terça-feira, 20 de agosto de 2024

EFEMÉRIDES: HÁ 135 ANOS, EM 20 DE AGOSTO DE 1889 NASCEU CORA CORALINA. UMA DAS VOZES MAIS ESPECIAIS DA LITERATURA BRASILEIRA, A SUA OBRA GANHOU NOTORIEDADE NACIONAL.


Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas. Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás. 

Nasceu na Cidade de Goiás, em 20 de agosto de 1889. Considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras, ela teve seu primeiro livro publicado em junho de 1965, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, quando já tinha quase 76 anos de idade, apesar de escrever seus versos desde a adolescência. Teve uma vida dedicada à família e à confeitaria até se firmar como uma figura respeitada no cenário literário brasileiro. 

Cora Coralina nasceu e cresceu na cidade de Goiás Velho, um local que se destaca por suas tradições históricas e sua arquitetura colonial preservada. A infância de Coralina foi enraizada nas tradições culturais de sua terra natal, onde as festas religiosas, as lendas locais e o cotidiano rural influenciaram vividamente sua percepção do mundo e, consequentemente, sua escrita. 

No entanto, só frequentou a escola até a terceira série do curso primário. Mesmo assim, a paixão pelas letras a levou à começar a escrever poemas e contos aos 14 anos. Conseguiu publicar alguns em um jornal criado por amigas e depois no anuário histórico e geográfico do estado de Goiás quando usou o pseudônimo de Cora Coralina. 

Em 1911, fugiu de sua terra com Cantídio Tolentino de Figueiredo Brêtas, advogado divorciado e foi morar em Avaré, interior de São Paulo, casou-se, com ele teve seis filhos.

Essa união matrimonial a distanciou de Goiás por um período de 45 anos. Após retornar às suas raízes, agora viúva, embarcou em uma nova empreitada como doceira. Além de dedicar-se à produção de seus quitutes, Aninha como era carinhosamente conhecida, encontrava tempo entre as tarefas domésticas para criar a maioria de seus poemas. Quando foi convidada para participar da semana de arte moderna de 1922, o marido proibiu. Com a morte dele em 1934, ela passou a trabalhar como doceira para sustentar os quatro filhos e viveu por muito tempo assim, mas não deixou de escrever. Costumava dizer que era mais doceira do que escritora, porque seus doces encantavam mais do que os versos que escrevia em folhas de caderno. 

Cora Coralina mudou-se para Andradina, ainda em São Paulo, onde escreveu para o jornal da cidade e em 1951 se candidatou a vereadora. Só cinco anos depois é que decidiu voltar para Goiás e com 70 anos resolveu aprender datilografia para preparar seus poemas e entregar aos editores. O sonho do primeiro livro virou realidade em 1965 quando lançou “O Poema dos Becos de Goiás e Histórias Mais”.

Aos 80 anos, Cora Coralina tomou posse na Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás. Com 87 anos publicou a segunda obra: “Meu Livro de Cordel”, mas seu nome só ficou mais conhecido depois que o poeta Carlos Drummond de Andrade lhe fez vários elogios. E isso já era no início da década de 80. Ela passou a ser convidada para conferências e programas de televisão. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Goiás e foi premiada pela união brasileira dos escritores como a intelectual do ano de 1983 com o livro “Vintém de Cobre: Meias Confissões de Aninha”.

Um ano depois, Cora Coralina é nomeada para a Academia Goiânia de Letras. A doceira virou uma doce poetisa, aquela que conseguiu receitas nobres nos versos e trouxe ao amargo da vida os ingredientes que nutriram uma literatura expressiva de uma época. 

Cora Coralina é hoje um nome de destaque e orgulho para Goiás e a casa onde morou é um museu da escritora. 

A obra literária de Cora Coralina é marcada pela autenticidade e pela riqueza de detalhes em retratar a vida no interior do Brasil. Entre suas principais obras estão "Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais", "Meu Livro de Cordel", e "Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha". 

Cora Coralina deixou um legado de frases que capturam a essência de sua filosofia de vida e sua poética. Algumas das mais célebres incluem: 

"Não sei... Se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas."

"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina."

"Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores."

Seus temas são predominantemente voltados para as vivências do povo brasileiro, a simplicidade do cotidiano e a força da mulher. Coralina utiliza uma linguagem acessível, mas carregada de simbolismo e regionalismo, trazendo à tona a voz do interior. 

Em vida, ela recebeu vários prêmios que destacaram sua contribuição à literatura brasileira, como o Prêmio Juca Pato, que lhe foi concedido em 1983 como intelectual do ano. Após sua morte, a valorização de sua obra só aumentou, culminando em diversas homenagens que perpetuam seu legado.

Diversos prêmios literários foram criados em seu nome, e eventos culturais frequentemente celebram sua vida e obra, evidenciando o profundo impacto que teve na cultura brasileira. 

Cora Coralina continua a ser uma figura emblemática na cultura brasileira. Sua casa em Goiás Velho foi transformada em museu, o Museu Casa de Cora Coralina, onde visitantes podem explorar o ambiente em que viveu e criou algumas de suas obras mais significativas. Este museu não só preserva a memória física de sua vida, mas também serve como centro cultural que promove eventos literários e educativos, inspirando novas gerações. 

Além disso, Cora Coralina é frequentemente citada em estudos acadêmicos e aparece em múltiplas plataformas de mídia, desde documentários até séries e programas de televisão que exploram sua vida e obra. Seus poemas são estudados em escolas por todo o Brasil, e suas palavras continuam a ressoar em muitos corações, evidenciando sua imortalidade na literatura brasileira.

Após ser acometida por uma grave gripe que evoluiu, rapidamente, para pneumonia, Cora Coralina faleceu em um hospital de Goiânia em 10 de abril de 1985, próximo de completar 96 anos. 

O imponente casarão à margem do Rio Vermelho, onde passou sua infância e retornou na fase avançada da vida, foi transformado em 1989 no Museu Casa de Cora Coralina.  No local estão preservados seus manuscritos, pertences pessoais, utensílios de cozinha, correspondências, fotografias, mobiliário, livros e as paredes impregnadas de lembranças da autora, que era muito querida por todos aqueles que a conheceram. 

A poetisa deixou escrita a sua história, as suas observações e sentimentos mais simples. 

OBRAS 

POEMAS 

Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais, poesia, 1965, Editora José Olympio.

Meu Livro de Cordel, poesia, 1976

 

CONTOS

 

Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha, poesia, 1983.

Estórias da Casa Velha da Ponte, contos, 1985.

 

PÓSTUMAS

 

Meninos Verdes, infantil, 1986.

Tesouro da Casa Velha, poesia, 1996.

A Moeda de Ouro que o Pato Engoliu, infantil, 1999.

Vila Boa de Goiás, poesia, 2001.

O Prato Azul-Pombinho, infantil, 2002.

 







 

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