob a direção do jornalista e escritor Alberto Araújo, reverencia este mestre cujas partituras ecoaram nos salões mais prestigiados da Europa. Primeiro compositor brasileiro a ter suas obras aclamadas no lendário Teatro alla Scala, em Milão, Carlos Gomes inscreveu para sempre o Brasil no grande palco da ópera mundial.

Autor da consagrada O Guarani, uma obra que ainda vibra no coração nacional, Patrono da Cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Música e fundador da instituição de ensino que leva seu nome, em Duque de Caxias, perpetuando sua paixão pela arte e pela educação. 

Sua genialidade e legado foram eternizados no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, selando o nome de Carlos Gomes como símbolo de talento, coragem e identidade cultural. Hoje, celebramos não apenas o nascimento de um compositor, mas o renascimento constante de sua obra que, século após século, reafirma a força da música brasileira no concerto do mundo. 

A propósito, vale ressaltar um momento recente que ecoa essa herança: o talentoso maestro e compositor Noel Nascimento, neto da escritora Dalma Nascimento e tetraneto do regente brasileiro Augusto Portugal, brilhou ao reger a protofonia de O Guarani, de Carlos Gomes, no dia 2 de maio de 2022, no majestoso Teatro Strathmore Music Center, em Washington, representando o Brasil com maestria. 

Por uma feliz coincidência do destino, seu tetravô, Augusto Portugal, foi justamente o primeiro maestro a reger, no Brasil, essa mesma peça que se tornaria símbolo nacional. O Guarani é uma ópera em quatro atos que marcou a história da música de concerto brasileira e tornou-se amplamente conhecida por servir, durante muitos anos, como tema de abertura da tradicional “Voz do Brasil”, melodia que todo brasileiro já ouviu ao menos uma vez na vida. 

O artista Noel Nascimento, que recentemente retornou ao Brasil para visitar familiares, segue conquistando seu espaço no cenário da música clássica e operística internacional. Nós, do Focus Portal Cultural, cumprimentamos com orgulho este jovem brasileiro, que honra a memória de seus antepassados e confirma, com talento e dedicação, que a arte nacional continua viva e pulsante nas novas gerações. 

@ Alberto Araújo


ANTÔNIO CARLOS GOMES: O MAESTRO QUE DEU VOZ AO BRASIL

No compasso do tempo, 11 de julho de 1836 ressoa como um acorde imortal na história do Brasil. Nesse dia nasceu, em Campinas (SP), Antônio Carlos Gomes, filho do maestro de banda Manuel José Gomes e de Fabiana Maria Cardoso. Desde cedo, Carlos respirou música: aos 15 anos já compunha valsas, polcas e modinhas, e aos 18 apresentou sua primeira missa, reunindo talento e sensibilidade para emocionar plateias. 

Em busca de aperfeiçoamento, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ingressou no Conservatório Imperial. Lá, surpreendeu a corte com suas primeiras óperas: A Noite do Castelo (1861) e Joana de Flandres (1863), esta última responsável por garantir ao jovem compositor uma bolsa de estudos na Europa, concedida pelo imperador Dom Pedro II, grande incentivador das artes. 

Na Itália, berço da ópera, Carlos Gomes brilhou. Formou-se regente e compositor em apenas três anos no Conservatório de Milão. Em 1870, alcançou o auge: estreou Il Guarany, baseada na obra de José de Alencar, no lendário Teatro alla Scala, em Milão. Foi o primeiro compositor brasileiro e também o primeiro das Américas, a ter uma ópera celebrada nos palcos mais prestigiados da Europa. Grandes nomes como Verdi e Liszt reconheceram nele um talento "genuinamente genial". 

O êxito europeu não apagou suas raízes brasileiras. Ao longo da carreira, Carlos Gomes traduziu em suas partituras a alma nacional, combinando o romantismo europeu com elementos locais, como nas óperas Fosca, Salvator Rosa, Maria Tudor, Lo Schiavo (onde compôs a famosa Alvorada), Condor e no poema sinfônico Colombo. Em Lo Schiavo, destacou-se pela crítica social, abordando de forma pioneira o tema da escravidão. 

Mesmo consagrado no exterior, manteve laços profundos com o Brasil. Fundou a instituição de ensino Carlos Gomes em Duque de Caxias e, em 1895, assumiu a direção do Conservatório de Música de Belém. Seus últimos anos, porém, foram marcados por problemas de saúde; faleceu em 16 de setembro de 1896, em Belém, aos 60 anos. Seu corpo foi trasladado para Campinas, onde repousa sob o imponente Monumento Túmulo Carlos Gomes, símbolo de respeito e orgulho nacional.

