terça-feira, 31 de março de 2015

AS MULHERES NÃO SÃO TODAS IGUAIS - NEM OS HOMENS, O MAIS RECENTE LIVRO DA ESCRITORA E ACADÊMICA LUZIA INFANTE PEREIRA VELLOSO É A OBRA INDICADA PARA O MÊS DE ABRIL NA VITRINE DO FOCUS. CONFIRA.




Como já se tornou costumeiro,  nesta sua revista eletrônica, trazer aos foculistas obras de renomados escritores brasileiros, hoje  lhes trago  novidades.  E das melhores,  dando  ênfase  ao valor de  autores fluminenses.

A Vitrine do Focus Portal Cultural tem a honra de recomendar para o mês de abril de 2015 o livro: As mulheres não são todas iguais - nem os homens, a excelente obra da escritora e acadêmica Luzia Infante Pereira Velloso.

Diante da sensibilidade emocional  dos seus textos-quadros,  Focus Portal Cultural, por intermédio de seu diretor, Alberto Araújo,  atento ao movimento intelectual de Niterói, encantou-se com  as cenas  ficcionais do  livro da sua confreira Luzia Velloso. Por isso,  escolheu-o para a sua vitrine do mês de abril. 

E para iniciar o trailer,  leia um fragmento bem significativo de uma das páginas:


“Há em mim uma enorme ambivalência dos meus desejos.
Não consigo dar conta da minha vontade.
Quero percorrer o caminho, criar trajetória própria,
na busca de meu eu.
Cansei de sonhar com a realização
do que não é possível.
Não desejo ter o outro sob meu domínio,
mas também não quero ser
prisioneira de mim.
Reza o mito que a paixão é alienante.
Andei por esses caminhos...
Fui atingida pelo cupido que
tem os olhos vendados. Ceguei-me.
Lembro-me de ter ouvido que o amor
é o desejo impossível de ser um, quando há dois”.

Luzia Velloso em
As mulheres não são todas iguais - nem os homens.
Rio de Janeiro: Oficina de Livros, 2015. Contra Capa.


Gostaram?  Bonito fragmento, não é mesmo?  Os assuntos são "quentes" e falam de questões do dia a dia.

A obra reúne nove contos da renomada escritora e artista plástica Luzia Infante Pereira Velloso.

Mergulhada   nos subterrâneos da memória, a escritora Luzia Velloso traça, com os pincéis da palavra, sensíveis quadros de vida neste livro As Mulheres não são todas iguais - nem os homens.

São  situações existenciais do cotidiano, por ela  relembradas das suas vivências  interioranas, que aparentemente simples, banais,  ganharam valor expressional.

Com força poética, seu olhar atento de artista  penetra no ser das coisas e transforma,  eternizados,   acontecimentos vulgares  do  dia a dia.

Ao revisitar recordações,  a autora soube  iluminar  recantos da alma humana, alguns já submersos, enfumaçados, já outros mais claros como são as brumas  do lusco-fusco  da memória.

Nos flashes curtinhos de cada texto, há pinceladas  de cores, que a escritora retirou  da paleta dos seus trabalhos plásticos  e transformou em letras, palavras.


Ao descrever ocorrências  cotidianas, a  narradora recorda episódios singulares e marcantes entre um homem e uma mulher. A amizade e o afeto,  que unem esses indivíduos desde a juventude, irão influir em seus universos interiores, cujos efeitos acionarão, em ambos, reflexões sobre a existência humana. A obra relata verdadeiras situações banais, do dia a dia, envolvendo as várias dimensões da vida. As histórias fazem-nos refletir sobre a  grandeza dos pequenos episódios,  dotados de valores adquiridos nas  participações da vida social.

Com a apresentação da arquiteta Annabella Blyth, atuante no setor público em planejamento/desenvolvimento regional e tradutora independente associada à ABRATES, a escrita literária  de Luzia Velloso oferece também ao leitor a possibilidade de poder dar asas  a exuberantes imaginações.

A artista brinda o   seu público com relatos marcantes de pessoas simples, que vão desde a infância interiorana até a vida adulta na cidade grande.  Contos expostos na linhagem do tempo compõem esta excepcional coletânea dos mais variados temas e estilos. Eles oferecem o pincel e as tintas literárias para descobrir a ponte e estrada para percorrer o caminho da  felicidade.

Com seu estilo sintético e  hábil, a autora Luzia Velloso faz-nos  pensar sobre a experiência humana e a procura do desejo e da paixão, aprisionadas  dentro de cada um.

