quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

JOHN KEATS POETA BRITÂNICO 200 ANOS DE SAUDADES. A POESIA DE KEATS É CARACTERIZADA POR UM IMAGINÁRIO SENSUAL, MAIS VISÍVEL NA SUA SÉRIE DE ODES. ATUALMENTE, SEUS POEMAS E CARTAS SÃO CONSIDERADAS ENTRE AS OBRAS MAIS POPULARES E ANALISADAS NA LITERATURA INGLESA.

 


ODE SOBRE UMA URNA GREGA

 

I

 

Inviolada noiva de quietude e paz,

         Filha do tempo lento e da muda harmonia,

Silvestre historiadora que em silêncio dás

         Uma lição floral mais doce que a poesia:

Que lenda flor-franjada envolve tua imagem

         De homens ou divindades, para sempre errantes.

                Na Arcádia a percorrer o vale extenso e ermo?

Que deuses ou mortais? Que virgens vacilantes?

         Que louca fuga? Que perseguição sem termo?

                Que flautas ou tambores? Que êxtase selvagem?

 

II

 

A música seduz. Mas ainda é mais cara

         Se não se ouve. Dai-nos, flautas, vosso tom;

Não para o ouvido. Dai-nos a canção mais rara,

         O supremo saber da música sem som:

Jovem cantor, não há como parar a dança,

         A flor não murcha, a árvore não se desnuda;

                Amante afoito, se o teu beijo não alcança

A amada meta, não sou eu quem te lamente:

         Se não chegas ao fim, ela também não muda,

                É sempre jovem e a amarás eternamente.

 

III

 

Ah! folhagem feliz que nunca perde a cor

         Das folhas e não teme a fuga da estação;

Ah! feliz melodista, pródigo cantor

          Capaz de renovar para sempre a canção;

Ah! amor feliz! Mais que feliz! Feliz amante!

          Para sempre a querer fruir, em pleno hausto,

                Para sempre a estuar de vida palpitante,

Acima da paixão humana e sua lida

          Que deixa o coração desconsolado e exausto,

                A fronte incendiada e língua ressequida.

 

IV

 

Quem são esses chegando para o sacrifício?

           Para que verde altar o sacerdote impele

A rês a caminhar para o solene ofício,

           De grinalda vestida a cetinosa pele?

Que aldeia à beira-mar ou junto da nascente

           Ou no alto da colina foi despovoar

                 Nesta manhã de sol a piedosa gente?

Ah, pobre aldeia, só silêncio agora existe

           Em tuas ruas, e ninguém virá contar

                  Por que razão estás abandonada e triste.

 

V

 

Ática forma! Altivo porte! em tua trama

           Homens de mármore e mulheres emolduras

Como galhos de floresta e palmilhada grama:

           Tu, forma silenciosa, a mente nos torturas

Tal como a eternidade: Fria Pastoral!

           Quando a idade apagar toda a atual grandeza,

                 Tu ficarás, em meio às dores dos demais,

Amiga, a redizer o dístico imortal:

           "A beleza é a verdade, a verdade a beleza"

                 — É tudo o que há para saber, e nada mais.

 

 

 

 

John Keats nasceu em Londres, 31 de outubro de 1795  e faleceu em Roma, 23 de fevereiro de 1821, foi um poeta inglês. Foi o último dos poetas românticos do país, e, aos 25, o mais jovem a morrer. Juntamente com Lord Byron e Percy Bysshe Shelley, foi uma das principais figuras da segunda geração do movimento romântico, apesar de sua obra ter começado a ser publicada apenas quatro anos antes de sua morte. Durante sua vida seus poemas não foram geralmente bem recebidos pelos críticos; sua reputação, no entanto, cresceu à medida que ele exerceu uma influência póstuma significativa em diversos poetas posteriores, como Alfred Tennyson e Wilfred Owen.