Carlos Gomes tornou-se Patrono da Cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Música e, em 2017, teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Seus manuscritos e documentos foram reconhecidos pela UNESCO no Programa Memória do Mundo, celebrando a ponte cultural entre Brasil e Europa construída por sua arte. 

Mais do que um compositor, Antônio Carlos Gomes foi um visionário que ousou dar voz ao Brasil no grande palco do mundo. Um homem que, com talento, coragem e paixão, eternizou no som da ópera a alma de um povo  e fez de cada nota um canto de identidade, liberdade e beleza. 

© Alberto Araújo

 












QUANDO FLORES RARAS PERFUMAM SALÕES ANTIGOS - CRÔNICA DE ALBERTO ARAÚJO

“E assim seguimos celebrando: 

porque o talento verdadeiro não pede licença, apenas floresce. 

E quando floresce, faz do mais antigo dos jardins 

um lugar sempre novo, sempre vivo”- Alberto Araújo.


Alguns acontecimentos trazem consigo a leveza do vento ao amanhecer. Foi assim que chegou a notícia em 10 de julho de 2025: Ana Maria Gonçalves, autora do inesquecível “Um defeito de cor”, conquistou um lugar na Academia Brasileira de Letras. Não apenas sentou-se à mesa, mas trouxe, no gesto, a brisa nova de quem cultiva palavras como quem semeia esperança. 

Não é só um assento que se ocupa, é um jardim inteiro que se abre. É o eco suave de vozes antigas se encontrando com outras, mais recentes, que também têm o que dizer, cantar, escrever. 

O professor Waldeck Carneiro, que também semeia palavras na Academia Fluminense de Letras, celebrou essa chegada com alegria sincera. Em suas palavras, havia mais que uma saudação: havia o reconhecimento de que a literatura floresce melhor quando acolhe todas as formas de beleza. E lembrou, com respeito e admiração, da presidência de Márcia Pessanha, escritora que conduz a casa das letras fluminenses com o cuidado delicado de quem entende que cada palavra tem raiz, caule e flor. 

A literatura, quando verdadeira, não pede permissão: ela floresce. Transforma muros em canteiros, transforma silêncio em canto. E Ana Maria Gonçalves não chegou sozinha: trouxe consigo o aroma de muitas primaveras guardadas, de histórias costuradas com coragem, memória e sensibilidade.

É bonito ver, nesses salões antigos, novas flores encontrarem o seu espaço. É bonito saber que, para além das paredes, quem floresce faz renascer caminhos, inspira novos passos, renova o ar. 

E assim, seguimos: celebrando o talento que floresce onde encontra solo fértil, água limpa e mãos que cuidam. Porque no coração da literatura, sempre há lugar para mais cor, mais vida, mais poesia. 

No fim, tudo se resume a isso: a palavra floresce onde há coragem de plantar. 

© Alberto Araújo

 

COMENTÁRIO DE WALDECK CARNEIRO

 

Waldeckcarneiro disse: Ana Maria Gonçalves é a primeira mulher negra eleita para a @abletras_oficial (Academia Brasileira de Letras), em quase 130 anos de existência da Casa de Machado de Assis, não obstante a relevantíssima produção literária de escritoras negras brasileiras ao longo das últimas décadas! É um marco! Parabéns à autora do clássico “Um defeito de cor”, que rompeu essa enorme barreira, abrindo espaço, espera-se, para que outras literatas negras tomem assento na ABL. Como parlamentar que fundou, na ALERJ, o Fórum Permanente de Diálogo com as Mulheres Negras do RJ (ao lado das deputadas @delmartharocha e @tiaju10 ) e como membro da Academia de Letras do Estado do RJ ( @acadfluletras ), que é presidida por Márcia Pessanha, talentosa escritora negra (@pessanha207 ), afirmo com entusiasmo e convicção: o lugar da mulher negra é onde ela quiser! Inclusive na Academia Brasileira de Letras! 

Clicar no link para ler o comentário original de Waldeck Carneiro em seu Instagram:

https://www.instagram.com/p/DL-DOzCRHCr/?igsh=MjJmd211OGI2ZWdp

 

 


 

SONETO PARA ALBA HELENA CORRÊA - HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL

 


LUZ DA TROVA E DO SONETO - HOMENAGEM A ALBA HELENA CORRÊA

No dia 11 de julho, data em que celebramos seu aniversário natalício, o Focus Portal Cultural, na pessoa de seu diretor e jornalista Alberto Araújo, presta um tributo especial à notável Alba Helena Corrêa. 