Apesar  de seus personagens serem gente comum, seus escritos estão  carregados de contradições, conflitos, frustrações e inquietudes. Porém, o que impera mesmo e sobressai em todos eles é o amor e o afeto, embora haja  encontros e desencontros, artifícios sempre inseridos na busca de uma felicidade altamente “fugidia”.  Todos nós estamos envolvidos nesses fatos porque, igualmente, sempre procuramos respostas para os enigmas da existência.

Com certeza, estas narrativas vão lhe abrir, prezados foculistas, novas portas rumo ao amor, à amizade e ao afeto, já que esses são as principais questões universais da humanidade, há milênios.

Eis, embaixo,  um  pequenino momento  da  obra.  Apenas uma  amostra. Esperamos que vocês, amigos foculistas,  sintam  a mesma emoção que senti, quando desfrutarem das situações, fundamentalmente  humanas, deste  livro As Mulheres não são todas iguais - nem os Homens.



Alberto Araújo
editor









CAPÍTULO 1


o menino pensa e descompensa


Todas as tardes, os amigos reuniam-se, como de costume, agasalhados com gorros, casacos pesados, cachecóis, meias longas e botas. Homens, mulheres e jovens escolhiam estar, nas noites frias, em companhia uns dos outros, naquela mesma praça. Alguns se sentavam num grande tapete, constituindo público cativo, onde se apresentavam os talentos os artistas, filhos da cidade.

Havia programação para os compositores e cantores; teatro de bonecos para a criançada; encontro com poetas em saraus concorridos; recitais; lançamento de livros e apresentação da Banda Goela Seca. Circundavam o jardim algumas tendas com frutas e sucos, e havia o chimarrão que passava de mão em mão. A população participava ativamente, aplaudindo as apresentações e, vez por outra, era feita uma chamada para estimular os mais tímidos a se apresentarem diante do público.

Um homem forte, brincalhão, conhecido pelo apelido de Madrugada, fazia parte do grupo de planejamento das atividades culturais na praça. Nasceu e viveu na periferia de Feliz. Fez vários cursos de gastronomia e trabalhava num importante restaurante da cidade. O pai de Madrugada, seu Antero Neves de Albuquerque, de família de fazendeiros com reconhecida tradição[...]


Página 16


[...] esse comércio em Feliz e nas cidades vizinhas. Atraído pelo desafio de ganhar muito mais, comprou um pequeno sítio, plantou pasto e adquiriu algumas cabeças de gado para corte. Embora super atarefado, Roberto não se esquivou e aceitou a tarefa de trabalhar nas atividades da praça.

Escrevia poesias e lançara seu primeiro livro ali. Lia autores como Manoel de Barros, com quem se identificava pelo gosto das coisas boas da roça e em quem se inspirava na composição dos poemas que oferecia à amada: "... lembro um menino repetindo as tardes naquele quintal”.

Tinha incrível facilidade para improvisar e, com suas rimas, fazia graça para o público, que o aplaudia e pedia mais. Certa noite, trajava calças largas, muito diferentes do seu jeans de boiadeiro, e dançava em compasso de Hip Hop, apontando para sua amada com seus longos dedos. Com rima ritmada gingava:

A lágrima derramada
Nessa noite de lua cheia
É rosa desfolhada
Que em minha mente vagueia.
Quero afagar sua mão
Quero saciar meu desejo
Peço hoje seu perdão
Tê-la é tudo que almejo.


Texto da 1ª orelha.


[...] Em suas noites, Marcos é assaltado por pensamentos que remetem à infância e à juventude: ainda pequeno, é sensível à dura realidade em que vivem os colonos dos seus avós e cria uma forma de ajudá-los. O pai boicota seu projeto e o interna em um colégio da cidade.

Marcos vê correr sua vida, cercado da rigidez dos nãos e das instigantes perguntas sem respostas. Escreve cartas para sua amiga de infância, Helena e, na troca de correspondências, acompanha a desastrada vida amorosa da amiga, expondo também histórias.

Marcos mora no Rio de Janeiro e formou-se em psiquiatria. Helena é advogada e reside em Florianópolis. Os dois amigos mergulham nas águas turvas de suas existências e tentam reestruturar suas vidas.








A obra foi publicada pela editora da Oficina do Livro do Rio de Janeiro - RJ - Brasil, contém 148 páginas. E encontra-se em várias livrarias da cidade ou pelos sites e face book:








APOIO CULTURAL








Nenhum comentário:

Postar um comentário