sábado, 9 de janeiro de 2016

CONSELHO PARA OFÍCIO DE ESCREVER DO ROMANCISTA, JORNALISTA E MEMORIALISTA BRASILEIRO GRACILIANO RAMOS. CONFIRA.

 
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Leia o excelente conselho de GRACILIANO RAMOS, romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro do século XX, mais conhecido por seu livro Vidas Secas.
 
Este texto está nos depoimentos de Joel Silveira, numa entrevista do mestre Graça ao jornalista Joel.


Para compor um bom texto tem-se que escoimá-lo, rever várias vezes, trabalhar o texto como fazem as lavadeiras segundo Graciliano Ramos. "Elas não colocam logo a roupa no varal. Primeiro limpam bem o pano, com várias águas, sabão, batem e somente na última versão, a roupa como o texto ficam tinindo, boas e claras".  Não se pode publicar  na primeira "aguada".

 
Figura no site do Graciliano Ramos. Veja lá, o site é excelente: 
 


 

CONVERSAS COM JOEL SILVEIRA
Publicado em 01 de janeiro de 2013.
 
 
 
 
 
Graciliano Ramos
Falava-se do ofício de escrever
 
 

– Quem escreve deve ter todo o cuidado para a coisa não sair molhada.

– Quero dizer que da página que foi escrita não deve pingar nenhum palavra, a não ser as desnecessárias. É como pano lavado que se estira no varal.

– Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Sabe como elas fazem?

– Elas começam com uma primeira lavada. Molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Depois colocam o anil, ensaboam, e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Depois batem o pano na laje ou na pedra limpa e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso, a palavra foi feita para dizer.



IN: SILVEIRA, Joel. Na fogueira: memórias. Rio de Janeiro: Mauad, 1998, p.281-285.

 

FONTE:


 
 
 
 
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Sugestão para leitura do livro Conversas.
Organização de Ieda Lebensztayn e Thiago Mio Salla.

 



São entrevistas, enquetes, depoimentos e causos. Encarte com fotos das reportagens e de manuscritos de Graciliano Ramos. Edição Editora Record. Ano 2014. Organização de Ieda Lebensztayn e Thiago Mio Salla.

Conversas reúne 45 entrevistas, enquetes e depoimentos que Graciliano Ramos concedeu a diferentes veículos jornalísticos ao longo de sua trajetória intelectual, desde 1910 até 1952. A obra inclui ainda 19 causos (pequenas narrativas de caráter anedótico), cuja figura central é o autor de Vidas secas. Rigorosamente anotado e disposto em ordem cronológica, esse conjunto de textos oferece leituras inéditas de sua vida pessoal, artística e política, permitindo divisar outro Graciliano, para além da imagem consolidada de um homem tão só calado e avesso a bate-papos. Conversas revela as facetas bem-humorada, simpática e falante do escritor, que não deixava de se posicionar de modo direto e contundente sobre as principais questões da época em que viveu.
 
 

 

 
 
São questões centrais em Conversas: o olhar crítico de Graciliano para as conquistas e os limites do modernismo de 1922; seu prazer com a abertura da ficção de 1930 para os problemas do país, mas a inquietação ante a decadência do romance brasileiro a partir de 1936 ao se alhear da realidade; a importância dos contos-capítulos na trajetória pessoal e artística do autor de Vidas secas e seu empenho na organização da antologia de contos das diversas regiões do Brasil; o horror de Graciliano às falsificações; sua crítica contra o fascismo; a consciência da necessidade de ser útil, que o levou a filiar-se ao Partido Comunista.
 
“Nas entrevistas, tem um pouco de tudo. Graciliano fala das próprias obras, retoma sua trajetória. Conta, por exemplo, depois de 1945, que é quando ele entra no Partido Comunista, do período em que ficou preso, seu contato com Olga Benário, mulher de Luís Carlos Prestes, e de como acompanhou o processo da deportação dela e de sua morte. Ele retoma esses elementos, se coloca politicamente a favor do partido comunista”, diz Thiago. Quanto aos depoimentos, são uma espécie de comentários sobre temas diversos da época. “Graciliano tem uma personalidade um pouco mais introvertida, só que ele não se furtava em emitir opiniões, e gerar opiniões com muita contundência sobre os mais variados assuntos”, afirma o organizador.
 
 
 
 
A publicação também ganhou a exposição “Conversas de Graciliano”, no Museu da Imagem e do Som (MIS), com curadoria de Selma Caetano. Divida em quatro partes, a mostra expõe, com depoimentos de terceiros, vídeos e uma série de imagens, a infância e juventude de Graciliano Ramos, que vai de 1892-1926, o início de sua carreira de homem letrado, de 1927-1935, percorrendo suas primeiras publicações e seu ingresso no Partido Comunista, entre 1936-1945, e terminando com o escritor se transformando em um artista de renome até a sua morte, em 1953.

 
 

 
Conversas, de Ieda Lebensztayn e Thiago Salla
(Editora Record, 420 págs., R$ 58,00).
 
 

 A exposição “Conversas de Graciliano” ficou em cartaz até 9 de novembro, terças a sextas, das 11h às 21h, sábados das 9h às 23h, e domingos e feriados, das 9h às 20h, no MIS (av. Europa, 158 - São Paulo-SP).
 

 

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