Como já se tornou
costumeiro, nesta sua revista
eletrônica, trazer aos foculistas obras de renomados escritores brasileiros,
hoje lhes trago novidades.
E das melhores, dando ênfase
ao valor de autores fluminenses.
A Vitrine do Focus
Portal Cultural tem a honra de recomendar para o mês de abril de 2015 o livro:
As mulheres não são todas iguais - nem os
homens, a excelente obra da escritora e acadêmica Luzia Infante Pereira Velloso.
Diante da sensibilidade emocional dos seus textos-quadros, Focus Portal Cultural, por intermédio de seu diretor, Alberto Araújo, atento ao movimento intelectual de Niterói, encantou-se com as cenas ficcionais do livro da sua confreira Luzia Velloso. Por isso, escolheu-o para a sua vitrine do mês de abril.
E para iniciar o
trailer, leia um fragmento bem
significativo de uma das páginas:
“Há em mim uma enorme
ambivalência dos meus desejos.
Não consigo dar conta
da minha vontade.
Quero percorrer o
caminho, criar trajetória própria,
na busca de meu eu.
Cansei de sonhar com
a realização
do que não é
possível.
Não desejo ter o
outro sob meu domínio,
mas também não quero
ser
prisioneira de mim.
Reza o mito que a
paixão é alienante.
Andei por esses
caminhos...
Fui atingida pelo
cupido que
tem os olhos
vendados. Ceguei-me.
Lembro-me de ter
ouvido que o amor
é o desejo impossível
de ser um, quando há dois”.
Luzia Velloso em
As mulheres não são
todas iguais - nem os homens.
Rio de Janeiro:
Oficina de Livros, 2015. Contra Capa.
Gostaram? Bonito fragmento, não é mesmo? Os assuntos são "quentes" e falam
de questões do dia a dia.
A obra reúne nove contos da renomada escritora e artista plástica Luzia Infante Pereira Velloso.
Mergulhada nos subterrâneos da memória, a escritora Luzia Velloso traça, com os pincéis da palavra, sensíveis quadros de vida neste livro As Mulheres não são todas iguais - nem os homens.
São situações existenciais do cotidiano, por ela relembradas das suas vivências interioranas, que aparentemente simples, banais, ganharam valor expressional.
Com força poética, seu olhar atento de artista penetra no ser das coisas e transforma, eternizados, acontecimentos vulgares do dia a dia.
Ao revisitar recordações, a autora soube iluminar recantos da alma humana, alguns já submersos, enfumaçados, já outros mais claros como são as brumas do lusco-fusco da memória.
Nos flashes curtinhos de cada texto, há pinceladas de cores, que a escritora retirou da paleta dos seus trabalhos plásticos e transformou em letras, palavras.
Ao descrever
ocorrências cotidianas, a narradora recorda episódios singulares e
marcantes entre um homem e uma mulher. A amizade e o afeto, que unem esses indivíduos desde a juventude,
irão influir em seus universos interiores, cujos efeitos acionarão, em ambos,
reflexões sobre a existência humana. A obra relata
verdadeiras situações banais, do dia a dia, envolvendo as várias dimensões da
vida. As histórias fazem-nos refletir sobre a
grandeza dos pequenos episódios,
dotados de valores adquiridos nas
participações da vida social.
Com a apresentação da
arquiteta Annabella Blyth, atuante no setor público em
planejamento/desenvolvimento regional e tradutora independente associada à
ABRATES, a escrita literária de Luzia
Velloso oferece também ao leitor a possibilidade de poder dar asas a exuberantes imaginações.
A artista brinda o seu público com relatos marcantes de pessoas
simples, que vão desde a infância interiorana até a vida adulta na cidade
grande. Contos expostos na linhagem do
tempo compõem esta excepcional coletânea dos mais variados temas e estilos.
Eles oferecem o pincel e as tintas literárias para descobrir a ponte e estrada
para percorrer o caminho da felicidade.
Com seu estilo
sintético e hábil, a autora Luzia Velloso faz-nos pensar sobre a experiência
humana e a procura do desejo e da paixão, aprisionadas dentro de cada um.
