sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

EFEMÉRIDES: HÁ 42 ANOS, EM 19 DE JANEIRO DE 1982 FALECEU ELIS REGINA, CANTORA BRASILEIRA. CONHECIDA PELA COMPETÊNCIA VOCAL, MUSICALIDADE E PRESENÇA DE PALCO.

 

Elis Regina Carvalho Costa nasceu em Porto Alegre, no dia 17 de março de 1945 e faleceu em São Paulo, em 19 de janeiro de 1982. Aclamada internacionalmente, com os Sucessos de Falso Brilhante (1975-1977) e Transversal do Tempo (1978). Comparada às cantoras como: Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Billie Holiday. Elis Regina inovou os espetáculos musicais no país. 

Elis Regina nasceu no Hospital da Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Filha de Romeu de Oliveira Costa e de Ercy Carvalho. Seu pai tinha ascendência indígena e sua mãe era filha de imigrantes portugueses. 

Em Porto Alegre, sua família morava em um apartamento na chamada Vila do IAPI, no bairro Passo d'Areia, na zona norte da cidade. Seu apelido dentro de casa era "Lilica" e, quando ela contava com sete anos de idade, nasceu seu irmão mais novo, Rogério. Durante sua infância e adolescência, Elis estudava o curso normal, no Instituto de Educação General Flores da Cunha. Estudou também no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, por breve período, e terminou seus estudos no Instituto Estadual Dom Diogo de Sousa. 

Garota muito precoce na música, segundo registros, consta que aos três anos de idade já falava cantando. Nos anos seguintes, começou a aprender os sambas-canção que tocavam no rádio da época, cantados por Emilinha Borba, Cauby Peixoto, Marlene, Francisco Alves e sua paixão, Angela Maria. 

Aos sete anos, sua mãe a levou à Rádio Farroupilha para participar de um programa de rádio chamado Clube do Guri, apresentado pelo radialista Ari Rego. Antes mesmo do ensaio, a menina entrou em pânico e pediu para voltar para casa. Ela só iria voltar ao programa em 1957, aos doze anos de idade, quando finalmente controlou seu nervosismo e conseguiu cantar. A impressão causada foi tão boa que Elis foi convidada para voltar ao programa nos dias seguintes e passou a fazer parte das crianças que se apresentavam regularmente, de modo amador, sem cachê. A única recompensa era uma caixa de chocolates do patrocinador do programa que recebiam de vez em quando. 

Em 1º de dezembro de 1958, com 13 anos, iniciou a sua carreira profissional, contratada por Maurício Sirotsky Sobrinho para a Rádio Gaúcha, passando a ser chamada de "A estrelinha da Rádio Gaúcha". Nesse mesmo ano, foi eleita a "Melhor Cantora do Rádio Gaúcho" de 1958, em concurso realizado pela Revista de TV, Cinema, Teatro, Televisão e Artes, com apoio da sucursal gaúcha da Revista do Rádio, com sede no Rio de Janeiro. Além da sua atuação profissional em rádio - e na TV Gaúcha a partir de 1962 - Elis Regina também cantava em boates atuando como "crooner" nos chamados "conjuntos melódicos" de Porto Alegre, como o de Norberto Baldauf e o Flamboyant.

Em 1961, Wilson Rodrigues Poso, um simples gerente comercial do selo Continental - pertencente à gravadora GEL, estava de passagem por Porto Alegre quando foi avisado por um de seus amigos radialistas, Glênio Reis, que a rádio em que ele trabalhava contava com um novo talento que deixaria Wilson abismado. O gerente comercial não tinha autonomia para contratar artistas - isto era trabalho do diretor artístico, mas ficou com medo de perder a cantora para a concorrência e, então, ofereceu um contrato padrão para dois discos aos pais de Elis: sem cachê, mas com divisão dos resultados das vendas - o que barateava a operação da gravadora. Ao voltar ao Rio de Janeiro, precisou convencer Nazareno de Brito, o diretor artístico do selo Continental. O executivo foi convencido ao ouvir a menina cantar, mas vaticinou: ela precisava trocar de repertório. Aqueles sambas-canção de cantora de vozeirão eram datados. A moda era cantar rocks, como Celly Campello. Logo, Carlos Imperial - então radialista de programas de rock - foi chamado para produzir o álbum de estreia da cantora. 