 

Poeta romântico britânico nascido em Londres, que apesar de sua curta existência tornou-se um dos mais importantes nomes do romantismo da literatura inglesa, considerado o último e maior dos poetas românticos ingleses. Filho de um cavalariço enriquecido, mas órfão dos pais ainda criança (1904), teve educação irregular e foi levado pelo seu tutor Edmonton, onde foi incentivado a aprender o ofício de cirurgião.  Depois de cinco anos de estudos e práticas, foi nomeado externo do Guy's Hospital de Londres e começou a trabalhar como assistente de cirurgia (1814), mas abandonou a medicina para se dedicar à literatura e começou publicando Poemas (1817), com composições de concepção romântica, mas não obteve sucesso. Seu estilo foi influenciado pelos poetas gregos do período helênico, como Homero, bem como pelos poetas elizabetanos e ingleses do século XVI. Com base em leituras de clássicos traduzidos e textos mitológicas, concebeu seu Endymion (1818), em que inverte o mito da paixão de Diana pelo pastor. Rejeitado pela crítica, concebeu um projeto ainda mais ambicioso, o Hyperion (1818-1819), sobre o tema da a expulsão dos titãs do Olimpo pelos novos deuses, porém não chegou a concluir devido aos primeiros sinais da tuberculose. Sua saúde declinou rapidamente e os últimos meses do poeta foram vividos em Roma e, desiludido como literato e sem reconhecimento em vida, morreu com pouco mais de 25 anos de idade. Ao contrário do que ele mesmo esperava, com uma obra essencialmente lírica, marcada pelo sentimentalismo romântico, por imagens vibrantes, de grande apelo sensual, e pela expressão de aspectos da filosofia clássica, compôs alguns dos poemas mais perfeitos do gênero em língua inglesa, sua influência estendeu-se a simbolistas, pré-rafaelitas e outros poetas modernos do início do século XX, como os poetas ingleses Alfred Tennyson (1809-1892), primeiro barão de Tenysson,e o também dramaturgo Robert Browning (1812-1889).

 

OBRA JOHN KEATS  PUBLICADA NO BRASIL

 

John Keats, by J. Severn

:: Ode a um rouxinol e Ode sobre uma urna. John Keats [tradução introdução Augusto de Campos]. Florianópolis: NoaNoa, 1984.

:: Poemas de John Keats. [tradução, introdução e notas Péricles Eugênio da Silva Ramos]. São Paulo: Editora Art, 1985.

:: John Keats – nas invisíveis asas da poesia. [tradução Alberto Marsicano e John Milton]. São Paulo: Iluminuras, 2002.

:: Byron e Keats - entreversos. [tradução Augusto de Campos]. Campinas SP: Editora UNICAMP, 2009, 189p.

:: Ode sobre a melancolia e outros poemas. John Keats. [organização e tradução Pericles Eugênio da Silva Ramos]. São Paulo: Editora Hedra, 2010, 154p.

 







 

III RECITAL DA TERCEIRA IDADE DO CENTRO CULTURAL MARIA SABINA




CENTRO CULTURAL MARIA SABINA Apresenta III RECITAL DA TERCEIRA IDADE. Recital de Poesias e Músicas Participação de alunos do Curso Maria Sabina, de Arte de Dizer e de convidados Especiais. Coordenação de Neide Barros Rêgo. Realizado em 04 de abril de 1993. CLICAR NO LINK: 

 

























CAPAS DE DVDS DOS 6 RECITAIS COMEMORATIVOS DO 20 ANOS DA ANTOLOGIA ÁGUA ESCONDIDA. TAMBÉM OS LINKS DE CADA RECITAL PUBLICADOS NO YOU TUBE DO FOCUS PORTAL CULTURAL






CAPAS DE DVDS DOS 6 RECITAIS COMEMORATIVOS DO 20 ANOS DA ANTOLOGIA ÁGUA ESCONDIDA. TAMBÉM OS LINKS DE CADA RECITAL PUBLICADOS NO YOU TUBE DO FOCUS PORTAL CULTURAL. LINKS:



 

I RECITAL DE POESIAS COMEMORATIVO DOS 20 ANOS ÁGUA ESCONDIDA

https://youtu.be/VsdEb34_ve8

 




II RECITAL DE POESIAS COMEMORATIVO DOS 20 ANOS ÁGUA ESCONDIDA

https://youtu.be/_SDobAmKvQY

 