Eis, companheira Alba Helena Corrêa, um soneto que imprimo com afeto no seu coração, como sincera homenagem àquela que, por tantos, é chamada Rainha do Soneto. Que estas palavras a levem, além da forma e da métrica, todo o respeito, o carinho e a admiração por sua arte que encanta, inspira e permanece. Receba, pois, este verso como quem oferece flores a quem já fez da poesia um jardim eterno. 

© Alberto Araújo 


SONETO PARA ALBA HELENA CORRÊA


Aurora viva em trovas sem fronteira,

Mestra do verbo, estrela a cintilar;

Do saber fez caminho e fez bandeira,

do verso fez jardim a perfumar.

 

Entre cordéis, sonetos, na ladeira

do tempo, ergueu um templo a iluminar;

E em pétalas de rima, a vida inteira

Semeará ternura no olhar.

 

Mãos que ensinam, palavras que ressoam,

Voz que encanta, lembranças que abençoam,

E um coração que ao mundo se derrama.

 

Alba Helena, trovadora tão querida,

Na arte fez do tempo eterna vida,

No peito acende a poesia e inflama.


© Alberto Araújo

11 de julho.

Homenagem a Alba Helena Corrêa,

no dia do aniversário natalício.


Pedagoga por vocação, mestra por formação e trovadora por essência, Alba Helena ergueu pontes entre a educação e a poesia, deixando marcas profundas e inesquecíveis em cada trajetória que abraçou. Sua história é entrelaçada não apenas pelo rigor acadêmico e pelos 33 anos de dedicação à docência, mas, sobretudo, por uma devoção genuína à arte de emocionar com as palavras. 

Ao longo de décadas, transformou-se em referência maior no universo da trova, do soneto, do cordel e da crônica, conquistando mais de 700 prêmios em certames nacionais e internacionais e ocupando cadeiras em respeitadas academias literárias. É autora de incontáveis trovas, sonetos e cordéis que, longe de serem apenas composições, são testemunhos vivos de sua sensibilidade, inteligência e paixão inabalável pelo verbo poético. 

“Alba” significa aurora, o instante em que o sol toca a terra para acender esperanças — e assim também é Alba Helena para a cultura brasileira: uma presença que clareia caminhos, aquece corações e inspira gerações. Seu talento floresceu ao encontro do saudoso trovador Antônio Bispo dos Santos, mas sua chama já ardia, silenciosa e intensa, até explodir em um vulcão de versos que hoje alimenta e encanta amantes da poesia por todo o país e além-mar. 

Nos Jogos Florais, nas academias, nas páginas impressas ou declamando ao vivo, Alba não apenas participa: ela faz pulsar a alma do movimento trovadoresco. Sua obra transborda generosidade e humor, filosofia e lirismo, testemunhando o poder transformador da palavra bem dita e bem sentida. 

Neste dia que marca seus bem vividos anos, saudamos a mestra, a poeta, a amiga e a estrela que jamais deixa de brilhar. Que sua trajetória continue sendo farol para os que acreditam que a poesia, mais do que um dom, é um modo sublime de existir. 

O Focus Portal Cultural a parabeniza, com gratidão e respeito, por toda uma vida dedicada a semear beleza e emoção no solo fértil da cultura. Que sua luz siga, sempre, iluminando caminhos e corações. 

© Alberto Araújo


ALBA HELENA CORRÊA - A AURORA DA TROVA E DA POESIA 

Alba Helena Corrêa é, antes de tudo, sinônimo de luz e permanência. Nascida para ensinar, educar e poetizar, construiu ao longo de nove décadas uma trajetória exemplar que une rigor acadêmico, paixão pelo saber e uma entrega absoluta à arte da palavra. 

Formada em Pedagogia e pós-graduada em Orientação Educacional pela Faculdade Nacional de Filosofia, tornou-se Mestre em Educação na área de Métodos e Técnicas pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi professora concursada de 2º grau, dedicando-se com amor e disciplina ao magistério por 33 anos em cada cargo que exerceu em dupla regência, até se aposentar, deixando como legado não apenas o conteúdo ensinado, mas, sobretudo, o exemplo vivo de educadora apaixonada pelo que faz. 