Foi a primeira grande artista a surgir dos festivais de música e descolava-se da estética da Bossa Nova pelo uso de sua extensão vocal e de sua dramaticidade. Elis foi a maior revelação do festival da TV Excelsior em 1965, quando cantou "Arrastão" de Vinícius de Moraes e Edu Lobo. A partir desse importante momento recebeu o convite para atuar na televisão e, pouco tempo depois, o título de primeira estrela da canção popular brasileira, quando passou a comandar, ao lado de Jair Rodrigues, um dois mais importantes programas de música popular brasileira: “O Fino da Bossa.”

Cantou muitos gêneros: da MPB, passou pela bossa nova, samba, rock e jazz. Interpretando canções como "Madalena", "Águas de Março", "Atrás da Porta", "Como Nossos Pais", "O Bêbado e a Equilibrista" e "Querellas do Brasil", registrou momentos de felicidade, amor, e tristeza. 

Ao longo de toda sua carreira, destacou-se por cantar também músicas de artistas, na época, não muitos conhecidos: Milton Nascimento, Ivan Lins, Belchior, Renato Teixeira, Aldir Blanc, João Bosco, ajudando a lançá-los e a divulgar suas obras, impulsionando-os no cenário musical brasileiro. 

Entre outras parcerias, são célebres os duetos que teve com Jair Rodrigues, Tom Jobim e Rita Lee. Com seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano, consagrou um longo trabalho de grande criatividade e consistência musical e, em termos técnicos, foi considerada a melhor cantora brasileira. 

Sua presença artística memorável está registrada nos álbuns: Em Pleno Verão (1970), Elis (1972), Elis (1973), Elis & Tom (1974), Elis (1974), Falso Brilhante (1976), Transversal do Tempo (1978), Essa Mulher (1979), Saudade do Brasil (1980) e Elis (1980). 

A artista foi a primeira pessoa a inscrever a própria voz como se fosse um instrumento, na Ordem dos Músicos do Brasil. Em 2013, foi eleita a melhor voz feminina da música brasileira pela Revista Rolling Stone. Citada também na lista dos maiores artistas da música brasileira, ficando na 14ª posição, sendo a mulher mais bem colocada. Em novembro do mesmo ano estreou um musical em sua homenagem Elis, o musical.

Foi casada com Ronaldo Bôscoli, então diretor d'O Fino da Bossa, com quem teve João Marcello Bôscoli (1970); em 1973, casou-se com o pianista César Camargo Mariano, com quem teve mais dois filhos: Pedro Mariano (1975) e Maria Rita (1977). 

Elis Regina morreu, precocemente, no dia 19 de janeiro de 1982, aos 36 anos, no auge da carreira, causando forte comoção no país e deixando uma vasta obra na música popular brasileira. 

A 18 de agosto de 1997, foi agraciada, a título póstumo, com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, de Portugal. 

Em 22 de setembro de 2005, inaugurou-se na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, um espaço memorial para abrigar o Acervo Elis Regina. Trata-se de uma coleção de fotografias, artigos, objetos, discos e outros tipos de materiais relacionados com a vida e a obra da cantora, tendo sido doado por fãs, jornalistas e amigos pessoais de Elis.

Em 2013, foi estreado a peça de teatro Elis, A Musical, pela produtora Aventura. Em 2015, Elis Regina foi a grande homenageada da Escola de Samba Vai-Vai, com o enredo "Simplesmente Elis - A Fábula de Uma Voz na Transversal do Tempo", tendo a escola paulistana ganhado seu décimo quinto título com o enredo. Em 2016, foi lançado o filme Elis, tendo Andreia Horta como intérprete da cantora. Em 2019, foi lançada a minissérie Elis - Viver é melhor que sonhar, transmitida pela TV Globo. 

Como parte das comemorações dos 237 anos de Porto Alegre, em 26 de março de 2009 foi inaugurada ao lado do Centro Cultural Usina do Gasômetro uma estátua de bronze da cantora. A obra, produzida pelo artista plástico José Pereira Passos, é apoiada sobre uma base em granito que lembra um LP, adornado com estrelas de metal. 