Apesar de seus personagens serem gente comum, seus
escritos estão carregados de
contradições, conflitos, frustrações e inquietudes. Porém, o que impera mesmo e
sobressai em todos eles é o amor e o afeto, embora haja encontros e desencontros, artifícios sempre
inseridos na busca de uma felicidade altamente “fugidia”. Todos nós estamos envolvidos nesses fatos
porque, igualmente, sempre procuramos respostas para os enigmas da existência.
Com certeza, estas
narrativas vão lhe abrir, prezados foculistas, novas portas rumo ao amor, à
amizade e ao afeto, já que esses são as principais questões universais da
humanidade, há milênios.
Eis, embaixo, um
pequenino momento da obra.
Apenas uma amostra. Esperamos que
vocês, amigos foculistas, sintam a mesma emoção que senti, quando desfrutarem
das situações, fundamentalmente humanas,
deste livro As Mulheres não são todas
iguais - nem os Homens.
CAPÍTULO 1
o menino pensa e
descompensa
Todas as tardes, os
amigos reuniam-se, como de costume, agasalhados com gorros, casacos pesados,
cachecóis, meias longas e botas. Homens, mulheres e jovens escolhiam estar, nas
noites frias, em companhia uns dos outros, naquela mesma praça. Alguns se
sentavam num grande tapete, constituindo público cativo, onde se apresentavam
os talentos os artistas, filhos da cidade.
Havia programação
para os compositores e cantores; teatro de bonecos para a criançada; encontro
com poetas em saraus concorridos; recitais; lançamento de livros e apresentação
da Banda Goela Seca. Circundavam o jardim algumas tendas com frutas e sucos, e
havia o chimarrão que passava de mão em mão. A população participava
ativamente, aplaudindo as apresentações e, vez por outra, era feita uma chamada
para estimular os mais tímidos a se apresentarem diante do público.
Um homem forte,
brincalhão, conhecido pelo apelido de Madrugada, fazia parte do grupo de
planejamento das atividades culturais na praça. Nasceu e viveu na periferia de
Feliz. Fez vários cursos de gastronomia e trabalhava num importante restaurante
da cidade. O pai de Madrugada, seu Antero Neves de Albuquerque, de família de
fazendeiros com reconhecida tradição[...]
Página 16
[...] esse comércio
em Feliz e nas cidades vizinhas. Atraído pelo desafio de ganhar muito mais,
comprou um pequeno sítio, plantou pasto e adquiriu algumas cabeças de gado para
corte. Embora super atarefado, Roberto não se esquivou e aceitou a tarefa de
trabalhar nas atividades da praça.
Escrevia poesias e
lançara seu primeiro livro ali. Lia autores como Manoel de Barros, com quem se
identificava pelo gosto das coisas boas da roça e em quem se inspirava na
composição dos poemas que oferecia à amada: "... lembro um menino
repetindo as tardes naquele quintal”.
Tinha incrível
facilidade para improvisar e, com suas rimas, fazia graça para o público, que o
aplaudia e pedia mais. Certa noite, trajava calças largas, muito diferentes do
seu jeans de boiadeiro, e dançava em compasso de Hip Hop, apontando para sua
amada com seus longos dedos. Com rima ritmada gingava:
A lágrima derramada
Nessa noite de lua
cheia
É rosa desfolhada
Que em minha mente
vagueia.
Quero afagar sua mão
Quero saciar meu
desejo
Peço hoje seu perdão
Tê-la é tudo que
almejo.
Texto da 1ª orelha.
[...] Em suas noites,
Marcos é assaltado por pensamentos que remetem à infância e à juventude: ainda
pequeno, é sensível à dura realidade em que vivem os colonos dos seus avós e
cria uma forma de ajudá-los. O pai boicota seu projeto e o interna em um
colégio da cidade.
Marcos vê correr sua
vida, cercado da rigidez dos nãos e das instigantes perguntas sem respostas.
Escreve cartas para sua amiga de infância, Helena e, na troca de
correspondências, acompanha a desastrada vida amorosa da amiga, expondo também
histórias.
Marcos mora no Rio de
Janeiro e formou-se em psiquiatria. Helena é advogada e reside em
Florianópolis. Os dois amigos mergulham nas águas turvas de suas existências e
tentam reestruturar suas vidas.
A obra foi publicada
pela editora da Oficina do Livro do Rio de Janeiro - RJ - Brasil, contém 148 páginas. E
encontra-se em várias livrarias da cidade ou pelos sites e face book:
APOIO CULTURAL
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