quarta-feira, 2 de julho de 2025

LETRAS QUE ILUMINAM — O BOLETRAS E A VOZ VIVA DA ACADEMIA FLUMINENSE DE LETRAS — EDIÇÃO 43 – JUNHO DE 2025

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Resenha de Alberto Araújo – Focus Portal Cultural 

“A palavra é ponte entre a memória e o futuro.” – Alberto Araújo.


A Academia Fluminense de Letras, sob a presidência da escritora e professora Márcia Pessanha, brinda a comunidade literária e acadêmica com mais uma edição do seu prestigiado periódico: o BOLETRAS — Boletim da Academia Fluminense de Letras, agora em sua 43ª edição, referente a junho de 2025. Mais do que um boletim, o BOLETRAS é um fanal cultural que ilumina as realizações, reflexões e movimentos internos da instituição, ecoando para além de seus salões o vigor intelectual de seus acadêmicos. 

A coordenação geral da presidente Márcia Pessanha, aliada à competente redação e diagramação de Christiane Victer, revela o compromisso de excelência e sensibilidade com que este periódico é elaborado. Cada edição carrega a alma da Academia — sua memória viva, seus encontros, seus lançamentos, seus afetos literários — e transforma-se em documento essencial para quem deseja acompanhar os caminhos da palavra em terras fluminenses. 

O BOLETRAS é um elo entre gerações de pensadores, escritores e leitores. É testemunho da vitalidade de uma Academia que permanece em diálogo constante com o tempo, com a cidade, com o Brasil e com a alma humana. 

A mensagem da presidente Márcia Pessanha

No coração da 43ª edição do BOLETRAS ecoa a voz lúcida e sensível da presidente Márcia Pessanha, que, em seu editorial, entrelaça temas fundamentais ao espírito acadêmico e humano: o respeito pela natureza, a defesa da cultura e a celebração da vida comunitária. 

Junho, como ela bem assinala, não é apenas um mês festivo: é um tempo de consciência. A lembrança do Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho, marca um chamado à urgência — à responsabilidade de proteger o planeta com ações e palavras, gestos e versos. E é justamente por meio da poesia, essa forma elevada de dizer e sentir, que a presidente nos conduz ao lirismo de Casimiro de Abreu, cujo canto à terra natal torna-se metáfora poderosa da preservação ambiental. 

Mas não se trata apenas da ecologia da terra: é também a ecologia do espírito — a preservação da língua, da literatura e dos valores culturais que sustentam nossa identidade. Por isso, a homenagem ao Dia de Camões, o recebimento das Caravanas Euclidianas e a evocação das festas juninas compõem, em seu editorial, um mosaico onde o sagrado, o popular e o acadêmico coexistem em harmonia viva. A “Tertúlia Poética e Musical”, promovida pela AFL em parceria com a ACAMERJ e a Associação Médica Fluminense, é exemplo desse espírito agregador que une saber e sabor, arte e ciência, letra e afeto. 

Com sabedoria e elegância, Márcia Pessanha reafirma o papel da Academia Fluminense de Letras como espaço de resistência poética, pensamento fértil e comunhão entre mundos, onde a palavra floresce como ponte entre passado, presente e futuro. 

A 43ª edição do BOLETRAS registra, com entusiasmo e profundidade, momentos marcantes que revelam o vigor cultural da Academia Fluminense de Letras — momentos em que a palavra extrapola o papel, ganha corpo, ocupa espaços e constrói pontes entre saberes, afetos e gerações.

Entre esses acontecimentos, destaca-se a recepção do Projeto Caravanas Euclidianas, realizado em 14 de junho na sede da AFL, em parceria com a Produtora Imagine Filmes e a Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ. Um encontro que trouxe à tona o pensamento vibrante de Euclides da Cunha, cuja obra Os Sertões continua a provocar reflexões urgentes sobre o Brasil profundo. A mesa de debates, integrada por nomes como Regina Abreu, Noilton Nunes, Alexei Bueno, José Huguenin e Márcia Pessanha, promoveu um diálogo fértil entre literatura, cinema, antropologia e história. O projeto, itinerante por natureza, transforma a erudição em partilha, levando Euclides para escolas e comunidades, como farol crítico e humanista. 

No dia 10 de junho, foi a vez de cruzar o Atlântico pela poesia, com a celebração do Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas, promovida pelo Clube Português de Niterói e pelo Centro da Comunidade Luso-Brasileira. A presença da presidente Márcia Pessanha, também governadora do Distrito 8 da Federação Elos Internacional, reafirma os laços profundos entre a cultura luso-brasileira e a missão da Academia: valorizar os clássicos, honrar a língua e celebrar os encontros da palavra com a memória. 

