Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver
daqui
para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de
jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que
faltam
poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles
admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para
discutir
assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da
minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas,
que apesar
da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo
majestoso cargo
de secretário geral do coral.
‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a
essência,
minha alma tem pressa…
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de
gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta
com
triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de
sua
mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
Autoria: Ricardo Gondim. Do livro “Creio, mas Tenho
Dúvidas”, publicado pela Editora Ultimato, com registro no ISBN, consta na
página 107.
"Escrevi “O Tempo que Foge”. Alguém o fez circular como de um Autor Anônimo. Depois, disseram que era de Mário de Andrade. Agora, por último, me acusam de tê-lo roubado de Rubem Alves. Insisto, o texto é meu. Eu o escrevi no meu computador, na privacidade de meu ambiente de trabalho e está publicado no meu livro “Creio, mas tenho Dúvidas”, Editora Ultimato".
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