terça-feira, 5 de setembro de 2017

ESTRADA DE FERRO MARICÁ - DESENVOLVIMENTO URBANO E REGIONAL DA ÁREA LITORÂNEA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, LIVRO DO HISTORIADO CÉLIO PIMENTEL.



 
 
 


 
Caros foculistas, a obra memorialista ESTRADA DE FERRO MARICÁ - Desenvolvimento Urbano e Regional da Área Litorânea do Estado do Rio de Janeiro do historiador Célio Reginaldo de Moreira Pimentel | Célio Pimentel é o livro indicado para abrilhantar a Vitrine do Focus Portal Cultural, durante o mês de setembro de 2017.
 
 
O livro narra o desenvolvimento econômico, social, cultural e político da Estrada de Ferro Maricá para a Região dos Lagos. Fazendeiros e comerciantes de Maricá tornaram realidade a criação de uma linha férrea até Maricá. Houve diversos donatários, no segundo momento da Estrada de Ferro Maricá. Quando esta estava sob a concessão da Compagnie  Generale de Chemins de Ferdês Etats Ubis du Bresil de origem francesa, foi estendida a linha da localidade de Nilo Peçanha a Sampaio Correia, Bacaxá, Ponte dos Leite, Araruama e Iguaba Grande. Em seu terceiro momentos, já com donatários do governo do estado do Rio de Janeiro e Governo Federal, a linha ferroviária foi estendida de Iguaba Grande as cidades de São Pedro da Aldeia e Cabo Frio.
 
São Pedro da Aldeia enfrentava dificuldades em transportar a produção de sal. Com a inauguração em 1914 do prolongamento da Estrada de Ferro Maricá até Iguaba Grande, na época parte integrante do município, o transporte de mercadorias e pessoas foi facilitado, as lavouras se desenvolveram, a produção de sal aumentou, diversas indústrias surgiram e o comércio se desenvolveu. Junto à estação existiam armazéns, fábrica de cal, descaroçadora de algodão, fábrica de farinha, olaria, fábrica de cerâmica, moagem de ostra, fabrica de gelo para o transporte do pescado, entre outras, totalizando 27 pequenas indústrias que utilizavam matéria prima da região e transportavam sua produção através da ferrovia.
 
 

Estação Ferroviária de São Pedro da Aldeia,
em São Pedro da Aldeia: Uma das estações criadas na expansão.

 
 
 
 
Para o professor, o resgate da história da Estrada de Ferro Maricá, que proporcionou no passado grande desenvolvimento para os municípios da Região dos Lagos, é necessário, para não se apagar com o tempo. “O resgate da memória da ferrovia que foi de tamanha importância para a configuração atual dos municípios da Região dos Lagos é importante para que as crianças e jovens possam entender o processo de urbanização, os aspectos históricos, econômicos, sociais e culturais, deixados pela ferrovia”.
 
Apesar do desaparecimento das estações de trem de Saquarema – Sampaio Corrêa e Bacaxá – terem sido demolidas, o autor destaca a forma como estas imagens permanecem no inconsciente coletivo e na vida dos cidadãos.
 
Em Saquarema uma pintura no muro de um bar, além de um quadro na Câmara Municipal demonstram o que restou de lembrança da Estrada de Ferro Maricá”. Para ele, a EFM foi determinante para o desenvolvimento local.
 
O resgate da memória da ferrovia é muito mais do que apenas um trabalho histórico direcionado aos interessados pelo assunto. É um processo de reconstrução da memória coletiva dos antigos e novos moradores da Região dos Lagos”, considera o mestre.
 
 
A Região dos Lagos, hoje também chamada Costa do Sol, abrange vários municípios das Baixadas Litorâneas. Situada no Leste Fluminense, tem forte vocação turística, com seus atrativos naturais. Mas nem sempre foi assim. Em meados do século 18, a sua principal vocação era agrícola.
 
Na época, as ferrovias começaram a ser construídas no Rio de Janeiro e, no século 19, a Estrada de Ferro Maricá (EFM) teve seu primeiro trecho inaugurado em 1887, ligando os municípios de São Gonçalo a Maricá, para escoar a produção. Desde então, a ferrovia se tornou o principal meio de transporte da região, proporcionando grande desenvolvimento aos municípios integrados pela estrada de ferro.
 
A demanda por alimentos fez com que o município de Maricá, um dos responsáveis por parte do abastecimento de Niterói e Rio de Janeiro, abandonasse o transporte de mercadorias por tropas de mulas pelas restingas e serras. É como registra o geógrafo Eduardo Margarit, em sua monografia para a Universidade Federal Fluminense (UFF), “O resgate da história de uma ferrovia nas escolas da Região dos Lagos Fluminense”: somente em 1894 foi inaugurado o trecho que faltava até o centro de Maricá; em 1900, foi inaugurado outro prolongamento até Neves (São Gonçalo), e mais um de Maricá até Manuel Ribeiro, concluído em 1901.
 
