Vinicius de
Moraes dispensa apresentações. O escritor vem encantando gerações com seus
poemas, suas músicas gravadas por incontáveis intérpretes, seus textos em
prosa, suas peças de teatro. Diante de um conteúdo variado e vasto, optou-se
por dividir a obra em dois volumes, para uma leitura mais confortável. O
primeiro abriga a poesia e a prosa poética de Vinicius, introduzidas pelo belo
texto de sua irmã Laetitia Cruz de Moraes. O segundo é dedicado à prosa, ao
teatro e ao conhecidíssimo cancioneiro do autor. Coube a Eucanaã Ferraz a
tarefa de organizar a obra, estabelecendo o texto e corrigindo erros que vinham
se perpetuando ao longo dos anos. Um trabalho criterioso, que se evidencia em
todos os detalhes e faz brilhar o gigante das nossas letras que é Vinicius de
Moraes.
No último dia 31
de outubro, Dia Nacional da Poesia, a Editora Nova Fronteira lançou “A Obra
Reunida de Vinicius de Moraes”, um nome que dispensa apresentações. Em linhas
gerais, trata-se de toda a produção em música, poesia, prosa e teatro do
escritor. Um vasto material reunido numa bela caixa com dois volumes em capa
dura que foram organizados pelo professor e pesquisador Eucanaã Ferraz. Aliás,
em 2004, ele já fora requisitado pela Nova Aguilar, para realizar um trabalho
semelhante que, esgotado nas livrarias, ainda pode ser facilmente encontrado em
sebos.
Com treze anos
de diferença, as duas edições possuem vantagens e desvantagens e é importante
conhecê-las, para decidir qual comprar. Por exemplo, a Fortuna Crítica da Nova
Aguilar é bastante extensa, enquanto que a da Nova Fronteira resume-se à
Cronologia e ao texto introdutório “Vinicius, Meu Irmão”, de Laetitia Cruz de
Moraes. Em contrapartida, os dois novos volumes possuem a mais completa seleção
de poemas não publicados em livros pelo escritor; um capítulo inédito,
inteiramente dedicado ao seu cancioneiro; e outra novidade: toda a estrutura do
que deveria ser o musical “Pobre Menina Rica”. Vinicius jamais deu o texto como
acabado, mas, pelo que há dele, é possível ser montado.
Excetuando as
letras das canções que estão em ordem alfabética, toda a obra obedece a
sequência cronológica, logo, é possível observar sua evolução, isto é, de como
o poeta foi do sagrado ao profano, ou melhor, passou de uma clara preocupação
religiosa no início da carreira para temas mais mundanos tal como o cotidiano
e, em especial, as relações amorosas.
Outro aspecto
que merece atenção é que o todo o texto está corrigido, isento de erros que
vinham se perpetuando ao longo dos anos através de antigas publicações. Para
tal, Eucanaã contou com a ajuda de Daniel Gil, doutorando em literatura
brasileira e especialista em Vinicius.
Com relação aos
aspectos físicos da edição, o papel escolhido é de boa qualidade e atendeu
minhas expectativas assim como a diagramação, apesar do tamanho da fonte ser um
pouco menor do que a habitual. Os projetos gráfico e visual primam pela
elegância, contudo, senti falta de fotografias que sempre enriquecem a leitura.
Esta
publicação da "Obra reunida de Vinicius de Moraes", pela Nova
Fronteira, com a organização de Eucanaã Ferraz, ficou um primor! Em certos
pontos, até superou a "Poesia Completa e Prosa de Vinicius", editada
em papel bíblia pela Editora Nova Aguilar e organizada por Alexei Bueno. A
presente edição, embora não traga uma extensa fortuna crítica, corrige erros
das edições anteriores e traz, pela primeira vez numa obra reunida, o livro de
poesias "História natural de Pablo Neruda" e a peça de teatro
"Pobre menina rica". Esta é uma edição muito caprichada e rica em
conteúdo. Reúne a poesia, a prosa, o teatro e as músicas de Vinicius de Moraes.
São mais de vinte livros reunidos! O conteúdo é tão amplo que a letra teve o
seu tamanho reduzido para caber nos dois volumes! A meu ver, a edição ficou
agradável para a leitura: a tipografia das letras é limpa e as páginas são
amareladas e em papel de boa qualidade, em um box e com capa dura! Traz ainda
uma introdução de quase trinta páginas com o belíssimo e clássico texto
"Vinicius, meu irmão", escrito por Laetitia Cruz de Moraes. Esta
edição faz jus à importância do "Poetinha", apelido carinhoso que
Vinicius recebeu por gostar de falar no diminutivo, mesmo em situações
difíceis! Dizem que, certa feita, ele ligou do hospital para um amigo,
justificando a impossibilidade de comparecer a um encontro, com a seguinte
justificativa: "Sofri um enfartinho!". Recomendo demais a leitura
desta Obra reunida de Vinicius, que, além do mais, tem um preço super
acessível! Para quem tiver interesse, indico também a leitura do livro "Vinicius
de Moraes, o poeta da paixão", de José Castello, que é a melhor biografia
deste poeta que viveu em eterna poesia e por quem é impossível não se
apaixonar!
Marcus Sander Júnior.
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