Em
solo atravessado por músicas de David Bowie, atriz mescla a obra “Crime e
Castigo” com a história de seus pais, fazendo uma celebração à vida e
aproximando o público ao clássico de Dostoiévksi de forma descomplicada,
acolhedora e bem-humorada
Sucesso de público e crítica,
“Crime e
Castigo 11:45” está de volta ao Rio de Janeiro em curtíssima temporada como
parte da programação de reabertura do Teatro Ziembinski, na Tijuca. As
apresentações acontecem de 15 a 24 de novembro de 2024, às sextas e sábados, às
20h, e aos domingos, às 19h.
A peça, que estreou em 2022 no
Rio de Janeiro, surge do encontro da atriz Liliane Rovaris com o clássico
absoluto do autor russo Fiódor Dostoiévksi (1821-1881). Apesar de já conhecer a
obra, a atriz embarcou na releitura, durante o período de luto pela perda de
seus pais, motivada intuitivamente por um sentimento de solidão e uma
possibilidade de recomeço, ações que encontram eco na trajetória de
Raskólnikov, o protagonista do romance.
Assim, tendo como princípio
aproximar o livro do público de forma descomplicada, acolhedora e inclusive,
bem-humorada, à medida em que Liliane conta a história criada pelo genial autor
russo, traça paralelos com histórias sobre seus pais, tornando a ideia do luto
um tipo de celebração da vida.
Com uma equipe de criação e
produção majoritariamente feminina, a montagem tem texto da própria Liliane
Rovaris e direção de Camila Márdila, atriz premiada do filme “Que horas ela
volta” e da série “Bom Dia Verônica”, que marca sua primeira direção no teatro.
As duas já têm uma parceria de longa data, tendo dividido diversos outros
trabalhos, incluindo a realização de espetáculos teatrais e oficinas para
atores desde 2013.
Dostoiévski conduz seus
personagens com um sentimento de compaixão, mostrando suas contradições sem
jamais julgá-los ou encerrá-los em uma definição.
- Em tempos de julgamentos
imediatos, parar, observar, esperar o que vem a seguir, antes de decretar algo,
foi um alento para mim. O livro foi me dando a calma e a possibilidade de
enxergar aquele momento como algo em transição, em transformação - analisa a
atriz.
No decorrer da criação, em
2018, Liliane se deparou com a notícia de que Crime e Castigo é um dos livros
mais lidos entre os presidiários no Brasil. Em troca de dois dias de liberdade
eles apresentam um resumo do livro. E é uma dessas resenhas, publicada na
matéria jornalística, que inspira o recorte dramatúrgico da peça: “Dostoiévski
narra a história de Raskólnikov, um jovem estudante que comete um duplo
assassinato e é perseguido por sua própria consciência até que conhece uma
prostituta, Sônia, única pessoa para quem consegue contar sobre o crime
cometido”.
É essa trajetória que a artista
narra e encena em paralelo com suas próprias memórias, incluindo uma
experiência que envolve o ídolo da música, David Bowie, cujas músicas
atravessam o solo.
O cenário remete ao quarto dos
pais da atriz que, apostando na potência transformadora de se compartilhar uma
história, se inspira em peças performáticas, como as de Lola Arias, artista
argentina que tem como marca a sobreposição entre realidade e ficção, e como as
do norte-americano Spalding Gray (1941-2004), cuja presença vibrante parecia
sempre celebrar o milagre de estar ali, no teatro, contando uma história.
Durante o processo, Liliane
trabalhou o texto em uma oficina para jovens internos que cumprem medidas
socioeducativas no Degase. Através deste contato, a atriz pôde confirmar a
importância e a capacidade de interação do livro com diferentes realidades,
reforçando a escolha por um caminho direto e acolhedor na forma de contar essa
história, fora do lugar erudito e inacessível por vezes atribuído à obra.
- Revelar essa trajetória, que
vai da extrema contração do ódio à redenção pela compaixão em tempos de muita
intolerância, fez sentir ainda mais forte o desejo de levá-la para o teatro –
conta a atriz.
Sobre Liliane Rovaris
Atriz, mestra em Artes Cênicas
(UNIRIO), formada pela CAL/RJ e pelo CPT/SP, ministrado por Antunes Filho.