E porque a literatura também é festa, som e emoção, a Tertúlia Poética e Musical, no dia 26 de junho, revelou-se um dos pontos altos do mês. Em parceria com a Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (ACAMERJ) e a Associação Médica Fluminense (AMF), o evento uniu arte e ciência em uma noite de encantamento. Versos foram ditos com alma, melodias embalaram a partilha, e a presença de tantos acadêmicos reafirmou a beleza dos encontros que florescem na amizade. Foi um congraçamento onde a palavra se fez ponte entre instituições, pessoas e os mundos da razão e da emoção. 

A edição 43 do BOLETRAS segue registrando os passos largos e sensíveis da Academia Fluminense de Letras e seus acadêmicos na construção de um ambiente cultural plural, vibrante e afetivo. Os acontecimentos aqui reunidos reafirmam o compromisso com a arte viva, a memória compartilhada e a presença atuante nas celebrações da cultura fluminense. 

No dia 17 de junho, a Acadêmica Magda Belloti, com sua conhecida sensibilidade musical, emocionou o público na Sala Mário Tavares, no anexo do Theatro Municipal do Rio, durante o recital Uma Homenagem Musical a Maria Lucia Godoy. A apresentação foi um tributo à grande cantora lírica mineira, falecida aos cem anos, e incluiu depoimentos e registros audiovisuais que perpetuam sua importância na música erudita brasileira. A presença do Acadêmico Marcelo Caetano reforça o elo entre música, memória e literatura. 

A Academia Niteroiense de Letras, coirmã e parceira constante, celebrou com alegria seus 82 anos de existência em um almoço festivo no dia 26 de junho. A ocasião reuniu figuras destacadas como a presidente Márcia Pessanha, além de acadêmicos e amigos da cultura, em gesto de comunhão e continuidade que fortalece os laços entre instituições literárias da cidade. 

No mesmo dia, em São Gonçalo, o Acadêmico Erthal Rocha representou a AFL em solenidade na Câmara Municipal, na qual o ilustre poeta e atual presidente da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, foi homenageado com a Medalha Educativa Marlene Salgado. O evento também celebrou a posse do jornalista e escritor Rujany Martins como presidente da Academia Gonçalense de Letras, Artes e Ciências (AGLAC). Em clima de reconhecimento e justiça cultural, foi igualmente agraciado com honraria o desembargador Cláudio Brandão de Oliveira, com a Medalha do Mérito Patrícia Acioli, em noite memorável que congregou literatura, justiça e cidadania.

Encerrando o mês com harmonia e beleza, a Sociedade Fluminense de Fotografia, presidida pelo Acadêmico Antônio Machado, recebeu em sua sede, no dia 27 de junho, a inspiradora Orquestra de Cordas da Grota. Com regência do maestro e violinista Michael Rein, a apresentação, fruto de intercâmbio internacional, encheu o espaço de música de câmara e emoção. A presença de acadêmicos como Wainer da Silveira e Silva, Regina Coeli e da presidente Márcia Pessanha simbolizou o reconhecimento ao projeto de inclusão e formação social desenvolvido pela Comunidade da Grota, em Niterói, onde música e esperança caminham juntas. 

Encerramento da edição 43 do BOLETRAS

Ao findar esta edição, um gesto simbólico e profundamente comovente ocupa lugar de honra nas páginas do BOLETRAS: a doação de um conjunto de móveis históricos pertencentes ao professor Eugênio de Barros Raja Gabaglia, patrono da Cadeira nº 36 da Classe de Letras da AFL. 

Mais do que móveis, trata-se de um legado material impregnado de história e saber, que agora habita a sede da Academia como um relicário vivo da inteligência brasileira. A generosidade de D. Maria Angela Raja Gabaglia e do Dr. Rodolfo Raja Gabaglia transforma-se em ato de continuidade, amor à memória e respeito pelas raízes que sustentam a árvore das Letras.

Professor admirável, poliglota, cientista, educador e autor, Raja Gabaglia é lembrado não apenas por sua vastidão intelectual, mas por seu espírito pioneiro. Formado em todos os cursos da antiga Escola Politécnica do Rio de Janeiro, foi mestre em cálculo, astronomia, geografia, história natural, além de dominador de línguas e tradutor incansável. Uma mente iluminada que, com disciplina e sensibilidade, construiu pontes entre o saber e o ensino.

Com esta doação, perpetua-se, entre os móveis de madeira maciça e as fotografias antigas, a presença inspiradora de uma linhagem dedicada à cultura e ao saber. A AFL agradece e se compromete a preservar, restaurar e honrar esse acervo com o mesmo cuidado com que zela por sua história viva. 

Que esta edição do BOLETRAS, feita de eventos, encontros, música, poesia, memória e ações, seja também ela uma peça de mobiliário simbólico, onde repousam as vozes do presente e do passado, sempre prontas a acolher os que chegam com amor pela palavra. 

Assim, como um mosaico de acontecimentos vibrantes, o BOLETRAS reafirma a vocação da Academia Fluminense de Letras como farol cultural do Estado do Rio de Janeiro — lugar onde o conhecimento se traduz em gesto, presença e afeto, e onde a palavra se veste de música, memória e humanidade. 

