Foi num 23 de julho que Deus, em sua infinita poesia, me enviou à terra. Nasci e menino feliz em minha Luzilândia natal, onde a infância tinha cheiro de terra molhada, som de risadas e o brilho livre das manhãs.
Fui criança correndo atrás de cafifas que dançavam no vento, jogando bolas de gude no terreiro até perder a conta, banhando nas águas generosas do Velho Monge, que me ensinou cedo o segredo da travessia. Subi em árvores, colhi mangas no quintal, senti o suco escorrendo pelos dedos, era ali, naquele instante simples, que a vida me mostrava sua doçura primeira.
Hoje, moro longe daquele chão onde plantei minhas memórias, mas trago dentro de mim cada lembrança como quem guarda relíquias sagradas. A vida seguiu, e fui aprendendo a ser homem e homem feliz. Construí meu lar, encontrei na minha esposa Shirley um amor sereno, com quem reparto sonhos, silêncios e o tempo que Deus nos concede.
Neste dia que é meu, olho para trás e abraço o menino que fui, olho ao redor e agradeço pelo homem que me tornei. E olho para o alto, porque foi Ele quem me trouxe até aqui.
Hoje celebro não apenas mais um ano, mas a travessia inteira: o passado que me fez raiz, o presente que me faz florir, e o futuro, que entrego confiante nas mãos de Deus. Porque foi hoje, e só hoje, que Deus me enviou ao mundo e desde então, sigo honrando esse milagre chamado vida.
© Alberto Araújo
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