DISCOGRAFIA

ÁLBUNS DE ESTÚDIO

ANO                -          ÁLBUM

 

1961   Viva a Brotolândia 

1962   Poema de Amor      

1963   Ellis Regina 

1963   O Bem do Amor      

1965   Samba - Eu Canto Assim 

1966   Elis    

1969   Elis - Como e Porque        

1970   Em Pleno Verão     

1971   Ela     

1972   Elis    

Brasil: 100.000 cópias vendidas

1973   Elis    

1974   Elis & Tom (com Antônio Carlos Jobim)

Brasil: 46.000 (CD+DVD)

1974   Elis    

1976   Falso Brilhante       

Brasil: 182.000

1977   Elis    

1979   Essa Mulher

1980   Saudade do Brasil 

1980   Elis    

Brasil: 69.000

 

AO VIVO - EM VIDA

 

Ano    Álbum           

1965   Dois na Bossa (com Jair Rodrigues)     

Brasil: 1.000.000 cópias vendidas

1965   O Fino do Fino (com Zimbo Trio)

1966   Dois na Bossa nº 2 (com Jair Rodrigues)         

1967   Dois na Bossa nº 3 (com Jair Rodrigues)         

1970   Elis no Teatro da Praia     

1978   Transversal do Tempo      

 

PÓSTUMOS

 

Ano    Álbum           

1982   Montreux Jazz Festival     

1982   Trem Azul    

1984   Luz das Estrelas     

Brasil: 200.000

1995   Elis ao Vivo 

Brasil: 100.000

1998   Elis Vive       

2012   Um Dia         

 

COMPACTOS SIMPLES

 

1961 - Dá Sorte / Sonhando

1961 - Dor de Cotovelo / Samba Feito pra Mim

1962 - Poporó Popó / Nos teus Lábios

1962 - A Virgem de Macarena / 1, 2, 3 Balançou

1965 - Menino das Laranjas / Sou sem Paz

1965 - Arrastão / Aleluia

1965 - Zambi / Esse Mundo É Meu / Resolução

1966 - Canto de Ossanha / Rosa Morena

1966 - Ensaio Geral / Jogo de Roda

1966 - Upa, Neguinho / Tristeza que se Foi

1966 - Saveiros / Canto Triste

1967 - Travessia / Manifesto

1968 - Yê-melê / Upa, Neguinho

1968 - Samba da Benção / Canção do Sal

1968 - Lapinha / Cruz de Cinza, Cruz de Sal

1969 - Casa Forte / Memórias de Marta Saré

1969 - Tabelinha Elis x Pelé (Perdão Não Tem / Vexamão) Elis cantando duas músicas de Pelé

1972 - Águas de Março / Entrudo

1972 - Águas de Março / Cais

1979 - O Bêbado e a Equilibrista / As Aparências Enganam

1980 - Moda de Sangue / O Primeiro Jornal

1980 - Alô, Alô Marciano / No Céu da Vibração

1980 - Se Eu Quiser Falar com Deus / O Trem Azul

 

DUPLOS

 

1966 - Menino das Laranjas / Último Canto / Preciso Aprender a Ser Só / João Valentão

1966 - Pout-Porri de Samba / Sem Deus, com a Família / Ué

1966 - Saveiros / Jogo de Roda / Ensaio Geral / Canto Triste

1968 - Deixa / A Noite do meu Bem / Noite dos Mascarados / Tristeza

1969 - Andança / Samba da Pergunta / O Sonho / Giro

1970 - Madalena / Fechado pra Balanço / Falei e Disse / Vou Deitar e Rolar

1971 - Nada Será como Antes / A Fia de Chico Brito / Osanah / Casa no Campo

1972 - Águas de Março / Atrás da Porta / Bala com Bala / Vida de Bailarina

1975 - Dois pra lá, Dois pra Cá / O Mestre-sala dos Mares / Amor até o Fim / Na Batucada da Vida

1976 - Como Nossos Pais / Um Por Todos / Fascinação / Velha Roupa Colorida

 

OUTROS LANÇAMENTOS, CONTENDO REGISTROS INÉDITOS EM LP'S

 

1968 - Elis Especial

1969 - Elis Regina & Toots Thielemans (com Toots Thielemans) — gravado na Suécia e lançado originariamente na Europa. Lançado no Brasil apenas em 1978. Também lançado com o título Aquarela do Brasil.

1969 - Elis Regina in London — gravado e lançado originariamente na Europa. Lançado no Brasil apenas em 1982.

1975 - Música Popular do Sul 1 - pela gravadora Discos Marcus Pereira com compositores e intérpretes gaúchos. Elis canta 4 canções: Boi Barroso, Alto da Bronze, Porto dos Casais e Os Homens de Preto.

1975 - O Grito - Som Livre. Trilha sonora da telenovela O Grito, que inclui Um Por Todos com letra e instrumental diferentes das apresentadas no álbum Falso Brilhante.

