sexta-feira, 11 de julho de 2025

EFEMÉRIDE | FOCUS PORTAL CULTURAL | 189 ANOS DO NASCIMENTO DE ANTÔNIO CARLOS GOMES

No compasso do tempo, o dia 11 de julho ressoa como um acorde imortal na memória cultural do Brasil. Foi nessa data, em 1836, que nasceu Antônio Carlos Gomes, o gênio que ultrapassou fronteiras, fazendo do nosso canto um hino universal. 

O Focus Portal Cultural, sob a direção do jornalista e escritor Alberto Araújo, reverencia este mestre cujas partituras ecoaram nos salões mais prestigiados da Europa. Primeiro compositor brasileiro a ter suas obras aclamadas no lendário Teatro alla Scala, em Milão, Carlos Gomes inscreveu para sempre o Brasil no grande palco da ópera mundial.

Autor da consagrada O Guarani, uma obra que ainda vibra no coração nacional, Patrono da Cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Música e fundador da instituição de ensino que leva seu nome, em Duque de Caxias, perpetuando sua paixão pela arte e pela educação. 

Sua genialidade e legado foram eternizados no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, selando o nome de Carlos Gomes como símbolo de talento, coragem e identidade cultural. Hoje, celebramos não apenas o nascimento de um compositor, mas o renascimento constante de sua obra que, século após século, reafirma a força da música brasileira no concerto do mundo. 

A propósito, vale ressaltar um momento recente que ecoa essa herança: o talentoso maestro e compositor Noel Nascimento, neto da escritora Dalma Nascimento e tetraneto do regente brasileiro Augusto Portugal, brilhou ao reger a protofonia de O Guarani, de Carlos Gomes, no dia 2 de maio de 2022, no majestoso Teatro Strathmore Music Center, em Washington, representando o Brasil com maestria. 

Por uma feliz coincidência do destino, seu tetravô, Augusto Portugal, foi justamente o primeiro maestro a reger, no Brasil, essa mesma peça que se tornaria símbolo nacional. O Guarani é uma ópera em quatro atos que marcou a história da música de concerto brasileira e tornou-se amplamente conhecida por servir, durante muitos anos, como tema de abertura da tradicional “Voz do Brasil”, melodia que todo brasileiro já ouviu ao menos uma vez na vida. 

O artista Noel Nascimento, que recentemente retornou ao Brasil para visitar familiares, segue conquistando seu espaço no cenário da música clássica e operística internacional. Nós, do Focus Portal Cultural, cumprimentamos com orgulho este jovem brasileiro, que honra a memória de seus antepassados e confirma, com talento e dedicação, que a arte nacional continua viva e pulsante nas novas gerações. 

@ Alberto Araújo


ANTÔNIO CARLOS GOMES: O MAESTRO QUE DEU VOZ AO BRASIL

No compasso do tempo, 11 de julho de 1836 ressoa como um acorde imortal na história do Brasil. Nesse dia nasceu, em Campinas (SP), Antônio Carlos Gomes, filho do maestro de banda Manuel José Gomes e de Fabiana Maria Cardoso. Desde cedo, Carlos respirou música: aos 15 anos já compunha valsas, polcas e modinhas, e aos 18 apresentou sua primeira missa, reunindo talento e sensibilidade para emocionar plateias. 

Em busca de aperfeiçoamento, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ingressou no Conservatório Imperial. Lá, surpreendeu a corte com suas primeiras óperas: A Noite do Castelo (1861) e Joana de Flandres (1863), esta última responsável por garantir ao jovem compositor uma bolsa de estudos na Europa, concedida pelo imperador Dom Pedro II, grande incentivador das artes. 

Na Itália, berço da ópera, Carlos Gomes brilhou. Formou-se regente e compositor em apenas três anos no Conservatório de Milão. Em 1870, alcançou o auge: estreou Il Guarany, baseada na obra de José de Alencar, no lendário Teatro alla Scala, em Milão. Foi o primeiro compositor brasileiro e também o primeiro das Américas, a ter uma ópera celebrada nos palcos mais prestigiados da Europa. Grandes nomes como Verdi e Liszt reconheceram nele um talento "genuinamente genial". 

O êxito europeu não apagou suas raízes brasileiras. Ao longo da carreira, Carlos Gomes traduziu em suas partituras a alma nacional, combinando o romantismo europeu com elementos locais, como nas óperas Fosca, Salvator Rosa, Maria Tudor, Lo Schiavo (onde compôs a famosa Alvorada), Condor e no poema sinfônico Colombo. Em Lo Schiavo, destacou-se pela crítica social, abordando de forma pioneira o tema da escravidão. 

Mesmo consagrado no exterior, manteve laços profundos com o Brasil. Fundou a instituição de ensino Carlos Gomes em Duque de Caxias e, em 1895, assumiu a direção do Conservatório de Música de Belém. Seus últimos anos, porém, foram marcados por problemas de saúde; faleceu em 16 de setembro de 1896, em Belém, aos 60 anos. Seu corpo foi trasladado para Campinas, onde repousa sob o imponente Monumento Túmulo Carlos Gomes, símbolo de respeito e orgulho nacional.

Carlos Gomes tornou-se Patrono da Cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Música e, em 2017, teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Seus manuscritos e documentos foram reconhecidos pela UNESCO no Programa Memória do Mundo, celebrando a ponte cultural entre Brasil e Europa construída por sua arte. 

Mais do que um compositor, Antônio Carlos Gomes foi um visionário que ousou dar voz ao Brasil no grande palco do mundo. Um homem que, com talento, coragem e paixão, eternizou no som da ópera a alma de um povo  e fez de cada nota um canto de identidade, liberdade e beleza. 

© Alberto Araújo

 












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