III RECITAL DE POESIAS COMEMORATIVO DOS 20 ANOS ÁGUA ESCONDIDA

https://youtu.be/K1LCKgrlcIc

 


IV RECITAL DE POESIAS COMEMORATIVO DOS 20 ANOS ÁGUA ESCONDIDA

https://youtu.be/ebuKcN_sd_8

 




V RECITAL DE POESIAS COMEMORATIVO DOS 20 ANOS ÁGUA ESCONDIDA

https://youtu.be/iSl_rdkAOoU

 





VI RECITAL DE POESIAS COMEMORATIVO DOS 20 ANOS ÁGUA ESCONDIDA

https://youtu.be/VT3COrO28yg






terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

CHICO ANYSIO. EM 2021 CELEBRAMOS OS 90 ANOS DO HUMORISTA, ATOR, DUBLADOR, ESCRITOR, COMPOSITOR E PINTOR BRASILEIRO.

 



FRANCISCO ANYSIO DE OLIVEIRA PAULA FILHO nasceu em Maranguape, Ceará, em 12 de abril de 1931 e faleceu no Rio de Janeiro, 23 de março de 2012, foi um humorista, ator, radioator, produtor, locutor, roteirista, escritor, dublador, apresentador, compositor e pintor brasileiro, notório por seus inúmeros quadros e programas humorísticos na Rede Globo, emissora onde trabalhou por mais de quarenta anos.

Dirigiu e atuou ao lado de importantes nomes do humor brasileiro no rádio e na televisão, como Paulo Gracindo, Grande Otelo, Costinha, Walter D'Ávila, Jô Soares, Renato Corte Real, Agildo Ribeiro, Ivon Curi, José Vasconcellos e muitos outros. Com 63 anos de carreira, é considerado um dos mais geniais humoristas brasileiros. Em 2009 recebeu a mais alta honraria da cultura no Brasil, a Ordem do Mérito Cultural.

Mudou-se com a mãe e três irmãos  entre eles a atriz Lupe Gigliotti e o cineasta Zelito Viana  para o Rio de Janeiro, aos 7 anos. Os quatro foram morar numa pensão no Catete, na Zona Sul; o pai ficou na cidade natal, tentando refazer a vida como construtor de estradas, depois de perder toda a frota de sua empresa de ônibus num incêndio. Chico estudou para ser advogado, mas a vocação de comediante e a necessidade de trabalhar mudaram o rumo de sua vida. Ainda bem jovem, venceu vários concursos de programas de calouros, como o Papel Carbono, de Renato Murce, na Rádio Nacional, fazendo imitações.

Em 1957, Walter Clark o contratou como diretor da linha de shows da TV Rio. Chico levou para a emissora programas que fizeram sucesso na Mayrink Veiga, como Noites Cariocas, O Riso é o Limite e Praça da Alegria. “Naqueles primórdios da televisão brasileira, a Tupi era dona quase total da audiência. Seria algo em torno de 86 pontos, contra apenas sete da TV Rio. Um mês depois de estrearmos a nova linha de shows, a situação se inverteu”. Ainda eram os tempos da TV ao vivo; um dia, porém, o diretor Carlos Manga, para quem ele já havia escrito 18 chanchadas da Atlântida – como A Baronesa Transviada (1957), Alegria de Viver (1958), O Camelô da Rua Larga (1958) e Entrei de Gaiato (1959) –, surgiu com uma ideia. “Manga me disse: ‘Apareceu uma máquina aí que tem o dom da multiplicação. Com a ajuda dela, vamos fazer um programa juntando todos os seus personagens’. Essa máquina era o videoteipe”.

