Na Ilíada, de Homero, as amazonas foram chamadas de Antianeira
("aquelas que lutam como homens").
Segundo relatos de uma Grécia muito antiga, inclusive Homero, na ‘Ilíada’ VI, teria existido, nos confins do mundo, um povoado com corajosas mulheres que reviveram o culto arcaico da Grande Mãe. Portanto, o matriarcado. Sempre a cavalo e para melhor manejarem o arco, a lenda narra que elas amputavam o seio direito. Daí a denominação de Amazonas (a -masôn : sem seio).
Por serem filhas de Ares, o deus grego da guerra, e da ninfa Harmonia, as Amazonas eram, ao mesmo tempo, belicosas e sedutoras. Fascinavam os heróis contra os quais combatiam, impregnando a fantasia dos que buscavam o “El-Dorado” do Novo Mundo. Os conquistadores espanhois à procura dos veios auríferos embrenhavam-se nas selvas da futura Amazônia atrás delas também. Francisco Orellana, numa dessas expedições, supôs ter encontrado o utópico País das Amazonas quando foi surpreendido por flechadas de índias.
A lendária história dessas intrépidas mulheres guerreiras atravessou o imaginário cultural dos séculos e chegou às selvas brasileiras com várias adaptações literárias. Olavo Bilac, por exemplo, revive-as com arroubos nacionalistas no poema “As amazonas”, ressignificando-as “na cavalgada esplêndida da glória". Mário de Andrade transformou Ci, a amada de nosso herói Macunaíma, numa espécie de Amazonas, ao considerá-la a Imperatriz do Mato Virgem, com suas súditas, as Icamiabas, no livro “Macunaíma”.
Juçara Valverde – também grande líder das "Amazonas culturais" atualmente, à frente da União Brasileira de Escritores UBE-JR – descreve, no vibrante poema “As Amazonas das palavras criaram elos”, o desempenho de suas companheiras segundo diz: “[...] Superamos desafios e construímos a humanidade. [...] Vencemos preconceitos e deixamos registros”.
No vigor de auroras, as Amazonas modernas não mais atrofiam o seio . Com as palavras em tropel, o intelecto e o desafio são suas armas. Combatentes e harmônicas, as Amazonas e seu séquito, as Icamiabas das letras dos dias presentes, lançam, da selva urbana, suas flechas da Arte e da Cultura abrindo fronteiras além-horizonte.
Quais as valquírias em cavalgadas, as Amazonas atuais vão construindo a própria história, como proclama a poetisa Juçara: [...] “Nessa gestação de ideias/ fincamos o pé no presente/ abordamos a vida e a morte” E, para concluir, a autora, ufana, afirma [...]: ” percorremos luas trazendo no ventre/sementes para o futuro/Sonhamos criando elos./ No devaneio /juntas somos mais fortes/ Nessa viagem o futuro nos pertence”.
De fato, estamos em processo de isso acontecer. Juçara Valverde, na UBE-RJ, e Dyandreia Portugal, no jornalismo sem fronteiras, estão partilhando ativamente da mudança. Vêm demonstrando a força da Nova Mulher e redimensionando o valor da Literatura e das Arte na dinâmica do mundo atual.
Texto da escritora professora doutora Dalma Nascimento - reduzido e adaptado do artigo "As míticas Amazonas da Floresta", publicado em "O Correio", edição 'Faces da Amazônia", novembro de 2000 e republicado, complementado com mais informes em meu livro "Mitos e Utopias dos teares literários às páginas dos periódicos", em 2014.
As amazonas também teriam empreendido uma expedição à ilha de Leuke, na foz do rio Danúbio, onde as cinzas de Aquiles teriam sido depositadas por sua mãe, Tétis. O fantasma do herói morto apareceu, assustando tanto os cavalos das guerreiras, que estas foram derrubadas e pisoteadas por eles, forçando-as a fugir. Pompeu teria encontrado-as no exército de Mitrídates IV do Ponto.
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RESPOSTA DE JUÇARA VALVERDE