1979 - Elis Especial — disco lançado à revelia de Elis, reunindo faixas que não entraram em seus LPs anteriores.

1981 - Brilhante - Som Livre. Trilha sonora da telenovela Brilhante contendo a última gravação em estúdio de Elis, a música Me Deixas Louca.

2002 - 20 Anos de Saudade - Universal. Coletânea de gravações de diversos compactos e participações em outros discos coletivos das décadas de 60 e 70.

2006 - Pérolas Raras - Universal. Coletânea de gravações de diversos compactos e participações em outros discos coletivos das décadas de 60 a 80.

 

PARTICIPAÇÕES

 

1980 - Raul Ellwanger - Bandeirantes Discos/WEA. Participação especial na faixa O Pequeno Exilado.

1980 - A Arca de Noé - Ariola/Universal. Projeto especial em que vários artistas gravaram canções de Vinicius de Moraes feitas para o universo infantil. Elis gravou a faixa A Corujinha (Vinicius de Moraes / Toquinho).

 

CAIXAS

 

1994 - Elis Regina no Fino da Bossa - gravadora Velas. Caixa comemorativa com três CDs de gravações ao vivo daquele programa de televisão, entre os anos de 1965 e 1967.

 

CANÇÕES EM TELENOVELAS E MINISSÉRIES

 

Irene - tema de Véu de Noiva (telenovela), de 1970

Madalena - tema de A Próxima Atração (telenovela), de 1970

Verão Vermelho - tema de Verão Vermelho (telenovela), de 1970

Casa Forte / Andança - temas de A Revolta dos Anjos (Tupi) (telenovela), de 1972

Vida de Bailarina - tema de Tempo de Viver (Tupi) (telenovela), de 1972

Um por Todos - tema de O Grito (telenovela), de 1975, em versão alternativa

Fascinação - tema de O Casarão (telenovela), de 1976

Altos e Baixos - tema de Água Viva (telenovela), de 1980

Moda de Sangue - tema de Coração Alado (telenovela), de 1980

Me Deixas Louca - tema de Brilhante (telenovela), de 1981

Folhas Secas - tema de O Homem Proibido (telenovela), de 1982

Folhas Secas - tema de Louco Amor (telenovela), de 1983

As Aparências Enganam - tema de Eu Prometo (telenovela), de 1983

Tiro ao Álvaro - tema de Sassaricando (telenovela), de 1987

Aquarela do Brasil - tema de Kananga do Japão (Manchete) (telenovela), de 1989

Velho Arvoredo - tema de Felicidade (telenovela), de 1991

Atrás da Porta - tema de De Corpo e Alma (telenovela), de 1992

Pra Dizer Adeus - tema de Éramos Seis (SBT) (telenovela), de 1994

Alô, Alô Marciano - tema de História de Amor (telenovela), de 1995

Redescobrir - tema de Razão de Viver (SBT) (telenovela), de 1996

Carinhoso - tema de Fascinação (SBT) (telenovela), de 1998

Moda de Sangue - tema de Torre de Babel (telenovela), de 1998

Só Tinha de Ser com Você - tema de Um Anjo Caiu do Céu (telenovela), de 2001

Como Nossos Pais - tema de Estrela Guia (telenovela), de 2001

O Que Foi Feito Deverá - tema de Esperança (telenovela), de 2002

Atrás da Porta - tema de O Quinto dos Infernos (minissérie), de 2002

Atrás da Porta - tema de Canavial de Paixões (SBT) (telenovela), de 2003

Qualquer Dia - tema de Olhos d'Água (Bandeirantes) (telenovela), de 2004

As Aparências Enganam - tema de Belíssima (telenovela), de 2005

Alô, Alô, Marciano - tema de abertura de Cobras & Lagartos (telenovela), de 2006

Fascinação - tema de O Profeta (telenovela), de 2006

Corsário - tema de Pé na Jaca (telenovela), de 2006

É Com Esse Que Eu Vou - tema de Paraíso Tropical (telenovela), de 2007

Boa Noite, Amor - tema de Eterna Magia (telenovela), de 2007

O Bêbado e o Equilibrista / O Que Foi Feito Deverá / Aos Nossos Filhos / Alô, Alô, Marciano / As Aparências Enganam / Redescobrir / Sabiá / Tatuagem / Mundo Novo, Vida Nova / Conversando no Bar / Gracias a La Vida - temas de diversos personagens de Queridos Amigos (minissérie), em 2008.

