JACOB DO BANDOLIM - COMPOSITOR E BANDOLINISTA
Jacob Pick Bittencourt, mais conhecido
como JACOB DO BANDOLIM nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de fevereiro de 1918 foi
um músico, compositor e bandolinista brasileiro de choro. Filho do capixaba
Francisco Gomes Bittencourt e da judia polonesa Raquel Pick, nascida na cidade
de Łódź, morou durante a infância no bairro da Lapa, à Rua Joaquim Silva 97, na
Lapa, no Rio de Janeiro. Onde, sem ter muitos amigos e com restrições para ir
brincar na rua, costumava ouvir um vizinho francês cego tocar um violino.
JACOB DO BANDOLIM - COMPOSITOR E BANDOLINISTA
Por sinal, esse foi o seu primeiro
instrumento. Ganhou-o da mãe aos 12 anos, mas, por não se adaptar ao arco do
instrumento, passou a usar grampos de cabelo para tocar as cordas. Depois de
várias cordas arrebentadas, uma amiga da família disse; "...o que esse
menino quer é tocar bandolim"...
Não teve professor, sempre foi
autodidata. Tentava repetir no bandolim trechos de melodias cantaroladas por
sua mãe ou por pessoas que passavam na rua. Aos 13 anos, da janela de sua casa,
escutou o primeiro choro, É do que há - composto e gravado pelo famoso Luiz
Americano -, tocado no prédio em frente, onde morava uma diretora da gravadora
RCA Victor. "Nunca mais esqueci a impressão que me causou", afirmaria
Jacob, anos mais tarde. Raramente saia à
rua. Seu negócio era ir à escola e ficar em casa tocando bandolim. Costumava frequentar
a loja de instrumentos musicais Casa Silva, na Rua do Senado, n° 17, onde, para
variar, ficava palhetando os bandolins.
Morava em uma casa avarandada com
jardim em Jacarepaguá (Rio de Janeiro), rodeado pelas rodas de choro e de
grandes amigos chorões. Apesar de não ser um entusiasta do carnaval, gostava do
frevo. Estudou em escolas tradicionais, como no Colégio Cruzeiro (escola referencial
da comunidade alemã) e no Colégio Anglo-Americano e serviu no CPOR; trabalhou
no arquivo do Ministério da Guerra, quando já tocava bandolim. Por fim, Jacob
fez carreira como serventuário da justiça no Rio de janeiro, chegando a escrivão
de uma das varas criminais da capital.
INÍCIO DE SUA CARREIRA
Um dia, um senhor que tinha ido
consertar o violão ouviu Jacob tocar e se interessou. Deu-lhe um cartão e
convidou-o para fosse a Radio Phillips. Quando leu o cartão, Jacob ficou
atônito. O convite fora feito pelo próprio Luiz Americano, clarinetista,
compositor e intérprete do primeiro choro que
tinha ouvido. Jacob chegou a ir com um amigo violonista a porta da
emissora mas, talvez por não se considerar ainda preparado, desistiu e rasgou o
cartão.
Em 20 de dezembro de 1933, se
apresentou pela primeira vez, ainda como
amador, na Rádio Guanabara, com
um grupo formado por amigos, o Conjunto Sereno. Apresentou o choro
"Aguenta Calunga", de autoria de Atilio Grany, flautista paulista,
gravado pelo próprio autor naquele mesmo ano. Jacob não gostou do seu
desempenho e resolveu praticar mais.
Nessa época, ainda tocava de ouvido.
Certa vez, na mesma Casa Silva, um conhecido intérprete de guitarra
portuguesa, Antonio Rodrigues ouviu Jacob tocando violão. Provavelmente, os
baixos acentuados da sua "levada" de choro impressionaram o fadista,
que o convidou para acompanhá-lo ao violão em suas apresentações.
JACOB DO BANDOLIM - COMPOSITOR E BANDOLINISTA
Em 05 de maio de 1934, Jacob se
apresentou no Programa Horas Luzo-Brasileiras, na Rádio Educadora e no mesmo
dia à noite, no Clube Ginástico Português, ao lado do guitarrista Antonio
Rodrigues e dos cantores de fado Ramiro D' Oliveira e Esmeralda Ferreira. Jacob
ficou surpreso com o interesse dos fadistas por seu violão. Além disso,
comparecia a saborosas bacalhoadas e conheceu famosos artistas portugueses como
a cantora Severa e o guitarrista Armandinho. Boa comida, reconhecimento,
experiência, mas nada de cachê. A fase fadista durou pouco. O bandolim chamava
por Jacob.
Sua mãe (Raquel ou Rachel) era
pertencente ao grupo chamado de "Polacas" , que eram mulheres de
origem geralmente polonesa - ou de regiões vizinhas da Europa - trazidas a
países da América para trabalhar como prostitutas. A Sra. Raquel Pick
(pronuncia-se "Pitsk") desempenhou papel importante dentre as
Polacas, tendo atuado para que estas senhoras tivessem apoio mútuo em vida e
que fossem enterradas de maneira digna e conforme os rituais judaicos, como no
Cemitério de Inhaúma. Neste grupo possuía o "nome de guerra" de
Regina, o que é confirmado pelo depoimento de Sérgio Bittencourt, filho de
Jacob.
São de sua autoria clássicos do choro
como "Vibrações", "Doce de Coco", "Noites Cariocas",
"Assanhado" e "Receita de Samba". Alcançou popularidade ao
montar o conjunto Época de Ouro no início da década de 60, que permanece em
atividade até hoje.
Entre seus ídolos estavam Almirante
(compositor), Orestes Barbosa, Noel Rosa, Nonô (pianista, tio de Ciro Monteiro
e parente do cantor Cauby Peixoto), Bonfiglio de Oliveira, Pixinguinha, Ernesto
Nazareth, Sinhô, Paulo Tapajós, João Pernambuco, Capiba e Luiz Vieira.
Em 1968 foi realizado um espetáculo no
Teatro João Caetano (Rio de Janeiro) em benefício do Museu da Imagem e do Som
do Rio de Janeiro. Com Jacob do Bandolim, A divina Elizeth Cardoso, Zimbo Trio
e o Época de Ouro. A apresentação de Jacob tocando a música Chega de Saudade
(Tom Jobim/Vinicius de Moraes) foi antológica. Foi lançado álbum com dois
longplays (LP) da gravação original do espetáculo, em edição limitada. Foi
"guru" de Sérgio Cabral (pai do governador do Estado do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabral Filho), Hermínio Bello de Carvalho, Ricardo Cravo Albin.
Teve um casal de filhos, sendo que um
deles era o jornalista polêmico (O Globo, Última Hora) e compositor Sérgio
Bittencourt, que era hemofílico e faleceu com apenas 38 anos em 1979. A sua
filha Elena Bittencourt, cirurgiã dentista, que fundou e presidiu o Instituto
Jacob do Bandolim, faleceu em 2011, por problemas cardíacos.
Passou sua última tarde, no bairro de
Ramos, em visita a seu amigo compositor e maestro Pixinguinha. Ao chegar à
varanda da sua casa cansado e esbaforido, caiu nos braços de sua esposa Adília,
já sem vida. Faleceu no Rio de Janeiro, em 13 de agosto de 1969.
ALGUMAS OBRAS
Jacob do Bandolim é acompanhado por
Cartola (à esp. de óculos escuros) e pelo violonista César Faria (à dir.) nos
anos 1960 (foto: Folhapress)
FONTE BIOGRÁFICA
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