O
professor de educação artística e designer gráfico Alexandre Valentim, de 55
anos, decidiu cruzar a linha tênue entre os dois universos da arte e designer
na exposição “SANTOS DUMONT, O GRANDE BRASILEIRO”, em cartaz até o dia 30 no 1º
piso do terminal de embarque do aeroporto carioca que leva o nome do pai da
aviação. Valentim apresenta quadros que unem pintura, colagem e fotografia ao
design de superfície, uma técnica que projeta texturas bidimensionais ou
tridimensionais para recobrir diferentes áreas, com diversos tipos de material.
Ele brinca com as imagens das criações do inventor brasileiro, usando estampas
sobre desenhos.
O 14 Bis colorido: designer brinca
com as criações do inventor -
Divulgação / Fotos de divulgação.
A
mostra, além de homenagear Santos Dumont, ajuda o público a entender o design
de superfície:
— Ele
está presente no dia a dia das pessoas, mas pouca gente sabe o que é. Por
exemplo, o calçadão de Copacabana é um design de superfície, assim como a
estampa de uma camiseta e a faixa de pedestres. Nada mais é do que uma técnica
de criação de padronagens, com elementos gráficos que se reproduzem
sistematicamente. Isso pode ser usado em vários segmentos da indústria ou da
chamada economia criativa, como moda, papelaria, arquitetura e decoração. Na
exposição, uso a técnica para fazer arte.
EM BUSCA DA BRASILIDADE
Seis
quadros do designer-artista trazem algumas das mais famosas invenções de
Alberto Santos Dumont, além de uma versão de um busto do mineiro e de um
desenho da casa do pai da aviação. Na obra “14 Bis”, por exemplo, o visitante
vai encontrar uma aeronave revestida com estampas inspiradas em pinturas
corporais indígenas.
Inspiração na decoração de objetos indígenas
Foto - Divulgação.
— Na tela “Casa”, busquei
referência nos desenhos usados na decoração de objetos indígenas. No busto, foi
uma combinação de inspirações em índios, na cultura marajoara e no folclore,
principalmente o maranhense — explica o artista, que pesquisou vida e obra de
Santos Dumont antes de fazer as ilustrações.
Valentim diz que busca a
brasilidade ao usar elementos da cultura e do folclore nacionais:
— Meus trabalhos são
desenvolvidos a partir da pesquisa de elementos gráficos semióticos da cultura
brasileira, como desenhos indígenas, pinturas rupestres, folclore, cordel e
trabalhos marajoaras, sempre usando a técnica do design de superfície. Procuro
uma brasilidade. Eu mesmo crio as estampas, a partir da proposta de uso, que
pode ser em tecidos, em decoração ou em azulejaria.
CRIAÇÃO
MAIS LIVRE
Valentim tem um grife, a
Brasis Moda, para a qual cria estampas inspiradas na cultura nacional.
— São camisetas feitas com
tecido de PET, de fibra de bambu, de algodão orgânico e de cânhamo — completa
ele, que em julho montou a exposição “A superfície das coisas”, que serviu para
explicar esse tipo de design de forma didática.
O processo de criação da base
dos quadros de uma exposição, conta Valentim, é mais livre. Enquanto na moda e
na decoração o designer segue as informações dadas pelo cliente (como paleta de
cores e tipo de material), na hora de pensar na superfície de obras de arte,
como quadros ou cerâmicas, o profissional pode deixar a imaginação fluir.
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— Essa técnica vai até onde
nossa criatividade alcança. Mas, antes de tudo, é importante entender que ele
nasce numa prancheta. Sempre acho importante ensinar que não é só desenhar por
desenhar. É preciso pesquisar o produto, tentar encontrar os elementos certos —
ensina ele, que dá oficinas sobre o tema.
Numa aula no Piauí, conta
ele, os alunos chegaram acreditando que só iam aprender a fazer desenhos
impecáveis. E foram surpreendidos.
— A turma foi instigada a
elaborar grafismos a partir da cultura local. Um dos estudantes se inspirou
numa lenda tradicional da região, a do Cabeça de Cuia, e fez um trabalho com
cabecinhas de cuia que se repetiam. Isso é fazer design — explica.
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