Integrante do AREAS Coletivo com quem realizou e atuou na peça “Plano sobre
queda”, direção de Miwa Yanagizawa e com quem mantém a pesquisa “Estudo para o
ator: a Escuta”. Em 2021 realizou o projeto “De um Dostoiévski a outro”, série
de ações online em comemoração ao bicentenário do autor e em 2022 ministrou a
oficina de teatro “Um mundo a sonhar” para jovens que cumprem medidas
socioeducativas no DEGASE. Com direção de Adriano Guimarães do Coletivo Irmãos
Guimarães atuou em “Sopro” de Samuel Beckett e em “NADA - uma peça para Manoel
de Barros” (prêmio de melhor elenco do site Questão de Crítica). Também atuou,
entre outros, em “A Ponte”, com direção de Adriano Guimarães, em
“Naotemnemnome” com direção de Emanuel Aragão, em “Ponto de Fuga” de Rodrigo
Nogueira, em “Trainspotting”, dir. de Luis Furlanetto e “Fragmentos Troianos”
dir. de Antunes Filho. Foi colaboradora artística da Cia teatro autônomo com direção
de Jefferson Miranda na “Série 21” (Espaço Sesc/RJ 2009). No audiovisual, atuou
no longa “O Cerco”, de Gustavo Bragança, Aurélio Aragão e Rafael Spínola
(mostra de Tiradentes 2021) e em “Infinitas Terras” de Cauê Brandão.
Sobre Camila Márdila
Atriz e diretora teatral
premiada no Festival de Sundance (EUA) e no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro
por seu trabalho no filme “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert. Está no
elenco de diversas séries como “Justiça”, “Onde Nascem os Fortes”, “Trezes Dias
Longe do Sol”, “Feras”, “Onde está meu coração” - todas na Globoplay - além da
novela “Amor de Mãe’’, de Manuela Dias. No teatro trabalhou com os diretores
Felipe Hirsch, em "A Tragédia e a Comédia Latino-Americanas", e
Irmãos Guimarães (DF), com quem manteve o núcleo “Resta Pouco a Dizer”,
dedicado a pesquisas em torno de Samuel Beckett. É integrante do AREAS
Coletivo, ao lado de Miwa Yanagizawa, Maria Silvia e Liliane Rovaris, com quem
mantém a pesquisa Estudo para o ator: a Escuta, desde 2013, em formato de
oficinas, residências e orientações artísticas. É diretora da peça "Crime
e Castigo 11:45", um solo de Liliane Rovaris, que estreou em 2022 e
realiza temporada no Sesc São Paulo em 2023. Seus trabalhos mais recentes como
atriz foram a série "Bom Dia Verônica" (Netflix), os filmes
"Carvão", de Carolina Markowicz, "Meu Nome é Gal", de
Dandara Ferreira e Lô Politi (estreia prevista para 2023), e "Uma Boa
Vilã", de Teo Poppovic, também em finalização. No momento, está no elenco
do novo filme de Walter Salles (Ainda Estou Aqui) e interpretará Viviane Senna
em série sobre o piloto na Netflix
Ficha técnica:
Concepção e dramaturgia:
Liliane Rovaris a partir da obra de Dostoiévski
Direção: Camila Márdila
Atuação: Liliane Rovaris
Tradução do romance: Paulo Bezerra
Direção de arte: Branca
Bronstein e Patrícia Tinoco
Direção de movimento: Denise
Stutz
Figurinista: Gabriela Marra
Iluminação: Sarah Salgado
Fotografia: Pedro Prado e Thais
Grechi
Design gráfico: Ana Carneiro
Direção de produção: Liliane
Rovaris
Assessoria de imprensa: Carlos
Pinho
Serviço:
Crime e Castigo 11:45, de
Liliane Rovaris
Temporada: 15 a 24 de novembro,
às sextas e sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h
Local: Teatro Ziembinski – Rua
Heitor Beltrão, s/n, Tijuca, em frente ao metrô São Francisco Xavier
Entrada: R$ 40 (inteira) e R$
20 (meia-entrada), no local ou antecipada pelo link https://linktr.ee/crimeecastigo1145
Classificação: 14 anos
Duração: 70 minutos
Capacidade: 106 lugares
Acessibilidade: sala acessível
a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
Rede social: https://www.instagram.com/crimeecastigo1145/