Redescobrir - tema de abertura de Ciranda de Pedra (telenovela), em 2008.

Dois Para Lá, Dois Para Cá - tema de Caminho das Índias (telenovela), em 2009.

Tiro ao Álvaro - tema de Uma Rosa com Amor (SBT) (telenovela), de 2009

20 Anos Blue - tema de Insensato Coração (telenovela), de 2011

Preciso Aprender a Ser Só - tema de Amor e Revolução (SBT) telenovela, de 2011

Aprendendo a Jogar - tema de Vidas em Jogo (Record) (telenovela), de 2011

Comigo é Assim - tema de Guerra dos Sexos (telenovela), de 2012

Dois pra lá, dois pra cá - tema de Pecado Mortal (Record) (telenovela), de 2013

Aprendendo a Jogar - tema de Joia Rara (telenovela), de 2013

Atrás da Porta - tema de O Rebu (telenovela), de 2014

O que tinha de Ser - tema de Alto Astral (telenovela), de 2014

Dois pra cá, dois pra lá - tema de Êta Mundo Bom! (telenovela), de 2016

Deus lhe pague - tema de Os Dias Eram Assim (supersérie), de 2017

O bêbado e a equilibrista - tema de Os Dias Eram Assim (supersérie), de 2017

20 anos blue - tema de Os Dias Eram Assim (supersérie), de 2017

Velha Roupa Colorida - tema de Carinha de Anjo (SBT) (telenovela), de 2017

Altos e Baixos - tema de A Força do Querer (telenovela), de 2017

Morro Velho - tema de O Outro Lado do Paraíso (telenovela), de 2017

O Caçador de Esmeraldas - tema de O Outro Lado do Paraíso (telenovela), de 2017

Sabiá - tema de Nos Tempos do Imperador (telenovela), de 2021.

 



ELIS REGINA CARVALHO COSTA – TEXTO DE ANA MARIA TOURINHO – MEMORIAL CULTURAL DO FOCUS PORTAL CULTURAL NOS 42 ANOS DE ENCANTAMENTO DA CANTORA ELIS REGINA.


Gaúcha, nasceu na tarde de um domingo, 17 de março de 1945, primeira filha do casal Ercy e Romeu Carvalho Costa. O nome escolhido, Elis. O pai pensando que o nome identificaria os dois sexos, o que poderia trazer a Elis problemas mais tarde, acrescentou Regina. Elis Regina nasceu de um sonho, fez-se sonho e eternizou-se como realidade em interpretações inigualáveis.

Aos 11 anos, apresentou-se no programa Clube do Guri, de Ari Rego na Rádio Farroupilha, onde cantou até os 13. Saiu para dar lugar aos mais jovens. Ari Rego, uma das maiores estrelas do Rádio nos anos 50 e 60, fala sobre Elis: “era muito temperamental, mas no bom sentido, tinha obsessão pelo perfeccionismo e uma garra impressionante… Escolhia os maiores sucessos e ensaiava, ensaiava e ensaiava. … Seria brilhante em qualquer profissão, mas queria cantar, era uma líder nata, a mais competente, a mais seria, a mais confiável já aos doze anos”. Elis, 23 anos depois do Clube diz: “a perfeição é uma meta, eu tava à procura dela. Continuo à cata. Eu não sei se eu vou chegar lá algum dia, mas…”.
Em dezembro de 1958, foi contratada pela Rádio Gaúcha. Neste ano, Elis com 13 anos era escolhida a melhor cantora na eleição “Os Melhores do Rádio” da Revista do Globo, aos 14 repetiria o feito, na eleição da Revista TV. Antes dos 18, lançou os LPs: Viva a Brotolândia, O bem do amor, (aqui ganha um l a mais no nome), e Ellis Regina.
 

Ao ouvir a gravação da música “Dor de Cotovelo” de João Roberto Kelly, Walter Silva diz a Elis: “Menina você vai ser a maior cantora desse país”.
No programa televisivo Brasil 62 da TV Excelsior, apresentado por Bibi Ferreira, em edição em Porto Alegre, Elis apresenta-se acompanhada pelo violonista Neneco. Bibi adoece e é substituída por Walter Silva. Era a segunda vez que a via, ficou encantado. Elis saiu-se tão bem que semanas depois estava em São Paulo para nova participação.
Em 1962, mais um prêmio o de Cantora do Ano, no Rio Grande do Sul e em 1963 arrebata, com votos de quase cem mil ouvintes o troféu “J. Bronquinhas” de Melhor Cantora do Rádio Gaúcho.