Nascia, assim, o Chico Anysio Show, escrito por Chico Anysio, Haroldo Barbosa e Roberto Silveira, com direção de Carlos Manga, base de todos os outros programas que o comediante estrelaria na TV nos anos seguintes. “Foram 23 horas de gravação e eu fiz oito personagens. No fundo, tudo o que eu fiz, na televisão, foi o Chico Anysio Show, que se transformou em Chico City, Chico Especial, Chico em Quadrinhos, Chico Total”. Passou ainda pelas TVs Excelsior (para onde levou o seu Chico Anysio Show e fez o programa A Volta ao Mundo em 80 Shows), Tupi (também com seu programa, além de ter sido diretor da emissora) e Record (como uma das estrelas dos programas Essa Noite se Improvisa, no qual se apresentava ao lado de nomes como Caetano Veloso, Chico Buarque e Carlos Imperial, e Vamos Simbora, com Wilson Simonal).

Depois que saiu da Record, Chico ficou afastado um tempo da televisão, período em que se dedicou ao teatro. “Tive a felicidade de inaugurar o Teatro Lagoa, em 1969, onde consegui o recorde de nove sessões por semana, sendo duas no domingo. E isso durou nada menos do que um ano e três meses, na base da superlotação, 12 cadeiras extras por sessão”. Também em 1969, la Depois de passar pelo Fantástico, o malandro carioca Azambuja ganhou o seu próprio programa, Azambuja & Cia. (1975), exibido nas noites de segunda-feira. Faziam parte da trupe, entre outros, Tião Macalé, Dorinha Duval e Arnaud Rodrigues, com quem Chico gravou outro disco, com a trilha sonora da atração. Chico Total, que passava nas noites de terça-feira, substituiu Chico City em 1981. No mesmo ano, estreou Chico Anysio Show, que ficou no ar até 1990, e era exibido semanalmente, às quintas-feiras.

O programa trazia personagens novos, como o galã com voz dublada Bruce Kane, e continuou contando com antigos, como o boneco de ventríloquo Chiquitin, o jornalista Setembrino, o garçom fanho Quem-Quem, o pai de santo Painho, o político corrupto Justo Veríssimo, o jogador de futebol Coalhada, o vampiro Bento Carneiro, a apresentadora de TV Neide Taubaté, e o pastor charlatão Tim Tones. No fim do programa, a gaúcha Salomé ligava para o presidente João Figueiredo, seu conterrâneo, para questioná-lo. “E o engraçado é que ele levou a Salomé a sério. E a respondia, nos discursos que pronunciava”. Salomé voltou à cena no Zorra Total, chamando às falas o então presidente Fernando Henrique Cardoso. Também em 1981, o humorista se apresentou no prestigioso Carnegie Hall, em Nova York.

Ainda com Escolinha do Professor Raimundo no ar, o comediante estreou, em 1991, Estados Anysios de Chico City, seguindo a linha de seus programas anteriores, com um elenco fixo de mais de 70 atores, e que ia ao ar nas noites de quarta-feira. Chico Total foi exibido aos sábados, durante o ano de 1996, misturando quadros com seus personagens e esquetes de seus shows ao vivo; já O Belo e as Feras (1999), era baseado na estrutura das sitcoms americanas, e contou com as participações de atrizes como Regina Duarte, Luana Piovani, Claudia Ohana e Fernanda Montenegro. O humorístico ia ao ar inicialmente às quartas-feiras, depois, aos sábados.

No cinema, estreou em 1959, em Entrei de Gaiato, de J.B. Tanko, ao lado de Zé Trindade, Dercy Gonçalves e Costinha, e atuou em sucessos como Tieta do Agreste (1996), dirigido por Cacá Diegues, onde interpretou o pai da protagonista; e Se Eu Fosse Você 2 (2008), de Daniel Filho. Escreveu livros de contos e de humor como O Batizado da Vaca (1972), A Curva do Calombo (1974) e Teje Preso (1975), e o romance Carapau (1878). Em 2007, lançou o seu primeiro disco, Chico Anysio Inaugura o Bom Humor Dançante. É Mentira, Chico?, uma enciclopédia de seus personagens, ilustrados pelos principais cartunistas do país. Muitos de seus 209 tipos podem ser lembrados no DVD Chico Especial, lançado em 2008 pela Globo Marcas para comemorar os 40 anos do artista na emissora.

