DESTAQUE EM 05 DE MAIO DE 20920, FRASES DE LUÍS DE CAMÕES EM
HOMENAGEM AO DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA.
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem
querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso
por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu
favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
O fraco rei faz fraca a forte gente.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n’alma me
tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.
Ah o amor… que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói
não sei porquê.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
A verdadeira afeição na longa ausência se prova
Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.Olhai de que esperanças
me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.Mas, conquanto não
pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.Que dias há que n’alma me
tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos
novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão
de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este
mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.
Farei que amor a todos
avivente,
Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia e pena ausente.
Também, Senhora, do desprezo
honesto
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.
Porém, pera cantar de
vosso gesto
A composição alta e milagrosa
Aqui falta saber, engenho e arte.
UM POUCO SOBRE LUÍS VAZ DE CAMÕES
Luís Vaz de Camões nasceu em Lisboa em 1524 e faleceu em Lisboa,
10 de junho de 1579 ou 1580 foi um poeta nacional de Portugal, considerado uma
das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição
ocidental.
Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente
nasceu em Lisboa, de uma família da pequena nobreza. Sobre a sua infância tudo
é conjetura mas, ainda jovem, terá recebido uma sólida educação nos moldes
clássicos, dominando o latim e conhecendo a literatura e a história antigas e
modernas. Pode ter estudado na Universidade de Coimbra, mas a sua passagem pela
escola não é documentada. Frequentou a corte de D. João III, iniciou a sua
carreira como poeta lírico e envolveu-se, como narra a tradição, em amores com
damas da nobreza e possivelmente plebeias, além de levar uma vida boemia e
turbulenta. Diz-se que, por conta de um amor frustrado, autoexilou-se em
África, alistado como militar, onde perdeu um olho em batalha. Voltando a
Portugal, feriu um servo do Paço e foi preso. Perdoado, partiu para o Oriente.
Passando lá vários anos, enfrentou uma série de adversidades, foi preso várias
vezes, combateu ao lado das forças portuguesas e escreveu a sua obra mais
conhecida, a epopeia nacionalista Os Lusíadas. De volta à pátria, publicou Os
Lusíadas e recebeu uma pequena pensão do rei D. Sebastião pelos serviços prestados
à Coroa, mas nos seus anos finais parece ter enfrentado dificuldades para se
manter.
Logo após a sua morte a sua obra lírica foi reunida na
coletânea Rimas, tendo deixado também três obras de teatro cômico. Enquanto
viveu queixou-se várias vezes de alegadas injustiças que sofrera, e da escassa
atenção que a sua obra recebia, mas pouco depois de falecer a sua poesia
começou a ser reconhecida como valiosa e de alto padrão estético por vários
nomes importantes da literatura europeia, ganhando prestígio sempre crescente
entre o público e os conhecedores e influenciando gerações de poetas em vários
países. Camões foi um renovador da língua portuguesa e fixou-lhe um duradouro
cânone; tornou-se um dos mais fortes símbolos de identidade da sua pátria e é
uma referência para toda a comunidade lusófona internacional. Hoje a sua fama
está solidamente estabelecida e é considerado um dos grandes vultos literários
da tradição ocidental, sendo traduzido para várias línguas e tornando-se objeto
de uma vasta quantidade de estudos críticos.
Em 5 de maio, comemora-se o Dia Internacional da Língua Portuguesa e da cultura lusófona. A data foi oficializada em 2009, no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com o propósito de promover o sentido de comunidade e de pluralismo dos falantes do português.
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