No início de sua carreira seu estilo era influenciado por sua maior heroína vocal a Ângela Maria e por Ella Fitzgerald. Cantava muitas músicas de Chet Baker e Nat King Cole, ligou-se ao João Gilberto, não procurava cantar como os bossa-novistas, mas observava muito a técnica de emissão, sustentação de notas, enfim…

Elis veio para o Rio em 28 março de 1964, por conta própria, chateada por ter rompido o noivado, afinal namorava há quatro anos e estava prestes a casar. De grande estrela regional, transformou-se em mais uma aspirante ao sucesso. Sua figura não ajudava, nada ajudava: cantava exuberante, alheia aos maneirismos da bossa-nova e para o padrão do Rio de Janeiro, era considerada, mal vestida, mal penteada e mal maquiada. Tom Jobim, para vetá-la no disco com as canções do musical Pobre Menina Rica escrito por Vinicius de Moraes e Carlos Lyra, havia dito: “Esta gaúcha é muito caipira. Ainda está cheirando a churrasco.”

Elis aconteceu para todo o Brasil, aos 20 anos em 1965 através do I Festival da Música Popular Brasileira - MPB da TV Excelsior, realizado em São Paulo, transmitido pela televisão, onde cantou “Arrastão“, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, tendo sido laureada como Melhor Intérprete.

Eclética, interpretava vários estilos, passeava com maestria em todos: MPB, jazz, rock, bossa nova e samba. Levou à fama importantes nomes como: Milton Nascimento que certa vez declarou que depois de seus pais, Elis era a pessoa que mais amava; João Bosco e Ivan Lins. Fez parcerias em duetos inesquecíveis com Tom Jobim, Jair Rodrigues e outros.

Vinicius de Moraes apelidou-a de Pimentinha por conta de sua baixa estatura 1,53m, por suas frases ardidas e personalidade explosiva. Em fração de segundos mudava o comportamento, brigava aos gritos e em seguida conversava tranquilamente como se nada houvesse acontecido.

Os anos passaram, Elis com seu jeito único de cantar fica famosa, conhecida internacionalmente e comparada a cantoras como Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Billie Holiday. Fez sucesso no Olympia de Paris. Muito ovacionada voltou ao palco seis vezes após o final de seu show.

Em 18 anos de carreira, o furacão da MPB, como também era chamada, gravou 28 álbuns, sete ao vivo e 21 em studio, além de 33 compactos, vendeu quatro milhões de discos; apresentou na TV Record, ao lado de Jair Rodrigues e Zimbo Trio, o programa O fino da bossa. Deste programa resultaram os discos Dois na Bossa I, que vendeu um milhão de cópias, o II e o III.

Foi pioneira, a primeira mulher a cantar em Festivais de Musica na década de 60. Introduziu a coreografia dos braços, modificando as apresentações no palco.

Mulher difícil e apaixonante, obstinada e insegura. Em sua vida, tudo aconteceu depressa demais, verdadeiro turbilhão, da infância à morte trágica, prematura, quando Elis tinha apenas 36 anos.
Seu produtor e diretor musical Fernando Faro assim se expressou: “morreu na inocência. Rompeu com a prudência e se atirou ágil e rapidamente em seus desejos. Superou acusações, rótulos, cobranças. Confundiu, anarquizou, gritou e esperneou. Não levou desaforo pra casa. Foi uma mutante especialíssima, uma mulher valente, uma artista excepcionalmente talentosa.”

A história do ícone, do mito, revela uma vida curta, mas vivida intensamente. Sua marcante presença no palco, sua musicalidade e competência musical, nos leva a dizer: sem Elis na Música Popular Brasileira, nada será como antes. Fascinava com inigualáveis interpretações. Apropriou-se de alguns sucessos que são só seus, sem desmerecer os compositores, claro, como aconteceu com: Como nossos pais de Belchior; O Bêbado e o Equilibrista de Aldir Blanc e João Bosco; Andança de Paulinho Tapajós, Edmundo Souto e Danilo Caymmi; Romaria de Renato Teixeira; Se eu quiser falar com Deus de Gilberto Gil; Aprendendo a jogar de Guilherme Arantes, apenas para citar algumas das inúmeras pérolas de seu cuidadoso repertório.
 

