No dia 20 de julho de 1897, na alma vibrante do Rio de Janeiro, floresceu um dos mais nobres jardins da cultura brasileira: a Academia Brasileira de Letras, sonho tecido pelas mãos de Machado de Assis e de outros imortais que ousaram eternizar a palavra.
Fundada para ser o templo da língua portuguesa e da literatura nacional, a ABL tornou-se, ao longo de 128 anos, guardiã de histórias, saberes e tradições que moldam nossa identidade. É nela que as letras encontram abrigo; que a memória do Brasil respira em cada Cadeira ocupada por quem fez da escrita um ato de amor e resistência.
Hoje, reverenciamos não apenas a data histórica, mas também a força simbólica que essa casa representa. Um espaço que transcende gerações, onde passado e presente se entrelaçam na busca incansável pela beleza, pela reflexão e pelo diálogo.
O Focus Portal Cultural exalta essa celebração como quem saúda uma árvore centenária, cujas raízes firmes sustentam os sonhos futuros. Que o espírito fundante de Machado de Assis continue a inspirar novos autores, novas vozes e novos olhares sobre o Brasil.
Parabéns, Academia Brasileira de
Letras!
Que sigas sendo farol da cultura, da liberdade de expressão e do encantamento que só as palavras podem semear.
Site da Instituição: https://www.academia.org.br
© Alberto Araújo
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS — 128 ANOS DE IMORTALIDADE DA PALAVRA
No coração do Rio de Janeiro, ergue-se desde 20 de julho de 1897 um dos mais nobres monumentos da cultura brasileira: a Academia Brasileira de Letras (ABL).
Idealizada por grandes nomes como Machado de Assis, Lúcio de Mendonça, Inglês de Sousa, Olavo Bilac, Joaquim Nabuco, Afonso Celso, Graça Aranha, Medeiros e Albuquerque, Teixeira de Melo, Visconde de Taunay e Ruy Barbosa, nasceu sob o sopro da inspiração e do desejo de eternizar a palavra.
Inspirada nos moldes da Academia Francesa, a ABL é composta por quarenta membros efetivos e perpétuos, conhecidos como “imortais” e conta ainda com vinte sócios estrangeiros correspondentes. Desde a sua origem, tem como missão maior o cultivo e a valorização da língua portuguesa e da literatura brasileira, sendo reconhecida historicamente pelos seus esforços na unificação do idioma, no diálogo entre o português do Brasil e o de Portugal e na construção de acordos ortográficos, como os de 1945 e 1990.
No fim do século XIX, nomes como Afonso Celso Júnior (no Império) e Medeiros e Albuquerque (na República) defenderam a criação de uma academia literária que representasse oficialmente a literatura nacional. A força da Revista Brasileira, dirigida por José Veríssimo, ajudou a reunir os principais escritores da época, transformando ideia em realidade.
Coube a Lúcio de Mendonça dar o passo decisivo ao propor uma academia de letras, inicialmente pensada sob a égide do Estado, mas que, diante da recusa governamental, nasceu como instituição privada e independente. Em 15 de dezembro de 1896, na redação da Revista Brasileira, na Travessa do Ouvidor, nº 31, aconteceu a primeira sessão preparatória, na qual Machado de Assis foi aclamado presidente.
Após várias reuniões, a sessão inaugural ocorreu em 20 de julho de 1897, no museu Pedagogium, à Rua do Passeio, reunindo dezesseis acadêmicos fundadores. Na ocasião, Machado fez a alocução de abertura, Rodrigo Otávio leu a memória histórica dos atos preparatórios e Joaquim Nabuco proferiu o discurso inaugural.
Os estatutos foram assinados por Machado de Assis (presidente); Joaquim Nabuco (secretário-geral); Rodrigo Otávio (1º secretário); Silva Ramos (2º secretário); e Inglês de Sousa (tesoureiro). Para completar o quadro de quarenta membros, outros dez nomes foram escolhidos, entre eles Aluísio Azevedo, Raimundo Correia, Clóvis Beviláqua, Oliveira Lima e Salvador de Mendonça.
Em 1923, graças ao esforço de Afrânio Peixoto e ao apoio do embaixador francês Raymond Conty, a ABL ganhou como sede o Petit Trianon, réplica carioca do palacete francês erguido originalmente em Versalhes no século XVIII. Tombado como patrimônio histórico, o edifício tornou-se um símbolo da tradição acadêmica e da hospitalidade cultural, abrigando até hoje sessões solenes, cerimônias de posse, visitas guiadas, ciclos de conferências, concertos e lançamentos literários.
A ABL também mantém o Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, construído entre 1958 e 1961 no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, onde repousam alguns de seus membros ilustres.
Além de zelar pela língua, a Academia publica a Revista da Academia Brasileira de Letras, promove eventos, conferências e concede prestigiados prêmios literários, como o Prêmio Machado de Assis, o Prêmio ABL de Poesia, o Prêmio ABL de Ficção e o Prêmio ABL de Ensaio e Crítica Literária. Entre as grandes realizações editoriais estão o Dicionário da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, lançado em 1967, e o Dicionário Ilustrado, editado em 1972.
Em sua história, a ABL já foi presidida por nomes como Machado de Assis (seu presidente perpétuo) e Austregésilo de Athayde, que permaneceu no cargo por quase 34 anos (1959–1993). Atualmente, é presidida por Merval Pereira, para o biênio 2022/2023 e reeleito para 2023-2025.
Entre os momentos históricos, destaca-se a eleição, em 1977, da escritora Rachel de Queiroz, primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia, marco que abriu as portas para outras vozes femininas.
Com seus 127 anos, a Academia Brasileira de Letras permanece como um espaço onde tradição e renovação convivem. Um templo da memória, que homenageia o passado sem perder de vista o futuro.
Mais que paredes, Cadeiras ou ritos, a ABL representa um compromisso eterno com a palavra, o pensamento e a beleza do idioma que nos une como nação. Que sua chama continue iluminando gerações!
Alberto Araújo
Editor e jornalista – Focus Portal Cultural
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