A Academia Brasileira de Letras abre seu ciclo de conferências do mês de outubro de 2017, intitulado Literatura e Medicina, com palestra do tradutor e professor Marcelo Backes. A coordenação será do Acadêmico e jornalista Cícero Sandroni.
A primeira palestra, com o tradutor e professor Marcelo Backes, terá como tema “A doença para a arte, não para a morte, na obra de Thomas Mann”, no dia 3 de outubro, terça-feira, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro Entrada franca.
A Acadêmica e escritora Ana Maria Machado, Primeira-Secretária da ABL, é a Coordenadora-Geral dos ciclos de conferências de 2017.
Literatura e Medicina terá mais quatro palestras, às terças-feiras, no mesmo local e horário, com os seguintes dias, conferencistas e temas, respectivamente: dia 10, Tania Brandão, Pílulas cênicas – a Medicina no Teatro, 17, Margareth Dalcolmo, A tísica na literatura: da peste ao lirismo acadêmico; 24, Gabriel Oliven, Território da Emoção – O encontro das palavras na trajetória de Moacyr Scliar; e 31, Cícero Sandroni, O alienista: da psicanálise à ficção. Serão fornecidos certificados de presença.
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O COORDENADOR
Sexto ocupante da Cadeira nº 6, eleito em 25 de setembro de 2003, na sucessão de Raimundo Faoro, Cicero Sandroni foi Presidente da ABL nos anos de 2008 e 2009. É autor, entre outros livros, de Austregésilo de Athayde – O século de um liberal, em parceria com a escritora e jornalista Laura Sandroni; e Batman não foi a Búzios (sua mais recente obra). Cursou a faculdade de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica e a Escola Brasileira de Administração Pública, da Fundação Getúlio Vargas. Em 1954, fez os primeiros estágios em redações de jornais, inicialmente na Tribuna da Imprensa e, em seguida, no Correio da Manhã.
Em julho de 1958, já no Globo, foi destacado para a cobertura da área da política exterior, fez diversas viagens internacionais, entre as quais ao Chile, para a cobertura da V Conferência Extraordinária dos Chanceleres Americanos, e aos Estados Unidos, convidado pelo Departamento de Estado americano e enviado pelo Globo para escrever sobre a primeira visita de Nikita Kruschev à ONU.
Com a instalação do regime militar, em 1964, voltou a trabalhar na Tribuna da Imprensa e na revista O Cruzeiro. Em 1965, participou da conferência de jornalistas em Bonn, na Alemanha, que resultou na criação da agência internacional de notícias Interpress Service, da qual foi diretor no Brasil.
Cicero Sandroni tem participado de júris de prêmios jornalísticos, notadamente o Esso de Jornalismo, o Prêmio Embratel de Jornalismo e o Prêmio de Jornalismo Científico do CNPq. Na área de literatura, integrou o júri do concurso de contos da revista Ficção, e do Prêmio Goethe de literatura do ICBA. Colaborador de jornais e revistas, tem participado de seminários de jornalismo e literatura e pronunciado palestras sobre esses temas em centros universitários.
O CONFERENCISTA
Doutor em Germanística e Romanística pela Universidade de Freiburg, na Alemanha. Escritor, tradutor e professor da Casa do Saber, Marcelo Backes ministra seus cursos por todo o Brasil, em entidades como o SESC e outras.
Suas obras – ensaios, poesias ou livros – vêm sendo publicadas em vários países da Europa. Bolsista da Academia de Artes de Berlim, em 2010, fez conferências em Universidades como a de Viena e a de Hamburgo, entre outras, e traduziu cerca de 30 autores clássicos e contemporâneos alemães, em edições muitas vezes comentadas.
Coordena a edição das obras de Schnitzler pela Editora Record e a coleção de clássicos Fanfarrões, libertinas & outros heróis pela Editora Civilização Brasileira. Em 2015, recebeu o Prêmio Nacional de Tradução da Áustria, na condição de primeiro brasileiro condecorado.
Backes é autor de A arte do combate (Boitempo, 2003); Lazarus über sich selbst (sua tese de doutorado sobre o poeta alemão Heinrich Heine, Frankfurt, 2005); Estilhaços (Record, 2006); Maisquememória (Record, 2007); Três traidores e uns outros (Record, 2010); O último minuto (Companhia das Letras, 2013); e A casa cai (Companhia das Letras, 2014).
A PALESTRA
“A expressão filosófica Krankheit zum Tode (“doença para a morte”), adiantou Marcelo Backes sobre sua palestra, foi cunhada por Kierkegaard a partir de uma definição ainda despretensiosa que caracteriza o Werther de Goethe. E se Goethe foi o maior clássico alemão de todos os tempos, Thomas Mann foi seu descendente mais legítimo e um escritor que, mais do que qualquer outro, consagrou sua vida à arte. Tanto que a vida de Thomas Mann foi sua obra artística, elaborada inclusive no devir de personagens como Tonio Kröger e o Doutor Fausto”.
Backes disse, ainda, que “foram poucos os escritores que ‘viveram’ tão pouco quanto Thomas Mann, e contaram tanto, descreveram quase tudo, inclusive no âmbito da pouco vivida e intensamente narrada sexualidade, que é onde a vida encontra a vida em sua face talvez mais vívida e verdadeira. Para Thomas Mann, na vida (no salão, diria Marcel Proust) não existe espírito genuíno. Ambos, vida (ou vitalidade) e espírito, vivem em conflito e, para viver a arte até o fim, é preciso renunciar à vida, vivendo suas potencialidades apenas na solidão inclusive enferma da arte, na criação da fantasia, o que fica claro sobretudo em obras como Morte e Veneza e A montanha mágica. Se outros escritores vitalizaram sua obra na busca de identidade entre o escrito e o vivido, Thomas Mann parece ter estetizado sua vida na mesma direção, deixando de viver a vida na vida para vivê-la de verdade apenas na arte”.
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