Não poderíamos deixar de falar do espetáculo que idealizou. Entre a ideia e a estreia transcorreram sete meses de trabalho intenso, com ensaios que, as vezes duravam 20 horas. Com o título tirado da canção de Aldir Blanc e João Bosco (“No dedo um...”), Falso brilhante. Um espetáculo que estreou em 17 de dezembro de 1975, no Teatro Bandeirantes em São Paulo, um grande teatro, com mais de mil lugares, lotado todas as noites que teve 275 apresentações, 280 mil espectadores, um grande sucesso que contava a trajetória de Elis, desde o Clube do Guri ate aqueles dias e compunha-se de um pot-pourri com boleros, tangos, clássicos norte americanos, franceses, italianos e, é claro, da musica brasileira, da qual contava parte da historia e dos bastidores do showbiz.

Este espetáculo ficou em cartaz de dezembro de 1975 a fevereiro de 1977, no mesmo teatro que lotava a cada noite. O Falso brilhante, foi escolhido o show do ano de 1976 pela Associação Paulista de Críticos de Arte, e neste ano foi lançado o LP Falso brilhante que misturou doses de esperança e cinismo, com uma agressividade que, 47 anos depois segue incólume, e que, ate hoje, traz lágrimas aos olhos, ao escutá-lo.

Aos 36 anos, no auge de sua carreira em 19 de janeiro de 1982, foi encontrada desacordada, após uma noite em que misturou álcool e drogas. Levada para o hospital sua morte foi constatada. Laudos médicos atestaram vestígios de consumo de cocaína e bebida alcoólica. Perdemos Elis!


Elis Regina, sua importância para a MPB e seu rico repertório a fez a maior cantora brasileira de todos os tempos. Até hoje escutar suas interpretações levam-me, e acredito a muitos a pensar, sonhar, ver e entender a beleza do amor.

Sua morte deixou o Brasil órfão e estupefato. Faço minhas as palavras de sua mãe: “Eu não a perdoo” e penso como seu filho João Marcelo: “Elis Regina não morre”.


Íntegra do texto da escritora, acadêmica Ana Maria Tourinho publicado na Coletânea: Originárias da AJEB-MG organizada por Irislene Morato. Páginas 34 e 35.

 



SOBRE A ÚLTIMA NOITE E O ADEUS A ELIS REGINA

  TEXTO COMPARTILHADO PELA LABOURÉ LIMA


Na noite de 18 de janeiro de 1982, Elis Regina recebeu amigos para jantar na sua casa na Rua Melo Alves, em São Paulo, incluindo o namorado da época, o advogado Samuel McDowell. Ao longo do serão todos foram saindo, até McDowell, porque a cantora queria concentrar-se nas músicas do disco que se preparava para gravar. Horas depois, já manhã de sol, McDowell ligou para Elis. Assustou-se porque no final do telefonema ela mais balbuciava do que falava. Correu para o apartamento, arrombou duas portas e encontrou-a inanimada no quarto. Chamou uma ambulância, que a conduziu ao Hospital das Clínicas, onde chegou morta, aos 36 anos, vítima de overdose de cocaína e álcool.

Elis Regina Carvalho Costa Foi ela a primeira pessoa a inscrever a sua voz como se fosse um instrumento na Ordem dos Músicos do Brasil. A maior intérprete de samba, jazz, rock, bossa nova, de música popular brasileira de todos os tempos. Uma mulher que ia além da música. Numa época de machismo exacerbado, escolheu ter controlo pleno da sua carreira. Em plena ditadura militar - 1964-1985 - fez ferozes críticas ao regime e participou em movimentos de renovação política e cultural. Casou duas vezes, com o músico Ronaldo Bôscoli, pai do seu primeiro filho, o produtor João Marcelo Bôscoli, e com o pianista César Camargo Mariano, pai dos cantores Maria Rita e Pedro Mariano, além de ter mantido outras relações tempestuosas porque na sua vida tudo era algo tempestuoso.

Ganhou de Vinícius de Moraes a alcunha de Pimentinha por ferver em pouca água - os amigos referem-se a ela como "geniosa", "revoltada", "contraditória", "agitada", "exigente". "Se ser geniosa e exigente e não gostar de ser passada para trás é ser mau caráter, então eu sou", disse a própria numa entrevista. E noutra: "Viver como um kamikaze é o que me faz ficar de pé." Ficou de pé até aquela manhã de sol de 19 de janeiro de 1982. A voz de Elis, porém, resiste. Como disse o produtor Walter Carvalho muitos anos após a sua morte, "a Elis Regina está cantando cada vez melhor".