 

 









APOIO DA DIVULGAÇÃO











AFRÂNIO COUTINHO. EM 2021 CELEBRAMOS OS 110 ANOS DO NASCIMENTO DO ESCRITOR BRASILEIRO EM 15 DE MARÇO - AFRÂNIO COUTINHO (1911-2000) - EDUCADOR E ESCRITOR BRASILEIRO.

 


Afrânio Coutinho nasceu em Salvador, 15 de março de 1911 e faleceu no Rio de Janeiro, 5 de agosto de 2000, foi um professor, crítico literário e ensaísta brasileiro. Ocupou a Cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 17 de abril de 1962.

 

Foi filho do engenheiro Eurico da Costa Coutinho e de Adalgisa Pinheiro dos Santos Coutinho. Formou-se em medicina, em 1931, porém preferiu seguir a carreira de professor de literatura e história no curso secundário. Foi bibliotecário da Faculdade de Medicina e professor da Faculdade de Filosofia da Bahia.

 

Em 1942, foi para os Estados Unidos e durante cinco anos, frequentou cursos na Universidade de Columbia e em outras universidades norte-americanas, aperfeiçoando-se em crítica e história literária. Regressou ao Brasil em 1947, e foi morar no Rio de Janeiro. No ano seguinte, inaugurou, no Suplemento Literário do Diário de Notícias, a seção "Correntes Cruzadas", que manteve até 1961, debatendo problemas de crítica e teoria literária. Na Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette, criou, em 1951, a cadeira de Teoria e Técnica Literária, primeira iniciativa do gênero no Brasil. Foi colaborador de vários jornais e revistas literárias de todo o país, bem como do estrangeiro.

 

Em 1965 criou a Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1968 foi nomeado diretor dessa faculdade, permanecendo no cargo até aposentar-se, em 1981. Foi ele quem criou a Biblioteca da Faculdade de Letras, reconhecida como uma das melhores do gênero no Rio de Janeiro.

 

Nas décadas de 1960 e 1970, realizou inúmeras viagens para o exterior, como professor visitante em universidades dos Estados Unidos, da Alemanha e da França.

 

Foi empossado em 20 de julho de 1962 na cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras, pelas mãos do acadêmico Levi Carneiro.

 

Durante a sua vida construiu uma vasta biblioteca particular, que se tornou a base para a criação, em 1979, da Oficina Literária Afrânio Coutinho (OLAC), destinada a promover estudos na área da literatura, ministrar cursos e conferências, e receber escritores nacionais e estrangeiros. Hoje a Biblioteca pertence à Faculdade de Letras da UFRJ. Coordenou a elaboração da Enciclopédia de Literatura Brasileira (obra em dois volumes), publicada em 1990.

 

PRÊMIOS

 

Medalha Anchieta, da Secretaria da Educação do Rio de Janeiro (1954).

Prêmio Paula Brito (1956).

Prêmio Nacional do Livro (ensaio), por sua obra A tradição afortunada.

Prêmio Golfinho de Ouro (1980).

 

OBRAS

 

Daniel Rops e a ânsia do sentido novo da existência - ensaio (1935)

O humanismo, ideal de vida - ensaio (1938)

L'Exemple du métissage, in L'Homme de couleur - ensaio (1939)

A filosofia de Machado de Assis - crítica (1940)

Aspectos da literatura barroca - história literária (1951)

O ensino da literatura - discurso de posse na cátedra de Literatura do Colégio Pedro II (1952)

Correntes cruzadas - crítica (1953)

Da crítica e da nova crítica (1957)

Euclides, Capistrano e Araripe - crítica (1959)

Enciclopédia de Literatura Brasileira

Introdução à literatura no Brasil - história literária (1959)

A crítica (1959)

Machado de Assis na literatura brasileira - crítica (1960)

Conceito de literatura brasileira - ensaio (1960)

"O Impressionismo na Literatura Brasileira - In Cadernos Brasileiros #3 (1962)

No hospital das letras - polêmica (1963)

A polêmica Alencar-Nabuco - história literária (1965)

Crítica e poética - ensaio (1968)

A tradição afortunada - história literária (1968)

Crítica e críticos (1969)

Caminhos do pensamento crítico - ensaios (1974)

Notas de teoria literária - didática (1976)

Universidade, instituição crítica - ensaio (1977)

Evolução da crítica literária brasileira - história literária (1977)

O erotismo na literatura: o caso Rubem Fonseca - crítica (1979)

Tristão de Athayde, o crítico - crítica (1980)

O processo da descolonização literária - história literária (1983)

As formas da literatura brasileira - ensaio (1984)

Reformulação do currículo de Letras - educação (1984)

Impertinências - artigos e ensaios (1990)

Do Barroco - ensaios (1994).