Por fim, com esses registros, o BOLETRAS cumpre sua missão maior: guardar o instante que já é memória, iluminar a palavra que se eterniza em ato e celebrar a vida intelectual com generosidade e elegância.

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DIRETORIA DA ACADEMIA FLUMINENSE DE LETRAS

Gestão atuante e guardiã das Letras Fluminenses – 2025

Márcia Maria de Jesus Pessanha – Presidente

Eduardo Antônio Klausner – Vice-Presidente

Lucia Maria Barbosa Romeu – 1ª Secretária

Luiza Cristina Rangel Pinto Sassi – 2ª Secretária

Erthal Rocha – 1º Tesoureiro

Cleber Francisco Alves – 2º Tesoureiro

Marcelo Moraes Caetano – Diretor de Acervo Documental e Bibliotecas 

Sob a liderança da presidente Márcia Pessanha, esta diretoria conduz com firmeza, sensibilidade e compromisso as ações da Academia, fortalecendo sua presença como instituição cultural de referência no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil.

 

© Alberto Araújo

Focus Portal Cultural

02 de julho de 2025 — Data da publicação da 43ª edição do BOLETRAS.

 


O EDITORIAL da presidente Márcia Pessanha


MEIO AMBIENTE E ATIVIDADES CULTURAIS NO FESTIVO MÊS DE JUNHO 

05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, que foi criado pela ONU, em 1972, buscando conscientizar a população acerca da preservação do meio ambiente, bem como sobre o conceito de desenvolvimento sustentável. 

Assim, conscientes de que precisamos com urgência preservar a mãe natureza, nosso solo pátrio, nossa flora e nossa fauna para a nossa própria sobrevivência e do planeta, devemos colaborar com atos e com palavras.

E fazendo uso da palavra de forma romântica e idealizada para louvar seu torrão natal, o poeta Casimiro de Abreu diz nos versos: “Todos cantam sua terra, / Também vou cantar a minha, / Nas débeis cordas da lira / Hei de fazê-la rainha / Hei de dar-lhe a realeza / neste trono de beleza / Em que a mão da natureza / esmerou-se em quanto tinha”. Percebe-se nestes versos o sentimento do autor, que expressa poeticamente o desejo de preservar e difundir as belezas naturais de sua terra, o que metaforicamente nos conduz à valorização do meio ambiente.

Seguindo essa mesma diretriz de preservação da natureza, também temos o dever, enquanto Acadêmicos, de defender e preservar nosso idioma, nossa literatura, nossa cultura, nossa história, nossos valores. 

No dia 10 de junho celebramos o Dia de Camões, o grande escritor português, autor de Os Lusíadas, e a Presidente da AFL participou da homenagem em sessão no Clube Português de Niterói. E ainda nessa linha de incentivo à cultura e valorização das Letras, das Artes, no dia 14, a AFL recebeu as “Caravanas Euclidianas”, projeto que visa fomentar debates e reflexões a partir da obra seminal “Os Sertões” de Euclides da Cunha e que foi criado pelo cineasta e documentarista Noilton Nunes, em parceria com a antropóloga e professora da UNIRIO, Regina Abreu, autora do livro O estigma de Os Sertões de Euclides da Cunha. 

Cumpre ressaltar que o mês de junho no Brasil é conhecido pelas festas que celebram a cultura popular e as tradições regionais, com destaque para as de Santo Antônio, 12/6; São João, 24/06 e São Pedro, 29/06, em que o sagrado e o profano se mesclam em harmonia, pois há o culto religioso com missas, procissões, etc. celebrando os santos católicos e a parte do entretenimento com os “arraiás” com casamento na roça, quadrilhas, barracas diversas, jogos, leilões, queima de fogos... e muita animação. 

Diz-se que as festas juninas têm origem nas celebrações europeias, mas foram adaptadas e enriquecidas pela cultura brasileira ao longo dos anos. São festas alegres, comunitárias, com danças típicas, comidas tradicionais, fogueiras. 

Assim, com os corações incendiados pelo entusiasmo oriundo da atmosfera festiva das celebrações juninas, a Academia de Medicina do Estado do Rio (ACAMERJ), a Associação Médica Fluminense (AMF) e a Academia Fluminense de Letras (AFL) promoveram uma “Tertúlia Poética e Musical” no dia 26 de junho, com a participação de Acadêmicos das três instituições, culminando em momentos de emoção, beleza, alegria e confraternização com saber e sabor compartilhados.

Márcia Pessanha, Presidente da AFL








Rosa - Pixinguinha 

A valsa-canção "Rosa", uma das obras mais conhecidas de Pixinguinha, teve a melodia composta por ele em 1917, mas a letra foi escrita por Otávio de Souza. A música, inicialmente intitulada "Evocação", recebeu a letra anos depois, sendo atribuída a Otávio de Souza, um mecânico do bairro do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro


(Trilha sonora para a edição 43 do Boletras ilustração do Focus Portal Cultural)



 

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