sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

NISE DA SILVEIRA A PSIQUIATRA PIONEIRA NA RENOVAÇÃO DO TRATAMENTO DA SAÚDE MENTAL - HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL

O Focus Portal Cultural em  edição ESPECIAL homenageia a psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999), pioneira na renovação das estruturas do tratamento da saúde mental.
 
 
 
 
 
Nise da Silveira - psiquiatra brasileira.
 
 
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OCUPAÇÃO NISE DA SILVEIRA - ITAÚ
 

 
 
Com bravura de cangaceiro e convicção de rebelde, a psiquiatra Nise da Silveira foi pioneira na renovação das estruturas de saúde mental no Brasil.
 
Além do respeito por aqueles que estavam sob os seus cuidados, sua atuação foi marcada pelo uso da arte como forma de expressão e de exploração do inconsciente.
 
O trabalho de Nise demonstrou o valor da terapêutica ocupacional e abriu espaço para a revelação de nomes importantes para as artes visuais brasileiras.
 
 
Nise da Silveira |
fotos: autores desconhecidos/
arquivo Nise da Silveira  
 

 
Nise da Silveira nasceu em 1905, em Maceió (AL). Filha única de Faustino Magalhães da Silveira, professor e jornalista, e de Maria Lídia da Silveira, pianista, Nise cresceu em um ambiente de muita liberdade, repleto de música, de arte e de poesia.
 
Depois de concluir o curso secundário, aos 15 anos, mudou-se para Salvador onde frequentou a Faculdade de Medicina da Bahia. Na turma estava também seu primo, Mário Magalhães da Silveira – que se transformaria em um dos grandes médicos sanitaristas do Brasil e seu marido. Única mulher da turma, formou-se em 1926 e no ano seguinte, após a morte do pai, foi viver no Rio de Janeiro. Lá, especializou-se em neurologia e psiquiatria sendo aprovada em concurso público para trabalhar no Hospital da Praia Vermelha. Dedicou sua vida à psiquiatria e manifestou-se radicalmente contrária às formas que julgava serem agressivas em tratamentos de sua época, tais como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia.

Em 1944 foi reintegrada ao serviço público e iniciou seu trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, onde retomou sua luta contra as técnicas psiquiátricas que considerava agressivas aos pacientes.
 
 
Por sua discordância com os métodos adotados nas enfermarias, recusando-se a aplicar eletrochoques em pacientes, Nise da Silveira foi transferida para o trabalho com terapia ocupacional, atividade então menosprezada pelos médicos. Assim, em 1946 fundou naquela instituição a "Seção de Terapêutica Ocupacional".
 
 
No lugar das tradicionais tarefas de limpeza e manutenção que os pacientes exerciam sob o título de terapia ocupacional, ela criou ateliês de pintura e modelagem com a intenção de possibilitar aos doentes reatar seus vínculos com a realidade através da expressão simbólica e da criatividade, revolucionando a Psiquiatria então praticada no país.
 
Em 1952, ela fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, um centro de estudo e pesquisa destinado à preservação dos trabalhos produzidos nos estúdios de modelagem e pintura que criou na instituição, valorizando-os como documentos que abriam novas possibilidades para uma compreensão mais profunda do universo interior do esquizofrênico.
 
Entre outros artistas-pacientes que criaram obras incorporadas na coleção dessa instituição, podem ser citados Adelina Gomes, Carlos Pertuis, Emygdio de Barros e Octávio Inácio.
 
 
Esse valioso acervo alimentou a escrita de seu livro "Imagens do Inconsciente", filmes e exposições, participando de exposições significativas, como a "Mostra Brasil 500 Anos".
 
 
Entre 1983 e 1985 o cineasta Leon Hirszman realizou o filme "Imagens do Inconsciente", trilogia mostrando obras realizadas pelos internos a partir de um roteiro criado por Nise da Silveira.
 

A Casa das Palmeiras

Poucos anos depois da fundação do museu, em 1956, Nise desenvolveu outro projeto também revolucionário para sua época: criou a Casa das Palmeiras, uma clínica voltada à reabilitação de antigos pacientes de instituições psiquiátricas.