CACILDA BECKER - EM 2021 CELEBRAMOS O CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DA ATRIZ BRASILEIRA.

 

 


CACILDA BECKER YÁCONIS nasceu em Pirassununga, São Paulo, 1921  e faleceu em São Paulo, São Paulo, 1969, Atriz. Protagonista de vários espetáculos do Teatro Brasileiro de Comédia, fundadora da companhia que leva o seu nome, Cacilda Becker interpreta personagens antagônicos, como o moleque de Pega Fogo, a velha de Jornada de um Longo Dia para Dentro da Noite, a devassa de Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?, a rainha de Maria Stuart, o clown de Esperando Godot. Indo da farsa à tragédia, do clássico ao moderno, é considerada, por alguns teóricos, a maior atriz do teatro brasileiro.

Ainda menina, estuda dança e trabalha para manter a casa. Aos 20 anos, atua no Teatro do Estudante do Brasil - TEB, em 3.200 Metros de Altitude, de Julien Luchaire, e Dias Felizes, de Claude-Andre Puget, tendo como ensaiadora Esther Leão, em 1941. Ainda nesse ano, une-se à Companhia de Comédias Íntimas, de Raul Roulien, participando de uma série de espetáculos, entre eles, Trio em Lá Menor, de Raimundo Magalhães Junior, sob a direção de cena de Sadi Cabral. Faz rádio-teatro. Em 1943, ingressa no grupo criado por Décio de Almeida Prado, Grupo Universitário de Teatro - GUT, no qual participa de três espetáculos: Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente; Os Irmãos das Almas, de Martins Pena; e Pequenos Serviços em Casa de Casal, de Mário Neme. Trabalha, em 1944, na Companhia de Comédias de Bibi Ferreira. Em 1945, volta ao GUT, atuando em Farsa de Inês Pereira e do Escudeiro, de Gil Vicente, direção de Décio de Almeida Prado. Colabora com Os Comediantes na remontagem de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, no papel de Lúcia, a irmã da protagonista, em 1947. Ainda nesse ano, sob o mesmo conjunto, participa também de Era Uma Vez um Preso, de Jean Anouilh, com direção de Ziembinski; Terras do Sem Fim, adaptação de Graça Mello do livro de Jorge Amado, dirigido por Zigmunt Turkov; e Não Sou Eu..., de Edgard da Rocha Miranda, mais uma encenação de Ziembinski.

Em 1948, protagoniza A Mulher do Próximo, texto e direção de Abílio Pereira de Almeida, um dos espetáculos inaugurais do Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, em sua fase amadora. É a primeira profissional a ser contratada pela companhia. Está presente em quase todas as montagens do conjunto entre 1949 e 1955, com destaque para Nick Bar...Álcool, Brinquedos, Ambições, de William Saroyan e Arsênico e Alfazema, de Joseph Kesselring, ambos dirigidos por Adolfo Celi em 1949. Em 1950, participa de A Ronda dos Malandros, de John Gay, espetáculo polêmico de Ruggero Jacobbi.

No Teatro das Segundas-Feiras, acontece a sua primeira consagração. Pega Fogo, de Jules Renard, inicialmente formando um programa triplo ao lado de outros dois textos, torna-se um grande sucesso, entrando em carreira no horário nobre do teatro e permanecendo em cartaz por muito tempo. Sua interpretação do moleque Poil de Carotte lhe vale um artigo apaixonado de Michel Simon, quando o espetáculo se apresenta no Teatro das Nações, em Paris. O crítico compara a atriz a Charlie Chaplin e Jean Louis Barrault, e, depois de dizer que ela rompera sua pretensa frieza de especialista fazendo-o chorar, procura a origem da emoção no "rosto emaciado", no "olhar em vírgula (como nos desenhos de Poulbot)", nos "gestos pletóricos de garoto infeliz e arrogante" e afirma: "Poil de Carotte não pode ter mais, para mim e para muitos outros, de agora em diante, outro rosto senão o seu".

