Princesa Leopoldina - pintura de Walmor Corrêa.
O Museu de Arte do Rio expõe de 12/07/2016 a 26/03/2017 Leopoldina, princesa da Independência, das artes e das
ciências. Para apresentar ao público a vida de uma das
personalidades mais importantes no processo de emancipação do Brasil às
vésperas da efeméride dos 200 anos de sua chegada ao Rio, em 5 de novembro de
1817, a exposição reúne aproximadamente 350 peças – entre obras de arte,
iconografia, documentos, vestuário e mobiliário, além de itens de botânica,
zoologia e mineralogia.
A exposição tem a Petrobras como
patrocinadora via Lei Estadual de Incentivo à Cultura, o Itaú
como copatrocinador, além do BNDES, da Granado e da Andritz
Group como apoiadores da mostra.
Pela primeira vez uma
mostra toma conta da passarela que liga a Escola do Olhar ao Pavilhão de Exposições.
O espaço será ocupado com uma cronologia narrativa dos principais fatos da vida
da Princesa Leopoldina, desde seu nascimento, em 1797, na Áustria, até sua
morte em 1826. Nesse contexto, o grande destaque é a coleção de documentos,
recém-adquiridos pelo museu, sobre o Congresso de Viena que, realizado em 1815,
reorganizou os poderes do continente, então fragmentado por guerras e
revoluções. O visitante também poderá entender que o próprio casamento –
realizado inicialmente à distância, via procuração – era uma estratégia muito
usada pelo país da Europa Ocidental e foi parte dessa tentativa de rever os
poderes hegemônicos europeus, expandindo as relações diplomáticas entre
Portugal e Áustria.
Largo do Paço - 1826 - pintura de Victor Barrat.
A chegada da Princesa
abriu as portas das Américas em termos tanto comerciais como culturais e
sociais. A exposição faz uma ambientação com móveis da época, que poderiam ter
sido usados no Palácio de São Cristóvão, assim como objetos que de fato faziam
parte do enxoval, como peças de louça com o monograma do casal. Completar essa
atmosfera ficará a cargo do visitante, que poderá usar telas interativas para
escolher músicas do período. A vida de D. Leopoldina na cidade também será
apresentada por meio de cartas que revelavam sua solidão – aguçada pelas
dificuldades da língua e do lugar da mulher na sociedade colonial patriarcal –,
suas angústias e estratégias para superar as condições de vida no Brasil,
agravadas pelo forte calor e grande quantidade de insetos.
Cabe ressaltar as
relações de tensão e diversidade cultural vividas por Leopoldina no seu
encontro com o contexto social marcado pela escravização de negros e indígenas,
questão a qual se dedica um dos núcleos da exposição.
A atuação da Princesa
Leopoldina no processo de independência será evidenciada em pinturas e
documentos do período que demonstram sua forte articulação política. A mostra
lembra a reunião do Conselho de Ministros, presidida por ela, que decidiu pela
emancipação do Brasil e terminaria dias depois com o ato simbólico de D. Pedro
às margens do rio Ipiranga, declarando a Independência. Essa atribuição heroica
ao príncipe regente, que deixa de lado o importante papel de sua esposa, será
problematizada pela exposição. Por fim, a mostra lança um olhar para o legado e
a forma como sua imagem e trajetória aderiram à história do país. Mesmo com sua
morte prematura, aos 29 anos e somente nove após sua chegada aqui, Leopoldina
inspirou o nome de ruas, cidades, estações de trem e até mesmo escolas de
samba.
Leopoldina, princesa
da Independência, das artes e das ciências tem curadoria assinada por Luis
Carlos Antonelli, Paulo Herkenhoff e Solange Godoy, e curadoria adjunta por
Pieter Tjabbes. A mostra ocupará integralmente o terceiro andar da instituição,
que é dedicado ao Rio de Janeiro.