Nesse local podiam diariamente expressar sua criatividade, sendo tratados como pacientes externos numa etapa intermediária entre a rotina hospitalar e sua reintegração à vida em sociedade.

O auxílio dos animais aos pacientes

Foi uma pioneira na pesquisa das relações emocionais entre pacientes e animais, que costumava chamar de co terapeutas.
 
Percebeu essa possibilidade de tratamento ao observar como melhorou um paciente a quem delegara os cuidados de uma cadela abandonada no hospital, tendo a responsabilidade de tratar deste animal como um ponto de referência afetiva estável em sua vida.
 
Ela expôs parte deste processo em seu livro "Gatos, A Emoção de Lidar", publicado em 1998. Faleceu no Rio de Janeiro  Rio de Janeiro, 30 de outubro de 1999.
 

O legado

 
 
O legado de Nise se materializa também nos espaços físicos que ela fundou.


Nise na Casa das Palmeiras anos 1970
 
 
 
 
 
O Museu de Imagens do Inconsciente (MII) foi inaugurado em 1952 e é um centro de estudos e pesquisa na área da saúde mental, aberto ao público. Ali são realizadas exposições com obras de clientes que frequentaram o espaço em diferentes épocas, estando em cartaz atualmente a mostra Museu Vivo, que apresenta parte da produção atual. O espaço cuida da organização e da conservação das mais de 350 mil obras produzidas nos ateliês e do acervo pessoal de Nise da Silveira. Em 2003, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou o tombamento das principais coleções do MII (128.909 obras). Em 2014, o arquivo pessoal de Nise da Silveira foi reconhecido como Memória do Mundo pela Unesco.


Ferramenta essencial para a manutenção do trabalho do MII e do ateliê, a Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente (Samii) foi fundada em 1974 – iniciativa desenvolvida com a colaboração de diversos interessados no tema e no legado de Nise da Silveira. A Samii realiza, desde então, cursos, convênios, projetos de pesquisa, publicações, entre outras ações que visam preservar a memória de Nise e de seu trabalho.

Em 1956 foi fundada a Casa das Palmeiras, clínica pioneira em regime de externato. O espaço foi pensado com base na preocupação de Nise com a alta estatística de reinternações de clientes no hospital – era em torno de 70%. O espaço atua com portas abertas, em regime de externato, e visa ao processo terapêutico, à socialização e à realização de diferentes atividades.
 


 
Lançado em abril de 2016, “Nise: O Coração da Loucura” é um drama nacional baseado na vida da psiquiatra Nise da Silveira. Mas por que falar dele agora? Ele é uma das novidades no catálogo da Netflix e está disponível há algumas semanas. Assim, ele se torna acessível aos que não conferiram no cinema (como esse caro colunista que os escreve) e aos que querem revê-lo porque vale a pena.
 
 
O filme se passa na década de 40 e narra a trajetória de uma psiquiatra que está a frente do seu tempo. A alagoana Nise da Silveira revolucionou a psiquiatria brasileira ao colocar em debate e prática a humanização dos tratamentos psiquiátricos. Isso é importante de ser discutido até os dias atuais, pois não se dá a real importância às doenças mentais em muitos casos. Sua direção é de Roberto Berliner e conta com a atriz Glória Pires no papel principal, além de Simone Mazzer, Roberta Rodrigues, Fabrício Boliveira e outros no elenco.  






Com a curadoria de Luiz Carlos Mello (diretor do Museu de Imagens do Inconsciente) e da equipe do instituto, a exposição fica em cartaz de 25 de novembro de 2017 a 28 de janeiro de 2018, no Itaú Cultural, em São Paulo/SP.

Saiba mais sobre a Ocupação Nise da Silveira:
http://bit.ly/2zoxm6g.
 
 
 
 
 
 
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FONTE

 
 
 
Créditos do vídeo
Roteiro e edição: Karina Bonini Fogaça
Trilha: Silence, de Kai Engel.
 
 
 
 
 
 
 

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