Atua em Seis Personagens à Procura de Um Autor, de Luigi Pirandello, novamente dirigida por Celi, e A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, encenação de Luciano Salce, ambos em 1951. No ano seguinte, está em Antígone, de Sófocles (1º ato) e de Jean Anouilh (2º ato). Em 1955, é antagonista de sua irmã, Cleyde Yáconis, em Maria Stuart, de Schiller, novamente com o diretor Ziembinski.

Despede-se do TBC em 1957 e funda um ano depois, com Walmor Chagas, Ziembinski, Cleyde Yáconis e Fredi Kleemann, o Teatro Cacilda Becker - TCB, no qual desempenha sua carreira durante 22 anos. Em 1958, está em Jornada de um Longo Dia para Dentro da Noite, de Eugene O'Neil, representando Mary Tyrone, personagem vinte anos mais velha do que ela; protagoniza A Visita da Velha Senhora, de Dürrenmatt, 1962; é premiada com medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais - ABCT, como melhor atriz de 1965, pelas peças A Noite do Iguana, de Tennessee Williams, e O Preço de um Homem, de Steve Passeur.

Sob a direção de Maurice Vaneau, interpreta a protagonista de Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?, de Edward Albee, também em 1965. O crítico Décio de Almeida Prado relembra: "A prolongada sessão de terapia pela bebida, pela flagelação e autoflagelação que é Quem Tem Medo de Virgínia Woolf? deu-lhe ensejo para uma de suas maiores criações. À medida que a sua voz e a sua dicção se tornavam pastosas, que as insinuações sexuais, deliberadamente vulgares, se explicitavam, aumentava a alucinante fusão estabelecida entre intérprete e personagem. Uma senhora, dias depois de assistir ao espetáculo, não se conteve quando lhe falaram em Cacilda Becker, "Bêbada", murmurou indignada. Cacilda se queixou, aliás, de espectadores que, terminada a peça, na hora dos agradecimentos, avançavam para o palco e a insultavam baixinho".

Os efeitos da ditadura militar sobre a atividade teatral fazem surgir uma Cacilda Becker militante das causas de sua classe. Demitida da TV Bandeirantes, sob a alegação de que suas interpretações são subversivas. A atriz assume a presidência da Comissão Estadual de Teatro de São Paulo, lugar que enfrenta a repressão em defesa dos direitos dos artistas e produtores. Quando, em 1968, o espetáculo Primeira Feira Paulista de Opinião sofre 71 cortes de censura no dia do lançamento, a atriz surge no proscênio e se responsabiliza pela apresentação do texto na íntegra, em um ato de rebeldia e desobediência civil. Sua convicção faz com que os censores e agentes federais presentes no teatro acatem sua decisão e assistam ao espetáculo.

Durante uma sessão de Esperando Godot, de Samuel Beckett, com direção de Flávio Rangel, 1969, a atriz sofre um derrame cerebral e morre 38 dias depois. Ao se completar 10 anos de sua morte, Yan Michalski escreve em artigo para o jornal: "... não temos até hoje outra atriz-fenômeno como Cacilda, com a mesma generosidade de entrega, a mesma capacidade de mergulhar até o fundo em cada personagem, a mesma inquietação, tenacidade, a mesma coragem na composição, pedra por pedra, de um repertório coerente. [...] Uma pessoa com este carisma, com esta capacidade de falar legitimamente em nome de todo o teatro brasileiro, e sempre disposta a fazê-lo com firmeza e serenidade, talvez seja o que mais nos faz falta desde que Cacilda desapareceu [...]".






 

FONTE BIOGRÁFICA

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa349429/cacilda-becker