Para marcar a abertura,
às 11h, além da tradicional Conversa de Galeria aberta ao público, uma
apresentação de música com Rosana Lanzelotte — em pianoforte, cópia do
utilizado por Leopoldina, construído por Anton Walter em 1805 — e Anton
Carballo, violinista integrante da Orquestra Sinfônica Brasileira. Na ocasião,
será apresentada uma Sonata do austríaco Sigismund Neukomm (1778 – 1858),
composta para pianoforte e violino, escrita no Rio de Janeiro em 1819. Este
projeto foi contemplado pelo edital de Fomento Olímpico da Secretaria Municipal
de Cultura, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.
TEXTOS DA PAREDE
Às vésperas da
efeméride de 200 anos da chegada de Leopoldina ao Brasil por ocasião de seu casamento
com Dom Pedro, o MAR, sob a gestão do Instituto Odeon, apresenta a trajetória da
princesa e seu papel fundamental para a vida política e o fomento às artes e à
ciência do país, então parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Aproximadamente 350 peças.
– obras de arte,
iconografia, documentos, mobiliário e peças botânicas, zoológicas e minerais.
– revelam aspectos
ainda hoje inéditos da vida de Leopoldina, como documentos de sua intimidade (a
exemplo de seu Vade mecum, um livro
com normas de conduta) e seu papel chave na declaração da Independência. Com
foco na participação política da princesa, esta exposição se torna
especialmente produtiva neste momento em que o país vivencia instabilidades em
sua democracia e incita o olhar crítico para o período histórico em que viveu
Leopoldina, no qual o Brasil adquiriu o status político que ainda hoje o define
enquanto nação. Leopoldina participou da elaboração de símbolos que persistem
como projeto de unidade nacional, como as cores verde e amarela, sugeridas por
ela. Pensar a princesa à luz do Brasil, e vice-versa, nos ensina os meandros da
constituição e das disputas dos poderes, agenciamentos que passam por questões
tanto sociais quanto privadas, como o lugar da mulher na sociedade e, mais especificamente,
as vidas e as singularidades de tantas mulheres.
Com Leopoldina,
princesa da Independência, das artes e das ciências, o MAR amplia seu compromisso
com a pluralidade de histórias do Rio de Janeiro e seus sujeitos. A exposição integra
nosso eixo curatorial dedicado à cidade, composto de Rio de imagens (2013), Do Valongo
à Favela: imaginário e periferia (2014) e Rio Setecentista, quando o Rio virou
capital (2015). O museu agradece à Embaixada da Áustria no Brasil pela generosa
parceria, bem como a fundamental contribuição da embaixadora Marianne Feldman
para a compreensão dos desafios de Leopoldina em meio a uma sociedade colonial
e machista e para a articulação de uma rede de colaboradores – como o projeto
Música Brasilis e o Weltmuseum Wien. Agradecendo também aos doadores engajados
com a tarefa de adensar a Coleção MAR a partir da oportunidade de pesquisa e
formação de acervo que esta exposição representa.
La Grande Rue à Rio de Janeiro - 1830
pintura de Barthélemy Lauverge.
LEOPOLDINA, A
PRINCESA DA INDEPENDÊNCIA, DAS ARTES E DAS CIÊNCIAS.
Esta é uma exposição
em torno da história de uma mulher que, apesar da fatídica sorte de ser instrumento
de diplomacia e política entre dois impérios do século XIX – o austríaco, dos Habsburgo,
e o português, de Bragança –, contribuiu para desvincular definitivamente o
Brasil de sua condição colonial e construí-lo como nação.
Ao ir além da vida
projetada de princesa cujo casamento com dom Pedro seria estratégico para a
manutenção dos poderes instituídos, Leopoldina tornou-se uma das protagonistas
da Independência do Brasil. Por seu estímulo e investimento nas ciências e nas
artes, a princesa austríaca foi peça significativa na constituição de um campo
de conhecimento sobre o país e sua diversidade biológica e cultural.
