terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

FOCUS HOMENAGEIA E CELEBRA O CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO COMPOSITOR JACOB DO BANDOLIM.


JACOB DO BANDOLIM - COMPOSITOR E BANDOLINISTA

 


 

Jacob Pick Bittencourt, mais conhecido como JACOB DO BANDOLIM nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de fevereiro de 1918 foi um músico, compositor e bandolinista brasileiro de choro. Filho do capixaba Francisco Gomes Bittencourt e da judia polonesa Raquel Pick, nascida na cidade de Łódź, morou durante a infância no bairro da Lapa, à Rua Joaquim Silva 97, na Lapa, no Rio de Janeiro. Onde, sem ter muitos amigos e com restrições para ir brincar na rua, costumava ouvir um vizinho francês cego tocar um violino.
 



JACOB DO BANDOLIM - COMPOSITOR E BANDOLINISTA





 

Por sinal, esse foi o seu primeiro instrumento. Ganhou-o da mãe aos 12 anos, mas, por não se adaptar ao arco do instrumento, passou a usar grampos de cabelo para tocar as cordas. Depois de várias cordas arrebentadas, uma amiga da família disse; "...o que esse menino quer é tocar bandolim"...

 

Não teve professor, sempre foi autodidata. Tentava repetir no bandolim trechos de melodias cantaroladas por sua mãe ou por pessoas que passavam na rua. Aos 13 anos, da janela de sua casa, escutou o primeiro choro, É do que há - composto e gravado pelo famoso Luiz Americano -, tocado no prédio em frente, onde morava uma diretora da gravadora RCA Victor. "Nunca mais esqueci a impressão que me causou", afirmaria Jacob, anos mais tarde.  Raramente saia à rua. Seu negócio era ir à escola e ficar em casa tocando bandolim. Costumava frequentar a loja de instrumentos musicais Casa Silva, na Rua do Senado, n° 17, onde, para variar, ficava palhetando os bandolins.

 

Morava em uma casa avarandada com jardim em Jacarepaguá (Rio de Janeiro), rodeado pelas rodas de choro e de grandes amigos chorões. Apesar de não ser um entusiasta do carnaval, gostava do frevo. Estudou em escolas tradicionais, como no Colégio Cruzeiro (escola referencial da comunidade alemã) e no Colégio Anglo-Americano e serviu no CPOR; trabalhou no arquivo do Ministério da Guerra, quando já tocava bandolim. Por fim, Jacob fez carreira como serventuário da justiça no Rio de janeiro, chegando a escrivão de uma das varas criminais da capital.

 

 

INÍCIO DE SUA CARREIRA

 

 

Um dia, um senhor que tinha ido consertar o violão ouviu Jacob tocar e se interessou. Deu-lhe um cartão e convidou-o para fosse a Radio Phillips. Quando leu o cartão, Jacob ficou atônito. O convite fora feito pelo próprio Luiz Americano, clarinetista, compositor e intérprete do primeiro choro que  tinha ouvido. Jacob chegou a ir com um amigo violonista a porta da emissora mas, talvez por não se considerar ainda preparado, desistiu e rasgou o cartão.

 

Em 20 de dezembro de 1933, se apresentou pela primeira vez, ainda como  amador, na  Rádio Guanabara, com um grupo formado por amigos, o Conjunto Sereno. Apresentou o choro "Aguenta Calunga", de autoria de Atilio Grany, flautista paulista, gravado pelo próprio autor naquele mesmo ano. Jacob não gostou do seu desempenho e resolveu praticar mais.  Nessa época, ainda tocava de ouvido.  Certa vez, na mesma Casa Silva, um conhecido intérprete de guitarra portuguesa, Antonio Rodrigues ouviu Jacob tocando violão. Provavelmente, os baixos acentuados da sua "levada" de choro impressionaram o fadista, que o convidou para acompanhá-lo ao violão em suas apresentações.

 

 
JACOB DO BANDOLIM - COMPOSITOR E BANDOLINISTA

 

Em 05 de maio de 1934, Jacob se apresentou no Programa Horas Luzo-Brasileiras, na Rádio Educadora e no mesmo dia à noite, no Clube Ginástico Português, ao lado do guitarrista Antonio Rodrigues e dos cantores de fado Ramiro D' Oliveira e Esmeralda Ferreira. Jacob ficou surpreso com o interesse dos fadistas por seu violão. Além disso, comparecia a saborosas bacalhoadas e conheceu famosos artistas portugueses como a cantora Severa e o guitarrista Armandinho. Boa comida, reconhecimento, experiência, mas nada de cachê. A fase fadista durou pouco. O bandolim chamava por Jacob.

 

 

Sua mãe (Raquel ou Rachel) era pertencente ao grupo chamado de "Polacas" , que eram mulheres de origem geralmente polonesa - ou de regiões vizinhas da Europa - trazidas a países da América para trabalhar como prostitutas. A Sra. Raquel Pick (pronuncia-se "Pitsk") desempenhou papel importante dentre as Polacas, tendo atuado para que estas senhoras tivessem apoio mútuo em vida e que fossem enterradas de maneira digna e conforme os rituais judaicos, como no Cemitério de Inhaúma. Neste grupo possuía o "nome de guerra" de Regina, o que é confirmado pelo depoimento de Sérgio Bittencourt, filho de Jacob.

 

São de sua autoria clássicos do choro como "Vibrações", "Doce de Coco", "Noites Cariocas", "Assanhado" e "Receita de Samba". Alcançou popularidade ao montar o conjunto Época de Ouro no início da década de 60, que permanece em atividade até hoje.

 

 

Entre seus ídolos estavam Almirante (compositor), Orestes Barbosa, Noel Rosa, Nonô (pianista, tio de Ciro Monteiro e parente do cantor Cauby Peixoto), Bonfiglio de Oliveira, Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Sinhô, Paulo Tapajós, João Pernambuco, Capiba e Luiz Vieira.

 

Em 1968 foi realizado um espetáculo no Teatro João Caetano (Rio de Janeiro) em benefício do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Com Jacob do Bandolim, A divina Elizeth Cardoso, Zimbo Trio e o Época de Ouro. A apresentação de Jacob tocando a música Chega de Saudade (Tom Jobim/Vinicius de Moraes) foi antológica. Foi lançado álbum com dois longplays (LP) da gravação original do espetáculo, em edição limitada. Foi "guru" de Sérgio Cabral (pai do governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho), Hermínio Bello de Carvalho, Ricardo Cravo Albin.

 

Teve um casal de filhos, sendo que um deles era o jornalista polêmico (O Globo, Última Hora) e compositor Sérgio Bittencourt, que era hemofílico e faleceu com apenas 38 anos em 1979. A sua filha Elena Bittencourt, cirurgiã dentista, que fundou e presidiu o Instituto Jacob do Bandolim, faleceu em 2011, por problemas cardíacos.

 

Passou sua última tarde, no bairro de Ramos, em visita a seu amigo compositor e maestro Pixinguinha. Ao chegar à varanda da sua casa cansado e esbaforido, caiu nos braços de sua esposa Adília, já sem vida. Faleceu no Rio de Janeiro, em 13 de agosto de 1969.

 
 
 

 
ALGUMAS OBRAS


 
 
 
 
 


 
 
 
 


 
 
Jacob do Bandolim é acompanhado por Cartola (à esp. de óculos escuros) e pelo violonista César Faria (à dir.) nos anos 1960 (foto: Folhapress)


 
 
 
 
 

 APOIO CULTURAL



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

FONTE BIOGRÁFICA

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