ASSISTA AO VÍDEO COM A HOMENAGEM
DO FOCUS PORTAL CULTURAL
AO ESCRITOR
SANDRO PEREIRA REBEL
BASTA CLICAR NO VÍDEO
Sandro Pereira Rebel - escritor
Sandro Pereira Rebel
- natural de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro - íntegro, como
membro efetivo, as Academias a Niteroiense de Letras e Fluminense de Letras;
como honorário, a Itaocarense; e como
correspondente, a Campista. Faz parte da Associação Niteroiense de Letras, do
Grupo Mônaco de Cultura e da seção de Niterói da União Brasileira dos
Trovadores. Detentor da Medalha José Cândido de Carvalho e do título de Cidadão
Niteroiense, ambas as honrarias conferidas pela Câmara Municipal de
Niterói.
Dez Andamentos da Trova
(o mais recente livro de Sandro Pereira Rebel)
REENCONTRO
– Lineu! Oh, Lineu, que prazer
revê-lo!
E o Lineu não se fez de rogado. Bastou-lhe
olhar-me uma só fração de segundo para corresponder por inteiro a toda a efusão
do meu abraço:
– Mas é você
mesmo? Nem acredito! Quanto tempo, meu
Deus!
– Poxa, Lineu, que felicidade! Por onde andou?
Vamos, me conta. Afinal, 40 anos, no mínimo, já se passaram desde que nos vimos
pela última vez, não?
E daí pra frente
o papo correu solto, entre um chopinho e outro no primeiro bar que encontramos
nas imediações. Foi um tal de perguntar por fulano e por sicrano e por beltrano,
que não tinha mais fim. E – o que é
pior – o mais das vezes, as respostas,
quer do meu lado, quer do lado do Lineu, eram quase sempre as mesmas:
nunca mais vi; soube que andava muito doente; vi outro dia, coitado, nem
parecia aquele...
Até que, em
determinado momento, o Lineu se dirigiu a mim chamando-me, pela primeira vez,
pelo que supunha fosse o meu nome:
– Mas, e você, Eduardo, meu caro Dudu, o xodó
das liceistas, me fala mais de você, da família, do que tem feito, de como,
enfim, tem sido a sua vida.
Já por aí, vêem,
a coisa começava a complicar-se: o Lineu tinha trocado meu nome... Mas, pensando bem, que importância tinha
isso? O importante eram as boas lembranças que ele estava me trazendo. Aliás, só
agora percebo, eu também não era capaz de jurar que o nome dele fosse mesmo
Lineu. Não seria Alceu?
Resolvi, então, assumir convicto o papel do
Dudu e continuar recordando outros amigos comuns que, àquela altura, conseguiam
ainda não ter sido mexidos naquele cipoal de cinzas que estávamos
revolvendo.
– E o Jarrinha,
tem notícias dele?
– Ah, o
Jarrinha! Que apelido mais louco, né? Pois você não soube, Dudu? O Jarrinha já
se foi há uns três ou quatro anos. Câncer, sabe. E no fígado, quer dizer, em
poucos meses se acabou, coitadinho! Era um bom menino. Um tanto descabeçado,
mas, no fundo, um bom menino sim. Que Deus o tenha, né?
– É –
concordei –, que Deus o
tenha.
Mas, a partir
daí, obviamente, a conversa já não prosseguiu tão animada nem aquele reencontro
continuou sendo tão festejado. Afinal, Jarrinha era nada mais nada menos que o
meu apelido dos tempos de Liceu lá na minha cidade natal, a gloriosa Campos dos
Goytacazes...
Parabéns, Sandro por sua bem urdida crônica. Pincelou a cena com a sempre costumeira mestria.
ResponderExcluirFrases curtas,leves, mas plenas de espírito, levando a um clímax inesperado. Valeu!
Abraços amigos.
Dalma.