O encontro com a poesia, no entanto, não foi obra do acaso, mas do destino. Em 1996, um diálogo com o saudoso trovador Antônio Bispo dos Santos, então presidente da Academia Brasileira de Trovas, despertou uma chama que logo se tornaria vulcão criativo. Desde então, Alba Helena revelou-se trovadora, sonetista, cordelista, cronista, contista, declamadora diplomada e presença vibrante em diversos gêneros literários, sempre movida por uma sensibilidade rara e um rigor técnico admirável. 

Sua produção é vasta e premiadíssima: são mais de 734 classificações em concursos literários no Brasil e no exterior, além da participação em mais de 100 antologias e publicações em revistas e jornais. Alba já foi laureada em concursos promovidos pela Organização Mundial da Trova e por instituições culturais em países como Portugal, Espanha, México, Argentina, Canadá, Japão, República Dominicana, Estados Unidos, Venezuela e Cuba, prova incontestável do alcance universal de sua poesia. 

A autora é recordista em trovas, sonetos e cordéis: são mais de 300 sonetos reunidos na coletânea Sonetos Prateados e Dourados, e mais de 2 mil trovas classificadas em três volumes especiais: Trovas para Sonhar, Trovas para Filosofar e Trovas para Rir. Também publicou cordéis que receberam elogios e prefácios entusiasmados de nomes ilustres como Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. 

Sua atuação vai muito além da escrita: Alba Helena integra, como membro efetivo, academias literárias de grande prestígio, como a Academia Fluminense de Letras (AFL), a Academia Brasileira de Trova (ABT), a Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) e a Academia Niteroiense de Letras (ANL). É ainda membro da UBT Nacional, UBT Rio de Janeiro e UBT Niterói, associada da ANE (Associação Niteroiense de Escritores), além de membro correspondente de academias em diferentes estados do Brasil, como a Academia Cachoeirense de Letras (ES) e a Academia Itaperunense de Letras, e do Ateneu Angrense de Letras e Artes. Seu compromisso com a cultura lusófona também se manifesta na cofundação da Academia de Letras e Artes Lusófonas e em sua participação no Clube Simpatia de Algarve, em Portugal. 

Mas Alba Helena não é apenas escritora e acadêmica: é também incentivadora, coordenadora e jurada de concursos literários, sempre presente em Jogos Florais e eventos culturais, nos quais é recebida com homenagens e carinho. Sua dedicação se estende a projetos sociais, como o Ouro da Casa, que coordena na Universidade Aberta da Terceira Idade (UNIVERTI), onde orienta e inspira novos talentos da literatura e da arte, além de colaborar ativamente no jornal Unidade. 

Com uma vida dedicada a servir, seja como professora, trovadora ou voluntária da cultura, Alba Helena Corrêa transformou cada palavra em ponte, cada verso em afeto, cada gesto em contribuição para o engrandecimento da arte e do espírito humano. Sua existência é, como bem traduz seu nome, uma aurora constante: renova, aquece, emociona e permanece. 

E assim, entre trovas, sonetos, cordéis e abraços, Alba Helena segue escrevendo não apenas literatura, mas história. Uma história de luz, de beleza e de generosidade, que faz dela um verdadeiro patrimônio vivo da cultura brasileira.





MARCO ZERO - O ATELIÊ COMO TERRITÓRIO VIVO DA ARTE BRASILEIRA - RESENHA DE ALBERTO ARAÚJO

“Marco Zero” é uma obra que mergulha no universo íntimo e simbólico dos ateliês de artistas contemporâneos brasileiros, revelando muito mais do que simples espaços de criação: apresenta territórios de reflexão, experimentação e memória. O livro nasce da colaboração entre Silvana Monteiro de Carvalho, Gustavo Malheiros e outros profissionais, trazendo ensaios fotográficos que registram ambientes de trabalho de 12 artistas renomados. 

A curadora Lilian Tone e outros autores assinam textos profundos que contextualizam historicamente e teoricamente a importância do ateliê, abordando desde a sua função clássica como “lugar sagrado” da criação até as transformações recentes que desafiam essa centralidade, como a “pós-atelier” de Daniel Buren ou as fábricas colaborativas de Andy Warhol e Olafur Eliasson. Essa reflexão amplia a visão sobre como o ateliê pode ser ao mesmo tempo espaço de recolhimento e de produção coletiva, lugar de liberdade e também de tensão criativa. 

Publicada em novembro de 2024, pela Editora Arte Ensaio, Marco Zero é uma obra robusta, em capa dura, com 248 páginas e formato generoso, 24 x 29 cm, que se propõe a revelar os bastidores da criação artística no Brasil contemporâneo. Organizado pela curadora Lilian Tone e pelo fotógrafo Gustavo Malheiros, o livro parte de uma premissa instigante: o ateliê não é apenas um espaço de trabalho, mas quase uma entidade autônoma, carregada de simbologias e significados próprios. Com sensibilidade e rigor, o projeto reúne textos críticos, ensaios fotográficos e relatos das artistas para lançar um olhar íntimo e crítico sobre doze mulheres que se tornaram nomes fundamentais da arte brasileira. 