Dia 19 de janeiro de 1982, Morria a maior cantora do Brasil de todos os tempos.

(Trechos extraídos do Diário de Notícias online)


(Clicar na imagem para assistir ao vídeo)





FASCINAÇÃO - INTÉRPRETE ELIS REGINA

 

Os sonhos mais lindos sonhei!

De quimeras mil, um castelo ergui!

E no teu olhar, tonto de emoção,

Com sofreguidão, mil venturas previ!

O teu corpo é luz, sedução!

Poema divino cheio de esplendor!

Teu sorriso prende, inebria, entontece!

És fascinação, amor!

Teu sorriso prende, inebria, entontece!

És fascinação, Amor!

 

A MÚSICA “FASCINAÇÃO'” ETERNIZADA NA VOZ DE ELIS REGINA, É UM POEMA AO AMOR E À AFABILIDADE.

"FASCINAÇÃO" a música original chama-se “Fascination” popular canção francesa escrita em 1905, por Maurice de Féraudy e Dante Marchetti

(1859-1932). Em 1943 o radialista brasileiro Armando Louzada fez uma versão em português, que foi gravada por Carlos Galhardo, no dia 4 de fevereiro daquele ano. Em 1976 Elis Regina incluiu Fascinação no repertório do show “Falso Brilhante”. 

A cantora Elis Regina, eternizou-a por sua interpretação emocionante e impecável técnica vocal de “Fascinação” com uma excelente “performance” que transmite a profundidade e a sinceridade dos sentimentos descritos na letra. A música se tornou um clássico da MPB, elucubra a competência da artista tornando a canção atemporal, isto é, ressonante aos ouvintes das próximas gerações.

 

A letra da canção fala sobre sonhos e desejos intensos, construídos a partir da admiração e da paixão por alguém. A canção descreve o ser amado como uma figura quase divina, cuja aparência é brilhante e o sorriso tem o poder de embriagar e estontear. Essa descrição eleva o amor a um patamar de adoração, onde o outro é visto como fonte de luz e inspiração poética. A repetição da linha 'Teu sorriso quente inebria e entontece' enfatiza a intensidade do sentimento que domina o eu lírico, sugerindo uma entrega total à experiência do amor. 

Onde diz: “Os sonhos mais lindos...” e a construção de um “castelo” simbolizam a criação de um mundo perfeito e imaginário no qual o amor é o embasamento central. A quimera, um ente mitológico que representa algo inalcançável ou produto da imaginação, robustece a ideia de que o amor vivido é quase uma fantasia.



ALBERTO ARAÚJO EXIBE O CD “PERFIL”  DE ELIS REGINA

 

Para muitos considerada a grande Diva da Música Popular Brasileira, Elis Regina mereceu este trabalho lindo, intitulado: PERFIL, onde estão inseridos todos os seus grandes êxitos, como: Águas de Março, Madalena, Fascinação e Romaria.  Com isso vale relembrar que estamos na presença de umas das grandes vozes da música brasileira, nesse disco onde a qualidade e o critério na seleção dos temas foram elementos essenciais. Sem dúvidas, é uma excelente compilação da cantora gaúcha Elis Regina. O álbum foi lançado pela Universal Music e Som Livre, no ano de 2003, com versões originais de canções como: Fascinação, Aprendendo a jogar e o Bêbado e a Equilibrista.

 

FAIXAS DO CD

 

01. Me Deixas Louca (Me Vuelves Loco)

02. Madalena

03. Casa no Campo

04. Dois Pra Lá, Dois Pra Cá

05. Águas de Março - Elis & Tom

06. Atrás da Porta

07. Fascinação (Fascination)

08. O Mestre Sala dos Mares

09. Romaria

10. Como Nosso Pais

11. Nada Será Como Antes

12. Vou Deitar e Rolar (Qua Qua Ra Qua Qua)

13. Cartomante

14. Querelas do Brasil

15. Aprendendo A Jogar

16. O Bêbado e a Equilibrista

 



Foto e Álbum Perfil de Elis Regina

Arquivo particular do Focus Portal Cultural




ELIS REGINA, ETERNAMENTE - HOMENAGEM DO FOCUS PORTAL CULTURAL. CLICAR NO LINK:

https://www.youtube.com/watch?v=u536kClq-Pc 




Nenhum comentário:

Postar um comentário