Acontecerá
no dia 28 de agosto(sexta-feira), às 18 horas, a sessão em homenagem póstuma à professora
MARIA ELISALVA OLIVEIRA-JOUÉ, na Câmara Municipal de Niterói. A talentosa
docente era brasileira e residiu por muitos anos em Paris. Ela faleceu em abril
de 2014 naquela Cidade Luz.
O
nobre título que certamente honrará a sua memória é uma iniciativa do ex-prefeito Godofredo Pinto e do vereador Vitor Junior. Dentre vários amigos, ela será saudada pela professora Eliana
Bueno-Ribeiro e pela atriz Imara Reis. Ambas, em breve discurso,
discorrerão sobre a trajetória da brilhante professora que deixou uma saudade imensa aos seus familiares
e amigos ao partir precocemente.
Esta
revista foi informada de que estarão presentes à sessão seu marido e
seu filho Frédéric-Roger Joué, que já se encontram no Brasil, e várias personalidades do mundo cultural de
nossa cidade.
Leia
abaixo a justificativa, texto extraído do Projeto de Decreto Legislativo Nº
00005/2015.
JUSTIFICATIVA
Maria
Elisalva de OLiveira nasceu em 14 de julho de 1949 em Alagoas, muito cedo tendo
fixado residência no Rio de Janeiro juntamente com sua família que morou
inicialmente na Ilha do Governador e em seguida no Laranjal (São Gonçalo).
Aluna
brilhante, Maria Elisalva formou-se inicialmente como professora primária no
Instituto de Educação Ismael Coutinho, em Niterói e, em seguida, como professora de francês e português no
Instituto de Letras da UFF, tendo sido
presidente do Diretório Acadêmico do Instituto de Letras e professora de francês do Liceu Nilo Peçanha.
Presa
em sua casa na Noronha Torrezão, no Cubango, em
1973, foi acusada de pertencer à
Dissidência da Vanguarda Armada Revolucionaria Palmares. Depois de barbaramente
torturada, conseguiu sair do país
e, tendo passado pelo Chile e pela
Argentina, e, após inúmeros percalços,
chegou à França, onde se
estabeleceu. Condenada como revel a 6 meses de prisão em 1975, perdeu a
cidadania brasileira e foi banida do território nacional. Na França refez sua
vida tanto no plano familiar quanto profissional.
Naturalizou-se, casou-se com o francês Philippe Joué, teve um
filho, Frédéric-Roger Joué. Retomou seus
estudos e passou nos dois concursos
duríssimos para o professorado de segundo grau de português
em nível nacional - o CAPES e a Agrégation.
Por
longos anos, a par da militância pelos direitos humanos que sempre
exerceu, posicionando-se em favor dos
estrangeiros sem documentos e dos sem abrigo, lecionou português em importantes
colégios de Paris até que decidiu tornar-se Diretora de Liceu, o que
implicava ser aprovada em outro concurso
igualmente concorrido.
Aprovada,
foi diretora de dois importantes liceus parisienses até aposentar-se no inicio
de 2014, tendo-se constituído como uma referência da cultura brasileira em
Paris.
A
morte colheu-a antes que pudesse
ela realizar seu desejo de voltar a residir na cidade que considerava como sua
- Niterói - , na qual já comprara um
apartamento no bairro do Pé Pequeno, onde já residia seu filho, e da qual
sonhava receber o titulo de Cidadã Honorária.
Faleceu
ela em Paris, em abril deste 2014, vítima de um fulminante câncer de
pulmão.
A
outorga do título de Cidadã Honorária de Niterói a essa brasileira honrará não apenas sua memória, mas também
nossa cidade.
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Leia
o depoimento de Maria Elisalva Oliveira-Joué postado no site da jornalista
Hildengard Angel.
http://www.hildegardangel.com.br/?p=20572
Análise
pertinente e verdadeira. Sou uma das vítimas desse período, presa e torturada
na minha própria casa, em Niterói, levada em seguida para o DOI-CODI da Barão
de Mesquita e barbaramente torturada de novo durante dois meses.
Exilei-me
depois de solta e fui condenada à revelia “por ter ideias contrarias à
democracia ocidental e cristã”!!!! (sic) Revolto-me ao pensar que os monstros
que torturaram milhares de pessoas possam estar impunes até hoje. Revolto-me
cada vez que passo pela ponte Rio-Niterói ao ver que ela presta homenagem a um
general assassino cuja sombra mancha até hoje a Historia de nosso pais.
(Desculpe,
meu teclado é estrangeiro e não consigo pôr todos os acentos)
Maria
Elisalva Oliveira-Joué.
Sequestrada
na sexta-feira 2 de fevereiro de 1973 e presa no DOI-CODI até o dia 9 de abril
de 1973.
REALIZAÇÃO
APOIO CULTURAL
COMENTÁRIOS DE AMIGOS
Olá, querido amigo Alberto!
Pretendo estar presente a essa solenidade que honra minha querida e saudosa amiga Elisalva Oliveira-Joué, com quem estudei no Instituto de Educação Prof. Ismael Coutinho. Homenagem justa e merecida que faz a Câmara de Vereadores de Niterói.
Abraço,
Gracinha Rego.
Abraço,
Gracinha Rego.
Gracinha Rego
é membro da AFL, declamadora
e excelente professora na Arte de Dizer.
***
Obrigado Gracinha,
pela sua participação.
pela sua participação.
Abraços do editor.
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É mais do que oportuna a homenagem da Câmara Municipal de Niterói à memória de Elisalva. Convivi com ela na Faculdade de Letras da UFF nos anos sombrios da ditadura militar e constatei seu espírito dinâmico, empreendedor e, sobretudo, corajoso.
Nós todos, amigos de Maria Elisalva Oliveira-Joué, agradecemos à Câmara Municipal e a você, Alberto, a divulgação de seu nome e de sua história no Focus Portal Cultural e nos jornais Santa Rosa e Sem Fronteiras. Não deixaram que as ondas do tempo apagassem, das praias de Niterói, os rastros simbólicos dos destemidos pés de Elisalva.
Dalma Nascimento.
Dalma Nascimento
é membro do PEN Clube do Brasil,
escritora e doutora em Literatura Comparada de UFRJ.
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