Leopoldina, princesa
da Independência, das artes e das ciências articula questões que atravessaram a
vida privada e política da imperatriz, aspectos cruciais da história brasileira
e do mundo colonial. O Congresso de Viena, o cotidiano da família real no
Brasil e sua descendência, a Missão Científica Austríaca, resistências
indígenas, negras e judaicas, o fomento dado pela princesa à música e às outras
artes, a amizade com José Bonifácio, a força
política da Bahia e,
por fim, a participação de Leopoldina no processo de independência são alguns
dos focos da exposição, que entrecruza obras de naturezas diversas.
Refresqueira - serviço do casamento
de Leopoldina e Pedro.
A exposição
problematiza a narrativa masculina da história, que não foi ainda capaz de dar
a Leopoldina e a tantas outras mulheres, como Maria Graham e Maria Quitéria de
Jesus, o devido espaço e reconhecimento de suas atuações históricas e das
ressonâncias contemporâneas de suas trajetórias. A presença de seu nome em
tantas partes da cidade, da Estação Leopoldina à Escola de Samba Imperatriz
Leopoldinense, é um forte indício do legado da princesa que foi rainha e
imperatriz e dos modos pelos quais sua imagem e trajetória – a despeito da morte
prematura – aderiram intimamente à história do Brasil e do Rio de Janeiro.
NASCIMENTO E INFÂNCIA
A arquiduquesa da
Áustria, Leopoldina, nasceu em 22 de janeiro de 1797 em Viena. Foi a sexta
filha de Francisco I e sua segunda esposa, Maria Teresa Carolina Josefina de
Bourbon Nápoles e Sicília. Com apenas 10 anos de idade, viveu o falecimento da
mãe que, aos 35 anos, havia dado à luz 12 filhos, dos quais cinco morreram
ainda na primeira infância. Em 13 de abril de 1807, um dia após seu último e
malsucedido parto, deixou sete órfãos que seriam educados pela terceira esposa
de Francisco I, Ludovica d’Este. Não apenas sua infância, mas a própria Europa
atravessava tempos agitados. Em duas ocasiões, aos 8 e 12 anos, Leopoldina foi
obrigada a fugir de Viena, cidade ameaçada por Napoleão Bonaparte.
Bandeira Imperial - (autoria e data desconhecidas)
Faziam parte da
formação dos arquiduques e das arquiduquesas estudos regulares de leitura,
escrita, aritmética,
alemão, francês, italiano, latim, religião. Em seguida, dedicavam-se à dança,
ao desenho ou à pintura, à história, à geografia, às ciências naturais, à
música e ao cravo. Eram frequentes as visitas a museus, jardins botânicos,
fábricas e campos agrícolas. E, não raro, participavam de bailados, atuavam em
peças teatrais e tocavam instrumentos para uma plateia com o objetivo de se adaptar
aos cerimoniais e à exposição pública. Mantinham hábitos requintados e
atividades frequentes entre os palácios de Schönbrunn, de Hoffburgo e de
Luxemburgo.
Leopoldina teve uma
infância marcada pela rigidez com os estudos, estímulos culturais diversos e as
sucessivas guerras que ameaçavam o império de seu pai. Gostava muito de ler e de
estudar ciências naturais, sobretudo mineralogia, botânica, zoologia,
astronomia e física.
Recolhia e
colecionava amostras de minerais, conchas, flores, plantas e moedas. Ótima
aluna, foi especialmente talentosa com desenhos e música.
Exposição 'Leopoldina,
princesa da Independência,
das artes e das ciências'
3º andar do Pavilhão de Exposições
Museu de Arte do Rio - MAR
Praça Mauá, 5, Centro, Rio de Janeiro/RJ
(21) 3031 2741
Carlos Gradim
Diretor-presidente do Instituto Odeon
Museu de Arte do Rio – MAR
Luis Carlos Antonelli,
Paulo Herkenhoff e Solange Godoy - Curadores
Pieter Tjabbes - Curador-adjunto
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