sábado, 26 de julho de 2025

ENTRE ELAS, EU: UM DIA PINTADO DE AFETO ELLES, ALEGRIA E O TEMPO - PROSA POÉTICA DE ALBERTO ARAÚJO


Na curva luminosa de um dia que me pertencia, reencontrei a arte vestida de afeto. Foi num espaço onde a cidade abre o peito ao vento e à cor, e a exposição dançava diante dos olhos como um poema pintado. Entre vozes queridas e gestos que aquecem a alma, senti que cada obra pulsava algo que ia além da tela: a presença invisível da amizade, costurada em cada sorriso. 

Angela Cardoso, com sua elegância de quem traz no olhar terras distantes e saberes profundos, falava da paixão pela língua que nos une e da história viva desse lugar que nasceu do sonho e virou abrigo. Suas palavras eram como pétalas lançadas ao vento, lembrando que até mesmo um bairro pode nascer do encontro entre coragem e delicadeza. 

Ali, no coração da arte, Ana Maria Tourinho surpreendeu-me com um gesto maior que o tempo: uma celebração bordada de ternura, onde amigos: Juçara Valverde, Angela Guerra, Beatriz Dutra, Yara Monteiro, Vera Benzecry e seu companheiro Roberto, Rosa Meleu, Regina Guimmarães e tantos outros fizeram do instante uma eternidade. 

Recebi, como quem acolhe um presente da brisa, a obra "ELAS e ela, a Poesia", costurada pelo talento de Juçara Valverde como organizadora e das coautoras Ana Maria Tourinho, Angela Guerra e Ascención Chanqués. E compreendi que, mais do que comemorar mais um ano, celebrávamos juntos a força que nos faz continuar: essa estranha e divina alegria de estarmos vivos, de sermos palavra, imagem e abraço.

No silêncio que veio depois, percebi que alguns encontros não cabem em calendários nem em decretos: eles florescem no coração, onde moram as lembranças que o tempo não apaga. 

ANIVERSÁRIO NA BARRA: QUANDO A ARTE CELEBRA A AMIZADE 

Soube recentemente, pelas palavras elegantes da curadora Angela Cardoso — carioca de nascença, bacharel em direito pela UERJ, diplomada em Análise de Estudos Europeus pela UCL, na Bélgica, e em Contabilidade e Auditoria na Chambre Belge des Comptables — que a Barra da Tijuca foi oficialmente criada como bairro no dia 23 de julho de 1981. Essa data, que já pertencia ao calendário afetivo da minha vida por ser o meu aniversário, passou a ganhar ainda mais significado ao descobrir que, naquele mesmo 23 de julho, a cidade reconhecia oficialmente um território que nasceu para crescer, acolher e reinventar histórias. 

A Barra, sonhada ainda na década de 1960 pelo urbanista Lúcio Costa, tornou-se realidade urbana através do Decreto nº 3.158, integrando a XXIV Região Administrativa do Rio de Janeiro. Cresceu entre mares e lagoas, entre o concreto dos prédios e a poesia dos espaços que acolhem encontros. E foi ali, no Shopping Città América — coração pulsante da modernidade e da arte — que vivi, neste 23 de julho, mais um capítulo inesquecível da minha própria história. 

Estive presente na abertura da exposição ELLES MITRAILLENT – Alegria, que reuniu artistas que traduzem em imagens toda a força da expressão feminina. Ali, cercado por cores, texturas e sentimentos, fui surpreendido: a querida Ana Maria Tourinho, além de autografar suas obras, organizou, com generosidade e ternura, uma comemoração surpresa pelo meu aniversário. Um gesto que fez a arte ganhar perfume de amizade e calor de abraço. 

Descobri, nesse encontro que costura datas e destinos, que aniversariar na Barra da Tijuca é também festejar a capacidade infinita da arte de unir histórias e pessoas. E que as palavras ditas por Angela Cardoso, naquele instante, ficaram gravadas como uma epígrafe no meu próprio livro da memória:

"O que faz um bairro, uma cidade ou um aniversário serem inesquecíveis é sempre o traço humano que neles habita — há encontros que não sabem do tempo nem do lugar; sabem apenas florescer onde mora a memória."

© Alberto Araújo

 


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