Ao centro da narrativa visual e teórica estão doze artistas contemporâneas de distintas gerações e linguagens: Regina Silveira, Adriana Varejão, Erika Verzutti, Jac Leirner, Maria Klabin, Renata Lucas, Leda Catunda, Sofia Borges, Mônica Nador, Iole de Freitas, Maria Laet e Beatriz Milhazes. Essa seleção valoriza não apenas a força da produção feminina na arte nacional, mas também revela a pluralidade de suas práticas, que transitam por pintura, instalação, escultura, fotografia e intervenção urbana.

O livro combina diferentes camadas: textos críticos assinados por Lilian Tone, referências históricas como Vermeer, Courbet, Bruce Nauman e Daniel Buren, além de reflexões sobre a Factory de Andy Warhol e o ateliê expandido de Olafur Eliasson. Essa abordagem amplia o debate, mostrando que a discussão sobre o ateliê vai além da idealização romântica, sendo atravessada por transformações políticas, econômicas e culturais que questionam a própria centralidade desse espaço. 

As fotografias de Gustavo Malheiros, realizadas entre 2017 e 2018, são mais do que simples registros documentais: são ensaios sensíveis que captam texturas, luzes, volumes e detalhes que revelam o modo particular como cada artista constrói seu espaço criativo. Esses retratos do cotidiano artístico incluem prateleiras abarrotadas, paredes riscadas, mesas repletas de tintas, objetos afetivos, livros e talismãs — sinais materiais de um processo invisível que antecede a obra final. Ao mesmo tempo, os textos escritos pelas próprias artistas reforçam a dimensão subjetiva desse espaço, transformando o estúdio em voz, memória e método. 

Além disso, Marco Zero situa o estúdio como tema central de reflexão crítica: lugar de recolhimento, mas também de exposição; de ordem e de acaso; de solidão criativa e de colaboração; de mito e de realidade. Ao discutir casos como Bruce Nauman, que transformou o estúdio em performance, ou Buren, que problematizou a dependência da obra ao ateliê, o livro evidencia que o ateliê pode ser espaço de liberdade, mas também de aprisionamento simbólico. 

Marco Zero não é apenas um livro bonito ou um tributo ao fazer artístico: é uma obra que provoca o leitor a pensar criticamente sobre onde, como e por que a arte acontece. Ao valorizar a potência criativa das mulheres artistas brasileiras e ao expor a intimidade de seus processos sem mitificá-los, o livro constrói uma ponte entre público e artista, revelando que o ateliê permanece um território vivo, dinâmico e em constante reinvenção.

Nesse sentido, a publicação cumpre com êxito seu propósito: reduzir a distância entre a arte e quem a contempla, sem perder a consciência crítica de que o ateliê é ao mesmo tempo espaço real, símbolo cultural e metáfora existencial. É um convite para entrar no “santuário” onde a arte se faz, sem nunca esquecer que, ali, o risco, o erro e a experimentação são tão importantes quanto a obra pronta.

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural

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GRATIDÃO NO MARCO ZERO DE UM NOVO TEMPO

Registro aqui meu sincero agradecimento aos jovens coauxiliares da cerimonialista Lucy Decache, Bruna Ferreira, Jonathan Santiago de Borges Oliveira e Nycollas Rastrelli que, com simpatia e dedicação, tornaram ainda mais especial a solenidade de Fundação do Rotary Club Niterói Novos Tempos, presidido por Ângela Riccomi em 08 de julho de 2025. 

Com gestos de gentileza e atenção, esses três jovens foram responsáveis por ofertar às personalidades presentes o livro Marco Zero, acompanhado de um delicado marcador que trazia as palavras: "Obrigada pela presença no Marco Zero do Rotary Club de Niterói Novos Tempos" — Angela Riccomi de Paula – Presidente e Associados. 

Tive a honra de receber essa imponente obra durante o evento, gesto que simboliza não apenas um presente, mas também o início de um ciclo marcado por cultura, memória e novos horizontes para a comunidade rotariana de Niterói. 

Meu muito obrigado a Bruna, Jonathan e Nycollas pelo carinho e pelo cuidado neste momento que já faz parte da história. 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural