João Guimarães Rosa
50 anos de saudades
Devido a imensa importância do brilhante escritor para a literatura, diplomacia e cultura brasileira. Autor de grandes obras, usando a recriação da linguagem, em todos os recursos, desde a invenção de vocábulos, por vários processos, até arcaísmos e palavras populares, invenções semânticas e sintáticas. Autor de expressiva popularidade.
Nossa homenagem de hoje, 19 de novembro de 2017 é para João Guimarães Rosa, justamente, o dia em que ele completa 50 anos de falecimento.
João
Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo - MG, em 27 de junho de 1908 foi um escritor, diplomata, novelista,
contista e médico brasileiro, considerado um dos maiores escritores brasileiros
de todos os tempos. Foi o segundo marido de Aracy de Carvalho, conhecida como
"Anjo de Hamburgo".
Foram
seus pais Florduardo Pinto Rosa e Francisca Guimarães Rosa. Aos 10 anos passou
a residir e estudar em Belo Horizonte Em 1930 formou-se pela Faculdade de
Medicina da Universidade de Minas Gerais. Tornou-se capitão médico, por
concurso, da Força Pública do Estado de Minas Gerais. Sua estreia literária
deu-se, em 1929, com a publicação, na revista O Cruzeiro, do conto "O
mistério de Highmore Hall", que não faz parte de nenhum de seus livros. Em
36, a coletânea de versos Magma, obra inédita, recebe o Prêmio Academia
Brasileira de Letras, com elogios do poeta Guilherme de Almeida.
Diplomata
por concurso que realizara em 1934, foi cônsul em Hamburgo (1938-42);
secretário de embaixada em Bogotá (1942-44); chefe de gabinete do ministro João
Neves da Fontoura (1946); primeiro-secretário e conselheiro de embaixada em
Paris (1948-51); secretário da Delegação do Brasil à Conferência da Paz, em
Paris (1948); representante do Brasil na Sessão Extraordinária da Conferência
da UNESCO, em Paris (1948); delegado do Brasil à IV Sessão da Conferência Geral
da UNESCO, em Paris (1949). Em 1951, voltou ao Brasil, sendo nomeado novamente
chefe de gabinete do ministro João Neves da Fontoura; depois chefe da Divisão
de Orçamento (1953) e promovido a ministro de primeira classe. Em 1962, assumiu
a chefia do Serviço de Demarcação de Fronteiras. Foi eleito membro da Academia
Brasileira de Letras em 06 de agosto de 1963, sendo o terceiro ocupante da Cadeira
nº 2, que tem como patrono Álvares de Azevedo. Faleceu no Rio de Janeiro - RJ,
em 19 de novembro de 1967.
A
publicação do livro de contos Sagarana, em 1946, garantiu-lhe um privilegiado
lugar de destaque no panorama da literatura brasileira, pela linguagem inovadora,
pela singular estrutura narrativa e a riqueza de simbologia dos seus contos.
Com ele, o regionalismo estava novamente em pauta, mas com um novo significado
e assumindo a característica de experiência estética universal.
Em
1952, Guimarães Rosa fez uma longa excursão a Mato Grosso e escreveu o conto
Com o vaqueiro Mariano, que integra, hoje, o livro póstumo Estas
estórias (1969), sob o título Entremeio: Com o vaqueiro Mariano. A
importância capital dessa excursão foi colocar o Autor em contato com os
cenários, os personagens e as histórias que ele iria recriar em Grande sertão:
Veredas. É o único romance escrito por Guimarães Rosa e um dos mais importantes
textos da literatura brasileira. Publicado em 1956, mesmo ano da publicação do
ciclo novelesco Corpo de baile, Grande sertão: Veredas já foi traduzido para
muitas línguas. Por ser uma narrativa onde a experiência de vida e a
experiência de texto se fundem numa obra fascinante, sua leitura e
interpretação constituem um constante desafio para os leitores.
Nessas
duas obras, e nas subsequentes, Guimarães Rosa fez uso do material de origem
regional para uma interpretação mítica da realidade, através de símbolos e
mitos de validade universal, a experiência humana meditada e recriada mediante
uma revolução formal e estilística. Nessa tarefa de experimentação e recriação
da linguagem, usou de todos os recursos, desde a invenção de vocábulos, por
vários processos, até arcaísmos e palavras populares, invenções semânticas e
sintáticas, de tudo resultando uma linguagem que não se acomoda à realidade,
mas que se torna um instrumento de captação da mesma, ou de sua recriação,
segundo as necessidades do "mundo" do escritor.
Além
do prêmio da Academia Brasileira de Letras conferido a Magma, Guimarães Rosa
recebeu o Prêmio Filipe d'Oliveira pelo livro Sagarana (1946); Grande Sertão:
Veredas recebeu o Prêmio Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro, o
Prêmio Carmen Dolores Barbosa (1956) e o Prêmio Paula Brito (1957); Primeiras
estórias recebeu o Prêmio do PEN Clube do Brasil (1963).
Os
contos e romances escritos por Guimarães Rosa ambientam-se quase todos no
chamado sertão brasileiro. A sua obra destaca-se, sobretudo, pelas inovações de
linguagem, sendo marcada pela influência de falares populares e regionais que,
somados à erudição do autor, permitiu a criação de inúmeros vocábulos a partir
de arcaísmos e palavras populares, invenções e intervenções semânticas e
sintáticas.
Foi
eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 6 de agosto de 1963, sendo o
terceiro ocupante da Cadeira nº 2, que tem como patrono Álvares de Azevedo.
Faleceu no Rio de Janeiro - RJ, em 19 de novembro de 1967.
Biografia
Foi
o primeiro dos seis filhos de Florduardo Pinto Rosa (Flor) e de
Francisca Guimarães Rosa (Chiquitita).
Começou
ainda criança a estudar diversos idiomas, iniciando pelo francês quando ainda
não tinha 6 anos. Em entrevista concedida a uma prima, anos mais tarde,
afirmou:
“Eu falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um
pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário
agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do
árabe, do sânscrito, do lituano, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês,
do checo, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de
outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras
línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional.
Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração. ”
Ainda
pequeno, mudou-se para a casa dos avós, em Belo Horizonte, onde concluiu o
curso primário. Iniciou o curso secundário no Colégio Santo Antônio, em São
João del-Rei, mas logo retornou a Belo Horizonte, onde se formou. O tio
Adonias, fazendeiro muito rico, dono da fazenda Sarandi, patrocinou os estudos
de Guimarães Rosa no colégio Arnaldo. Em 1925 matriculou-se na então
"Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais", com apenas
16 anos.
Em
27 de junho de 1930 casou-se com Lígia Cabral Pena, de apenas 16 anos, com quem
teve duas filhas: Vilma e Agnes. Ainda nesse ano se formou e passou a exercer a
profissão em Itaguara, então município de Itaúna (MG), onde permaneceu cerca de
dois anos. Foi nessa localidade que passou a ter contato com os elementos do
sertão que serviram de referência e inspiração a sua obra.
De
volta de Itaguara, Guimarães Rosa serviu como médico voluntário da Força
Pública (atual Polícia Militar), durante a Revolução Constitucionalista de
1932, indo para o setor do Túnel em Passa Quatro (MG) onde tomou contato com o
futuro presidente Juscelino Kubitschek, naquela ocasião o médico-chefe do
Hospital de Sangue. Posteriormente, entrou para o quadro da Força Pública, por
concurso. Em 1933 foi para Barbacena na qualidade de Oficial Médico do 9º
Batalhão de Infantaria. Aprovado em concurso para o Itamaraty, passou alguns
anos de sua vida como diplomata na Europa e na América Latina.
No
início da carreira diplomática, exerceu, como primeira função no exterior, o
cargo de cônsul-adjunto do Brasil em Hamburgo, na Alemanha, de 1938 a 1942. Lá,
conheceu e veio a casar-se com Aracy de Carvalho, funcionária da Itamaraty que,
no contexto da Segunda Guerra Mundial, para auxiliar judeus a fugir para o
Brasil, emitiu mais vistos do que as cotas legalmente estipuladas. Por essa
razão, Aracy de Carvalho ganhou, por essa ação humanitária e de coragem, no pós-guerra,
o reconhecimento do Estado de Israel. É a única mulher homenageada no Jardim
dos Justos entre as Nações, no Yad Vashem, que é o memorial oficial de Israel
para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto.
Depois
de servir em Hamburgo, Guimarães Rosa serviu ainda, como diplomata, nas
embaixadas do Brasil em Bogotá e em Paris.
No
Brasil, Guimarães Rosa, na segunda vez em que se candidatou para a Academia
Brasileira de Letras, foi eleito por unanimidade (1963). Temendo ser tomado por
uma forte emoção, adiou a cerimônia de posse por quatro anos. Em seu discurso,
quando enfim decidiu assumir a cadeira da Academia, em 1967, chegou a afirmar,
em tom de despedida, como se soubesse o que se passaria ao entardecer do
domingo seguinte: "… a gente morre é para provar que viveu." Faleceu
três dias mais tarde na cidade do Rio de Janeiro, em 19 de novembro de 1967.
Seu
laudo médico atestou um infarto, porém sua morte permanece um mistério
inexplicável, sobretudo por estar previamente, anunciada em sua obra mais
marcante Grande Sertão: Veredas, romance qualificado por Rosa como uma
"autobiografia irracional". Talvez a explicação esteja na própria travessia
simbólica do rio e do sertão de Riobaldo, ou no amor inexplicável por Diadorim,
maravilhoso demais e terrível demais, beleza e medo ao mesmo tempo, ser e
não-ser, verdade e mentira, estar e não estar. Diadorim-Mediador, a alma que se
perde na consumação do pacto com a linguagem e a poesia. Riobaldo
(Rosa-IO-bardo), o poeta-guerreiro que, em estado de transe, dá à luz
obras-primas da literatura universal. Biografia e ficção se fundem e se
confundem nas páginas enigmáticas de João Guimarães Rosa, desaparecido
prematuramente aos 59 anos de idade, no ápice de sua carreira literária e
diplomática. Foi sepultado no panteão da Academia Brasileira de Letras no
Cemitério de São João Batista na cidade do Rio de Janeiro.
Contexto
literário
Realismo
mágico, regionalismo, liberdade de invenções linguísticas e neologismos são
algumas das características fundamentais da literatura de Guimarães Rosa, mas
não as suficientes para explicar seu sucesso. Guimarães Rosa prova o quão
importante é ter a linguagem a serviço da temática e vice-versa, uma
potencializando a outra. Nesse sentido, o escritor mineiro inaugura uma
metamorfose no regionalismo brasileiro que o traria de novo ao centro da ficção
brasileira.
Guimarães
Rosa também seria incluído no cânone internacional a partir do boom da
literatura latino-americana pós-1950. O romance entrara em decadência nos
Estados Unidos (onde à época era vitrine da própria arte literária, concorrendo
apenas com o cinema), especialmente após a morte de Louis-Ferdinand Céline (1951),
Thomas Mann (1955), Albert Camus (1960), Ernest Hemingway (1961), William
Faulkner (1962). E, a partir de Cem anos de solidão (1967), do colombiano
Gabriel García Márquez, a ficção latino-americana torna-se a representação de
uma vitalidade artística e de uma capacidade de invenção ficcional que
pareciam, naquele momento, perdidas para sempre. São desse período escritores
como Mario Vargas Llosa (Peru), Carlos Fuentes (México), Julio Cortázar
(Argentina), Juan Rulfo (México), Alejo Carpentier (Cuba) e, mais recentemente,
Ángel Rama (Uruguai).
Obras
1936:
Magma
1946:
Sagarana
1947:
Com o Vaqueiro Mariano
1956:
Corpo de Baile: Noites do Sertão
1956:
Grande Sertão: Veredas
1962:
Primeiras Estórias
1964:
Campo Geral
1967:
Tutaméia – Terceiras Estórias
1969:
Estas Estórias (póstumo)
1970:
Ave, Palavra (póstumo)
2011:
Antes das Primeiras Estórias (póstumo)
ALGUMAS FRASES
ALGUNS LIVROS
UMA HOMENAGEM DO
FOCUS PORTAL CULTURAL
DO ESCRITOR E JORNALISTA
ALBERTO ARAÚJO
FONTE:
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