terça-feira, 1 de agosto de 2023

EFEMÉRIDES: HÁ 100 ANOS, EM 01 DE AGOSTO DE 1923 NASCEU STELLA LEONARDOS DA SILVA LIMA CABASSA, POETISA, TEATRÓLOGA E TRADUTORA BRASILEIRA, INTEGRANTE DA TERCEIRA GERAÇÃO DO MOVIMENTO MODERNISTA, FOI PRESIDENTE DA ACADEMIA CARIOCA DE LETRAS.



STELLA LEONARDOS nasceu no bairro da Gávea, com escritores e intelectuais entre seus antepassados próximos. Começou a escrever poemas ainda criança e rascunhou o primeiro romance nos cadernos escolares. Na adolescência estudou francês, inglês e a língua tupi, o que a aproximou dos estudos de história e cultura brasileiras que já a fascinavam e que ela viria a desenvolver em sua obra. Publicou seu primeiro poema na revista “Fon-Fon” e, em 1940, um livro, também de poesia, “Passos na Areia”. No ano seguinte publicou “E Assim se Formou a Nossa Raça”, onde recontava lendas brasileiras em versos decassílabos. 

Participou do grupo de teatro amador e viu ser encenada sua peça “Palmares” por esse grupo de Teatro do Estudante. Sua peça "Palmares" foi encenada em 1944, no Rio de Janeiro pelo grupo "Teatro do Estudante", de Paschoal Carlos Magno, tendo a colaboração do recém-fundado Teatro Experimental do Negro (TEN). Fundado e dirigido por Abdias Nascimento, o TEN recrutou, ensaiou e colocou em cena 200 pessoas e três atores em papéis de destaque, com Aguinaldo Camargo no papel de Zumbi dos Palmares. 

Em 1945 casou-se com o norte-americano, de origem latina, Alejandro Cabassa, com quem viveu por algum tempo no México e nos Estados Unidos. Lá participou de conferências literárias e culturais, representando o Brasil, e fez uma pós-graduação em Línguas Neolatinas, complementando o curso que concluíra na Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

Em 1946 formou-se em Letras Neolatinas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. De 1942 a 1971 trabalhou como tradutora: catalão, espanhol, francês, inglês, italiano e provençal.  

No período de 1948 a 1961 publica os romances Quando os Cafezais Florescem e Estátua de Sal. Em 1957 recebe o Prêmio Olavo Bilac de Poesia, pelo livro Poesia em 3 Tempos, concedido pela Academia Brasileira de Letras. Nos anos seguintes produz literatura infantil em prosa e verso, além de peças teatrais infantis, tendo mais de 70 livros publicados. Sua extensa obra poética filia-se à terceira geração do Modernismo e inclui os premiados livros Geolírica (1966), Cantabile (1967), Amanhecência (1974) e Romanceiro da Abolição (1986). 

A produção da autora inclui romances, peças teatrais para crianças e adultos, ensaios, adaptações, traduções e sobretudo poesia, que os estudiosos consideram vinculada à terceira geração dos modernistas.  Ganhou inúmeros prêmios, vários dos quais atribuídos pela Academia Brasileira de Letras. Entre eles, o Olavo Bilac, em 1957, pela trilogia de livros “Poesia em Três Tempos”. 

Uma parte importante da obra de Stella Leonardos foi por ela denominada “Projeto Brasil”. Trata-se da tentativa de retratar os mitos, a cultura e a história do Brasil por meio de poemas longos, reunidos em livros que ela denominava “romanceiros” e “cancioneiros”, aproximando-os das obras medievais de bardos e rapsodos. Entre outras obras do projeto estão o “Cancioneiro de São Luís” (1981), dedicado à capital maranhense, o “Romanceiro da Abolição” (1986), que narra a saga dos africanos escravizados em terras brasileiras, e “Rapsódia Sergipana” (1995), em que a autora faz sua obra dialogar com uma carta autobiográfica do folclorista Sílvio Romero, assim criando uma saborosa intertextualidade. O mesmo recurso já fora notado por Nelly Novaes Coelho, duas décadas antes, ao analisar “Amanhecência”, livro em que Stella Leonardos começa por delinear as raízes líricas, ancestrais, da língua portuguesa para depois abordar o universo poético dos autores brasileiros, chegando aos contemporâneos. 

Stella Leonardos era membro do PEN Club e da Academia Carioca de Letras. Conviveu com escritores de várias gerações, muitos dos quais afirmaram ter sido incentivados por ela no início de suas carreiras literárias. Hoje a maior parte de seus livros está fora de edição, mas vale a pena garimpar os “sebos” em busca de sua poesia e das histórias que ela soube tão bem contar.

Nasceu no Rio de Janeiro, no dia 01 de agosto de 1923 e faleceu no Rio de Janeiro, no dia 11 de junho de 2019 aos 96 anos.

 

OBRAS

POESIAS

 

Passos na Areia (1940)

E Assim se Formou a Nossa Raça (1941)

A Grande Visão (1942)

Amanhecência (1974)

Memorial da Casa da Torre (2010)

 

ROMANCES

 

Quando os Cafezais Florescem (1948)

Estátua de Sal (1961)

Trilogia biográfica

I - Marabá, (1942)

II - Palmares, (1943)

III - Rufa ao Longe um Tambor, (1943)

Cancioneiro Capixaba (2000)

 

PREMIAÇÕES

 

Prêmio Olavo Bilac (1957) da Academia Brasileira de Letras, por "Poesia em 3 Tempos".

Prêmio Paula Brito de Poesia (1960) por "Rio Cancioneiro"

Prêmio Júlia Lopes de Almeida (1961) da Academia Brasileira de Letras, por "Estátua de Sal"

Prêmio Nacional de Poesia (1964) por "Geolírica"

Prêmio Fernando Chinaglia (1970) da União Brasileira dos Escritores por "Cantares na Ante-Manhã"

Prêmio Casemiro de Abreu (1975) da Secretaria de Educação e Cultura por "Romançário"

Prêmio Bienal Nestlé de Literatura Brasileira (1986) por "Romanceiro da Abolição" (3º lugar)

Prêmio Batista I Roca (2001) do "Institut de Projecció Exterior de la Cultura Catalana" (Barcelona, Espanha)

Prêmio de Poesia Centenário de Henriqueta Lisboa (2001) da Academia Mineira de Letras por "Mitica".

































FONTE: https://bndigital.bn.gov.br/artigos/literatura-stella-leonardos/  

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