 
O Governo Federal deu início a uma política de priorização do transporte rodoviário em detrimento do ferroviário, para incentivar as novas indústrias ligadas ao setor automotivo que estavam se instalando no Brasil.
 
Foi assim que nos anos 1950 foi dado inicio às obras de asfaltamento da Rodovia Amaral Peixoto, ligando Niterói à Macaé. A pavimentação da rodovia permitiu o acesso mais fácil e rápido aos municípios da Região dos Lagos e se tornou uma alternativa mais competitiva em relação ao transporte ferroviário”, relata o geógrafo.
 
“Em janeiro de 1962, um forte temporal causou inúmeros danos à via, destruiu pontes e deixou a linha intrafegável. Esse foi o pretexto perfeito para promover a desativação da ferrovia, os reparos não foram efetuados e o tráfego foi suspenso (…) A erradicação da Estrada de Ferro Maricá causou inúmeros prejuízos aos municípios e principalmente à população. O transporte ferroviário era barato e amplamente utilizado para o transporte de cargas e passageiros; sem ele, a única opção era o transporte rodoviário que possuía valores mais altos do frete e das passagens de ônibus”.
 
 
A Usina possuía um trem de sua propriedade composto por uma locomotiva a vapor e oito vagões plataforma que atendia sua produção. A utilização era feita por um maquinista e um foguista da Usina e um supervisor da Estrada de Ferro Maricá. O trajeto era feito diariamente da estação ferroviária de Sampaio Corrêa até o posto telefônico de Jundiar (em direção a Bacaxá) em uma distância de 4 km. Este percurso era feito na linha da Estrada de Ferro Maricá (EFM) que ali existia um entroncamento para Tingui com 3 km de distância. Este percurso era realizado em linha de trem de propriedade da Usina Santa Luiza”, explicou Sotero, acrescentando que durante a safra, a Usina Santa Luiza solicitava ainda 24 vagões, divididos entre 20 e 30 toneladas cada, para transportar sua produção de açúcar com destino a Niterói.

 

De Niterói a Cabo Frio

 
 
 
A estação de trem de Bacaxá foi o principal indutor do desenvolvimento do centro comercial de Saquarema. Ali eram embarcados limão, galinhas, bois e porcos, trazidos das fazendas.
 
Em 1913, a ferrovia chegou a Araruama, para escoamento da produção de sal e, em 1914, a Iguaba Grande. Porém, o último trecho, entre Iguaba Grande e Cabo Frio, passando por São Pedro da Aldeia, somente foi inaugurado em 1937, depois da Revolução de 30, no governo Getúlio Vargas, quando a EFM foi encampada e passou a ser administrada pelo governo federal.
 
A partir de 1943, a EFM foi incorporada à Estrada de Ferro Central do Brasil, também federal, gerando outras melhorias. Porém, um golpe fatal na evolução das ferrovias viria a seguir, na década de 50, quando várias rodovias começaram a ser construídas e asfaltadas em todo o país.
 

A estação Sampaio Corrêa

 

A estação Sampaio Corrêa nos anos 30.
Acervo Claudio Marinho Falcão



 
 
A estação Sampaio Corrêa foi inaugurada em 1913, quando do prolongamento da Estrada de Ferro Maricá até Araruama.
 
Segundo o site www.estacoesferroviarias.com.br, em página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht, há indicações de que a estação foi inaugurada com o nome de Mato Grosso, sendo que mais tarde tanto a estação como o próprio povoado passaram a se chamar Maranguá, um nome antigo conhecido desde o tempo dos tupinambás. Porém, em 1946, o então terceiro distrito de Saquarema – Maranguá – passou a se chamar Sampaio Corrêa, nome dado em homenagem ao senador, proprietário de terras e da Usina Sergipe, uma usina que antecedeu a Usina Santa Luiza, no início do século 20.
 
Aliás, foi o senador Sampaio Corrêa que vendeu as terras ao também senador Durval Cruz que tornou a Usina Santa Luiza a maior produtora de açúcar da região e a segunda maior do Estado do Rio de Janeiro, perdendo apenas para uma usina de Campos.
 
Em 1973, a Usina Santa Luiza – que tinha sua própria ferrovia conectada à Estrada de Ferro Maricá – foi fechada, encerrando a atividade açucareira na região, ampliando a atividade pecuária.
 
Posteriormente, a estação de Sampaio Corrêa foi demolida. O que resta hoje de mais relevante no terceiro distrito de Sampaio Corrêa são as ruínas das duas torres da antiga usina de cana de açúcar Santa Luiza, que era servida por ramal da Estrada de Ferro Maricá.
 
 
 
 
 
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Lançamento do Livro Estrada de Ferro Maricá.

 
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FONTES: Claudio Marinho Falcão; Cleiton Pieruccini; Roteiro Rodoviário Fluminense, Estado do Rio de Janeiro, 1953, p. 69; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Mapa – acervo R. M. Giesbrecht
 




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